domingo, 19 de maio de 2013

"NARA" - 59 -

- Demi Moore -
- 59 -
TELEFONE
Na segunda-feira, o senhor Amaro Borba estava em seu escritório da casa de negócios de venda para animais. Ainda era cedo da manhã. Ele despachava os pedidos feitos para, de modo principal, o interior do Estado. A moça que ajudava nas compras e vendas estava sempre atenta aos negócios. O seu nome era Alenka Calheiros. Teve um instante quando Alenka atendeu ao telefone da casa de comercio e ficou até mesmo assustada por conta da chamada tão surpreendente. Era uma ligação de fora do Estado, de modo especial do Rio de Janeiro. E foi então que se formou a desordem. Sem saber o que fazer Alenka pegou o telefone e foi dizendo apenas isso:
Alenka:
--- Telefone para o senhor! – relatou a moça plena de temor.
Amaro:
--- Quem é?  - indagou o comerciante enquanto examinava as guias de despacho.
Alenka:
--- (Eu) não sei!  É uma moça. – respondeu Alenka com muito temor.
Amaro:
--- O que ela quer? – indagou o homem a folhear dos papeis.
Alenka:
--- Ela não disse.  Apenas perguntou pelo senhor.  Ela falou ser do Rio de Janeiro! – falou inquieta a jovem segurando o telefone com a sua mão direita.
Amaro:
--- Rio? Está vendo que ninguém fala do Rio? Ora! – e tomou o telefone da mão de Alenka.
Então o homem começou a falar e olhar com raiva para Alenka. Alguém do outro lado do fio disse estar falado do Rio de Janeiro. Era uma chamada feita pela Radional, uma agencia de telefonia a existir em quase todo o País e outras partes do mundo, até mesmo de ligações marítimas. A interlocutora pediu que o homem esperasse um momento enquanto passava a ligação para alguém provavelmente de sua família.  O homem ficou a esperar enquanto dizia a jovem Alenka ser uma ligação feita pela Agência Radional. A moça estranhou e quis saber:
Alenka:
--- O  que? Radio o que? – perguntou com o rosto enfadonho à moça.
Amaro:
--- Radional, coisa feia! É uma agência que tem lá prás bandas do morro. Ô quanta estupidez! – reclamou o velho.
Dai por diante teve início a conversa com alguém do outro lado da linha a informar ser a irmã de Cláudia Rizzo, esposa do doutor Jonas de Castro, filho de Amaro.
Milena:
--- Meu nome é Milena, irmã de Claudia Rizzo, esposa do doutor Jonas de Castro, seu filho. É o senhor Amaro mesmo? – indagou assustada a jovem Milena.
Amaro:
--- Claro que sou. E o que houve? –retrucou o velho já inquieto.
Milena:
--- Senhor Amaro, queira desculpar. O seu filho sofreu grave acidente ao retornar de Petrópolis. Ele, a mulher e os dois filhos pequenos. A mulher, minha irmã, está em estado mais grave. Os meninos nada sofreram. E doutor Jonas se encontra em observação. Parece ter partido as costelas. - respondeu chorando.
Amaro:
--- O que está me dizendo? Acidente? – indagou nervoso o velho.
Milena:
--- Sim. Eu estou ligando para dizer ao senhor. Eu passo um telegrama pelo Western? – indagou chorando de comoção.
Amaro:
--- Sim! Passe! Quer dizer: não passe!. Prefiro saber da verdade agora mesmo! Como foi a queda! Ou seja: Desastre? Desastre? – quis saber o velho já cheio de tormenta.
Milena:
--- Foi isso mesmo. O carro despencou em um barranco. A sorte foi um galho de árvore. Mas a minha irmã está mal! – chorou por demais a moça.
Amaro:
--- Tenha calma! Tenha calma! Não se afobe! Tenha calma! Eu viajo inda hoje para o Rio! Mas tenha calma! Meu filho? Ah meu pai do Céu! É grave? É grave? – perguntou sem saber o que dizer.
E a conversa durou mais alguns minutos e Milena Rizzo contando o que podia informar. O velho ao desespero se preparando para sair e vestindo o paletó com bastante pressa para tentar ainda na segunda feira viajar ao Rio com ou sem ninguém para levar. Logo depois, com bastante pressa, seu Amaro disse a moça Alenka que ela ficasse como dona da casa de ração, pois ele partiria no primeiro vou do dia para o Rio de Janeiro, cidade maravilhosa par alguns.
Amaro:
--- Onde está meu filho? – perguntou sem saber o que dizia a Alenka.
A moça não tinha noção de coisa alguma e fez um gesto de suspender os ombros como quem dizia não saber qual o filho.
Alenka:
--- Qual? – indagou espantada a moça.
Amaro;
--- O médico, coisa feia! – respondeu abusado o velho
A moça fez novamente o suspender dos ombros como quem diz: “não sei”.
Alenka;
--- Não sei. No hospital? – indagou inquieta.
 Amaro;
--- Coisa feia. Onde está a chave? – indagou o velho  a procurar no paletó.
Impaciente a todo custo, o velho se ajeitou por completo e foi buscar o automóvel não deixando de informar à moça o que estava ou não por fazer. Um trabalhador avulso ficou de pé na porta da casa de ração a observar sem saber todo o acontecido.  Alenka, na saída do velho, se lembrou da chave da porta e gritou:
Alenka.
--- A chave! – indagou assombrada a moça.
Amaro:
--- Leve a outra coisa feia! – gritou o velho enquanto saía no automóvel.
Alenka:
--- A outra? Que outra? – indagou cismada a moça ao falar com seus botões.
Trabalhador;
--- É a chave que fica trancada no birô. - respondeu o trabalhador avulso.
Alenka:
--- E tem outra? A sim. – respondeu recobrando a consciência.
Trabalhador:
--- Foi o filho dele? – indagou.
Alenka:
--- Não sei. Foi tanta conversa. Eu estou pasma! E o almoço? – indagou de surpresa.
Trabalhador:
--- Na tua casa. – respondeu o trabalhador avulso palitando os dentes.
Alenka:
--- Tu sabes é muito! – respondeu a moça dando uma volta no rosto.
O homem procurou um freguês que àquela hora entrou para comprar ração e implementos agrícolas
 

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