- Demi Moore -
- 59 -
TELEFONE
Na
segunda-feira, o senhor Amaro Borba estava em seu escritório da casa de
negócios de venda para animais. Ainda era cedo da manhã. Ele despachava os
pedidos feitos para, de modo principal, o interior do Estado. A moça que
ajudava nas compras e vendas estava sempre atenta aos negócios. O seu nome era
Alenka Calheiros. Teve um instante quando Alenka atendeu ao telefone da casa de
comercio e ficou até mesmo assustada por conta da chamada tão surpreendente.
Era uma ligação de fora do Estado, de modo especial do Rio de Janeiro. E foi
então que se formou a desordem. Sem saber o que fazer Alenka pegou o telefone e
foi dizendo apenas isso:
Alenka:
--- Telefone
para o senhor! – relatou a moça plena de temor.
Amaro:
--- Quem
é? - indagou o comerciante enquanto
examinava as guias de despacho.
Alenka:
--- (Eu) não
sei! É uma moça. – respondeu Alenka com
muito temor.
Amaro:
--- O que ela
quer? – indagou o homem a folhear dos papeis.
Alenka:
--- Ela não
disse. Apenas perguntou pelo
senhor. Ela falou ser do Rio de Janeiro!
– falou inquieta a jovem segurando o telefone com a sua mão direita.
Amaro:
--- Rio? Está
vendo que ninguém fala do Rio? Ora! – e tomou o telefone da mão de Alenka.
Então o homem
começou a falar e olhar com raiva para Alenka. Alguém do outro lado do fio
disse estar falado do Rio de Janeiro. Era uma chamada feita pela Radional, uma
agencia de telefonia a existir em quase todo o País e outras partes do mundo,
até mesmo de ligações marítimas. A interlocutora pediu que o homem esperasse um
momento enquanto passava a ligação para alguém provavelmente de sua
família. O homem ficou a esperar
enquanto dizia a jovem Alenka ser uma ligação feita pela Agência Radional. A
moça estranhou e quis saber:
Alenka:
--- O que? Radio o que? – perguntou com o rosto
enfadonho à moça.
Amaro:
--- Radional,
coisa feia! É uma agência que tem lá prás bandas do morro. Ô quanta estupidez!
– reclamou o velho.
Dai por diante
teve início a conversa com alguém do outro lado da linha a informar ser a irmã
de Cláudia Rizzo, esposa do doutor Jonas de Castro, filho de Amaro.
Milena:
--- Meu nome é
Milena, irmã de Claudia Rizzo, esposa do doutor Jonas de Castro, seu filho. É o
senhor Amaro mesmo? – indagou assustada a jovem Milena.
Amaro:
--- Claro que
sou. E o que houve? –retrucou o velho já inquieto.
Milena:
--- Senhor
Amaro, queira desculpar. O seu filho sofreu grave acidente ao retornar de
Petrópolis. Ele, a mulher e os dois filhos pequenos. A mulher, minha irmã, está
em estado mais grave. Os meninos nada sofreram. E doutor Jonas se encontra em
observação. Parece ter partido as costelas. - respondeu chorando.
Amaro:
--- O que está
me dizendo? Acidente? – indagou nervoso o velho.
Milena:
--- Sim. Eu
estou ligando para dizer ao senhor. Eu passo um telegrama pelo Western? –
indagou chorando de comoção.
Amaro:
--- Sim!
Passe! Quer dizer: não passe!. Prefiro saber da verdade agora mesmo! Como foi a
queda! Ou seja: Desastre? Desastre? – quis saber o velho já cheio de tormenta.
Milena:
--- Foi isso
mesmo. O carro despencou em um barranco. A sorte foi um galho de árvore. Mas a
minha irmã está mal! – chorou por demais a moça.
Amaro:
--- Tenha
calma! Tenha calma! Não se afobe! Tenha calma! Eu viajo inda hoje para o Rio!
Mas tenha calma! Meu filho? Ah meu pai do Céu! É grave? É grave? – perguntou
sem saber o que dizer.
E a conversa
durou mais alguns minutos e Milena Rizzo contando o que podia informar. O velho
ao desespero se preparando para sair e vestindo o paletó com bastante pressa
para tentar ainda na segunda feira viajar ao Rio com ou sem ninguém para levar.
Logo depois, com bastante pressa, seu Amaro disse a moça Alenka que ela ficasse
como dona da casa de ração, pois ele partiria no primeiro vou do dia para o Rio
de Janeiro, cidade maravilhosa par alguns.
Amaro:
--- Onde está
meu filho? – perguntou sem saber o que dizia a Alenka.
A moça não
tinha noção de coisa alguma e fez um gesto de suspender os ombros como quem
dizia não saber qual o filho.
Alenka:
--- Qual? –
indagou espantada a moça.
Amaro;
--- O médico,
coisa feia! – respondeu abusado o velho
A moça fez
novamente o suspender dos ombros como quem diz: “não sei”.
Alenka;
--- Não sei.
No hospital? – indagou inquieta.
Amaro;
--- Coisa
feia. Onde está a chave? – indagou o velho
a procurar no paletó.
Impaciente a
todo custo, o velho se ajeitou por completo e foi buscar o automóvel não
deixando de informar à moça o que estava ou não por fazer. Um trabalhador avulso
ficou de pé na porta da casa de ração a observar sem saber todo o acontecido. Alenka, na saída do velho, se lembrou da chave
da porta e gritou:
Alenka.
--- A chave! –
indagou assombrada a moça.
Amaro:
--- Leve a
outra coisa feia! – gritou o velho enquanto saía no automóvel.
Alenka:
--- A outra?
Que outra? – indagou cismada a moça ao falar com seus botões.
Trabalhador;
--- É a chave
que fica trancada no birô. - respondeu o trabalhador avulso.
Alenka:
--- E tem
outra? A sim. – respondeu recobrando a consciência.
Trabalhador:
--- Foi o
filho dele? – indagou.
Alenka:
--- Não sei.
Foi tanta conversa. Eu estou pasma! E o almoço? – indagou de surpresa.
Trabalhador:
--- Na tua
casa. – respondeu o trabalhador avulso palitando os dentes.
Alenka:
--- Tu sabes é
muito! – respondeu a moça dando uma volta no rosto.
O homem
procurou um freguês que àquela hora entrou para comprar ração e implementos
agrícolas
Nenhum comentário:
Postar um comentário