domingo, 21 de novembro de 2010

AMANTES - 02 -

-Alice Braga -
- 02 -
O garoto Silas estava ajeitando seus pertences em cima da mesa de jantar quando a sua borracha caiu ao chão obrigando o garoto a procurar, mesmo sentado, aquele objeto que lhe era inseparável. Ao deitar a sua cabeça quase ao chão, vislumbrou por baixo da mesa as calcinhas da garota com sacudia as pernas para um lado e para outro. Ele olhou por breves minutos e sentiu qualquer coisa em seu organismo. Então, antes de se soerguer ainda mirou as pernas de Vera por aquilo que ele achava um longo momento. Do alto, a menina olhou para Silas e procurou ver o que ele estava olhando. Quando percebeu, Vera disse algo:
--- Besta! Nem tem graça! – declarou Vera a Silas.
--- Estava apanhando a minha borracha. – se defendeu Silas de modo acanhado com seus olhos cabisbaixos.
Os dois amigos começaram a ler o que devia cair na próxima aula. Vera de modo mais alto e Silas de forma mais baixa. Após breve instante Vera se levantou da cadeira e rumou para o seu quarto. Quando estava na porta de entrada ela chamou por Silas que ficara lendo o lição. O garoto olhou em direção a Vera e perguntou o que ela queria.
--- Venha cá seu besta! – se pôs a falar de forma rude a garota Vera.
--- Que tem aí? – indagou o garoto um pouco cismado.
--- Vem ou não? – indagou a garota Vera entrando já no interior do quarto.
O garoto se levantou da cadeira e seguiu para o quarto de Vera. Ao chegar viu a garota encostando uma cadeira na parede do quarto em frente a uma janela. Vera subiu e olhou para o quintal ao lado onde existia outra casa de Maria Rosa. E chamou Silas:
--- Sobe aqui, besta! – conclamou Vera ao garoto.
--- Que tem aí? – indagou Silas não querendo subir.
--- Suba merda. Ou eu te dou um tabefe! – relatou a garota como quem estava zangada.
Sem argumentos, Silas subiu na cadeira, ao lado de Vera, ficando em uma ponta do assento quase a cair. Por isso, ficou Silas com um pé do lado de fora do apoio. A garota olhava por uma brecha da janela veneziana para a casa ao lado. Não havia nada de se observar. Mas, foi assim que ela começou a olhar. E pediu para que Silas também olhasse pela fresta da veneziana. O menino obedeceu. E olhou também. Não havia nada a ressaltar. E de vez o garoto disse a Vera:
--- Não vejo nada! – declarou o garoto com o seu pé esquerdo quase a cair no chão.
--- É assim, besta. De dia não se vê nada. Mas de noite a mulher estar dormindo no quarto. E o marido está com ela. – respondeu Vera também descendo da cadeira.
--- E o que é tem isso? – indagou o garoto.
--- Você é besta mesmo. Não tem nada! – zoou a garota com raiva.
Os dois amigos então desceram da cadeira. E Vera chamou Silas para se deitar da cama e brincar de marido e mulher como faziam os seus pais. Ela olhou varias vezes para os seus pais quando estavam a fazer sexo. Vera não sabia o que se tratava. Mas de vez ou outra a sua mãe reclamava da posição do marido. Em certa ocasião, Vera olhou pela fresta da janela e viu o homem do lado oposto a sua casa a agarrar a sua mulher, Maria Rosa. Ela não viu o que os dois estavam a fazer. Só viu as nádegas do homem completamente despidas subindo e descendo. Ele fazia um jeito bem parecido com o do sei pai, Pedro. Por isso, Vera chamou o garoto para se deitar com ela. Naquele instante a garota estava sedenta de amor. O menino ficou estranho ao pedido. De certo modo, recusou. Vera disse então.
--- Vem seu merda. Deite aqui. Bosta. – respondeu a garota.
O garoto foi até a margem da cama e sentou ficando a olhar as coxas de Vera que estava à mostra naquela hora da tarde. A garota se impacientou e puxou Silas para cima e fez o que a sua mãe fazia: ficou em baixo e o garoto em cima sem nenhuma noção do que inventar. A garota fez a vez do seu pai pulando para cima e para baixo em ação moderada. O menino ficou a acompanhar a garota também fazendo o negócio para cima e para baixo. Vera pediu que ele arriasse o calção.
--- Ficar nu? – indagou o garoto de modo estarrecido com a proposta de Vera.
--- Tira bosta. Eu tiro minha calçinha. – relatou aperreada a garota.
E os dois ficaram nus na cama fazendo sexo. Vera sabia de alguma coisa e Silas não sabia de nada. Apenas tinha na mente o que os colegas de grupo diziam conversando e gargalhando quando acabava a aula. Para se ser homem tinha que se masturbar. Do contrario jamais o membro se desenvolvia. Ele tinha medo dessa preleção. E fazia em casa, no quarto ou no banheiro a vez do que os maiores faziam. Ele nada sentia. Talvez por falta de costume. Silas se lembrou de certa vez que colocou dois travesseiros sobre a cama e na brecha entre os dois, ele friccionou seu membro diminuto. Então, naquela hora ele tomou a idéia e começou a fazer com Vera o mesmo que fez com os travesseiros. Fez Vera abrir mais as suas perninhas e colocou seu membro no sexo da garota. A menina gritou alarmada;
--- Ai seu bruto! Assim dói! – fez ver a garota.
--- E como é? – indagou atrapalhado o garoto Silas.
--- De outro jeito. Ai. Dói demais. – reclamou Verinha cheia de espanto.
--- Mas eu não sei. – rezingou Silas acabrunhado.
--- Então sai. Quero minhas calcinhas. – reclamou Vera aborrecida.
Os dois amigos terminaram o sexo nesse instante. O garoto levantou o seu calção e a garota vestiu suas calcinhas e arriou a saia que estava a vestir. Ela olhava para o colega de banco de escola e apenas dizia:
--- Bruto! Não sabe nem fazer o que os homens fazem! – reclamou Verinha puxando a saia.
No dia seguinte, os dois amigos como um casal, seguiram para o Grupo Escolar, de mãos dadas, conversando coisas triviais como a apontar para os demais amiguinhos de classe que estavam em frente ao Grupo. Havia um sem numero de alunos freqüentadores diários das aulas do estabelecimento de ensino. Uns mais altos outros mais baixos, uns mais gordos, outros franzinos. Era uma heterogeneidade de alunos, cada qual com sua forma. Havia os irrequietos, os comportados, os quase negros e os negros mesmo. Em contrapartida, havia os brancos, os ruivos, os de cabelos espichados, os de cabeleira, os molengas e os que brigavam por qualquer coisa. Na hora de entrada no Grupo era aquela algazarra. A mesma coisa acontecia quando a sineta tocava marcando o fim da aula da manhã. Os dois “amantes” chegaram juntinhos em meio de toda aglomeração indigesta dos demais alunos. A sineta tocou a entrada e todos os alunos correram céleres para o corredor. Seu Mousinho, o homem da sineta, estava pronto para qualquer desavença por parte dos inquietos alunos. Ele passava em revista as filas formadas nas três portas de igual número de salas até a chegada de dona Margarida, a professora da turma de Vera e Silas e das outras mestras também. Cada sala tinha uma professora. O homem mancava de uma perna: à esquerda. Ele vestia uma roupa comum e nem se importava se estava elegante ou não. De elegância, essa passou por longe do seu Mousinho. A única coisa que ele tinha na vida era a campanha política de dois candidatos. E por isso não falava com ninguém a respeito do assunto. E quando falava era em defesa de seu candidato, o homem da ”Esperança”.
A mestra Margarida fez a chamada dos alunos. Quando chegou ao nome de Vera, ela parou para ver se a garota estava presente. Olhando a turma irrequieta e buliçosa “com os seiscentos diabos” por cima das lentes dos óculos, de um lado a outro, Margarida, a mestra, foi logo a perguntar.
--- Por que não veio a aula ontem, dona Vera??? – indagou a mestra meio enraivecida.
--- Estava com gripe, professora. – respondeu a garota um pouco cismada com a pergunta.
--- Foi prova. A senhora fica na classe depois da aula. Faz a prova sozinha. Ouviu? – indagou a mestra.
--- Sim senhora. – foi o que disse Vera pela advertência feita pela mestra e com muito medo de ficar sozinha na classe.
A casa de Vera ficava numa esquina da rua São José com a Rua do Cacete. No lado da frente da casa tinha um terreno baldio onde só existia uma mangueira frondosa. Do lado da Rua São José, não existia nada. Era somente um matagal. A sua casa era a primeira da Rua do Cacete com a Rua São José. Depois dessa casa, pela Rua do Cacete havia uma casa ou outra ao longo do trajeto para terminar há uns quatro ou cinco quilômetros com outra avenida. Eram todas casas paupérrimas. A moradia que Vera olhava era de uma casa passando um quintal. Coisa de seis metros de largura. Ela olhava pela fresta da janela a casa de seu Bento e de dona Maria Rosa. Naquele bairro – se era possível chamar de bairro – tinha um velho de seus setenta anos, muito pobre, todo sujo, a andar pelas ruas do bairro não pedindo coisa alguma. O povo era quem dava um pouco de comida quando era o meio dia. Pelo seu aspecto todos os outros donos de casa o chamavam de Molambo.

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