- Vivien Leigh -
- 24 -
A CASA
E Gonzaga
se lembrou de um incidente havido no palco em obras do Teatro, porém não ligava
a fisionomia de Zacarias a outros funcionários de empresas particulares a
prestar serviço de assistência no casarão. Havia
sim, um caso de um rapaz que quebrou o pé com uma boa martelada, porém esse
fato ficou restrito a turma de operários da obra. E Zacarias, esse homem
Gonzaga não se lembrava de ter visto o homem.
Gonzaga:
--- Era
muita gente a entrar e a sair todos os dias. Eu fico na parte da bilheteria. -
respondeu sem maiores pretensões.
Toré
sorriu e vagou pelas estreitas ruas da vida a procura de maiores casos além dos
já falados quanto ao caso do ancião. E, de imediato pensou na casa onde morava
José Luiz, mecânico aposentado por força de seus filhos. Na verdade José Luiz
não trabalhava por causa de uma deficiência nas mãos a qual impedia exercer a
função primordial de trabalhar ajustando todo o carburador de um carro, coisa
especializada por ele. E os seus filhos cumpriam a tarefa levando a feira de
toda a semana para o seu pai como préstimo ao velho enfermo. José Luiz morava
em um casebre logo a frente da casa da velha senhora Maria Francisca. E Toré se
lembrou de ir à casa de José Luiz e saber de algo mais a respeito da anciã
morta em um atropelamento. Desse modo, a se lembrar de mais profundo do caso,
Toré convidou o seu amigo Gonzaga par tentarem uma conversa com o velho José
Luiz, bem mais conhecido por Zé Mortalha. Foi então ter Toré prevendo a
Gonzaga:
Toré:
--- Por
favor, não vá falar em cemitério. – sorriu Toré ao seu compadre.
Gonzaga:
---
Cemitério? Por quê? – indagou perplexo o homem.
Toré
sorriu ainda mais e, logo em seguida, foi a dizer:
Toré:
---
Mortalha! Cemitério lembra mortalha! – sorriu ao desbravar o rapaz.
Gonzaga:
---
Mortalha? O que tem a ver uma coisa com outra? – indagou mais embaraçado o
homem.
Toré:
--- É que
Mortalha é o nome de José Luiz. – sorriu ao desbravar o jovem.
Nesse
ponto, Gonzaga sorriu também.
Em um
segundo os dois amigos rumaram para a casa de José Luiz, Mortalha, a nem ligar para a gritaria de suas
esposas a indagar para onde os dois tinham partidos:
Esposas:
--- Ei!
Vocês? Para aonde estão fugindo? – gritavam as duas mulheres preocupadas com
seus maridos.
Não
obtendo resposta desejada Isabel e Otilia voltou para o interior do bar,
zangadas por demais e Isabel a dizer ter depois de saber Gonzaga ser dono de
uma terra não teve mais sossego na vida.
Isabel:
--- Merda
de herança! – falou a mulher com a cara rude.
Enquanto
isso, Toré chegou à residência de José Luiz. A essa altura o homem já estava
almoçado e descansava ouvindo o rádio como as pernas estiradas no sofá. A sua
mulher foi quem atendeu aos dois homens. Ela já havia conhecido Toré. Mas não
conhecia Gonzaga. De vez a mulher perguntou se eles queriam falar com algum dos
seus filhos. Como a resposta foi negativa então ela já foi chamar o seu marido,
pois os homens queriam mesmo era falar com José Luiz. Lento
até demais, José Luiz veio até a porta
de sua casa e mirou o rapaz mais jovem e logo descobriu quem era:
José
Luiz:
--- Toré?
Que estás fazendo aqui há essa hora? – disse o homem calmamente.
Toré:
--- Já vi
que estás lúcido. Eu e meu amigo, estamos procurando a casa a anciã Maria
Francisca conhecida por minha vó. Eu sabia dela morar por esses meios. Agora, o
endereço eu não sei. Minha Vó. O senhor sabe? – indagou o rapaz.
José
Luiz:
--- Mas
claro. Ela morreu. Mas a sua casa é aí em frente. Isso é uma vila. E tem outras
casas aqui pra baixo. Quem toma conta é uma senhora moradora da vila. Pode ir
saber que ela diz. – falou o homem já idoso.
Toré:
--- Está
bem. Esse é Gonzaga, dono de um bar onde a turma come e bebe. – sorriu o rapaz
e apontou para Gonzaga.
José
Luiz:
--- Ah
bom! Então podem ir à casa do meio. É
lá que mora dona Lourdes. Diga para ela que eu mandei. – respondeu o velho
Mortalha.
Com essa
e mais duas historias os dois companheiros saíram à procura de dona Lourdes, a
mulher responsável pelas casas e vilas da anciã desaparecida. Não demorou nada
para a mulher atender os visitantes. Apenas, um pouco desconfiada, Lourdes quis
saber quem eram os dois homens. E foi então que começou a conversa:
Toré:
--- Meu
nome é Toré. Esse é meu amigo, Gonzaga. Nós estamos à procura da senhora, pois
ficamos nós sabendo ter a senhora o cuidar das casas da anciã Maria Francisca.
Esse homem é o filho de dona Francisca. Mas até hoje ele não sabia da mulher
ser sua mãe. Ele foi dado a uma pessoa e, depois, nunca mais ouviu falar na sua
verdadeira mãe. É isso. – falou como sabia o jovem.
A mulher,
com os pés cruzados pelo lado de dentro da porta, se alegrou quando se referiu
a Gonzaga, pois a anciã sempre falava no seu filho.
Lourdes:
--- Ela
sempre me falava dele. Mas era temerosa em se declarar ser sua mãe, pois
abandou a criança ainda pequena na casa de uns matutos. Foi isso que a velha me
falava. – respondeu por fim a mulher.
Gonzaga:
--- Pois
eu sou Gonzaga, filho legítimo. Porém nunca perguntei a dona Francisca ser ela
a minha mãe, pois nem sabia ser ela de fato a mulher que eu queria conhecer. –
falou o homem com os olhos cheios de lágrimas.
Lourdes:
--- Ora
mais que besteira. Ela guardava tudo sobre o senhor. No baú estava amontoado
uma porção de recortes de jornais. E ainda tem certidões e tudo mais. Venha,
pois eu mostrar para o senhor. Na verdade, eu também te conhecia do Teatro.
Certa vez dona Francisca me apontou e me pediu segredo. – sorriu a mulher já
com a chave na mão para abrir a porta do casario.
O certo
foi que Gonzaga tomou conhecimento de tudo quanto à velha Francisca arrumava
para o seu ninho e por nada no mundo revelava os seus segredos a ninguém.
Gonzaga pode ver retratos antigos, quando ele ainda criança. E mais adulto. Sua
formatura. O seu trabalho no Teatro. A vida simples que ele levava. Os
documentos de cartório mostrando quando do seu nascimento. Seu nome real. E
muitas outras coisas mais. Ele se espantou ao ver uma mantilha postada no canto
da cama e aí foi feita a pergunta:
Gonzaga:
--- E
essa mantilha? – indagou meio estranho o homem.
Lourdes:
--- Ela
comprou para dar de presente a sua esposa. – sorriu a mulher.
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