terça-feira, 10 de maio de 2011

DESEJO - 41 -


- Susannah York -
- 41 -
Com o alvoroço da mulher houve correria geral. As moçinhas chegaram com pressa. O Prefeito foi empatado de entrar no banheiro, pois a moça ainda estava despida. O namorado de Norma se assustou febrilmente e correu para o banheiro onde estava Norma. Esse também não pode entrar. A mulher, dona Débora clamou por ajuda de dona Josefa sua vizinha, mulher parteira. A filha de Débora saiu correndo a procura de dona Josefa. A outra moça ficou acocorada junto à dona Débora procurando vestir Norma Vidigal. E diante de tudo isso, dona Débora não tinha sossego apenas a chamar a filha, a qual fora chamar dona Josefa. O tempo passava e a mulher gritava mais por sua filha. Esta chegou incontinente trazendo a senhora parteira. O rapaz, Armando Viana, estava agoniado para entrar no agitado banheiro onde estava inconsciente a sua namorada. Por seu turno José Catingueira procurava tranqüilizar o rapaz ao dizer:
--- Tenha calma! Tudo se ajeita! – respondia o Prefeito procurando acalmar Armando
E o Secretario do Governo não se conforma ajeitando as calças frouxas e compridas.
--- Eu quero saber o que houve!!! – dizia alarmado o jovem Secretário.
--- Foi um mal estar, parece! – comentava o Prefeito também desesperado.
Os secretários municipais estavam aflitos e um disse, na oportunidade, ser propício se chamar um médico. Ninguém prestava atenção ao que dizia o secretario municipal. A mocinha vestiu a roupa de forma desajeitada em Norma Vidigal e a mulher, dona Josefa parteira pretendia levar a moça até o quarto de dormir onde poria numa cama.
--- Ela teve as regras. – falou a mulher parteira.
--- Mas ela falou em aborto!!! – respondeu dona Débora alarmada.
--- É preciso de um médico. Ou levar ela para um posto. – respondeu a mulher parteira.
--- Mas ela está desmaiada!!! – alarmou Debora esfogueada.
Por uns instantes ainda no banheiro, a mulher Josefa resolveu chamar o Prefeito e mais o namorado da moça e outro rapaz, - Secretario do Municipio também – para levar a moça até o quarto de dormir. E todos os moços e o homem Catingueira se prontificaram em levar Norma Vidigal para um dos quartos de dormir. A amiga de Fátima, filha de dona Debora, já estava com um vidro de álcool nas mãos, pois não sabia quem pedira o tal remédio. Os homens levaram Norma para o quarto e deitaram em uma cama, saindo de perto e deixando tudo por conta de dona Josefa parteira. Enfim, a mulher Josefa pediu o álcool e esfregou nos pulsos de Norma enquanto chamava uma de suas filhas. A moça também chegou apressada para atender a sua mãe e logo viu Norma desacordada. Então a sua mãe Josefa, mandou preparar um chá de ervas e cuidou de proteger a enferma. Um dos Secretários do Prefeito, depois de orientado, foi depressa chamar a ambulância do posto de saúde para vir socorrer uma enferma. Era um caldeirão fervente a casa do Prefeito José Catingueira. Um entra e sai de pessoas a procura de ajudar dona Josefa e as demais mulheres que estavam a necessitar de ajuda. O rapaz Armando notou ser imprudente se socorrer a sua noiva naquele quarto de dormir. Havia gente demais. O rapaz não sabia o certo para se ordenar uma evacuação de tanta gente.
Com pouco tempo chegou à casa do Prefeito José Catingueira uma ambulância com uma enfermeira e dois auxiliares. A enfermeira veio na frente seguida pelos auxiliares trazendo uma maca. Norma Vidigal ainda estava desacordada. E a gorda enfermeira perguntou o que tinha ocorrido. E foi dito tudo o que se passara. A enfermeira tirou um frasco com certa substancia de dentro de seu avental e pôs no nariz da paciente. Tudo foi tão rápido e logo a moça Norma retomou o sentido.  Débora, Fátima, a parturiente Josefa e a outra filha, o rapaz, o Prefeito e todos os outros Secretários derrubaram em pranto.
--- Até que enfim! Despertou! – relatou o Prefeito.
--- Ela é uma médica. – disse um dos secretários.
E a moça tranqüilizou a todos ao afirmar ser preciso levar Norma Vidigal para uma casa de saúde, pois o acometido era sério. Por isso mesmo, alguém pegasse a paciente e a levasse para a capital, pois no município, naquele dia, não tinha médico.
--- Não tem médico?! – perguntou o Prefeito.
--- E o doutor Duarte? – indagou Debora, mulher do Prefeito.
--- Ele está fazendo um curso fora do Estado. – relatou a enfermeira.
--- E não deixou ninguém no lugar dele? – quis saber o Prefeito muito atormentado.
--- Não. De qualquer jeito é um caso de hospital. – relatou a gorda enfermeira.
Dona Débora, a mulher Josefa, a sua filha e outros mais trataram de ajeitar Norma Vidigal e o seu noivo Armando Viana ao olhar por trás da porta, no corredor, quase louco de ver tudo aquilo acontecer de um momento para outro. Ele nem pensava em aborto, pois a moça nada lhe dissera. Alguma coisa a fez verter sangue. Talvez o carro, talvez a vertiginosa raiva ou tudo em completo fez a moça adoecer. Alguém lhe perguntou se ele teria condições de ir a capital e ele respondeu:
--- Claro! Posso! Por quê? – indagou o rapaz de forma quase desesperada.
--- Tem a ambulância! – disse o rapaz da maca.
--- Eu vou de ambulância perto de Norma! – relatou o rapaz sem compreender tudo.
--- Pode ir doutor. Pode ir. Se for o caso eu levo o carro de vocês. – declarou o Prefeito.
--- Ah sim. O carro. Eu nem me lembrava. – fez questão em dizer Armando Viana um tanto lacrimoso.
Norma já desperta, mas um tanto nauseada e chorosa ainda perguntou o que de momento estava a acontecer no recinto com tanta gente ao seu redor. Ela nem se lembrava do seu carro e muito menos do namorado. Parecia ter havido uma pane geral no seu consciente a despeito do medicamento injetado na sua veia pela gorda enfermeira por precaução, uma vez ter a moça perdido a consciência de um modo rápido. E nesse momento, depois de ajeitar à jovem Norma Vidigal, a enfermeira orientou o motorista a seguir viagem para o hospital da capital.
Na viagem, Norma Vidigal reconheceu o seu noivo. Ele estava também sentado do outro lado de Norma, atada nas pernas e abaixo do busto. E perguntou afinal para onde a estavam a levar naquele carro de buzina ensurdecedora.
--- Nós vamos ao hospital. Você sofreu um desmaio. Nada de mais. – relatou o seu namorado.
--- Que hospital? – indagou Norma.
--- Creio ser o hospital geral. Quem sabe é a enfermeira. – relatou o rapaz de forma calma.
--- E eu vou ser internada como indigente? – voltou a indagar Norma.
--- Eu acho que não. – sorriu Armando para a sua doce amada.
--- Agora eu me lembro. O meu carro. – lembrou Norma do carro.
--- Ele vem logo atrás. O prefeito está trazendo. – relatou o rapaz.
Com duas horas de viagem a ambulância chegou ao hospital geral da cidade onde foi posta em um apartamento a jovem Norma Vidigal até o médico de plantão a receitar anotando o seu verdadeiro sentido de saúde. E isso levou cerca de trinta minutos. Para norma foi um tempo imensa não acostumada com a espera no hospital central onde paciente levava duas ou três horas para ter uma consulta de urgência. Quando não era de urgência, o paciente desprovido de recursos podia esperar três meses e até um ano. Esse era o quadro da saúde publica do País quando o Governo prometia melhor assistência ao povo pobre. Norma foi atendia e na ocasião relatou ter o seu médico particular. O medico de plantão ouviu a informação da moça e não disse nada. Apenas receitou para que fosse encaminhada a um ginecologista e deu o caso por encerado saindo do seu consultório.
Em contra partida o namorado de Norma, o jovem Armando, pediu autorização para deslocar a paciente para outra sala melhor aparelhada onde ela pudesse repousar com melhor estado de satisfação. Em seguida, o namorado deixou Norma aos cuidados do Prefeito Catingueira e foi de imediato a casa de Norma avisar a família sobre o estado de Norma. Daí então se deu uma correria de louco.  O pai, mãe, irmãs, cunhados e outros parentes de Norma alucinados com a informação por parte do Secretario do Governo. Todo o pessoal se encaminhou direto para o Hospital Geral da Cidade.
--- Moço onde está minha filha! Onde está minha filha! – proferia a mãe de Norma ao entrar na enfermaria. 
--- Tenha clama mulher. Eu procuro saber melhor. – dizia o pai menos preocupado.
Nesse ponto, o Secretario Armando Viana orientou a todos se encaminhar com precisão para o segundo andar do edifício onde estava internada a moça.  E a corria não se arrefeceu com todos os parentes querendo chegar primeiro ao andar onde estava internada Norma Vidigal. E o tumulto não parou até a sua mãe abraçar a filha deitada no leito do hospital.
--- Onde está o doutor Jordão, minha mãe? – indagou a moça Norma.

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