quarta-feira, 11 de maio de 2011

DESEJO - 42 -


-  Lupe Vélez -
- 42 -
Quase uma semana depois, Norma Vidigal já em sua casa a repousar tranqüila. A ansiedade havia passado. Ela deixou o Hospital da terça feira por recomendação médica. Desde o sábado Norma ficou internada e o seu médico foi o Doutor Jordão, competente e agradável, amigo da família. Depois de um exame criterioso o medico chegou ao diagnóstico para muitos de sua família o esperado. A moça havia tido uma menstruação onde foi o responsável o esforço feito no governar do automóvel e de pronto a chuva apanhada naquela ocasião. Por isso mesmo, o médico recomendou repouso absoluto por uma semana. Com isso, o pai ficou feliz de ao haver maiores complicações. Com relação ao namorado, este após trocar a roupa molhada no seu apartamento naquele sábado, ele voltou para o hospital ficando por tempos infindos. Era evidente ter Norma cair no sono sob efeito de sedativo. Porém, no domingo, Norma despertou mais alegre e com bastante fome:
--- Sou capaz de comer um elefante! – sorriu Norma ao pedir o seu café da manhã.
A auxiliar de enfermagem, muito amável e delicada começou a sorrir.
Apesar de Norma querer já sair do hospital, o seu pai lhe recomendou a ter paciência, pois então só o médico poderia lhe dar alta. A moça, no domingo, fez cara e choro, contudo logo  se refez. O tempo era normal no domingo e nos dias subseqüentes. Quando Norma deixou o hospital, logo cedo da manhã, Armando se despediu ao chegar com ela a sua casa. Com tudo para fazer, o rapaz pegou firme no trabalho de Secretario do Governo. Ainda se lembrava do homem José Catingueira e da conversa mantida com o mesmo a respeito da chapada da serra onde talvez houvesse um campo de pouso de aeronaves.  E Armando ficou sabendo do fato com pormenores ainda não obtidos; Na conversa mantida com o Prefeito Catingueira no seu apartamento, o jovem Secretário ouviu desse historias mirabolantes de quando o homem era então menino. Em rápida palavra Catingueira disse ter ido à chapada por muitas vezes a procura de frutas e ali pode observar uma espécie de Oráculo montado nas pedras e uma fortaleza se bem pudesse dizer assim, após o Oráculo. Não havia por lá mais ninguém a tomar conta a não ser o povo da mata. Depois dessa conversa nada mais Catingueira falou. E quando Armando Viana tomou conta do seu trabalho de Secretário de Comunicação nada mais pode rascunhar a respeito da historia do chapadão.
De forma inesperada, um rapaz procurou falar com Armando Viana, na quinta-feira a respeito de cadilaque Plymouth da Chrysler, modelo moderno que estava posto à venda por preço abaixo da média dos automóveis. Aquele assunto despertou a memória do rapaz. Apesar de ter noções básicas de direção, Armando sentiu-se como um verdadeiro rei ao saber da história do Plymouth. E então indagou ao vendedor:
--- Onde o carro está? – perguntou Armando ao vendedor muito alegre.
--- Eu estou com ele. Deixei-o estacionado sob uma mangueira na Praça do lado. – respondeu o vendedor
--- Eu posso vê-lo? – indagou Armando Viana.
--- Claro. O carro é todo seu. – sorriu o vendedor ao dar a chave a  Armando.
Na verdade, o automóvel era um requinte de beleza e nostalgia. O veículo era usado, com certeza. Porém, seu aspecto era de um auto pouco usado. Com azul celeste, cambio na direção, assentos confortáveis, largura e comprimento soberbos, pneus novos, cobertura descoberta quando se queria. Motor de oito cilindradas, transmissão automática, usa a gasolina e tudo de um carro moderno e singular.
--- A Polícia americana usa desses carros. – relatou o vendedor.
--- Mas um carro desse não tem cidadão que possa comprá-lo. – destacou Armando.
--- Ora. Ora. Esse é um carro para um Estadista como o senhor. – sorriu o vendedor querendo fazer negocio de qualquer jeito.
--- Estadista! Estadista! – (sorriu Armando) – Estadista! É. Eu não vou comprar esse carro de Estadista. – sorriu novamente Armando e dispensou o vendedor.
--- Mas senhor! Olhe aqui! Veja como é bom o automóvel! – disse ainda o vendedor enquanto Armando já entrava no palácio achando graça por ter sido chamado de estadista.
Logo após ele dispensar o vendedor, saiu em direção da casa de Norma pensando em qual carro ele compraria e sem saber ainda dirigir, por certo. Podia comprar um Corcel, um Opala ou mesmo um Del Rey. Esses eram carros da moda e o preço era compatível com o dinheiro que possuía. E foi Armando Viana matutando com os seus botões quando bateu à porta da casa de Norma e passou a esperar um pouco. Cogitava em seu dinheiro depositado no Banco para ver o quanto tinha. O céu era de uma brisa suave apesar de serem três horas da tarde. O vento soprava de uma forma a levantar as saias das moças quando estas passavam em frente a um prédio existente na região. Ouvia-se os gritinhos de assombros das senhoritas cuidando de suas vestes pela frente ou por trás. E assim, a sorrir, elas corriam para um lado mais tranquilo da praça onde havia mulheres vendendo peixe frito no dendê. Aquele alarme pôs Armando feliz da vida ao ver as peças íntimas das moças.
Logo depois da visita a Norma Vidigal, o rapaz saiu para o seu trabalho de redator chefe no escritório do jornal A IMPRENSA. Já em seu manuseio das noticias viu chegar à redação todo suado o homem Canindé fotógrafo. Após o homem chegava também a repórter Marta Rocha igualmente cansada a ponto de desmaiar. Armando observou bem os dois e logo pôs, a saber, de onde eles estavam chegando.
--- As fotos estão aí. Marta fez a matéria. – respondeu o fotógrafo
--- O que vocês fizeram? – indagou Armando.
--- A queda de um helicóptero. – respondeu a moça afogueada.
--- Helicóptero? Como eu não sabia? – falou meio engasgado o chefe de reação.
--- Foi a tarde inteira. A polícia descobriu um “aparelho” dos marginais, traficantes de drogas. Os marginais atiraram contra o helicóptero e acertaram em cheio no motor do aparelho. – comentou Marta Rocha.
--- Matou alguém? – perguntou desesperado o redator.
--- Ora se. O helicóptero despencou ao chão e morreram o piloto e um soldado cinegrafista. – prontificou-se em dizer a moça.
Nesse ponto, toda a redação veio à cima da repórter para saber os detalhes da ocorrência, fato não sabido por ninguém da reportagem. Após várias perguntas como:
--- Você viu os bandidos?! – perguntaram todos a uma só voz.
--- Espera gente. Eu vou bater a matéria. Então vocês ficam sabendo. – sorriu a repórter Marta.
E o caso foi encerrado e posto de lado apenas com alguém a perguntar do fotógrafo.
--- Você tirou as fotos dos mortos? – perguntou alguém a Canindé.
--- Espera eu revelar o filme. Tinha gente morta por todos os recantos da vila. – respondeu Canindé meio abusado.
Ao final das contas, o acidente causou a perda de um helicóptero com dois mortos, sendo o piloto e o soldado cinegrafista, doze contrabandistas de drogas e a prisão de oito elementos envolvidos no refino da droga. E participaram da operação três helicópteros além de diversas viaturas policiais cercando o local apontado como o ponto estratégico do refino de cocaína. Entretanto, outros elementos envolvidos no tráfico de drogas conseguiram fugir do cerco policial se embrenhado mato adentro na Vila das Perdizes. Esta foi uma intervenção chamada de Operação Coca. A polícia já atuava a três meses nesse caso e apenas naquele momento desfecharam o ataque decisivo. Após ser feito todo o levantamento do ataque, a moça Marta foi a primeira a dizer a seu chefe de reportagem ter sido graças a Canindé descobrir a chamada Operação Coca. Canindé foi ouvido por Armando e negou tudo. Disse apenas ter sido um passarinho quem lhe soprou no ouvido.
--- PÔ!!!Mas diga o nome desse pássaro!!! – exigiu Armando Viana aborrecido com tamanho segredo.
--- Um pássaro! – disse de vez Canindé.
--- E não tem nome não? – perguntou exasperado o chefe de redação.
--- Tome as fotos. São exclusivas. Outro jornal não esteve no local. – relatou Canindé ao se despediu da galera saindo devagar a descer os degraus da escada da redação do jornal.
--- Espere ai homem. Mas me diga o nome!!! – gritou o chefe de reportagem a Canindé.
--- Ele não diz chefe. Ele chegou aqui, apressado, no carro da Assessoria e me chamou para ir com ele a um lugar. Quando em percebi já estava na Vila das Perdizes. Eram soldado e agentes da polícia civil para tudo que é canto. Eu nem sabia o que fazer. Só quando detonaram o aparelho da Polícia e os homens mortos no chão. Em estava com o crachá do Governo e então pude observar tudo de perto. A retirada dos corpos dos dois mortos, a perseguição aos demais traficantes. Era tudo um inferno. Eu vi a morte passar por perto. Era bala para todo o lado. E no contar geral foram catorze mortos, incluindo os dois militares. Muitos escaparam do cerco policial.  Eu não sei quantos. Talvez oito ou dez. – relatou a moça Marta.

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