sexta-feira, 13 de maio de 2011

DESEJO - 43 -


- Kristen Stewart -
- 43 -
No dia seguinte, sexta-feira, de manhã logo cedo, no café do Mercado, a conversa geral era em torno da ação policial e a derrubada do helicóptero com a morte de seus dois ocupantes, o piloto e o cinegrafista e mais doze outros delinqüentes. Os jornais da Cidade nada trouxeram a esse respeito. E Armando Viana se sentia satisfeito por ser o chefe de reportagem ou editor geral do jornal e naquele dia não se tinha outro assunto a não ser o do Jornal A IMPRENSA. Ao seu lado estava Canindé fotógrafo, com o pensamento distante, ao que parecia, muito embora estivesse ao par da situação. Com a cara sisuda, lábios grossos, pouca estatura, mochila ao  lado e a máquina de fazer retratos, Canindé ouvia muito bem os assuntos ditos por cada qual dos freqüentadores do Café de dona Gloria. De momento para outro o fotógrafo se afastou. Armando olhou para Canindé e estranhou seu afastamento. Então, perguntou:
--- Ei! Para onde está indo? – perguntou Armando Viana torcendo o rosto para ver Canindé.
--- Vou ali! – respondeu o fotografo em dar maiores explicações.
--- Para onde, pô?!! – diz saber Armando de modo mais seguro.
--- Ali! Posso? – disse Canindé um tanto malcriado.
--- Volta aqui, homem! Tenho um negócio a te perguntar!! – fez vez Armando.
Canindé parou no meio do caminho com quem diz:
--- “Então pergunte”! – olhando para Armando sem falar.
Nesse ponto Armando Viana se levantou da banca e se dirigiu onde estava Canindé. No caminho passava um homem com uma camiseta com a propaganda do célebre “Circo Garcia”, cuja estréia era nessa sexta-feira. Armando olhou a propaganda estampada na camisa do rapaz e teve uma idéia. Porém não disse nada. Ao chegar próximo de Canindé, ele perguntou outra coisa.
--- Você sabe quem ensina a dirigir carro? – quis saber Armando de forma bem particular.
--- Ensinar? Não! Agora, tem um mecânico que se falar com ele, pode até ensinar. – comentou o fotografo.
--- Quem é ele? Você conhece? – indagou Armando bem mais preocupado.
--- Ele trabalha nas oficinas no beco da delegacia! – respondeu Canindé já um tanto apressado.
--- Você fala com ele? – perguntou Armando já cheio de esperança.
--- Posso falar. Quem vai dirigir carro? É você? – investigou Canindé sobre o assunto.
--- Sim. Tenho a intenção! – proferiu Armando ainda cheio de dúvidas.
--- Agora tem mais essa. No começo quis ser fotógrafo. Agora é motorista. Só peia! – comentou o fotógrafo sem sorrir.
--- Fala homem. É sério. A gente fica a depender de um motorista. Então eu quero aprender a guiar carro. – choramingou Armando.
--- Falo! Falo! Não precisa chorar. – declarou Canindé tomando o seu caminho.
--- Fala mesmo? Jura? Hoje? – fez as perguntas em cima da hora.
E Canindé fotógrafo já nada respondeu. E assim, ele foi com seu andar banzeiro em busca de alguma coisa em algum lugar.
Horas após, Armando Viana já estava no seu Gabinete onde passava as informações para os repórteres de jornais a Capital ante de consultar a programação eventual do dia do Governado do Estado, se bem que não havia outras repercussões favoráveis. O certo era as melhores informações cujo texto daria boa matéria por parte dos jornalistas. Naquele instante o telefone tocou em seu Gabinete. Era o Governador a lhe chamar urgente. O rapaz se desculpou aos demais jornalistas e subiu o primeiro andar do Palácio onde, de imediato estava reunido com o Governador. No Gabinete do Governo estavam ainda o Secretário Adjunto e o recém Secretário empossado para Assuntos Especiais, o Doutor Gilgamés Soares de Morais.  Então o Governado, com todos os três secretários presentes, declarou ter uma entrevista a dar aos jornalistas da impressa local. A conversa girou em torno do assunto, porém o Governador não adiantou em nada o dizer de sua fala. A entrevista seria dada as onze horas da manha daquela sexta feira. Então, o Governador despachou os Secretários esperando à hora marcada.
O Secretário de Comunicação do Governo logo que desceu as escadas, foi avisando aos jornais da cidade, inclusive ao próprio jornal A IMPRENSA sobre a inesperada entrevista marcada pelo Governador solicitando enviar repórter para o Palácio, no caso Cione Damásio, entre outros a mais experiente. Minutos após, Armando Viana foi ao Gabinete do Governado se inteirar do teor da entrevista. O Governador lhe disse ser para lançar a candidatura ao Governo. Ainda Armando indagou do nome:
--- Como eu já havia dito, vou lançar Gilgamés Soares. – relatou o Governador.
--- E o senhor sai para que? – indagou Armando.
--- Eu ocupo a vaga de Senador da República. – expos  o Governador.
--- Bom. Assim é bom demais. – comentou Armando Viana.
--- E você, pode se preparar. Eu ganhando, e não há dúvidas, você vai para  a Capital Federal. E não quero nem ouvir queixas! – expôs o Chefe do Estado.
--- Mas eu, Governador? E o Jornal? E minhas outras atividades? – respondeu Armando assustado.
--- Ora. Ora. O Jornal tem outro. Arranje alguém que sirva de sua inteira confiança. E pronto! – arrazoou o homem forte.
--- O senhor me pôs em uma sinuca. – sorriu Armando para o  Governador.
--- Vamos a luta meu jovem. Vamos a luta. – comentou o Governador.
A entrevista se deu às onze horas em ponto. Estavam presentes os Secretários Gilgamés Soares entre os demais Secretários e Chefes de Gabinete além dos ilustres representantes da imprensa da Capital. Armando Viana se pôs em um canto da sala onde podia ver e ouvir as declarações feitas pelo Governador. Ao cabo de meia hora, o Governador deu por finda a entrevista e os repórteres enveredaram em cima do futuro Governador, Gilgamés Soares a indagar sobre comícios, passeatas, adesões de outros temas. De mansinho, Armando deixou o Gabinete do Governador e foi em busca da residência de Norma Vidigal onde faria refeição e lhe daria as novidades com relação ao seu respeito.
--- Ora viva!!! O homem da Capital Federal. – disse a moça na oportunidade.
--- Não é bem assim. Acontece que isso modificou os meus planos. Eu tenho coisa mais importa no momento. Eu não sei não. – falou Armando à namorada.
--- Meu amor escute! Uma vez eu te disse ter nada a ocorrer sem alguém mais forte por trás. Se bem que o seu caso não diz muito. Mas o do Governador, ah, isso tem. Ele vai ser eleito Senador, não tem nem duvidas. Porém, alguém por trás empurrando é sempre isso. – sorriu Norma.
--- Como assim? Eu não entendo! – falou Armando atento ao que disse a moça.
--- Eu não vou te dizer agora. Por si só você descobre. – sorriu Norma.
--- Como eu vou descobrir um negocio tão estranho? – indagou Armando Viana como  se não entendesse de nada.
--- Esse é o segredo maçônico. Tem alguém por trás de tudo. – relatou a moça.
--- Só sendo Maçonaria mesmo. – disse Armando por não entender de nada.
Após tão longa conversa dona Maria Helena, mãe de Norma, chamou o rapaz para o almoço. E Teodomiro Vidigal, alegre por saber o resultado da reunião do Palácio, não se fez de rogado e acompanhou o rapaz para o almoço. Na hora do repasto o homem ofereceu ao Secretário um cálice de vinho.
--- Eu vou aceitar. Apesar de não estar bebendo na oportunidade. – relatou Armando a sorrir.
--- O vinho após o almoço tem uma qualidade digestiva toda especial. – informou o homem.
--- Ah. É verdade. Certas bebidas alcoólicas aceleram o esvaziamento de alimentos do estômago e estimulam o ácido gástrico. – completou Armando a sorrir.
--- Mas não vá encher a cara! – refreou a moça ao seu namorado.
--- Não. Não vou beber demais. Alias os senhores estarão dispostos a ir hoje à estréia do Circo Garcia na cidade? – indagou Armando aos demais.
--- Se bem me faz o convite, transfiro a oferta para Norma. – sorriu Teodomiro.
--- Mas logo eu? – sorriu a moça com espanto.

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