quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

DOIS AMORES - CINCO -

- Audrey Hepburn -
- CINCO -
- ACIDENTE -
Passaram-se as horas, com o vexame de Bartolo mais quieto, onde Dalva começou a fazer em seus cabelos o alisado para o impaciente homem se conformar com a separação da esposa Dafne – o nome de uma ninfa grega – e pensar mais a frente com todo o empenho e esquecer o passado. O homem, sentado no batente que dava para a sala de entrada, tinha suas lamentações com respeito a sua esposa, mulher atraente de origem italiana. Eles casaram logo após concluir os estudos da Universidade. Com o passar do tempo vieram os desassossegos, sempre com Bartolo a tirar por fora, pois nunca esperava num desfecho fatal.
Bartolo:
--- Ô Dafne, Dafne, Dafne. O que está havendo? Eu nunca fiz mal a voce. Tudo o que eu ganho é para casa. Voce não pede nada que eu dou. Dafne, Dafne, Dafne. – lamentava o homem com insistência.
Dalva:
--- Calma. Querido. Isso é a vida. Talvez a mulher tenha chegado ao limite de tolerância. Nunca se sabe o que está havendo entre os segredos e dúvidas de uma mulher. Não precisa nem haver outro homem. Às vezes é o temperamento mesmo. Conversas. Falta de diálogo. Isso, enfim. – relatou com paciência.
Bartolo estava encolhido como um rato. O seu chapéu posto em cima do joelho. Ele, com a cabeça apoiada no peito de Dalva apenas a chorar igual a uma criança. Caio queria lamentar a tragédia de momento, mesmo assim preferia calar. De longe, na mesa, olhava atento o casal e sentia como se fosse a piedade por aquela triste agonia a se infiltrar em Bartolo. O rapaz mantinha a sua amizade com o grupo fazia algum tempo. Às vezes para jogar baralho. Outra para apenas conversar. Aos domingos pela manhã, Bartolo aparecia no apartamento de Caio para apenas jogar conversa fora. Ali, a turma de quatro cavalheiros conversava de tudo ou nada. Na roda de amigos corria os assuntos atuais e inconsequentes.
Dalva:
--- Eu penso em ir à praia. Vocês querem ir comigo? – perguntou moça sentada ao lado de Bartolo acariciado seus cabelos da cabeça.
Fernando:
--- Boa pedida! – relatou o homem.
Caio:
--- Está aí uma coisa que eu não pensava! – disse por seu lado o homem da polícia.
Bartolo:
--- Eu não vou. Não tenho nem calção! – comentou por seu lado o repórter.
Caio:
--- Por isso, não. Aqui é o que não falta. Calção de banho. – disse Caio se metendo casa adentro a procura do seu quarto de dormir.
Fernando:
--- E o carro? – indagou com dúvidas.
Dalva:
--- Nós vamos estrear o meu novo Hyundai. – alertou a jovem a acariciar a cabeça de Bartolo.
Caio:
--- Hyundai? Ôpa! Já melhorou! – sorriu o policial civil.
E continuou para buscar calção de praia em seu quarto de apartamento.
Dalva:
--- Vamos querido? – indagou sorrindo a seu novo companheiro, o jornalista Bartolo.
O homem estava triste com a sua situação de Divórcio e não tinha nem palavras para aceitar ou não. E quem veio foi o seu companheiro, Caio, a entregar a todos os seus amigos os calções de banho em uma rapidez incrível.
Bartolo:
--- Esse não me serve! Meus testículos se acocham. – falou com a cabeça abaixada.
Dalva:
--- Eu vou me vestir, já, já. – falou a moça a se levantar do batente.
O rapaz Bartolo ficou acuado em seu batente. Apenas chamava por sua esposa.
Bartolo:
--- Dafne, Dafne, Dafne! Onde está você? – perguntava de forma estranha.
Caio:
--- Ora! Vamos acabar com essa história e por o “ferro” a luta. Quem não sabe se voce não ganha uma boa reportagem nessa viagem? – relatou o homem distribuindo os calções.
Fernando:
--- A que praia? – perguntou para se ambientar.
Caio:
--- Búzios! – argumentou o homem.
Bartolo:
--- Búzios? – perguntou com uma cara estranha.
Caio:
--- Sim. É o chique da moda! Ondas suaves. Barcos a pescar. Mulheres. Mulheres. Mulheres. Divinas mulheres a se banhar. – relatou com espírito de folga o policial.
Fernando:
--- Olha quem fala? Parece que nem é viúvo! – comentou com seu calção na mão.
Caio:
--- Antes viúvo do que mal acompanhado. – relatou o homem a ir buscar outro calção mais folgado para entregar a Bartolo.
O Hyundai trafegava devagar dado a fila de automóveis à sua frente. Uns ciclistas voltavam da praia onde foram fazer competição. As pessoas tomavam conta do mar com seus biquínis apertadíssimos. Um homem de pé, braços abertos feito Cristo rezava com seu terço enorme na mão. Ônibus de excursão faziam voltam para acertar a sua posição. Duas moças faziam chame para um fotógrafo. Uma mulher com sua filha pequena curtia o banho de sol. Duas moças passavam bronze na pele. Uma jangada buscava um peixe arredio. Um vendedor de picolé oferecia o seu produto as mães de família. Um casal displicente, sentado em suas cadeiras olhava o mar. Um cão vira-lata passou em frente ao veículo da moça. De repente, Dalva brecou seu carro para não atropelar o cão. Esse se livrou do acidente subindo em cima de outro veículo a sua frente indo se apoiar em cima do carro e a olhar para trás. O motorista, alarmado, brecou também o seu carro. O cão desandou por cima e caiu na frente, passando por cima do capuz do carro. Logo atrás, a moça sentiu um amasso das ferragens do seu veículo. Outro carro que vinha logo atrás não esperava tamanho trancou e engavetou no Hyundai. Dalva se sacudiu para frente com o impacto. A porta do Hyundai se abriu e um motoqueiro bateu de brusco com sua moto na porta. Via-se o homem a subir três metros e cair bem na frente do segundo veículo. Os passageiros do Hyundai levaram tremendo susto de momento. Caio agarrou a moça e de supetão a puxou para dentro do auto. Com a batida, o veículo de trás quase entra de Hyundai adentro. E formou-se a confusão em um instante. O da polícia  Caio Teixeira saiu do seu veículo e de imediato procurou o motorista da colisão. Dalva, pelo seu lado, também foi até a traseira do seu carro ver os estragos causados. Outro a sair com pressa foi o jornalista Bartolo a essa altura curado dos seus espirros. A fila de carro se formou logo atrás. O motorista provocador do acidente vinha com uma “moça de aluguel” a conversar displicente e apenas viu o carro parar ao final da colisão. Tão logo desceu do carro, foi sustentado pelo policial a lhe pedir os seus documentos.  Dalva, por seu turno, reclamava pelos estragos sofridos com seu novo veículo a bater na fuselagem e esmurrar o auto.
Dalva:
--- Meu carro! Mau carro! Meu carro! – batia a moça sobre a fuselagem de seu carro.
 

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