terça-feira, 21 de janeiro de 2014

DOIS AMORES - TRÊS -

- Keira Knightley -
- Três -
MUDANÇA
No dia seguinte, domingo, a mulher abriu a porta do apartamento de Caio com uma ruma de roupas e a procura de um cômodo para dormir quando sentisse a necessidade. O homem estava na cozinha fritando o peixe quando olhou aquela rouparia ocupando a sua visão. E então gritou:
Caio:
--- Ei! O que é isso? – indagou atrapalhado.
Dalva:
--- Roupas! Não está vendo? Onde eu as ponho? – indagou com toda roupa até os queixos.
Caio:
--- Roupas? Pra que tanta roupa? – inquietou-se o homem
Dalva:
--- Ora! No lugar de você está levando café nesse vai e vem então eu preferi vir dormir aqui mesmo. – relatou a moça com suas roupas apinhadas.
O homem se recompôs e apontou o quarto em frente ao seu para a mulher depositar os seus pertences sem nem indagar o porquê da repentina mudança de apartamento. Dalva saía do seu e entrava no outro do novo amigo. Caio seguiu com seu andar macio em direção à cozinha onde fritava o peixe. Ao chegar à cozinha encontrou novamente o peixe totalmente assado. E o homem nem se fez de rogado: largou a frigideira em cima da pia e voltou para a sala onde foi ler os jornais da manhã em seu total descanso. Poucos instantes após  Dalva caminhou do seu novo quarto em para a sala de refeições. Ao descer os batentes foi logo a sentir o mau cheiro do peixe tostado e reclamou com veemência:
Dalva:
--- O peixe? – perguntou a moça a caminhar.
Caio:
--- Lá dentro. – apontou com o polegar à cozinha.
Dalva:
--- Já sei que fui eu. Ave. Não tem jeito. – e caminhou com pressa para a cozinha onde estava o peixe tostado.  
Enquanto a jovem senhorita estava a cuidar do peixe quando alguém bateu à porta. Caio por sua vez se soergueu e foi atender o alguém. Era o amigo dos domingos, Fernando. O homem estava com um pouco de atraso e verificou de repente a moça a limpar a sujeira na cozinha então indagou se tinha visitas àquela hora da manhã. 
Fernando:
--- Esposa ou prima? – indagou o homem a Caio de forma sutil.
Caio:
--- Entre, faz favor. Nem uma coisa nem outra. – respondeu o homem voltando à sala com o seu passo vagaroso.
Fernando:
--- Ah bom! Mas quem? Quem? – pergunto atencioso à resposta.
Caio:
--- Curiosidade mata também. – respondeu o homem e procurou nova lata de cerveja. E trouxe duas latas a servir a segunda eu amigo.
Fernando:
--- Não. Não. Estou de barriga cheia. – respondeu o homem.
Fernando Costa era um homem de média altura, cabeça ligeiramente calva, vestindo paletó de algum tecido branco igualando com as calças. A camisa também era de cor branca. Mas não havia gravata. Sapatos de verniz e meias polo. Homem sério quando fosse necessário e trabalhava em um Banco da Cidade. Nunca casara e não tinha interesse para tal.  Quando estava na sala ele abriu o paletó e sacudiu como se estivesse com calor. Findou a olhar para a rua em baixo como se estivesse a pesquisar alguém. Do outro lado, Caio indagou:
Caio:
--- Onde anda a turma?
Fernando um pouco ligeiro respondeu:
Fernando:
--- Oliveira está de serviço e Bartolo eu não vi. – disse o homem a enxugar a sua testa molhada de suor.
Caio:
--- Esse deve chegar com um pouco. – relatou sem pressa.
Dalva voltou à sala com um novo prato de salmão grelhado com salada verde, tomate e cenoura e azeite na frigideira. Abaixo, um prato de arroz a grega. Após servir a moça respondeu com suave atenção.
Dalva:
--- Sirva-se a gosto. – disse a moça com educação.
Nesse momento, a sineta da porta então tocou. A modesta moça com paciência, disse que ela sairia para atender.
Fernando:
--- Deve ser Bartolo. – salientou o novo visitante.
Caio:
--- Vamos ver. – respondeu o homem a saborear o seu salmão.
Ao chegar à porta Dalva ouviu a sineta tocar mais uma vez e foi o tempo de abrir. Nesse momento, um homem meio baixo, de um metro e sessenta centímetros, a espirar constante, olhou a mulher e se desculpou pelo engano em tocar a sineta. Deveria estar em um andar errado, certamente. Mesmo assim, uma voz de baixo mandou o entrar, pois pelo sotaque de imediato reconheceu.
Caio:
--- Desça! É aqui mesmo seu tolo. – falo de dentro.
Bartolo espirando a vontade se desculpou a senhora por ter não a reconhecido de imediato. Esse era o homem o qual se esperava há certo tempo. Bartolo Revoreto era seu nome. Profissão: Reporter. E pleno de embaraço ele se desculpou a linda mulher. Ela nada fez, além do um breve sorriso.
Bartolo:
--- Eu julgava ter errado o andar. A senhora é irmã de Caio? – indagou ainda a espirar.
Dalva:
--- Não. Não senhor. Apenas somos vizinhos. – respondeu com delicadeza.
Bartolo:
--- Ah sim. Desculpe-me por esse vexame. – espirou e falou o homem.
Caio:
--- (Tu) estavas na missa? – perguntou sorrindo.
Bartolo:
--- Quem? Eu? Imagine! Estive na ponte do Forte. Ô rio sujo. Caixões entulhados, garrafas à meia nau. E tinha até o cadáver de um cão sarnento! Desistir! Alí não servia para me suicidar! – respondeu com tranquilidade.  

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