segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DOIS AMORES - DEZ -

- Angelina Jolie -
- 10 -
- A VOLTA -
Enfim, à volta. Completamente sujo de lama dos pés a cabeça Bartolo Revoreto, cansado por demais nem sabia o que pensar com a sua saída para o mangue do rio. Todo o seu corpo estava cheio de limo, principalmente das botas com maior aparência de algo sobrenatural, pois não se percebia o seu costumeiro uso. Após estacionar seu carro na garagem do edifício o homem, nauseante e de forte odor preferiu tomar o elevador de cargas onde subia ou descia qualquer coisa fora do normal. De imediato, Bartolo subiu e notou a desgraça de suas vestes. Olhando para cima e vendo apenas o teto do elevador, ele não se conformou:
Bartolo:
--- Tem cada coisa! Estou sujo até a medula! Que coisa! – dizia ele falando em surdina.
Ao chegar ao décimo andar, Bartolo abriu a porta do elevador  e, depois de olhar para um canto e para outro, sacudiu as pernas e seguiu com pressa para o seu destino. A chave da porta estava toda encharcada como a lama do mangue o fazendo pensar no estado do seu carro.
Bartolo:
--- Imagine só como está o cambão. – e balançou a cabeça para um lado e para outro.
Como se tivesse a rezar ou falar de tudo o que viu no mangue, ele recitava aquele horror. Já dentro da sala, Bartolo procurou se livrar das vestes e seguiu em frente, com pressa, para o banheiro onde procurou tirar a sujeira do corpo a relata a desgraceira do seu estado. Reclamando horrores ele nem pensava no estado de vida a levar os caranguejos uçá, camarão e aves a se alimentar de tudo o que não servia mais para o homem e resolviam ficar em plena moradia dos mangues. Com tanta coisa a poder supor o homem nem conjecturava das rotas de migração construídas pelas aves nesses ninhos para produzir os seus filhotes. Algas era o fruto do manguezal. Peixes, crustáceos e aves utilizavam o assoreado mangue como um verdadeiro mercado alimentício onde utilizavam todo o fruto caído no rio.
Após longo período de escova, Bartolo após se enxugar, saiu do seu apartamento e tocou na sineta do outro a sua frente de sua nova casa. Houve a demora tradicional e com um pouco de tempo alguém olhou pelo visor mágico e logo abriu ao dizer:
Caio:
--- Desça! Onde andavas? – perguntou ao se largar para o interior do seu apartamento.
Bartolo:
--- Vendo a vida dos caranguejos. – respondeu o rapaz.
Caio:
--- Caranguejo? Uçá? Tem vários tipos de caranguejo. Matéria? – indagou a não olhar para trás
Bartolo:
--- Sei lá. Os do mangue. Azul. Uçá. Aratu. Amarelo. Eu sei que é caranguejo. – replicou.
Caio:
--- Uçá, com certeza. É um bom alimento. – falou o homem a retirar da geladeira uma lata de cerveja.
Bartolo:
--- Para os outros. Não para eles. Os pobres coitados vivem enterrados na lama. Quando não: clic. Uma mão o segura pelo costado. É o seu fim. Dali em diante é amarrar e sair à procura de quem comprar. – balançou a cabeça como envergonhado. E depois se sentou do sofá.
Caio:
--- É. Mas todos tem um tempo de vida. Se o Uçá de pega pelas garras, então você verá quem tem mais força. – lembrou o homem.
Instante depois surgiu Dalva. Ela estava fazendo o café da noite e só com um braço vez que o outro estava na tipoia. E logo foi perguntar:
Dalva:
--- Café? – indagou a Bartolo.
Bartolo:
--- Sim. Eu estou até mesmo a precisar. O cheiro do mangue parece não se afastou de vez. – declarou de forma triste.
Dalva:
--- Mangue? – perguntou preocupada.
Caio:
--- Ele esteve pesquisando a vida dos caranguejos. – comentou de veras.
Bartolo:
--- Talvez mais nunca em tenha de comer aquele crustáceo. – lembrou com tristeza.
Dalva:
--- Por quê? É tão bom! Uma caranguejada! – sonhou a moça.
Bartolo:
--- Podridão incrível. O mangue só tem podridão. Garrafas, pneus, curtumes. Águas imundas! – declarou descontente o repórter.
Caio:
--- Tudo nessa vida é imundo! Qualquer dia nós iremos ver a matança de vacas. As tripas. A cabeça. A gente fica a imaginar: e tem gente que ainda come e acha bom! – lembrou.
Dalva:
--- Verdade! O pescador que o diga. Se pega o gado e se tritura o bicho para fazer rações para alimentos. Tem peixe que só se mata para extrair o óleo, como o bacalhau. Apesar desse tipo também se comer a carne bem salgada. Peixes, crustáceos e moluscos. Esses são cultivados pelo homem. – lembrou a mulher.
Caio:
--- E veja bem. É um meio de vida. – lembrou o policial.
Bartolo:
--- Tudo o que se usa é um meio de vida. – lembrou.
Caio:
--- A pesca faz parte da cultura humana. Isso há milênios. A Bíblia descreve muito bem esse pormenor. – destacou.
Bartolo:
--- Mas se esqueceu de dizer de como se faz para pegar caranguejo. – lembrou o repórter.
Caio:
--- Sempre houve algo não dito. Veja bem: caranguejo, aratu ou mesmo a baleia são animais. Não é preciso dizer que eles servem de comida. – relatou
Bartolo:
--- O homem também é um animal E serve de comida. Quer ver? Meta-se em um rio cheio de piranhas ou crocodilos para sentir quão depressa eles nos ataca? – disse por vez.
Dalva:
--- Bem. Ou vocês comem ou passam a vida a pesquisar o sentido da cebola! – falou a mulher.
Bartolo;
--- E por falar em cebola: o telefone não mais tocou? – perguntou.
Dalva:
--- Ah! Vai tocar muito. Ele está desligado. – sorriu a mulher.

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