sábado, 8 de janeiro de 2011

AMANTES - 46

- Catherine Zeta Jones -
- 46 -
A noviça deu um alarme com um apito que soou dentro da Catedral e, de imediato, vieram uns auxiliares para acudir à noviça pensando se tratar de ataque pessoal. Porém, não era ataque dessa natureza. Eles perguntaram a noviça o que havia ocorrido e a noviça mostrou dois corpos deitados sem sentidos. A mulher, talvez tivesse morrido, relatou à noviça. O homem teve um desmaio ao saber que a mulher nem pulsava mais. E era o dever o de se chamar a ambulância do pronto socorro para retirá-los do interior da nave da Catedral. Até esse ponto a noviça não entendia mais coisa alguma. Talvez os ajudantes soubessem o que fazer.
--- Mas não tem nem pulso? – indagou um dos auxiliares.
--- Pelo que eu vi, não tem. – respondeu a noviça temerosa com o que estava a suceder.
--- O homem tem pulso. – relatou o outro auxiliar dizendo que era um simples desmaio.
O pessoal que estava na Catedral se aproximou dos dois corpos e um deles findou a dizer após verificar a pressão a jovem Racilva.
--- Ela pode estar viva. Mas o pulso é muito fraco. Ela pode ser portadora de catalepsia. – disse um homem já bastante idoso.
--- Ai minha Nossa Senhora! – proclamou a noviça com bastante medo.
--- E o que é que se faz? – indagou um auxiliar amedrontado.
--- Eu já estava com ela no Hospital. – respondeu o ancião.
--- Corra! Chama a ambulância! Depressa! – relatou a noviça a um dos auxiliares.
Os dois pacientes estavam já no Hospital. O rapaz, Silas, despertou quando ainda estava na ambulância. De qualquer forma ele foi levado ao setor de enfermaria bem como a moça que permanecia em estado aparentemente cataléptico. No setor de emergência e enfermagem não se sabia dizer ao certo o que a moça sofrera.
--- O nome dela está aqui nos papeis: Racilva Pontes, vinte e cinco anos, solteira. – respondeu uma auxiliar de enfermagem.
--- E o dele? – indagou outra enfermeira.
--- Eu sou Silas Albuquerque. – respondeu o rapaz de forma muito fraca.
--- O que sucedeu que vocês dois tiveram desmaios? – perguntou um médico que acabara de chegar ao centro de saúde.
--- Ela eu não sei. Eu. Foi por causa dela. Nós estávamos vindos de um sepultamento do meu filho e ela resolveu ir a Catedral. Como eu estava com ela a acompanhei. Só isso. – declarou Silas de forma muito lenta.
--- E o senhor se sente bem? – indagou o médico a Silas.
--- Assim. Sei lá. Estou me sentindo fraco. – chorou Silas ao dizer tal fato ao médico.
O médico prescreveu medicamentos para Silas que estava a tomar soro e, em seguida, foi ver a situação da moça que estava em estado adormecido. O médico verificou a pulsação da mulher por mais de uma vez, e depois auscultou as batidas cardíacas, verificou se ela estava a respirar e, por fim, ordenou que a levassem para o centro de terapia intensiva onde se poderia colher melhores informações a respeito do seu quadro metabólico. Ao cabo de uma hora de exames, o Corpo Medico do Hospital diagnosticou “Morte Súbita” e decidiu mandar o corpo da jovem mulher para o necrotério. Por seu lado, Silas foi então verificado novamente tendo recebido alta hospitalar. Ao sair do Hospital, Silas Albuquerque ainda indagou sobre o estado de saúde de sua companheira e recebeu a informação de que ela estava indo em boa situação.
--- Eu posso vê-la? – indagou Silas ainda tremendo por causa da medicação injetada.
--- No momento, não. Vamos esperar a autorização médica. – sorriu a auxiliar de enfermagem.
--- Está bem. Eu vou ao escritório, e ainda vou ver a minha mulher que está de repouso no Pro Matre. Depois eu volto para ver Racilva. – sorriu meio amarelado o homem.
E então, Silas rumou para o Pro Matre onde estava a sua esposa resguardando à operação a qual foi submetida no domingo anterior. Naquela Casa de Saúde, o movimento de gente era mais intenso àquela hora de final de manhã. Maqueiros entrando enquanto outros saíam. Gente de pé a espera de um medico. Grande parte das parturientes estava a sentar nos locais próprios para tal fim. Atendentes ao telefone. Outras entrando nos consultórios médicos. Algumas auxiliares voltavam para fazer a chamada da próxima a ser atendida pelo médico. Esse, o panorama do Hospital Pro Matre. Na verdade, era uma confusão extrema. Após se identificar, Silas subiu ao quarto onde se encontrava Vera Muniz. Ao entrar pela porta chocou-se com uma auxiliar que estava a sair de dentro. Logo se desculpou e passou a frente para ver a sua amada esposa. A mulher estava a sentir dores abdominais e reclamava bastante.
--- São dores normais. Já falou com a enfermeira. – indagou Silas a sua esposa.
--- Já. Já. Mas não passa! Eu acho que são gases presos. – reclamou a mulher meio chorosa.
No seu canto de espera estava Otilia também se espremendo, com certeza, de dor. Silas nem reparou o que sentia a moça jovem. Apenas se voltou e sorriu de leve para Otilia. Com um pouco de tempo, a moça se levantou e saiu a correr para o sanitário. E daquele local se ouviu um tremendo estrondo. Eram gases que a moça estava a soltar. Silas ouviu e não deu a menor importância. A moça Otília, envergonhada, ficou por um bom tempo, trancada no gabinete. O homem estava apena a ouvir as lamentações de sua mulher. Ele nem sequer falou o desmaio que sofreu no interior do templo religioso e nem tampou o mal estar de que passara a jovem Racilva. Tais assuntos deveriam ser ditos ou não, em tempos mais cautelosos. Eram quase onze horas e a auxiliar entrou no cômodo do leito de Vera com o seu almoço. A mulher rejeitou a refeição, pois estava acometida por sérias dores no abdome. A auxiliar, de pronto, chamou a enfermeira para ver se ajeitava a paciente de forma mais agradável e confortável e lhe fazia algum medicamento para desmanchar as bolhas de ar no seu intestino.
Às duas horas da tarde Silas teve que estar no Hospital onde Racilva Pontes fora internada na parte da manha. Alí chegando se dirigiu à portaria onde foi atendido plenamente. A atendente pediu que ele esperasse. Com um pouco mais surgiu uma enfermeira ao qual disse que a moça havia ido a óbito.
--- Como morreu? – perguntou Silas de forma alarmada.
--- Não sei dizer a causa. Ela chegou já em estado inconsciente e teve morte súbita. É o que consta do relatório médico. – foi o que relatou a enfermeira.
--- Deve está havendo erro. O seu nome é Racilva Pontes. Veja direito. Com certeza foi outra pessoa e não ela. – argumentou Silas desesperado a ponto de cair em prantos.
--- Não há erro. O senhor é da família? – indagou a enfermeira um tanto preocupada.
--- Não sou, Mas é o mesmo que ser. Ela é minha chefa o escritório do Pomar. – fez ver Silas a enfermeira.
--- Bem. Nesse caso, ela deve ter parenta. E é bom chamá-la! – reportou a enfermeira.
--- Puta-merda! E o que eu faço agora? – reclamou Silas aturdido e alarmado com a situação.
Em prantos o homem seguiu para a Agência Pomar para ver na ficha de inscrição de Racilva alguém que pudesse ser o seu parente mais próximo, uma vez que ela falou ter um parente no interior do Estado. Com certeza esse tal parente não existia. Mesmo assim não custava olhar os pais que a jovem pusera no seu cadastro de emprego quando entrou na empresa. Ele chamou alguém do Departamento de Pessoal e mandou fazer uma varredura na família de Racilva. Por um bom pedaço de tempo o pessoal procurou quem seria o pai e a mãe de Racilva, porem ele encontrou que os parentes estavam mortos, pela declaração da própria Racilva. E se tinha ela outros parentes, não constava da ficha de inscrição. E esse documento a chefe de pessoal fez chegar às mãos de Silas Albuquerque.
--- Agora deu bode. Vai ser enterrada como indigente! – argumentou o homem atarantado.
Nesse momento, o telefone chamou em sua mesa. Era a telefonista da Agencia. Ela perguntou se o senhor Silas Albuquerque podia atender ao telefone de um hospital. Com mais pressa o homem pediu que passasse a ligação. Ao ser perguntado que estava a falar, Silas respondeu que era ele mesmo. E alguém, ao telefone, solicitou a sua presença de imediato ao hospital.
--- Quem fala? – perguntou Silas muito aperreado.
--- É um funcionário. – respondeu o homem ao telefone.
E desligou o telefone como era previsto.
--- Não disse que ela não tinha morrido! – esfregou as mãos uma na outra o homem correndo para o elevador e pegando rumo do Hospital Central. O homem era só alegria por ver de sorte que Racilva estava viva. Tudo não passara de um terrível equívoco da equipe médica ou de enfermagem.

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