sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

AMANTES - 70 -

- Natalie Portman -
- 70 -
Em uma sexta-feira, Vera B. Muniz teve que inaugura a Expo da Mostra de Pintura em Tela de vários de seus funcionários no Salão de Artes da Agencia Pomar Diversão, mais uma forma da Pomar mostrar o seu digno prazer em descobrir as artes plásticas de seus funcionários. Entre outros expositores estava a secretária particular de Silas Albuquerque, artista Ligia Duarte com três quadros, de modo especial a tela de Nossa Senha “Mãe” como estava intitulada. O salão ficava no mesmo edifício da Agencia onde ainda funcionavam igualmente uma loja de roupas, um armarinho, um restaurante e um Banco inclusive 24 horas. A cidade em peso estava a visitar a Expo. Jornais, revistas, rádios e todo o empresariado da capital estavam presentes. Para não faltar, também estava o senhor Silas Albuquerque, a jovem Racilva Pontes, a própria Ligia Duarte sem contar com a mentora da exposição, Vera B Muniz, esposa do vice-presidente da organização, Silas Albuquerque. Marchante era a pessoa cuja presença era imprescindível. Os olhos atentos e cobiçosos dos consumidores de arte faziam vez com os garçons a servir licores, champanhes, vinhos e enorme quantidade se salgados. Entre a grandiosa variedade da mostra a que mais se apresentava era “Nossa Senhora “Mãe” para alegria de sua autora, Ligia Duarte. Os repórteres de TV e revistas especializadas procuram destacar em entrevistas a jovem artista a desabrochar.
Silas Albuquerque teve uma vez que chamou em seu escritório o velho Diomedes e lhe passou o Luger, uma digna arma de fogo do tempo da II Guerra que ele se esquecera de guardar em sua própria casa. O homem não gostava muito bem de andar armado. E o velho Diomedes não fez questão em pô-la na cintura onde estaria bem guardada. Depois desse ato os dois amigos desceram para o salão da Expo. A festa começou às quatro horas da tarde e já estava chegando às nove horas da noite com muita graça e harmonia. Ligia tinha como convidada a sua prima Lia. Essa toda azougada ficara tomando conta dos pratinhos, salgadinhos e bebidas ao lado dos garçons. Vera não parava de falar com a sua amiga Racilva.
--- Conta-me! Conta-me! Como foi o que te deu? – perguntou Vera Muniz bem apressada.
E a jovem moça a sorrir iniciou a conversa.
--- Olha! Eu não sei bem o que é que me dá. Os médicos dizem ser catalepsia. É uma forma de desmaio, porém eu vejo e ouço tudo o que se diz. No dia, eu entrei em estado cataléptico. Talvez por causa do sepultamento do menino. Talvez por outras coisas. Eu sei que, quando fui levada ao pronto socorro, o médico de plantão diagnosticou com eu estando morta. Então eu me inquietei. Ouvia-o dizer: “levem para o necrotério”. E eu dizia: “Eu estou viva”. Mas, fui para o necrotério. Então, depois de algumas horas, não sei bem, eu me levantei da pedra e sai. Fui embora. Meio zonza. Intranqüila. Coragem não tinha para voltar aqui. Passei o dia todo daquela forma. Na segunda-feira estive no cemitério. Coloquei flores no túmulo do garoto. E voltei outras vezes ao local. Porém não tinha coragem de voltar para o meu lugar, aqui. – sorriu Racilva para Vera que estava compenetrada na história.
--- Mas. E sua família? – indagou em seguida a mulher Vera Muniz.
--- Bem. Isso foi o que mais me sacrificou. No inicio eu não dispunha de dinheiro. Depois, fui até ao Banco e retirei certa quantia. E para minha mãe eu fiz as compras. Detalhe: a imprensa estava a me procurar. E até você mesma. Eu deixei o tempo passar, e voltei para a minha casa. Dizia a minha mãe que não informasse coisa alguma ao meu respeito. Eu estava quase que como enlouquecida. O tempo passou, apareceu a gravidez. ...- e ela foi interrompida nesse instante.
--- E o pai do seu menino o que disse? – indagou Vera Muniz.
--- Espere; O pai do meu filho eu nem sei quem foi – (Racilva sorrio) – Mas, eu tive o neném. Criei, eduquei e agora estou contando a historia. – relatou Racilva a sorrir.
--- Mas: e dinheiro para tudo isso? Perguntou nervosa a senhora Vera Muniz.
--- Ah. Isso eu tenho ainda, um pouco. Eu não me aperto. Trabalhei. Vendi artigos de miudeza, coloquei inclusive uma banca de café. Dinheiro não vale muita coisa. – relatou Racilva.
--- É o que você diz. Não vale nada. – sorriu Vera Muniz pensativa.
No fim do salão de banquete estava Lia. Ela fazia uma coisa e outra com toda presa. A sua prima, Ligia Duarte continuava a conceder entrevistas aos repórteres de revistas especializadas e a mostra seu quadros dando o que cada um significava para ela. Nessa ocasião, entrou no salão de banquetes um homem estranho. Lia viu de longe. E gritou.
---  Pedro! Olha eu aqui! – e sorriu para o moço Pedro.
Mas Pedro não a menor importância. Ele estava a procura de Ligia, menina da lagoa com que ele brincara. Depois do empurrão, ela não mais falou com Pedro. Ele estava ali para a vingança. Se Ligia não queria nada com Pedro, então a moça não serviria para ninguém. E avançou no meio de tanta gente. E com o revolver na mão, avistou Ligia entre os homens a sorrir com plena atração e entusiasmo. Pedro mirou em Ligia e fez um disparo que lhe atingiu o peito. Nessa ocasião, houve um verdadeiro tumulto na sala de recepção com as pessoas a se esconder por todos os lados que havia. A moça Ligia estava caída ensangüentada no chão. Repórteres fotográficos batiam fotos do facínora à queima roupa. Pedro não se continha e atirava nos fotógrafos. De repente, o homem da festa, Silas Albuquerque, vendo a moça caída no chão, partiu para cima de Pedro. Esse não se conteve e fez disparo contra Silas atingindo no ombro. Com o impacto do tiro o homem caiu. E vendo Silas a cair ensangüentado, o velho Diomedes sacou da arma que trazia, um Luger, bela arma de patrão, partiu contra Pedro e fez o primeiro disparo. O homem foi atingido no estômago e desandou para trás quase a cair. Sua arma disparou para o alto e para baixo. E Pedro se contorcendo de dor. Diomedes fez o segundo disparo contra Pedro e esse só observou o cano do revolve, a sua boca a cuspir bala e fogo. O alvo foi o peito de Pedro. Ele ainda desandou procurando se agarrar do vazio sem nada encontrar. A arma se largara de sua mão e ainda deu um tiro para cima. Pedro caia lentamente quando Diomedes fez outro disparo. Pedro ainda pode perceber a boca do cano do parabelo. Aquela boca apavorante e silenciosa a projetar fogo contra Pedro. A bala desfechada foi se alojar na testa do assassino. Desta vez, o homem não viu mais coisa alguma. Caiu sentado por entre as mesas e cadeiras a terminar sua fúria homicida.
A mulher de Silas acorreu para cima do marido enfermo. Ele estava inconsciente com o ombro ensangüentado. Racilva foi amparar a jovem moça. Ligia estava ferida no peito. A bala que a atingiu perfurou toda a carne e foi se alojar na tela de ”Nossa Senha Mãe”. O quadro veio abaixo de onde estava montado. Lia correu para o local onde estava o seu irmão Pedro, já o encontrando morto. O povo saiu do salão apavorado com tanto tiro disparado, amedrontado com o que poderia ocorrer, pois ninguém saberia dizer o que estava a acontecer. Um fotógrafo perdeu a sua maquina por causa do tiro do invasor. Outros fotógrafos aproveitaram a ocasião para fazer fotos do morto. Outros fizeram fotos do homem que desfechou os tiros mortais contra o celerado. Alguns documentaram Silas ainda no chão e a moça Ligia também caída. Do seu canto, Lia levantava a cabeça do irmão no colo, completamente toldada de sangue. O redemoinho do pessoal a correr não tecia o menor temor a insensata moça. Do outro lado do salão, alguns disseram ser preferíveis chamar a ambulância para socorrer os feridos. Ligia ainda respirava apesar de desmaiada. O homem Silas era outro que também estava sem sentidos. O velho Molambo procurou socorrer seu chefe levando nos braços até o local onde deixara seu belo carro. A mulher de Silas também socorria o marido, a chorar em constante desalento. Racilva permaneceu quieta, sentada junto a Ligia aguardando providencias. Em momentos a sala de recepção se esvaziou havendo ali apenas os garçons, os homens do bar, e Lia a agüentar o seu irmão por entre os braços. Ela chorava copiosamente e dizia:
--- Por que, meu mano. Por quê? – era o que articulava Lia ao seu irmão de modo baixinho acalentando para um lado e para o outro
A ambulância chegou para levar Ligia Duarte, embora em estado inconsciente ainda tendo a companhia de Racilva Pontes. A ambulância ligou a sirene e partiu em vertiginosa disparada. Enquanto isso, na Catedral logo próxima, um coro ensaiava o cântico de “Halelluia” de Handel.
- Fim –

2 comentários:

  1. O nome Racilva que utiliza em seus contos Pertence a minha falecida mãe. Em respeito a familia peço não utilizar.

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  2. nao pertence a ninguem. É um romance. Obra de ficçao. Veja todo o histórico. E me mande seu endereço.

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