segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ANA LUNA - 11 -

- Keira Knightley -
- 11 -
Naquele mesmo dia chegava a Vila Riacho das Pedras o homem Sabugo encaminhado pelo coronel Ezequiel Luna Torres para entregar um recado de mando ao homem forte do lugarejo, delegado Euclides Castanheira e um outro ao sacerdote Monsenhor Bento com os quais o Coronel Ezequiel desejava falar. Ao entrar na Vila, o jovem moreno Sabugo notou a presença de um homem entrando na casa do Juiz Mardoqueu Ramos. Desconfiado com o elemento, Sabugo desceu de sua montaria e caminhou de forma rápida e sem fazer barulho até chegar também à porta de entrada da residência. Ao notar a intenção do elemento, puxando devagar a sua arma e andar sorrateiro pelo corredor, Sabugo não se conteve e fez um chamado para o homem da forma como se faz um susto em alguém.
--- Hei!!! – falou de forma que o homem ouviu e se virou incontinente com a arma em punho pronta para atirar.
Nesse mesmo instante um punhal seguia firme para cravar na garganta do bandido atravessando o corpo e se fixando na terceira vértebra rompendo assim a medula espinhal fazendo com que a vítima caísse sem vida estrebuchando todo seu corpo em busca da morte súbita. Ao ver o homem caído, Sabugo foi até ele e tirou o punhal de onde estava limpando em um lenço que o colocou no bolso interno da sua calça e caminhando na direção do quarto do Juiz Mardoqueu. Em lá chegando encontrou o enfermeiro dando a sopa ao magistrado com esmero cuidado. Então, Sabugo deu seus cumprimentos dizendo que estava ali para levar congratulações do coronel Ezequiel e melhoras rápidas. O Juiz agradeceu fazendo um aceno com a mão demonstrando que estava tudo normal. Sabugo entendeu e aproveitou para dizer:
--- Parece-me que tem alguém no corredor aparentemente morto. Talvez ataque do coração, com certeza. – expos Sabugo com a cara tranqüila.
Ao saber do fato o enfermeiro saiu numa debandada carreira para ver que morrera de fato no corredor. Enquanto isso, Sabugo disse ao Juiz que seria melhor ele sair daquela casa e procurar outro lugar mais tranqüilo. Talvez a casa do coronel. Dizendo isso, Sabugo saiu, passando pelo enfermeiro e lhe dizendo que seria melhor chamar o doutor Levi, se na verdade o homem estava passando mal. O enfermeiro olhou desconfiado para Sabugo e disse:
--- Mas ele está morto! – falou o farmacêutico com voz assustada e piedosa.
--- Então eu vou chamar o delegado Euclides Castanheira e ele chama o farmacêutico. É melhor assim, já que o homem está morto. - falou Sabugo saindo da casa com ar tranqüilo e sereno.
O enfermeiro teve a intenção de chamar Sabugo, mas foi preciso primeiro ele ir ao leito do paciente, o Juiz Mardoqueu, avisar que havia um homem morto no corredor de sua casa. E assim se fez. O Juiz ficou chocado com a notícia pensando melhor no que dissera o empregado do coronel Ezequiel de morar em outro lugar.
Ao chegar à delegacia de polícia, Sabugo encontrou a mesma cena: o delegado a dormir em seu alcochoado com os pés em cima do birô. Ele veio vagarosamente até onde estava o delegado Castanheira e chutou o birô para acordar o delegado, fazendo um tremendo susto na autoridade.
--- Acorda homem. Seria bom que o coronel voltasse a ver essa cena. Levanta! Tem dois casos para o senhor. – articulou Sabugo de forma irreverente.
--- Você está doido seu peste!. Quer me matar de susto? – falou o delegado de modo a se ajeitar todo.
--- Mau não! Mas tem serviço para o senhor. Na casa do Juiz tem um cabra morto. E eu sendo você partia para lá com o doutor Levi e seus empregados. – respondeu Sabugo de forma quieta e bem junto da cara do delegado.
--- Ora. Você é muito gozado! Quem está morto? – se refez o delegado.
--- Pergunte a ele. E tem mais. O coronel está pronto para receber o senhor agora! ! – ponderou Sabugo enquanto saia da delegacia.
--- Espere! Me diga o que ele quer! – inquiriu o delegado de modo assombrado.
O homem saiu da delegacia soerguendo os ombros de forma como quem quer dizer “não sei”!. E partiu para a outra missão. A chegar da Igreja encontrou Sabugo tudo fechado. Apenas uma porta entreaberta na parte posterior do templo. Em lá chegando, abriu com vagar o restante da porta e topou com o sacerdote a dormir em sua poltrona com os pés do birô. E Sabugo disse até:
--- Parece que é até moda isso aqui. Dormindo como um anjo. Não tem importância. Acorda já. – comentou Sabugo com a cara sem vergonha.
De imediato notou a presença de uns sininhos que serviam para o padre rezar a missa. Ele foi lá e pegou nos sinos fazendo uma verdadeira algazarra. Tão logo acordou a barulheira dos sinos a monsenhor Bento se comportou e perguntou a Sabugo o que ele estava a desejar.
--- O coronel Ezequiel pede que o senhor vá a sua casa, padre! – respondeu Sabugo.
--- Nossa! Eu estava cochilando. E o senhor me acordou de repente. Quando é que eu vou falar com ele? – perguntou o sacerdote.
--- Pelo menos, já. – respondeu Sabugo sorridente
--- Mas já? Assim? – argumentou o sacerdote.
--- Pelo menos foi o que ele disse. – sorriu Sabugo satisfeito da vida.
--- Tá bom. Já sei. Vou agora. Isso é Nossa Senhora da Misericórdia. – comentou o sacerdote se ajeitando todo.
--- Espere. Tem mais uma coisa! – respondeu Sabugo.
--- Mas uma coisa? E do que se trata? – perguntou o monsenhor.
--- O senhor tem uma carroça? – replicou Sabugo com seu olhar abaixado.
--- Tenho sim. É a minha carroça! Por que a pergunta? – interrogou o padre.
--- É o seguinte. O Juiz precisa sair da cidade agora. Escapou de novo atentado. E o senhor levando na sua carroça, ninguém vai prestar atenção. Afinal o senhor é um ministro de Deus, não estou certo? – respondeu Sabugo esperando resposta.
--- Certo! Certo! Ministro de Deus. E para onde eu levo? – perguntou o padre.
--- Para a casa do coronel. Chegando lá ele dá um jeito! Não é? - respondeu Sabugo.
--- Ave Maria! Santa Mãe de Cristo! Você me mete em cada enrascada! – ponderou o
Sacerdote como quem para ele seria bem difícil.
--- Bom tarde, vigário. – disse Sabugo.
Ao sair da Igreja, Sabugo topou com uma linda moça que ele já a conhecia de outras paragens e com quem teve namoro curto. Ela era Guacira, 22 anos de idade, meiga e alva como a manhã ao sol nascer, exuberante e meiga como a primavera, toda esplendorosa como as ninfas dos odores dos roseirais. Guacira caminhava em plena calçada quando viu de repente a figura de Sabugo à sua frente. Foi tomada de susto ao ver tal figura que a jovem não esperava vê-la nunca mais. Com esse impacto ela falou cheia de caricia e de surpresa.
--- Você aqui, meu pobre mortal? – comentou Guacira.
--- Quem diria que hoje era o dia de te encontrar! – respondeu Sabugo sorridente.
--- Vejo que estás um pouco mais forte! – contestou sorrindo Guacira.
--- E eu vejo que estás sempre bela como as musas do além. – disse Sabugo com belo sorriso na face.
--- Ora! Deixe de conversa! – voltou a sorrir Guacira um tanto desnorteada.

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