quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CREPUSCULO - 01 -

- Bruna Linzmeyer -
- 01 -
- O RÁPTO -
O carro rompeu o matagal em busca da sede da fazenda onde Orlando Martins tinha de chegar o mais depressa possível. Já era noite avançada e o homem estava inquieto porque desejava chegar bem antes. O mato intrincado quase não permitia ao homem ver qualquer coisa estando longe. A noite era sem lua parecendo noite de lua em quinto minguante. Nisso, Orlando nem pensava. O que ele queria era chegar à casa grande. Pelo visto era ainda muito longe da rodovia, apesar de Orlando está bem acostumado com aquele trajeto, pois, afinal era um canto da sua infância. De um momento para outro, tudo ficou escuro. O veículo que ele dirigia apagou de vez. Bastante assustado, Orlando Martins ficou desesperado procurando uma lanterna que ele sempre trazia na bolsa do carro bem ao lado do motorista. Ele sentiu o volume da lanterna e logo puxou e procurou ligar a luz do flash para ver o que acontecera no  quadro de luz do seu automóvel, pois tinha tudo apagado de uma inesperadamente. No entanto, a lanterna não deu sinal nenhum de refletir alguma luz. Orlando se desesperou mais ainda quando ouviu um som estranho vindo por trás do carro onde ele estava. Até pensou Orlando ser um alguém em algum carro e ele estava no intuito de chamar a pessoa para lhe prestar socorro. Em dado momento um enorme disco parou por sobre o capuz do seu veículo, a certa altura chega deixou Orlando desnorteado.
--- O que está ocorrendo aqui meu Deus. – foi o que pensou de forma alarmada o homem.
O homem abriu a porta do carro, mesmo no escuro, iluminado apenas por uma carreira de luz que fazia volta em torno do disco e olhou para cima e indagou amedrontado:
--- Disco! É um Disco? – indagou Orlando a olhar o enorme disco acima de sua cabeça, bem no alto do seu carro.
Na verdade, o homem ficou extasiado e de um momento para outro ele desmaiou de tanto horror e alarme. Passaram horas, Orlando despertou em uma sala coberta de branco onde estavam cinco homens altos, magros, porém aparentemente fortes peles brancas até demais e trajando vestes brancas. Ele olhou ao redor e então pensou:
--- Estou no céu? – pensou Orlando procurando se apalpar, porém notou que suas mãos estavam imobilizadas.
No pensamento seguinte veio a estória de ele saber com certeza:
--- Eu morri? – indagou Orlando a si mesmo.
Os homens do salão estavam de costas para Orlando e se falavam ele nada ouvia. Isso lhe reforçava a impressão de que, na verdade, ele era um morto. Com isso, Orlando se aperreou e ainda teve um temor ainda maior. E disse mais:
--- Tô lascado! E ninguém sabe que eu morri! – comentou consigo mesmo o homem,
Nesse momento três homens se aproximaram de Orlando e lhe aplicaram algo como se fosse uma injeção. Aliás, apenas um. Os outros dois acompanhavam o homem grande. E todos eram altos. Foi zapt-zupt. Imediatamente Orlando entrou em estado de sonolência.
Quando era quase meia noite, um vaqueiro de nome José Jacó, vinha pela estrada quando vislumbrou o veiculo do seu patrão com as luzes de trás acesas e achou por bem ir até ao carro para ver o que havia sucedido naquela ocasião. Ao chegar junto ao veiculo encontrou o seu patrão como se estivesse a dormir com a cabeça apoiada na direção do automóvel. Jacó bem atento como estava o seu patrão e logo a seguir chamou o homem como costumava fazer.
--- Noite, patrão! Está dormindo? – indagou o vaqueiro a Orlando.
Esse estava a dormir e por certo não ouviu Jacó falar. O vaqueiro se apeou da montaria e logo desceu olhando por certo o interior o carro vendo se havia mais alguém, o que em nada ficou comprovado. De vagar, Jacó se apoiou na porta do veiculo e viu o seu patrão adormecido como se nada o acordasse. O homem andou em torno do veiculo e viu as luzes da frente acessas em nada mais a comentar. Então Jacó voltou e persistiu em chamar o patrão para verse o homem estava a dormir aquela hora na mata densa e longe ainda do casarão. Por certo o homem teria tomado umas cachaças, e isso deu no sono, pensou o vaqueiro.
--- Patrão! O senhor está bem? – indagou com voz baixa o vaqueiro.
Nesse instante o homem retorceu a cabeça e olhou para fora vendo aquele gigante em forma de gente e gritou alarmado.
--- Quem é você? – perguntou exacerbado o homem Orlando.
--- Sou eu, patrão. Seu criado Jacó. – respondeu o vaqueiro com cautela.
--- Jacó? Você é Jacó mesmo? – perguntou Orlando meio tonto.
--- Sou. E o senhor está bem? – indagou ainda manco o vaqueiro.
O homem parecia sonolento e ainda assim se recuperava daquele mal e sem saber o que estava a fazer naquele local. Por isso perguntou ao vaqueiro.
--- Onde estou? Esse lugar? Que dia é hoje? A luz. Está tudo apagado! – reclamou Orlando torcendo o pescoço para um lado e para outro.
--- Luz? Que luz, patrão? – indagou meio confuso o vaqueiro.
--- Luz do carro. Eu parei para ver se ajeitava. Nem a lanterna funciona! – reclamou Orlando procurando a lanterna.
--- Lanterna? Mas o senhor está com ela nas mãos. E o carro está todo iluminado. Veja o senhor por si só. – relatou o vaqueiro Jacó.
O homem Orlando Martins se desesperou e no momento viu tudo aceso. Até a luz do carro estava iluminando a mata. E comentou:
--- Quem ajeitou essa luz? – balbuciou Orlando olhando a pilha em sua mão.
O vaqueiro ficou alerta e disse ao homem não saber. Talvez a luz faltasse por alguns instantes sem se saber a razão. Orlando ficou meio duvidoso e desligou a iluminação geral do auto para, em seguida ligar novamente. E Orlando ficou feliz por ter dado certo o que havia feito.
--- Deu certo. Mas, por que faltou luz naquela hora? – indagou um tanto esquisito o homem.
--- Não sei patrão. Eu não entendo desse negócio. Talvez o senhor tenha desligado sem querer. – disse meio desatento o vaqueiro Jacó.
--- É. Espere! Desatento eu não fiz. Ela apagou de vez. – respondeu o homem ao vaqueiro.
--- Bom. Eu só quis dizer. – disse ainda o vaqueiro meio encabulado.
E o homem tocou no arranco tendo o veiculo funcionado perfeitamente em ordem. Ele se alegrou e pediu para o vaqueiro lhe acompanhar, pois faria o trajeto bem devagar, pois o carro percorria mais que o cavalo se o homem pusesse fé no acelerador. O vaqueiro Jacó concordou e os dois seguiram direto para a fazenda com Orlando ainda desconfiado com seu carro. Ao chegar a casa grande o motorista alimentou o carro por mais alguns minutos e depois desligou a chave e apagou os faróis. Ao descer, ele comentou com o vaqueiro passando a mão no ombro como se uma fisgada lhe importunasse.
--- É danado. Pra você vê! O bicho veio igual uma lebre. Que coisa! – argumentou Orlando ainda desconfiado com o seu carro.
--- Isso acontece, patrão. Seu Virgulino vive apanhando com o carro dele. É assim mesmo. Cavalo também tem doença. – falou o vaqueiro Jacó querendo sorrir.
--- Ah. Mas o meu, não. Dá uma pane sem que nem mais? Vai-te! – reclamou Orlando.
Em frente do casarão tinham plantado duas enormes arvores: de um lado um coqueiro sem tamanha; do outro, uma palmeira que dava gosto de se vê. Eram duas maravilhas do mundo. O homem se escorou um pouco em baixo da palmeira, sustentado pela mão direita e a olhar por mais uma vez o carro. Nesse momento, apareceu na varanda a senhora dona Laura, esposa de Orlado e depois de certo tempo a mulher indagou:
--- Que foi que houve? – perguntou a esposa de Orlando.
--- Nada não. É que o carro deu o prego bem na porta de casa. – comentou Orlando ainda um tanto desconfiado com a sorte.
--- Entra. Vamos dormir que teu mal é sono. – argumentou Laura se voltando para entrar na casa.
Nesse instante, com um pano amarrando a chupeta e o resto caindo ao leu, apareceu a filha do casal, a menina Amanda, meio tonta de sono, vestindo um chambre e cabelos desalinhados como se estivesse a dormir até àquela hora. Laura ajeitou a filha nos braços e entrou a seguir. Orlando se desvaneceu da situação e, por sua vez, entrou se despedindo do vaqueiro Jacó. Com um instante surgiu outro homem de tanger boi e falou para Jacó.
--- Tem boi morto pra baixo do rio. – disse o homem a seu Jacó.



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