segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 04 -

- Catherine Deneuve -
- 04 -
CHUVA
Era mesmo um temporal. A chuva parecia ter vindo para ficar. Quem não bebia começou a beber naquele restaurante. Pessoas de fora se encolhiam e começavam a dizer não ter para onde ir naquele instante. Com a chuva também veio o lamaçal. E motorista não tinha nem mesmo a visão de onde estava. Os automóveis ficaram parados no meio da cheia. O rio a banhar a cidade não correspondia a tanta lama. Com a chuva também veio à paralisação do tráfego. A luz faltou de repente em toda a cidade. Os faróis luminosos ficaram às escuras. Não adiantava protestar, pois não havia caminho para seguir em frente. A falta de luz obrigou os frequentadores do restaurante a ficarem encolhidos dentro do pouco espaço restante. O aguaceiro transbordou para dentro do salão e o consumidor teve mesmo de subir nas mesas se amparando uns nos outros. A tempestade aumentava a cada minuto mostrando o rigor da fera como se estivesse ferida ou acuada. Tempestades elétricas e fortes marés ouvia-se falar por parte de alguém. Era impressionante o diluvio a se abater sobre a cidade. As calhas não suportaram tal volume de água e transbordar a jogar para fora o volume de lixo e entulho quase sempre espremido e compactado. Uma voz de assombro, superstição e medo se ouviu dentre os circunstantes:
Alguém:
--- É o fim do mundo! – gritava um alguém ao desespero.
 Outro rapaz dizia está prevista tempestade de até 500 milímetros de chuva naquela região e outro informava ter ouvido falar em alerta vermelho em toda a região onde ele estava. Diante do caos imperante, os garçons se ocupavam na limpeza do salão para melhor acomodação dos seus consumidores retirando a água a penetrar aos borbotões. Outros trabalhadores traziam com a maior pressa possível as lanternas elétricas para deixar acesa a parte mais afetada do restaurante. Diante do desespero de tanta gente Vanesca se apoiava em seu noivo em cima da mesa a olhar abismada e encolhida para os garçons a retirar a lama da rua a entrar pela ampla porta. Um rugido se notou. Eram os homens a fechar a porta e evitar mais estragos provocados pelo temporal. Otto segurava Vanesca pelos seus ombros e Alda Pires se protegia com o seu companheiro. Com assombro a jovem prolatava ter aquele dilúvio acontecido de forma inesperada.
Alda:
--- Isso aconteceu de forma inesperada. – dizia a moça a tremer de medo.
Alguém de fora veio a dizer ter visto um carro de combustível tombar da rodovia. Outros gritavam intermitente ter gente empoleirada em cima dos seus automóveis no meio da rua. O assombro era tamanho e ninguém quis se atrever para olhar de perto o volume de estragos causados pela tromba d’água a cair sobre a cidade. Nesse ponto no aeroporto local já havia atraso nos voos de aparelhos regulares para a descida e a saída. Uns verdadeiros e incontáveis caos atravessaram sobre a metrópole na noite de sexta-feira.  Angustiada, sem lembrar nem mesmo no que ouvira se falar Vanesca aos pratos suplicava ao seu noivo:
Vanesca:
--- Vamos sair daqui! – lamentava a moça.
Otto:
--- Como? Para onde? – respondeu o rapaz.
Enoque:
--- O jeito é a gente ficar nessa arapuca! – relatou com pressa o amigo de Alda.
As ondas de lama e detritos chegavam a cobrir os veículos no meio da rua. Todo transito estava dificultado. Alguns automóveis eram tragados pela correnteza impressionante das águas e levados aos borbotões por entre outros carros e árvores tombadas ao chão. Ema alguns minutos veio à luz. O restaurante acionou o seu motor de energia e assim pode resolver por algum tempo a falta de força elétrica. Nas outras lojas pairava a escuridão total. Os garçons atrapalhados mantinham as calças suspensas e passavam os rodos a todo custo de forma a limpar a sujeira vinda com o temporal. Mas era muita lama a se adentrar na sala por todos os lados. E ninguém conseguia sair do seu lugar onde já estava empoleirado por conta da enxurrada. Na rua escura um rapaz tentou agarrar uma mulher. Ela estava sendo arrastada pela correnteza. Aos gritos, a mulher pedia por socorro. O rapaz agarrou por um braço a mulher e a trouxe para local mais seguro. Outras pessoas estavam prontas para segurar a mulher a qualquer modo. A chuva foi intensificando e mostrou a sua intragável força. No oceano, as ondas bramiam e ondas gigantes sacudiam embarcações para fora. Era maré alta e ondas temerosas e agitadas a tirar sossego de toda a gente. Aquele era um poderoso tufão a agitar toda a costa.
Alguém:
--- Houve um maremoto! – relatou sem pressa um homem.
Outro:
--- Onde? – quis saber o outro.
Alguém:
--- Há poucas horas. Eu ouvi relato de um pescador. – deixou ver o homem
Nessa conversa de um e de outro Otto levantou a hipótese de ser uma onda gigante a se aproximar da Costa. Ele apenas comentou o fato. Na tradução oral um tsunami é onda gigante ou onda da praia. Um maremoto, por assim dizer. Foi nesse ponto que Otto falou:
Otto:
--- Um tsunami está para alcançar a praia. – relatou o homem com o rosto franzido.
Vanesca:
--- Tsinami? Ave Maria! Vou me esconder já. VAMOS! –gritou a moça toda atrapalhada.
O garçom estava embaixo da mesa dos quatro companheiros e não disse coisa alguma. Apenas fitou o homem com cara de desespero. Onda da praia traria sérias consequências para o restaurante. Ele buscou na memora os seus dois filhos, a mulher e a sua mãe. Essas estavam em perigo de morte. E se levantou aturdido com a conversa, deixou o roldo e foi em busca do gerente do restaurante. Era a hora de debandada de toda a gente. O gerente aconselhou cautela, pois nada ouvira falar a respeito de onda de praia. E então procurou os fregueses para declarar toda a situação de poucos minutos.
Gerente:
--- Acautelem-se. É só uma tempestade de verão. E vai passar logo! – relatou o gerente com o semblante abatido.
Foi essa a gota de água. Todo o pessoal do restaurante a tome de mais precaução, de imediato, enveredou para a cozinha e dali para os próximos andares da casa. Em um local, um rapaz se deparou com cena inusitada entre um casal no quarto. De imediato trancou a porta e mesmo estando com a mão na boca e olhos temerosos ainda assim o rapaz declarou para quem ouvisse.
Rapaz:
--- Ave Maria! O homem! – declarou o rapaz a sair dali e procurar outro local.
Na praia as ondas gigantes ameaçavam chegar a todo o momento com ímpeto de maremoto acolhendo a todos o momento de desespero. Era a vastidão do mar a se projetar para a terra onde dezenas e mais dezenas de pessoas estavam a cair nas águas para se proteger em uma casa sequer.  A todo instante grito de socorro. Uma mulher perdera seu único filho arrastado pelas turbulentas marés. E no restaurante, Vanesca procurava subir para o alto onde havia mais pavimentos, vez ter o restaurante, em seu interior vários pavimentos acima. Ela puxava pelo braço o seu noivo. E gritava sem se importar com os demais:
Vanesca:
--- Vamos! Vamos! Vamos! – gritava a moça atormentada pela porção de gente a subir a todos os pavimentos a procura de se proteger do tsunami.
Esse era mais uma onda gigante a cobrir a terra onde Vanesca trabalhava junto ao seu noivo em um jornal de notícias do Estado. Do fato a moça nem se lembrava. Naquele instante apenas queria se salvar da inconsequente onda marinha. Diante de tanta gente, Vanesca, conturbada, abriu a porta de um apartamento onde estavam um rapaz e uma moça. Ela pediu proteção aos dois em ter de deixar entrar com o seu noivo. De imediato, Vanesca olhou pela janela o mar agitado, ameaçador a todo custo.  Em baixo os veículos eram rebocados pelas ondas da chuva a ficar uns sobre os outros em um monte de oito ou dez veículos. Os seus proprietários conseguiram deixar seus carros e escapulir por entre rios temerosos. Eles nadaram até alcançar apoio em algum bar o casa qualquer onde se podia guarnecer de toda a tragédia.  Na verdade, era o sinal de ter sido iniciado o fim do mundo, com certeza. A sua companheira de redação viu a cena em todos os detalhes. Amedrontada a moça declarava se aquela era uma tragédia inusitada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário