terça-feira, 16 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 11 -

- Rani Mukhrerjee -
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EXAME
Eram passadas mais de duas horas do momento quando Otto foi levando para o interior do hospital e Vanesca não obtinha de qualquer notícia. Ela voltou a ligar para a sua cunhada Eleanor para relatar tal fato. Mas o seu celular estava sem crédito e não adiantava ligar para o telefone de casa. A moça foi quatro vezes ao toalete existente na suíte e da última vez nada fez. Vanesca olhou para ver as horas e não surtia efeito. Em um desses momentos, entrou na suíte a enfermeira a alegar ser o noivo da moça internado na UTI. Era caso normal. Nada de mais dizia a enfermeira, Irmã Cecília. Mesmo assim, a moça não se conformou e disse ser preciso de informação mais segura da parte do médico doutor Fonseca. A Irmã relatou ser ele quem mandou internar o paciente na UTI. Mas não por caso anormal. Era apenas precaução da medicina.
Irma:
--- A situação na cidade ainda está um alvoroço. É preciso cautela. Ele – Otto – não tem nada demais. Mesmo assim foi melhor deixa-lo em uma UTI onde se pode dar melhor atenção. – salientou a Irmã Cecília. Peço que a senhora tenha calma. Se precisar de roupas aconselho ir à sua casa. O rapaz Otto vai estar seguro na UTI. – comentou a Irmã.
Nesse ponto Vanesca teve que chorar por ver não poder fazer nada. Enfim, Vanesca obedeceu a recomendação da Irmã e deixou a suíte a procura de um taxis para buscar o seu automóvel deixado pela manhã no local onde Otto sofreu o desmaio. Em não muito tempo, Vanesca estava já com o seu automóvel e assim pode colocar mais crédito no celular e seguir até a residência de Otto, onde a sua mãe estava por demais em aflição. Vanesca sossegou a todos, inclusive ao pai do rapaz a dizer-lhe ter calma,  pois o médico era por demais competente e não precisava a ninguém ficar preocupado. Vanesca tomou um pouco de café e disse ter de sair para ver como estava o seu apartamento. Ela teria de trocar de roupas e voltaria ao Hospital onde passaria a noite. De qualquer modo, ela não saberia dizer por quanto tempo o seu noivo ficaria internado na UTI.
Vanesca:
--- Provavelmente deve ele ficar até amanha. É o que eu penso. – disse a moça.
Na manhã do dia seguinte, Vanesca acordou com um susto. Eram os maqueiros a entrar com seu noivo para deitá-lo na cama. Otto estava a dormir sedado por medicamentos. No mesmo instante entrou a enfermeira, Irmã Cecília. E logo após o doutor Melo o segundo médico a observar o enfermo. A enfermeira mantinha-se em silencio. O médico fez exames no paciente o logo após retornou para o seu gabinete. A noiva de Otto ficou menos preocupada e disse a Irmã Cecília ser ele – o médico – o segundo a ter acesso à suíte de Otto.
Cecília:
--- Ele é psiquiatra! – respondeu com calma a Irmã.  
Então, Vanesca se acomodou em seu canto, um acolchoado, e ficou a supor o feito em Otto, pois na verdade o rapaz era adormecido totalmente. De imediato ela se levantou e olhou de perto o semblante do seu noivo para perceber ser ele mesmo. E sorriu com afeto. Após ajeitar o cobertor em torno de Otto, a moça deu mais uma olhadela no semblante do noivo e se voltou com muita calma para o seu local. Posta no sofá, Vanesca olhava para Otto e passava a vista em uma publicação cientifica alí largada por alguém.  Na entrada do Hospital continuava o vespeiro com a multidão se aglomerando em torno dos seus parentes a fazer barulho por tudo e por nada. Veículos entravam e saiam com vagar apenas a buzinar constante. As sirenas eram ouvidas dos carros de polícia ou de veículos de pronto socorro. Prantos de crianças, gemidos de anciãos entre o gritar das mulheres e o falar dos homens eram casos tão comuns que já não faziam diferença para a noiva. Entre uns casos e outros havia as ofertas de água de coco ou de água gelada, amendoins, pasteis e coisas simples.  O sono voltou a conciliar a noiva Vanesca ela então adormeceu. Quando eram oito horas, a jovem noiva despertou, E notou uma mulher fazer o esfregado no quarto como se tudo estivesse sujo dentro da suíte. A moça olhou para o local ao lado e não viu mais a Irmã Cecília. Por acaso Vanesca indagou da mulher do asseio.
Vanesca:
--- A senhora sabe dizer para onde foi uma Freira que estava sentada aqui ao lado? – indagou a moça posta ao vexame.
Mulher:
--- Ela saiu quando eu entrei. – respondeu a mulher a esfregar o chão forrado.
Nesse instante, Vanesca se voltou para a porta da suíte e seguiu até o seu umbral. Porém logo depois se arrependeu e se voltou a sentar na sua poltrona, a olhar bem para o seu noivo inda a dormir. A moça se inquietou de uma dor nas costas  e fez massagens no local onde dava maior pontada. Após ser feita a massagem ela voltou a cochilar enquanto a servente esfregava o chão. Outro ajudante da servente entrou no quarto mostrando uns vidros de aromatizantes e ainda indagou da mulher se podia deixa-lo no local.
Servente:
--- Borrife! – respondeu a mulher fazendo um gesto com o seu dedo polegar a estender a mão.
Pouco antes das nove horas da manhã daquele mesmo dia, a Irmã Cecília entrou na suíte e deu cumprimentos a sua colega de quarto, como não a tivesse visto há vários dias. Na sequencia a Irmã aconselhou a Vanesca ir até ao Gabinete do Doutor Melo, psiquiatra, pois o médico lhe queria ver por algum tempo.
Irmã:
--- Pode ir. Eu fico. – disse a Irmã Cecília a Vanesca.
A moça a ouviu e olhou por mais uma vez como estava Otto e relatou ter que seguir as instruções da Irmã. E de repente se voltou à porta e seguiu viagem ao gabinete do Doutor Melo. Ao chegar ao gabinete não viu mais alguém. A sala estava fechada. Contudo, de um momento a porta foi aberta como por um milagre e apareceu o homem postando a sua veste de médico e fez menção de que a moça podia entrar. Com bastante cuidado, a olhar para um canto e outro do gabinete, Vanesca se adentrou na sala ainda pedindo desculpas pelo aperreio em não ter trocado de roupa. O medico postado em pé por trás do seu birô de atendimento apenas sorriu. E, além do mais a convidou a sentar. Como uma magia a porta foi fechada. A moça estremeceu de medo, pois não sabia como se fizera tal mecanismo. O médico apenas declarou:
Melo:
--- Controle remoto. – e mostrou o instrumento de fechar e abrir a porta.
Com a explicação a moça ficou mais tranquila. A sentar na cadeira do Gabinete do médico Vanesca voltou o olhar para tudo o que havia ali dentro. No birô, uma porção de papeis, com certeza, exames. O médico batia com os seus dedos, uns contra os outros a altura de sua boca a olhar fixo para Vanesca. Após um breve espaço de tempo, o doutor Melo voltou a conversa. E foi logo a dizer:
Melo:
--- O seu noivo está bem. Ele está apenas sedado por conta da alta de pressão súbita. E então perguntaria a senhora: há quanto tempo está noiva com o rapaz? – indagou o médico.
A moça estava com a vista presa ao monte de papel e ouviu o médico a lhe dizer. Então Vanesca respondeu de pronto:
Vanesca:
--- Dois anos. Quase dois. Mas nos conhecemos há mais tempo. – contemporizou a moça.
O médico anotou em um caderno. E depois falou sem graça.
Melo:
--- O paciente. ... Desculpe! O teu noivo tem parentes? – indagou com leveza o médico.
A mossa sorriu e deu logo a resposta:
Vanesca/:
--- Ah. Ele tem. Uma irmã, a mãe e o seu pai. Mas o pai teve problemas de saúde. Não precisa anotar. – disse a moça a sorrir.
Melo:
--- Não tem importância. Mas a senhora sabe de hábitos do seu noivo? – indagou o médico.
Vanesca:
--- Hábitos? Que hábitos? Bebidas? Eu sei disso. – comentou com surpresa.
 

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