- Lana Del Rey -
- 13 -
IQUITOS
O médico ficou admirando a beleza
suave de Vanesca antes de entrar na verdade da historia do enteógeno, o tema da
conversa mantida entre os dois. O enteógeno é uma substancia onde a pessoa pode
ingerir e na continuação entra em um transe psicodélico e se mante fora da
realidade chegando a pensar ser ela um próprio Deus. É por isso ser o enteógeno
vindo do grego querendo dizer Deus interior. Os condicionados nada sabem a
respeito do estágio neurovegetativo do enteógeno. Atravessando uns bons segundo
o doutor Melo voltou à conversa acercando-se do birô para dizer ser a cidade de
Iquitos no Peru próximo à fronteira com a do Brasil, cerca de três mil
quilômetros.
Melo:
--- A Ayahuasca é uma árvore.
Iquitos fica a três mil quilômetros da fronteira brasileira. A Ayahuasca é
usada a milhares de anos pelas tribos da floresta. O Xaman utiliza a Ayahuasca
para tratar do enfermo de várias doenças. Por isso, os Xamans consideram o chá
um remédio sagrado e não uma droga recreativa. Ao dizer dos Xamans as pessoas
vindas da cidade vêm em busca de uma vida espiritual. A ingestão do chá permite
uma nova relação com a pessoa. Os adeptos encontram no chá uma relação consigo
mesmo, com o Universo e até com Deus. – explicou com muita calma o médico.
Vanesca:
--- Meu Deus do céu! Quer dizer
que eu bebi esse chá e o que pensei não era verdade? – indagou extasiada a
moça.
Melo:
--- Eu sei que a Ayahuasca é
misturada com outras plantas nativas, como a Chacrona. Essa planta inclui
atividade antibiótica. Em casos os pacientes têm visões alucinógenas. Tal
substancia não se compromete com a corrente sanguínea. Na cidade, tem agente de
turismo a ajudar os visitantes a encontrar os xamãs confiáveis. Os agentes de
viagem que pode muito ser mulher, chegam a falar que a Ayahuasca faz parte da
cultura do seu povo. É uma tradição se tomar o chá. As pessoas procuram tomar o
chá do Santo Daime quando não estão bem equilibradas. – explicou o medico.
Vanesca:
--- Mas é natural se tomar o chá
naquele país? – indagou atônita a moça.
Melo:
--- Na verdade as pessoas
procuram os Xamans para participar de uma cerimônia. Pelo se sabe a Ayahuasca
tem “ajudado” muitas pessoas com problema psicológico. Eles dizem estar mais
sintonizados com os seus problemas. Eles se sentem mais felizes neste
mundo. E chegam a dizer ter se sentido
melhor conexão com o Cosmo. É tanto que os xamãs introduzem do chá uma
substancia conhecida por nome de “Céu” ou “cielo”. – sorriu com vagar o médico.
Vanesca ficou bem mais abismada
com as explicações das pelo Doutor Melo. E quanto o homem parava ela voltava a
prosseguir.
Vanesca:
--- Continue! Continue! – alertou
a moça como se tudo estava a acontecer de novo para o ser conhecer.
Medico sorriu em silencio e deu a
prosseguir a sua conversa se ajeitando na cadeira. Dessa vez ele retornou a
posição de ficar bem próximo ao birô e faz a sua palavra.
Melo:
--- Escute. Mas escute mesmo.
Quando uma pessoa “bebe” a sua porção do Santo Daime, ela se transporta para “o
espaço”. A senhora entendeu? – indagou o médico a fazer a alusão com as mãos
por sobre sua cabeça dando o sinal de se transpor.
A moça ficou ainda mais curiosa.
E não para de falar para o médico;
Vanesca:
--- Continue! Continue! – declarava
a moça com enorme curiosidade nos efeitos da poção.
E o medico sorriu mais uma vez em
silencio. Por fim voltou a contar sobre os efeitos do Santo Daime.
Melo:
--- Há pessoas que buscam no
Santo Daime a explicação para um determinado problema. E por isso tomam a
infusão. Tais pessoas tomam banhos de flores. É uma purificação da pessoa. O
Xamã toma a droga para poder guiar os participantes. Os que já participaram da
cerimonia dizem que beber a Ayahuasca não é nada fácil. A pessoa se liberta de
todas as toxinas. É tanto que não se permite a beber a infusão a pessoas que
estejam a tomar medicamento de tarja preta. Não raro a pessoa vomita tudo que
tem no seu organismo. E além do mais, a pessoa passa um bom período de
alucinação até o Santo Daime perder o seu efeito. – calou o médico.
Vanesca:
--- Eu sei disso. O efeito dura
de cinco a seis horas. Algumas pessoas superam a crise em quatro horas. Mas
comigo foi de seis horas. É horrível! Com o tempo de sessões a gente vai se
acomodando e se toma o chá mesmo em casa. Apesar de não ser recomendado. –
falou a moça em tom de abandono.
Melo:
--- Quer dizer que estou
ensinando o Padre Nosso a Vigário! – sorriu o doutor pela ânsia mulher.
Vanesca:
--- Não. De forma alguma! Eu
estou querendo é entender o porquê da coisa! – falou depressa a moça.
Melo:
--- É isso mesmo. Os Xamãs contam
que a droga permite abrir a mente para o encontro com o Divino. Os Xamãs chamam
a Ayahuasca de televisão da floresta, pois as visões parecem estar em uma tela.
Tem gente que se mudou para Iquitos para viver um mundo da Ayahuasca. Há que
diga ter o Santo Daime curado do vicio da embriagues ou da droga. O que os
dependentes dizem é que a Ayahuasca escolhe as pessoas. E não o contrário. O
certo é que o iniciado sempre acredita ser ele uma espécie de Deus. – falou de vez o médico psiquiatra.
Nesse ponto da conversa entre o
Doutor Melo e a moça Vanesca, algo de súbito ocorreu. Um tremor de Terra a
sacudir a todos por alguns segundos. Foi algo tão terrível como se estivesse a
envergar todo o consultório. O medico procurava se apoiar no birô e nada
conseguia. Vanesca caiu ao solo vendo as dependências do prédio da mesma forma
querer sucumbir. Vidros caiam ao chão. Estantes viraram para um lado e outro.
As lâmpadas apagaram de vez. E uma escuridão mortal enveredou de vez pela sala.
Na sala do Doutor Melo um lustre despencou da parte de cima da cobertura do
ostentoso edifício e se espatifou no chão. Molduras de retratos de coleções
despencaram também de vez. Ouviram-se tenazes gritos aterradores por todo o
corredor do edifício. Enfermeira a cair ao chão derramando todos os frascos de
soros e medicamentos. O enfermo passou deitado em sua cama tão ligeiro que
ninguém pode deter. Era um verdadeiro pandemônio o que se estava vendo por todo
o prédio. Vanesca, caída ao chão, tentava se soerguer naqueles incertos
segundos, porém não podia. O terremoto prosseguiu por alguns segundos e o povo
foi tomado de pânico em todas as dependências do Hospital. Do lado de fora, nas
tendas armadas para socorrer os doentes, era igual situação. Os enfermos caíram
de suas camas e o povo todo era com se recebesse uma ducha de água quente. Esse
povo se estendia pelo chão de qualquer forma como sendo levado por uma força
gigante e aterradora. Brados horrendos e inquietantes se ouviam. Crianças e idosos eram os mais
prejudicados pelo terremoto. Carros tombaram e ficaram de rodas para cima como
se fossem brinquedos de crianças. Um barulho ensurdecedor vibrava por todo
canto do Hospital e da cidade. Nem mesmo o gerador de energia da Casa de Saúde
foi possível ativar naquele hipotético instante. Após ligeiros segundos Vanesca
se apoio em uma estante que veio abaixo e se manteve em pé, meio aturdidas com
todo o tremor. O Medico também se levantou atordoado procurando divisar algo a
sua frente. Tudo estava às escuras e nada se podia enxergar. O coração de
Vanesca batia forte como se fosse sair por sua boca. O doutros Melo parecia ter
engolido uma porção de fuligem. Era todo a tossir. O seu consultório estava ao
desalinho e ele não podia enxergar um palmo a sua frente. O medico tentou
escapar dos entulhos espalhados pelo chão e seguir até a porta. No caminho
topou com a moça e se foi ao chão. Ele não podia divisar entre um e outro espaço.
O tremor provocou uma cortina de poeira. Parecia ter sido o gabinete atingido
por uma avalanche de terra como se estivesse caído em cima do homem. Vanesca
então meio aturdida nem sequer conseguia atinar a porta do consultório. Na
verdade, eram tudo feito as avessas. Em um distinto instante a moça ficou atenta
e começou a gritar por qualquer coisa. Ela nem sequer pode perceber ter um
médico caído sobre si. Com todo o jeito a moça indagou:
Vanesca:
--- É o senhor? – reclamou a moça
estando por baixo do médico.
Melo:
--- Desculpe. Onde está a porta!
– procurava divisa o médico a porta de seu consultório.
Vanesca:
--- Não sei. Eu estou amassada
pelo senhor. – gritava a moça quase sem forças.
Melo:
--- Tenho de achar a porta! –
disse de qualquer forma o médico.
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