- Isabella Rossellini -
- 06 -
TUFÃO
Ao passar das horas, pelas duas
horas da tarde, Otto conseguiu ligação com o jornal no qual trabalhava. Em
ligação celular para o Chefe de Redação Ricardo ele ficou sabendo não haver
circulação do matutino, uma vez terem as máquinas impressoras sido afetadas
pelo diluvio abatido na capital durante a noite e madrugada passadas. Otto
indagou sobre mais informações e o Chefe lhe disse ter muitos corpos no
necrotério e várias repartições federais, estaduais e municipais resultaram no
mesmo efeito. Houve casas destroçadas, algumas palafitas da beira do rio e
estrago maior na parte litorânea com a onda gigante. Carros amontoados, telados
destroçados e varias pessoas perderam seus documentos.
Ricardo:
--- Está um caos isso aqui! Peço
a você que venha para ajudar nas matérias a serem feitas! Urgente! – falou de
forma preocupada o chefe.
Otto respondeu ter de ir ao
jornal. Porém não sabia dizer se Alda Paiva também teria de ire. Quanto a Vanesca,
essa deixaria o conserto da casa para depois e
de pronto estaria também a juntar forças para o trabalho. O Chefe de
Redação agradeceu a promessa de Otto, pois a ele se somariam outros
profissionais do matutino. Com isso, Otto se pôs em forma e decidiu cair na
luta para por em dia os casos enfrentados pelo Município. Era uma luta de
dragão contra abelha. E assim se fez. Ao assumir suas funções diante do Chefe
de Redação, Otto declarou ter toda a sua equipe em forma e daquele instante em
diante, para frente, com as máquinas a rodar ou não ser feito um jornal de
muita luta, pois Otto saberia colocar em
função tudo o quanto houve na trágica noite da sexta feira e madrugada do
sábado.
Otto:
--- Vamos à luta, gente! Essa
missão é nossa! – declarou com ênfase o redator de matérias.
Utilizando-se do automóvel de
Vanesca, pois o próprio ele não sabia do estado em que se encontrava vez que a
tormenta arrasou toda a parte norte da cidade, pois estava alagada naquele
instante além de ser na parte baixa do local, Otto e Vanesca caminharam para
ver de perto os estragos provocados pelo devastador furacão acoitados pela onda
gigante. Para se chegar ao local foi uma temerosa dificuldade. Carros
empilhados nas ruas próximas, a lama não cedera tanto assim, pois continuava
emperrada. O rio Amarelo de águas turvas
a banhar a cidade permanecia inquieto. Nas lojas arrasadas continuava
igual situação. O corpo de bombeiros retirava pessoas de forma lenta. Muita
lamentação. Choro até demais. Partes das lojas aos pedaços. Escombros e mais
escombros. Era tudo o impressionante desastre aflitivo a deixar o portentoso
local. Pessoas acometidas de vertigens eram levadas nos braços dos bombeiros para
se encaminharem a outros locais. A visão era aterrorizante, assoladora. Ao
passar das horas não havia luz das casas de comércio. Além das mais essas
casas, como os de artigos finos, pareciam mais um escombro. Uma emissora
mantinha sempre o alerta de enorme furacão. E informava ter para mais de mil
mortos na região assolada. Os tremores aconteciam a todo instante. Não se podia
transmitir notícia acauteladora. Tudo era um caos inimaginável. Mesmo não
havendo chuva o tempo continuava carrancudo e no céu nuvens acoitavam a cada
instante os temíveis raios. A onda gigante com poder destrutivo tinha se
acalmado após a tempestade da noite da sexta feira. Carros e barcos foram
arrastados para dentro do rio Amarelo e em alguns trechos para o mar. Os
helicópteros filmavam a tragédia e pouco se podia notar como promissor. Em
muitos locais, o mar ultrapassava os diques de proteção da cidade. Um bombeiro
alertou para onda de dez metros. Disse isso em uma passagem rápida. Otto ouviu
som comentar. Em outra conversa Otto pode observar ter o tsunami atingido vinte
ou mais bairros da capital. Era uma verdadeira onda de horror sentida pelo povo
ainda ao desabrigo total. Otto cuida em se esgueirar pelo cerco feito pela
Polícia e noto apenas a devastação do furacão. Um caminhão de transporte de
combustível estava revirado da estrada. Outros carros pesado seguiam o mesmo
desastre. Do restaurante onde ele estava havia apenas a porta cerrada. Otto e
Vanesca caminharam de forma prudente para alcançar maior apoio com água ou lama
a subir em muito caso até a sua cintura. Tronco de arvores era o que mais se
avistava em meio aos destroços de fogões, geladeiras, televisores e muito lixo.
Otto:
--- É um horror isso aqui. –
falou angustiado do jornalista.
E a moça não conseguia conter as
suas lágrimas mostrando a tragédia por ela passada e ainda sobrevivente.
Dezenas de pessoas faziam à marcha peregrina a procura de um local seguro para
poder passar. Tudo era destroço, escombro de trágica situação. O Corpo de
Bombeiro resgatava a todo instante de qualquer forma pessoas feridas ou não.
Era espantoso saber ter a pessoa sobrevivido a tanta tragédia. Um drama para
tanta gente nos subúrbios da cidade, com certeza. E os repórteres seguiam a
trilha deixada pela marca da onda gigante até alcançar a região das praias. A
moça Vanesca tinha em suas mãos a máquina fotográfica e acionava a todo
instante para marcar toda a adversidade deixada pelo furacão.
Vanesca:
--- É triste tudo isso! –
reclamava a moça.
Foi uma tarde de aflição e dor
tudo aquilo por que ambos passaram durante a noite de sexta feira. O tempo se
perdia e então Otto resolveu retornar a redação e pegar o carro de Vanesca
posto ao largo bem distante de onde eles estavam àquela hora. Na verdade, foi
uma tarde de aflição ter de documentar toda a marca da iniquidade perversa
deixada pelo tsunami antecedido do furacão. Era a primeira vez ter o mar se
encrespado de tal forma a ponto de devastar toda a costa litorânea da cidade.
Otto ainda assim, foi mais distante vendo a insistência do fenômeno e se
cientificou a par da triste e real situação. O seu carro era um monte de ferro velho a altura de onde
o deixara. Ele apenas sorriu e chorou de amargura. Então, seguro pelo braço por
sua noiva, ele retornou a redação do jornal pleno de agonia e de dor.
Otto:
--- Horas? – indagou o jornalista
à sua noiva.
Vanesca:
--- Passam das sete! – respondeu
a moça.
Era o começo de uma extenuante
redação sobre a tragédia da sexta feira. Com lágrimas nos olhos ele redigiu o
texto da trágica situação da capital enquanto os demais jornalistas faziam o
mesmo sem nada a reclamar. Era um fardo pesado esse momento de dormência
contida. O telefone não parava e nem sequer o celular. À certo ponto, Otto teve
de desligar o celular e continuar seu exaustivo trabalho. Na redação todos os
que puderam ser localizados estavam a redigir as mais controversas notas. Quase
a todo instante algo de novo ocorria e a situação se invertia. O Moinho de
Trigo foi um deles. E as palafitas também. Vanesca não tinha tempo de terminar.
Nem tampouco sua amiga Alda Pires. Outros redatores estavam em igual situação
com as suas matérias a digitar. A noite avançava e o Chefe de Redação
consultava outro jornal para poder seguir com os escritos e imprimir em outro
local.
No domingo Otto acordou logo
cedo. Era mais um dia de trabalho. Na situação cruel ele não parava para
descansar. A sua noiva, ao celular, procurava notícias de sua família. E então
ficou sabendo ter seu pai seguido muito antes da tragédia para a fazenda
juntamente com a sua mãe e seus irmãos. Então
Vanesca descansou de mais aquele drama.
Vanesca:
--- Estão livres! – suspirou a
moça ao voltar para o seu noivo.
Otto:
--- Ligue para a minha família. –
recomentou o rapaz.
Vanesca:
--- Já fiz. Não deu linha. E o
telefone fixo está mudo. A energia foi restabelecida ao meio da tarde de ontem.
Mas em alguns bairros há falta de luz. – respondeu a moça.
A manhã do domingo se mostrava
firme com o sol aberto e nuvens passageiras. Otto olhou pela janela do
apartamento e voltou para dentro a olhar a moça. Por certo tempo ele não disse
nada. Tinha o temor de algo acontecido com a sua família. Apesar de tudo ele
buscou o café e as torradas.
Vanesca:
--- Já estão prontas. Aqui! –
respondeu a moça sem sequer perguntar do que Otto procurava.
O rapaz se voltou e olhou a mesa.
Fez uma cara de náusea. Parecia não querer as torradas. Apenas bebeu o café. A
moça se sentou à mesa e comeu as suas torradas ainda quentes. Ela pusera no
prato àquela hora. Olhou mais uma vez para Otto e após alguns segundos lhe
falou com tranquilidade.
Vanesca:
--- Coma! Faz bem! Prove essa
porção! – falou a moça a cuidar do seu café da manhã.
Otto olhou a mesa e nada
respondeu.
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