sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 10 -

- Debora Falabella -
- 10 -
SILÊNCIO
Antes de sair da suíte hospitalar o médico fez um gesto. Logo a noiva entendeu. Ele preparava uma injeção para aplicar na veia de Otto. E fez. Era um tranquilizante. A enfermeira lhe passou a tabuleta com o modo em que estava o paciente. A enfermeira não falou. Mas Vanesca compreendeu ser um calmante ou coisa do igual valor. Logo após a aplicação o medico Fonseca se dirigiu a Vanesca e disse ter  feito a Otto um medicamento para tranquilizar.
Médico:
--- Talvez ele durma por algumas horas. Depois eu volto. Obrigado. – falou Fonseca a  Vanesca e logo saiu advertindo a enfermeira ter ela  a ficar na suíte até chegar nova enfermeira.
E foi com isso com certeza que ele saiu da sala. Os maqueiros olharam para o medico e nada perguntaram. Eles saíram também. A enfermeira verificou de novo o paciente e saiu para se sentar. Vanesca indagou se a enfermeira estava ali por acaso ou se na verdade era funcionária do Hospital.
Vanesca:
--- A senhora está aqui por acaso ou é enfermeira do hospital? – indagou a moça.
Enfermeira.
--- Sou da Cruz Vermelha. – falou a enfermeira colocando seus petrechos na bolsa.
Vanesca:
--- Ah. Muito obrigado. Eu também estou prestando assistência a Cruz Vermelha. Ele também. Foi um desmaio que Otto teve. Então eu pedi ajuda. O rapaz trouxe Otto. Muita gente aqui. Nunca pensei. – falou a moça a toda pressa.
Enfermeira:
--- Isso é normal. Tem casos mais graves entre os enfermos. Cólera, principalmente. – falou a enfermeira.
Vanesca:
--- Ave Maria. Cólera? – indagou surpresa a moça.
Enfermeira:
--- Desnutrição. Isso é o que tem. – voltou a falar a enfermeira.
O assunto parou por um instante. Nesse espaço o médico entrou na companhia de uma freira. E deu liberdade a outra Enfermeira. Ao se voltar para a Freira logo lhe disse:
Médico:
--- Esse caso é meu. Não entra mais ninguém aqui. A senhora fica por um período. Depois nós acertaremos. – relatou o medico a Freira.
A enfermeira fez um sinal de ter entendido, como se falasse. – Sim senhor! – e calou. O médico voltou a verificar Otto e logo saiu. Após o médico sair a Freira foi até o canto onde estava a dormir o rapaz. O olhou bem e disse:
Freira:
--- Dorme. – e em silêncio voltou para a sua poltrona a passar a ler uma revista católica.
Vanesca ficou calada por breves instantes. E depois voltou a falar. A Freira fez um aviso para Vanesca não fazer barulho. A moça entendeu. Mas mesmo assim, perguntou:
Vanesca:
--- A senhora e Freira? – indagou a moça com cautela.
Freira:
--- Noviça. Mas tenho curso de enfermagem. – sorriu apenas com os lábios a Noviça.
Vanesca:
--- Ah bom. Estou mais tranquila. Ele é meu noivo. – falou em murmúrio a moça.
A Noviça sorriu e calou. Vanesca parou alguns minutos e voltou a falar em sussurro para a Irmã Noviça quase de supetão.
Vanesca:
--- Qual é teu nome, por favor? – indagou a moça.
Noviça:
--- Cecília. É o meu nome. – respondeu a Noviça sem pestanejar.
Vanesca:
--- Ah bom. Cecília. A Padroeira da Música. Latim. – sorriu a moça.
A Noviça apenas sorriu e não tirou a vista da leitura da sua revista. Nesse instante, Vanesca se levantou da poltrona onde estava e saiu, devagar, para o outro canto da sala onde fez uma ligação com o seu celular para a casa de Otto. Quem atendeu foi Eleanor, a solteira das três irmãs. Vanesca contou tudo o que houve, mas dizendo ter naquele ponto o médico verificado a condição de Otto e ele estava positivamente bem. Ao perguntar se podiam receber visitas, Eleanor teve a resposta não muito feliz.
Vanesca:
--- Eu vou perguntar ao medico. Quando ele voltar para a visita. Então eu digo a vocês. – disse a moça com bastante cuidado.
Quando Vanesca ligava o celular para a sua cunhada, e a mãe de Otto se aproximava, então entrou no quarto do rapaz o medico Dr. Fonseca todo atribulado. Em sua companhia veio outro médico, Dr. Melo. Eles – os dois – confabularam e logo a seguir entraram dois auxiliares portando uma maca. Os assistentes ficaram parados. A Irmã Cecilia se aproximou do medico e ficou a escutar a conversa. Nesse ponto, Vanesca pediu licença a sua cunhada e se voltou com pressa para os médicos. Dos dois a moça não ouviu uma palavra. Os maqueiros seguiram para a cama de Otto e desataram a bolsa de soro. Logo a seguir puseram Otto na maca e então os dois atendentes ficaram a esperar. Os médicos ainda confabularam. Em seguida o Dr. Fonseca relatou a Vanesca ter de ir com o paciente para fazer uma tomografia computadorizada.
Vanesca:
--- Que? Tumor? – falou a moça espantada e quase empalidecida.
Médico.
--- Exames. – e voltou a relatar o médico. E deu ordem para os maqueiros seguirem.
Os maqueiros obedeceram e a enfermeira Cecília seguiu com os dois rapazes. Quanto aos médicos esses voltaram pelo mesmo corredor. Vanesca ficou perplexa. Ela queria seguir também com os ajudantes hospitalares. Mas a conversa do médico não consentia tal motivo. De imediato um torpor tomou conta de Vanesca e a moça, quase ao desmaio procurou se sentar na poltrona onde estaria a esperar o fim daquele drama. Ela procurou telefonar para Eleanor. Na certa contaria tudo o que houve. Mas relutou um pouco e deixou cair seu celular. Ao passar alguns minutos fez ligação para a Fazenda. Ela queria falar com alguém. O celular não deu linha. Vanesca se perturbou. E gritou a baixa voz:
Vanesca:
--- Merda! Merda! Merda! – e ficou alheia ao tempo.
Na entrada do hospital, as barracas estavam armadas. Um vai-e-vem de pessoas para serem atendidas. Era muita gente, ao se olhar do alto do edifício do Hospital. Um enxame. Mas pareciam vespas a penetrar em uma colmeia. Num dado instante, houve um incidente. Uma mulher a gritar desvairada e apontar para um maqueiro. Nesse ponto Vanesca estava na janela da suíte. A multidão procurava agarrar a mulher. Porém sem êxito. Em determinado instante a mulher agarrou de uma garrafa e sacudiu contra o maqueiro. Esse já estava distante. A garrafa não o atingiu. A mulher gritava aos brados. A polícia chegou ao local. A mulher apontava para a tenda. A polícia segurava a mulher. Um verdadeiro inferno se formou entre o aglomerado de gente. Muita gente mesmo. A mulher tentou escapar e um policial deu um canga-pé. A mulher caiu ao solo e houve uma celeuma. As pessoas gritavam a todo custo para a polícia. E mostravam ao que parece uma vítima. Vanesca ficou impressionada com a real situação. De momento, a mulher foi presa em um camburão. Na barraca, s homens procuravam acudir um doente ou morto. Vanesca se apoiou na janela. E evitou em chamar a segurança do hospital.
Vanesca:
--- Nessa Senhora! Que coisa horrível! – falou a moça diante do desespero das pessoas.
 

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