terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CREPÚSCULO - 42 -

- Menina Cigana -
- 42 -
LUZES BRILHANTES
Sexta-feira, manhã logo cedo, o Comandante da Base Aérea estava solitário em seu escritório quando entrou o subtenente Gafanhoto a pedido do homem forte do Quartel de Aviação. Do lado de fora se ouvia plenamente o roncar dos aviões a jato a subir e a descer em intermitente vai e vem. Os novos carros de bombeiros de sirenes ligadas faziam a trafego pesado por entre a ampla estrada do campo de viação. Logo após, na bomba de gasolina, soldados e mecânicos faziam a vistoria em carros grandes e pequenos. Uma moto saiu ziguezagueando caminho a fora com imensa pressa. Uma fila de contingentes de soldados em marcha se mostrava a vida de um campo de aviação. O barulho ensurdecedor dos aparelhos aéreos já nem tanto incomodava ao novo subtenente Gafanhoto. Todo de farda, o homem entrou na sala do Comando e bateu continência ao seu superior em ponto de guarda. O superior mandou que Gafanhoto se sentasse em uma cadeira próxima a dele e passou a conversar, tendo um jornal em suas mãos.
--- Sub. É o seguinte: dias passados esse jornal da capital trouxe ampla matéria sobre a Serra do Monte Sagrado. Eu gostaria de ir com o senhor até esse campo conhecer melhor o que trata a matéria. – falou delicadamente o Comandante da Base.
--- Pois não, meu Comandante. Pois não! É certo que nesse tempo eu ainda não era da Base. E eu fui com o repórter a mostrar tudo o que a matéria propala. – respondeu o sub Gafanhoto em a menor preocupação.
O comandante olhou bem o jornal e depois de algum tempo fez pergunta.
--- Mas é verdade essa história de um hangar dos extraterrestres? – indagou um tanto preocupado o coronel.
--- Bem. O Hangar eu mostrei.  O que eu não consegui mostrar foi à nave espacial. Meu pai foi quem me disse ter sido naquele local o ponto de aterragem de naves. – falou o sub ao Comandante da Base Aérea.
--- É. Mas os meus aviões nem isso localizaram. – falou o comandante desgostoso da vida.
--- Ao que meu pai falou, esses hangares tinham em seu torno equipamentos de radar ou coisa assim que uma nave de cima não via algo em baixo. Hoje se chama RCS – radar através de seção – ou coisa assim. Mas ha dez ou quinze mil anos já era usado um fabrico desse tipo. – relatou sem preocupação o subtenente.
--- Interessante! – falou o comandante a olhar o jornal e não observar nada a esse respeito.
--- Nesse jornal não diz sobre tal assunto. Até porque eu não falei ao repórter. E não cabia para dizer. – falou Gafanhoto com seu modo acanhado.
--- É verdade. Mas, o taifeiro declarou aos tenentes ter ordem de não abrir as portas dos túmulos. E por que essa ordem? – indagou o general da Base Aérea.
--- Muito bem. Como eu já declarei ao meu comandante, as catacumbas têm uns enigmas. Na primeira tem um lago. Para ser possível passar tem que se conhecer. Da segunda em diante tem morcegos, víboras, escorpiões. E na última tem o segredo das estrelas. É o seguinte: o senhor me pergunta: que segredo é esse? E eu respondo: Mistérios: e o senhor diz: Mas mistérios não existem. E eu respondo: Existe sim. Para decifrar o segredo eu preciso conhecer o enigma das estrelas. Quais são esses enigmas? Eu tenho que traduzir em palavra que a pedra entenda o segredo que ela traduz. Veja bem. Eu estou na frente da pedra. E ela tem um segredo. Eu vejo. E traduzo. Se for o certo, ela abre. E se não for ela não abre. Qual é esse segredo? Veja bem. Vamos dizer que tem dois homens com a cabeça de abutres. Eu tenho que decifrar o que os dois homens, um de frente para o outro estão a dizer. Se eu acertar, então a pedra se abre. Mas eu acertei. E vem o senhor. Já não tem mais dois homens. Tem dois leões. O senhor deve traduzir o que dizer os leões. Se der certo, a pedra abre. Quando o senhor passar pela pedra, tem que decifrar outro segredo. Vamos dizer: duas cobras. Uma de frente para a outra. E o senhor terá que traduzir o que dizem essas cobras. Isso para a porta fechar. Sempre que o senhor tem de passar, recita um segredo. E se passar dez vezes, recita dez segredos. Isso eu estou dando um exemplo. Pode nem ser assim. -  confirmou Gafanhoto.
--- Ora essa! E eu não posso passar com você? – relatou com espanto o coronel.
--- Não. Não pode. É por isso que lá dentro tem mistérios! – fez ver o homem ao coronel.
--- E se eu mandar um grupo de homens dinamitarem a pedra, o que acontece? – indagou o Coronel um tanto enfadado.
--- Na pedra? (sorriu Gafanhoto). O senhor nem pense nisso! Pois se fizer não vai acontecer coisa alguma. A rocha pesa para além de dez mil quilos. Ademais ela parece ter sido composta de uma liga. E essa liga suporta calor intenso e frio bem abaixo de zero grau. Talvez oitenta graus negativos. Ela é enorme. Gigante. – relatou Gafanhoto para dirimir a presunção do comandante.
O homem se calou por largo tempo tendo somente tendo entre o lápis a bater na escrivaninha, a olhar a cara de Aquiles Gafanhoto e o desejo de esmurras o vento, a vontade de não dizer coisa alguma.
--- E o seu pai onde está? – indagou o Comandante meio displicente.
--- Meu pai? (sorriu Gafanhoto). Ele deve ter morrido. Eu digo “deve” porque a cova onde ele foi posto estava rebuscava no dia seguinte e nem sinal de caixão. A minha mãe foi até à Polícia, e essa nada fez. Meus irmãos pouco se interessaram no decorrer dos dias. Eu fiquei a olhar as estrelas. Mas olhar as estrelas mesmo. Eu tenho a impressão que os homens das estrelas levaram o corpo do meu pai. – relatou com temor o caçador de tatu.
--- Incrível! – fez ver o comandante totalmente assustado.
--- Um dia mau pai disse: “Eu ainda volto para as estrelas”. – comentou Aquiles a pensar na verdade.
--- Ele disse isso? – quis saber alarmado o Comandante da Base.
--- Disse. Faz muito tempo. Mas ele falou. E eu penso nessas coisas. – relatou a seu modo Aquiles quase a chorar e pensativo como que.
--- Voltar para as estrelas? – indagou o Comandante nem querendo supor em alguma verdade do que ele ouvira falar.
--- É. Meu me lembro de outra coisa. O meu pai me falou que ainda eu tinha muita coisa para aprender. Muita coisa. Mas não disse quais coisas eram. – falou Aquiles enxugando lágrimas da face.
--- É. Mas não se assuste. Se ele voltou para as estrelas deve estar muito bem. – procurou tranquilizar o comandante ao afeto amigo.
--- Tem outra coisa. Talvez o senhor tenha ouvido contar. Ele me disse existir uma máquina Vimana. Essa máquina era capaz de viajar entre lugares, terras e mundos. Têm nas Escolas ou Universidades de algumas partes daqui da Terra, os crânios de cristal. Esses crânios foram feitos por extraterrestres. Eles são capazes de transmitir e absorver vibrações, agindo como condutores de energia psíquica. Esses crânios foram descobertos em Honduras. O senhor já ouviu falar? – perguntou Aquiles ao comandante da Base Aérea.
--- Não. Tenho impressão que não ouvi falar. Conte-me mais a respeito! – quis saber o comandante.
--- Meu pai não me falou muita coisa. Apenas disse que o crânio é em cristal de rocha. Polido. Ele foi feito sem instrumento metálico. É um enigma. – relatou Aquiles cabisbaixo e pensativo no destino do seu pai.
--- Não. Não ouvi mesmo falar! – explicou descontente o Comandante da Base Aérea.
--- E senhor já ouviu falar no Mar do Diabo? – perguntou Aquiles Gafanhoto ao coronel.
--- Já. Esse, já estive em missão para encontrar onde um grupo da esquadrilha de aviões que desapareceu misteriosamente. – explicou o comandante ao subtenente.
--- Onde fica esse Mar? – quis saber Aquiles Gafanhoto do comandante da Base.
--- Japão. Você sabe onde fica o Japão? Pois fica próximo. – declarou o comandante.
--- Eu sei onde fica o Japão de um povo dos olhinhos apertados. – sorriu Aquiles fazendo com os dedos a forma dos olhos dos japoneses.
E o Comandante da Base Aérea sorriu manso com a explicação que obteve do rapaz esticando os olhos dos japoneses.
Passaram-se alguns instantes e o Coronel Aviador da Base Aérea de Panelas fico a recordar de um amigo seu. Esse amigo, de nome Hollanda, se suicidou ou foi morto envolto em mistério. Ele foi o Comandante de uma Força Tarefa a investigar a Ilha de Colares, no Pará, aonde casos estranhos em 1977 vinham ocorrendo entre a população local. Mulheres morreram após ataques por Ufos a projetar raios de luz. Tais raios atravessavam telhados e atingiam pessoas. Homens sofreram ferimentos por queimaduras na pele. Sangue era sugado pelos raios de luz amarela, vermelha e verde. Houve pânico entre os moradores de Colares pelo tempo de quatro meses enquanto os Ufos sobrevoavam a Ilha. Relatórios foram retidos pelas autoridades. Médicos foram vítimas das luzes de Ufos. Queimaduras estranhas ocorreram entre a população pesqueira da Ilha. Muitos locais residentes abandonaram a cidade. E os objetos continuavam a aparecer no Céu e para as estrelas sumiam. Quem ficou apesentava marcas de queimaduras. Havia marcas no ombro, no peito, na coxa e mesmo nas pernas em tipo de queimaduras pequenas. E o Coronel da Base de Panelas se lembrava das tais queimaduras. Elas eram formadas quando a luz entrava em contato com a pele. E os médicos sabiam que as queimaduras eram feitas há poucos minutos. Contudo dava a impressão que era queimadura de mais de dez dias, por sua coloração escura. O Capitão Hollanda foi quem pesquisou todo esse tal surto de histeria. A Força Aérea fez atividade completa ouvindo mais de três mil pessoas. O próprio capitão Hollanda foi inoculado no braço por um instrumento parecendo agulha. O Comandante ficou a pensar de tudo o que acontecera na Ilha de Colares.
--- Incrível mesmo! – declarou o homem sem saber se Gafanhoto ouvira.

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