sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CREPÚSCULO - 45 -

- Arlen Cristina -
- 45 -
ANUNNAKI
Em um dia qualquer de janeiro o taifeiro Anunnaki procurou encontrar o caçador de tatu, subtenente Aquiles Gafanhoto para entregar as suas obrigações. Disse Anunnaki não ter aptidão para ser mais um dos homens das estrelas. E por sérios motivos. Ele confessou a Gafanhoto não ter a condição de não mostrar as entradas das cavernas ou túmulos. Isso porque os tenentes queriam porque queriam entrar num dos túmulos e Anunnaki não permitia. Por tal motivo, Anunnaki entregava sua tarefa a Gafanhoto e todo o seu saber de entrar e de sair de um ou outro dos túmulos.
--- Eu não quero mais! Eu não suporto a zoada que me fazem os tenentes ou coisa assim a exigir entrar em uma catacumba! Não quero e tome meus conheceres! – reclamou com toda fé o taifeiro.
--- Tudo bem. Mas escute: Apenas você conhece os segredos das tumbas. Caso revele algum deles você assume as consequências! – falou com altivez o caçador de tatu.
O homem Anunnaki então ficou a pensar. E Anunnaki pensou demais. Se não pudesse mais vir a ser um Guardião das Tumbas, também não mais poderia falar tudo ou qualquer coisa do que lhe fora ensinado por o subtenente Gafanhoto. E Anunnaki ficou a olhar o firmamento para tomar uma severa posição. As aves passavam em bando formando como se fosse uma seta em busca de um alvo certo para incidir no peito exato o paradigma real. Lagos e rios estavam postados à espera de suas níveas e sedutoras colossais acolhedoras e inquietas arribaçãs. A nuvem cálida e branca adornava o firmamento cheio de mistérios. Matas virgens subiam de cantos remotos para os céus azuis enlevadas por eternos momentos. Tudo era então como o cantar do cisne branco em noite de lua cheia. E Anunnaki, sem modo algum, então despertou do seu sono clássico.
--- As tumbas! – queria dizer Anunnaki. – As tumbas! – e repetiu então em uma voz suave e melancólica.
--- Pense bem, homem das estrelas. Quando eu transferi para o senhor tudo o que eu tinha das minhas decisões era porque confiava nas suas determinações de vidas amargas. – relatou Gafanhoto com ênfase.
--- O Guardião das Tumbas. ..... Está bem. Eu fico! Mas o senhor virá comigo para dizer aos tenentes o que eles têm a fazer! – relatou Anunnaki de uma forma conciliatória.
--- Muito bem. Eu estarei indo! – sorriu Gafanhoto para Anunnaki.
Na hora em que Gafanhoto partia para a cidade de Panelas, em um jeep da Força Aérea, eis que o motorista cruza nas imediações do Mercado, com uma pessoa. Ele, o motorista, nem deu atenção. Contudo, ao tentar rumar para a Serra do Monte Sagrado, uma voz soou mais forte do lado de fora do veículo. O motorista quase não parou o seu jeep, a não ser pela interferência de Gafanhoto. Esse pediu que se parasse o veiculo, pois uma moça estaria chamando alguém. E esse alguém era o próprio Aquiles. O motorista obedeceu a ordem dada por Gafanhoto e brecou o seu jeep. De imediato, Gafanhoto pôs a cabeça para o lado de fora do carro e viu, naquele momento, a figura de Marina, filha de Orlando Martins de Barros, dono de extensa área de fazenda onde, inclusive estava montado o campo de aviação da Base Aérea. Ele quis descer, mas nesse tempo, Marina correu até onde estava o carro. Após os cumprimentos normais, Marina indagou de Gafanhoto o que ele sabia, por acaso, de uma civilização de muitos anos que habitou a Terra e se identificava como as pessoas de Shambhala. O homem matutou, matutou antes de responder de vez:
--- O que é que você está lendo? – indagou por certo Gafanhoto.
--- Um livro. Ele traduz um caso de Shambhala. E eu queria saber o que era Shambhala! – sorriu Marina ao perguntar a questão.
--- E por que você pensa que eu sei disso? – sorriu Gafanhoto já tendo descido do jeep e acompanhado por Anunnaki..
--- Porque o senhor sabe de muitas coisas. Com certeza sabe disso também! - sorriu a moça fazendo careta graciosa.
Gafanhoto pensou um pouco e ponderou então. Ele estava para explicar um assunto de um povo bem distante da atual civilização da Terra. E fez o que ele sentia de fazer.
--- Moça! Você é a Secretária de Educação? – perguntou Gafanhoto procurando ganhar tempo.
--- Sou. Marina Martins de Barros. – sorriu contente a moça.
--- Pronto. Eu vou dizer em poucas palavras o que eu sei. Certo? Certo! Muito bem. Isso foi há sessenta mil anos atrás. Faz tempo. Você veja que o homem está vivendo aqui a cerca de quinhentos mil anos. Para se levarem em conta as datas, sessenta mil é quase nada. Pois bem. Em sessenta mil anos veio uma civilização das estrelas e implantaram na região hoje chamada de Índia o reino do então chamado budismo, quer dizer, os Iluminados.  Veja bem. Quando você disser Buda, você tem em mente Iluminado. Pessoa que tem a Iluminação. É sabedor do que ensina e diz. Essa era a função do povo de Shambhala.  O reino do Shambhala começou no que hoje o Tibete. Essa é uma das doutrinas do Shambhala. Tem outras. Mas essa é uma delas.  Nesse local o Shambhala fundou a capital de um Império. E alí o Shambhala constituiu a chamada raça ariana. A palavra “ário” significa “nobre”. Hoje, existe até mesmo a religião do arianismo. Tal religião diz que, no mundo só existe o “Pai Eterno”, princípio de todos os seres. Portanto não há outro “pai”, para os arianos. Quando houve o chamado “diluvio”  na Terra, por volta de dez mil anos com o cataclisma que destruiu Atlântida, o Templo de Shambhala também foi afetado. Hoje em dia os arianos ainda existem com as suas celebrações para os budistas ou Iniciados. Na Índia existe A Cidade da Ponte ou cidade do Manu. A Ponte ligava o império que incluía a Ásia Oriental, Central, o Tibete, a Manchúria, o Sião, e as ilhas do Japão, Taiwan, Filipinas, Indonésia até a Austrália. Entendeu? – quis saber Gafanhoto muito sério.
A moça sorriu de espanto e deu um silvo de alívio para então declarar.
--- Nossa! Vou ter que esperar para o senhor me explicar tudo bem direitinho. – sorriu a moça a estremecer de medo.
E Gafanhoto respondeu:
--- Não há por que. A senhora marca o dia que estou a sua disposição. – sorriu Gafanhoto para Marina.
Então os dois se despediram e Gafanhoto embarcou no jeep seguindo caminho até a Serra do Monte Sagrado onde o homem tomaria as devidas providencias para o homem Anunnaki continuar com a sua obrigação.
De forma literal o Manu instalou-se de forma inicial em um alto de um promontório no noroeste da baía. Os moradores residiam em acampamentos improvisados e provisórios.  As edificações constavam de uma imensidão de ouro e mármore branco. Os desenhos decorativos são formados por calcedônia branca polida e ônix negro. Também se usa o jade verde e pórfiro roxo. Outro ditame era o Festival do Fogo Sagrado celebrado no Solstício de Verão. Homens, mulheres e crianças marcham em procissão, bem cedo da manhã pelas ruas que ficam em frente a Ponte. Os edifícios se enchem de bandeiras; flores ao longo das ruas; há queima de incenso. E povo veste sedas coloridas, ostenta pesadas jóias e coroas e grinalda de flores. A tradição mostra também a dança e toques instrumentais.
No decorrer do dia, Marina passou a consultar o seu computador verificando tudo o que pudesse saber sobre a festa do Shambhala. E tinha momentos em que Marina gostaria de estar perto dessa festividade e se deleitar de verdadeiros momentos de sonhos e quimeras. Na hora do jantar ela estava envolta no computador. Apesar de a mucama lhe chamar constantemente, ela só respondia:
--- Pera aí! Ora de merda! Eu não quero jantar e pronto. – dizia abusada a moça.  
Quando o seu pai chegou a fazenda, ela estava abancada no seu computador. O homem quis saber o que Marina estava a fazer e ela respondia:
--- Nada! Uma coisa! – respondia com bastante ira a mocinha.
E por isso, Marina virou a madrugada até quando a manhã estava a romper. Era a hora do crepúsculo da madrugada quando o leiteiro chegou à porta com os vasilhames cobertos. Era um barulho infernal com os vasilhames a bater um no outro. Em dado instante, um rapaz entrou de casa adentro com o leite fresco tirado da vaca. E Marina, alí adormeceu com certeza de cansaço da lida da noite toda. E nem sequer ouviu a mucama lhe oferecer o leite e o café com torradas. A moça caiu em um sono profundo e nem sequer teria coragem de ir a repartição do decorrer daquele dia. O seu pai já havia despertado às cinco horas da manha sorrindo com o jeito de sua filha Marina a dormir o sono profundo dos eternos sobre o colchão emplumado do sofá.
--- Deixa dormir. Ela está bastante exausta. – recomendou desse modo mucama.
E foi com jeito que ele aprumou nos braços a sua filha querida e seguiu para o quarto onde a pôs sobre o colchão da cama de solteiro, uma espécie de Cama Patente. A moça nem ressonou. Após tanto afago passado por seu pai, Marina continuou a dormir o sono dos justos. De um lado estava Amanda, a filha pequena de Orlando, a observar o seu pai.  A chupeta caída no lenço deixava a menina ainda sonolenta a procurar os braços do pai querido. E o homem saiu do quarto de Marina, deixar a mucama para faixar à porta. De qualquer modo, Orlando Martins percorreu até o alpendre da casa grande com a sua filha menor aos braços e olhar para o tempo. Não havia nem sinal de chuva para os próximos dias. O vaqueiro José Jacó veio lhe trazer um prato de coalhada para o homem saborear. Orlando agradeceu e sorveu com a sua filha Amanda o conteúdo do prato.
--- Parece ser um dia de estio o de hoje. – comentou José Jacó abanando com o chapéu de couro as moscas que azucrinavam as suas vestes.
O homem Orlando olhou e desviou a vista para uma parelha de aviões a voltar ao campo de pouso da Base Aérea.

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