quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CREPÚSCULO - 44 -

- CIGANA CARMEM
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O CHEFE
Na segunda feira, data de muito regozijo pela festa do Natal já se aproximando para a atual semana, Orlando Martins de Barros estava  seu escritório da Direção Geral da repartição colhendo informações no computador sobre o caso da Terra Ôca. Esse tema lhe deixara perturbado desde o dia que passou. E ele queria saber ao certo de onde provinha a questão. De parte, Augusta Muniz ficou ao lado e apenas fez uma pergunta ao seu chefe:
--- Mas o que tem a ver a Terra com isso? Ela não é ôca? – perguntou a moça.
--- Eu sei que ela é ôca. Mas, quero o porquê do assunto. – falou Orlando Martins sem tirar os olhos do computador.
A moça calou e o chefe prosseguiu a intensa pesquisa. E encontrou uma tese conflitante: Agarta. Esse seria um reino situado dentro da Terra. Ele estaria ligado a Terra Ôca e a cidade sagrada de Shambhala. Esse reino, no imaginário do budismo e do hinduísmo acha-se associada ao eixo primordial mitológico de um povo ou cultura, sendo uma das oito cidades sagradas. As cidades estão na cultura ocultista nos textos do hinduísmo, budismo e taoísmo. Taoísmo vem de Tao traduzido como “o caminho”. As Três Jóias do Tao se entende por: compaixão, moderação e humildade. O pensamento taoista centra-se na natureza. Em suma: na relação  entre a humanidade e o cosmo. Saúde e longevidade concentradas na não ação. A harmonia com o Universo, o tao, é o resultado de muitos preceitos e práticas taoístas. A veneração aos espíritos dos antepassados e imortais é comum na taoísmo popular. Isso era o que estava a estudar Orlando Martins nos artigos publicados no seu computador. Há certo tempo ele olhava para Augusta Muniz e dizia-lhe:
--- Entrego já! – e sorria se voltando por completo aos seus estudos.
--- Não há pressa. Eu estou relendo matéria sobre Terra Ôca. – disse-lhe a moça.
O homem foi pego de supetão:
--- Como? Terra Ôca? Quem te falou? – relatou o homem um tanto desesperado.
--- Eu vi no livro. – sorriu a moça folheando a já buscada matéria do computador.
O homem ficou matutando de como Augusta Muniz tinha olhado no livro. Talvez, certamente, quando a moça o comprara. O MUNDO DAS ESTRELAS tinha um amplo estudo sobre o que Orlando nem sabia existir. O telefone tocou. A moça Augusta Muniz atendeu. Era para Orlando Martins. O homem ficou apreensivo com aquele chamado. Mesmo assim foi atender. Era do Hospital. Alguém lhe telefonara àquela hora de plena manhã de segunda feira do mês de dezembro, quase véspera de Festas. Ele se fez de duro e, por fim, atendeu. A voz do outro lado da ligação fez dizer;
--- Aqui é Hospital “São Marcos”. Desculpe a intromissão. Mas é para avisar que o Diretor desse Ministério acaba de vir a óbito. – declarou a voz em termos pacientes.
Orlando Martins suou frio. E quase a desmaiar, ele se sentou na sua poltrona. Do outro lado da ligação, alguém insistiu em falar.
--- Alô! Alô! O senhor está ouvindo? – perguntou a voz com muita calma.
Do outro lado da linha Orlando passava a mão na testa quase sem poder falar. Foi à moça Augusta Muniz, tomando-lhe o aparelho de sua mão quem falou:
--- Alô. Quem fala? – perguntou Augusta um tanto paciente.
--- É do Hospital “São Marcos”. – disse a voz com uma melodia casual.
--- Eu sei. Eu sei. Mas o que houve? – indagou Augusta Muniz com muita calma a olhar o seu chefe.
E a telefonista voltou a relatar o acontecido. Augusta agradeceu e desligou o telefone. E se voltou para Orlando. Esse estava plenamente estático. Após um longo período, com Orlando a descuidar do que estava a buscar no computador, suando aos poros, enfim declarou:
--- Essa não estava na lista! – declarou por sua vez Orlando Martins de Barros.
--- Tenha calma. Tome um chá. Acalme-se. – disse com muita calma a sua secretária.
--- Está bem. Está bem. Avise as outras secretárias. E me chame Djalma. Não. Não precisa. Eu fico aqui. Mas isso é demais. Você fique comigo. – alou com voz pequena o doutor Orlando Martins.
Nesse momento o telefone tocou novamente. E Orlando nem quis saber. Toda a ligação ficou aos cuidados de sua secretária particular. Em certa vez, entrou na sala o rapaz Djalma. Ele teria que falar, mas a moça alertou não dizer coisa alguma. As demais secretárias ficaram sabendo do estranho fato. Na cadeira, Orlando pairou certo instante. Lembranças. A Maçonaria. Os chamados para apenas conversar os dois.
--- Olá. Como vai? Tudo bem? Eu chamei apenas para conversar. Tome café! – era  que dizia o seu chefe.
Eram horas e mais horas a conversar os dois sobre assuntos banais. Coisas simples. Negócios e bois e vacas. Técnicas de cultivo. Alimentos, fibras, energia, matéria-prima, medicamentos para o gado e as aves. As propriedades de terras, a pecuária, a ciência da agronomia, carros de bois. Tanto assunto como se os dois homens fossem apenas estudantes. Após um largo tempo. Entrada e saída de funcionários apressados então ele chamou a sua secretaria e declarou.
--- Eu vou sair. Talvez eu tenha que ir ao Hospital. Você fica. – falou sombrio o Diretor Geral do Ministério da Agricultura.
--- Está bem. Eu cuido de tudo! – respondeu Augusta Muniz ao seu chefe com voz baixa.
Orlando Martins saiu da repartição, tomou o seu carro e seguiu em frente para um lugar remoto onde ele podia ver apenas o mar tranquilo e suave a rebentar nas pedras os arrecifes e colher amargas lembranças de um desatino cruel. Lembranças tristes de alguém a cantar um sonho como uma triste balada como a cantar por toda a vida. O chefe gostava de acolher certos estilos de canções e Orlando, a recordar sereno, ouvia no marulhar quieto as velhas frases de amor. 
Enfim passou o calendário de festas e ano novo. Mais tranquilo Orlando Martins tinha seu expediente tomado a todo custo. Ele já havia sido confirmado como Diretor Geral da repartição. Nada mais restava a fazer. Apenas ele teria maior trabalho dado a sua função. Janeiro era o mês de começo de ano. Os enfeites do natal ainda estavam em seu gabinete. Augusta Muniz trouxe-lhe correspondências. Algumas ainda de condolências pelo acaso a morte do chefe. Esses ele apagou de vez. Apenas ficaram as equivalências do momento. Outras também apagadas foram as de ofertas e brindes. Djalma entrou no Gabinete para não tratar de coisa alguma. Apenas ele sentou em uma poltrona almofadada a trocar careta como sempre fizera. De momento, Augusta tirou do computador certa matéria.  E trouxe para o chefe.
--- Veja essa matéria. – disse a moça a entregarão seu chefe.
Orlando Martins olhou com atenção. Trazia o nome de Huang Di, o Imperador Amarelo. Era um dos cinco Imperadores, reis lendários sábios o moralmente perfeitos. Antes houve os famosos Três Augustos,  superiores líderes mitológicos da China no período de 2850 a 2205 a.C. precedente a Dinastia Xia. Os Três Augustos são considerados reis-deuses ou semideuses que usaram seus poderes mágicos para melhorar a vida das pessoas. O Imperador Amarelo desde criança era muito perspicaz. Do seu  império consta a obra  conhecida como “O Clássico  do Imperador Amarelo”.
--- Existe muita interpretação sobre a obra desse Imperador. – considerou o doutor Orlando Martins.
--- Eu extraí de um posto pela internet. – confirmou a secretária do homem.
--- Eu estou interessado por uma cidade mítica. É a Shambhala. É um reino mítico do budismo tibetano. Na Teosofia, essa terra mítica foi identificada como a capital de um império passado onde se forjou a raça ariana. Mas, ao que parece, dez mil anos a.C.  ela foi destruída pelo mesmo cataclismo que destruiu a Atlântida. Porem, ainda servia de local secreto de reunião para os Iniciados. Mas há uma discrepância. Estudiosos relatam ser de sessenta mil anos a construção da cidade. Desde essa época era surgida a raça ariana.  Isso é muito tempo. Veja bem. Essa capital envolvia toda a Ásia Centra e Oriental, envolvendo o Tibete, a Manchúria e mesmo o Sião. E dominada as Ilhas do Japão, de Taiwan, Filipinas, Indonésia e mesmo a Austrália. Você me entende? – indagou o doutor Martins de Barros solenemente.
--- Coisa nenhuma! – sorriu a moça Augusta Muniz para o atento chefe da sua repartição.
--- É danado. Mas vai entender! – falou o novo chefe da sua autarquia.
Augusta Muniz e pediu que ele deixasse na sua simples ignorância porque dali não se extraia água. E voltou a sorrir a vontade.
Foi desse tempo, coisa de 9 mil e 700 anos a.C. que a população começou a migrar para a Índia. E tal cidade de Shambhala continuou a ser a morada dos Guardiões da Terra. Esse é um oásis secreto no deserto de Gobi. Alí se reúnem a cada sete anos os Iniciados. Veja se entendeu agora? – perguntou o doutor Martins de Barros.
--- Eu continuei da mesma forma. Iniciado em que? – indagou a moça Augusta Muniz.
--- Heim? Iniciados em raça ariana. Ah meu Deus. Dai-me paciência! – vez ver o homem clamando para o céu.
Dessa vez não teve jeito. Até Djalma soltou uma bela gargalhada.

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