quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ACASO - 09 -

- Ava Garsner -
-09 -
ASTROS
Alguns segundos após o garoto já então contente e comentou certos aspectos da moça Isabel aparecer e desaparecer de um momento para outro. E como podia se vislumbrar a presença de um alguém que já morreu. Isabel voltou a declarar que ninguém morre na vida. Apenas passa de um lado para o outro.
--- É como se você estivesse em um quarto e eu no outro. Apenas nos separa a parede. – sorriu a moça ao dizer tal fato
--- Mas não pode. E quando eu quero sonhar com alguém que já morreu há muitos anos? Aí não tem parede que encubra. – falou Joel Calassa apenas pensativo.
A ninfa sorriu e por momentos calou. Apenas depois voltou a falar.
--- Você sabe onde está morando? – indagou a ninfa a Joel.
--- Claro que sei. Na minha casa. – declarou Joel Calassa a Isabel com forte eloquência.
--- Certo. Na sua casa. E onde fica a sua casa? - - indagou a moça ao menino rapaz.
--- É no bairro próximo ao Grupo onde estudo. – se referiu o garoto constrangido por não entrar em detalhes.
E Isabel sorriu para depois indagar.
--- Onde é esse bairro? – perguntou Isabel sorrindo sempre.
--- No bairro onde você se matou. – relatou o garoto a moça de qualquer forma.
--- Está bem. Apesar de não declarar como de fato é, até porque eu sei muito bem, vou ti contar um segredo. – falou Isabel de imediato.
O garoto ficou perplexo diante da narrativa de Isabel e pôs-se a ouvir.
A garota sorriu e olhou distante. Ao terminar esse minucioso estudo, falou como se nada houvesse impedido até aquela altura.
--- Olhe bem. Pense. Apenas pense. – falou Isabel ao garoto.
O quase rapaz entrou em desatino.
--- Pensar o que? – perguntou Joel Calassa a Isabel.
--- Pense. Não importa em que. Apenas pense. Veja bem. Você mora nessa Terra. Terra. Esse mundo. Veja bem o que estou a dizer. Você mora da Terra. Além dessa Terra tem outras Terras. Uns menores. Outros maiores. Pois bem. No caso de senão ver a pessoa, ela pode muito bem ter sumido para outra Terra. Ou seja: outra galáxia. O céu é um mundo. Tem-se nesse mundo trilhões de corpos. Os mais próximos são Andrômeda, Markeria e Abell. Nessas Galáxias tem trilhões de corpos. Muito bem. E se você pensar em um alguém que esteve na sua Terra, ele pode estar vivendo muito bem em outra galáxia bem mais distante daqui. Então não vai se sintonizar com você nunca mais. Pense no que eu disse a você do rádio. Eu sou um rádio e você é outro rádio. Se alguém sintonizar o dial em faixas diferentes, nunca vai ouvir a mim ou a você. Tem casas aqui na Terra que costumam chamar os espíritos. E estes vêm. Mas se é um espírito mais elevado ele nunca virá. Entendeu agora? – perguntou Isabel a sorrir.
O garoto fez uma confusão com a sua cabeça e respondeu:
--- Não! Não entendo nada! – respondeu Joel Calassa já suando pelas bicas.
Isabel sorriu e voltou a falar:
--- Veja bem. Apenas pense. Não faça outra coisa. Veja o lago. O que está vendo em tudo o que você vê daqui? – indagou Isabel ao garoto.
O garoto mirou com bastante atenção e após longos segundos veio à resposta.
--- O lago, ora! – respondeu Joel Calassa se querendo sentir superior a Isabel.
A garota suspirou e voltou a indagar novamente.
--- Não é isso. Apenas pense! Veja quantas pessoas estão no lago. E bem logo à direita você vê dois pescadores apenas com suas varas e iscas. Veja bem. Do lado de cá. Pense! – relatou a ninfa ao garoto Joel Calassa.
O rapazinho ficou a mirar por uns instantes com a mão na testa e logo veio a resposta.
--- Pimba! Estou vendo. Dois homens a pescar bem no cantinho do lago! Acertei? – perguntou Joel Calassa cheio de plena emoção.
E se virou ao contrario e viu mais dos rapazes com seus petrechos de pesca a caminhar em direção a ele. Tais rapazes conversavam assuntos que alguém não ouvia. E então Joel perguntou a Isabel se podia falar com eles.
--- Não. Deixe-os passar. Eles vão para as suas casas. E mesmo não há sintonia entre você e eles para que possam ouvir o que eles conversam. – respondeu a moça tirando o entusiasmo do garoto.
--- Droga! Quando eu pensava que podia conversar com eles. ....- torceu a boca o garoto.
--- É assim mesmo. Não raro você não vê um espírito pela falta de sintonia entre os dois. Ou pela ausência daquele espirito na Terra. Ou por ele já ter encarnado novamente. Se for pela encarnação, o muito que você tiver que fazer, é sonhar com uma determinada pessoa e nada mais. Ela não lhe fala coisa alguma, pois há um silencio total na sua sintonia. Não há vibração entre esses dois polos.  Entende? – perguntou Isabel ao seu par.
O  garoto ficou a pensar e depois de alguns momento veio então a resposta.
--- Não. Como eu sei que o meu bisavô já encarnou novamente? – perguntou Joel a Isabel com uma cara tristinha.
A mocinha tentou responder, mas algo lhe chamou de repente e ela teve que sair. No entanto teve tempo em dizer.
--- Eu tenho que me ausentar agora. Alguém está a me chamar. Mas eu volto. – disse Isabel e desapareceu por completo.
Joel Calassa ficou aturdido com a resposta de Isabel e nada pode fazer, com certeza. Apenas chamou a moça mais uma vez e não teve retorno positivo de momento. Nesse tempo vinha se aproximando do garoto a colega Elizabete quase que desesperada por que ele tinha se ausentado da turma há tanto tempo. E Elizabete gritou bem alto:
--- Onde você estava? Eu procurei pelos arredores e não o encontrei! – gritou a mocinha com voz de alarmada.
E o garoto parou e olhar para o local em que deixou Isabel e se voltou para Elizabete. E declarou:
--- Estou aqui. Que foi que houve? – perguntou Joel com a voz mansa.
--- Vamos prá lá! Tem sequilhos! Os palhaços chegaram! – gritou a mocinha querendo puxar Joel pelo braço.
O garoto andou um pouco e depois disse a Elizabete.
--- Eu tenho sapoti. Tirei do pé. – resolveu dizer a Elizabete sem ser verdade.
--- Sapoti? Eu gosto! – disse a garota com sorriso na face.
E o menino se tranquilizou e resolveu a parada com um sapoti.
--- Pegue aqui. Eu tenho mais. Palhaços? Oba! Vamos! – e correu com Elizabete para ver o espetáculo de palhaços.
Os palhaços estavam no inicio da sua apresentação. E os garotos a sorrir gostosamente com as gagues que eles interpretavam. Uns vestidos de mulher; outros vestidos de saltimbancos; e mais um vestido mesmo de palhaço. Um passo aqui, outro acolá. As piadas engraçadas que os mestres do riso sabiam inventar. Uma hora um deles estava de costa comer um pão; outro se virava e caia como uma pedra e se levantava em seguida. Era uma festa a participação dos meses do riso em plena manha de sol encoberta pelas sobras do manguezal estendido por vasta e eterna região. Era quase meio dia e a hora do almoço da gurizada. Todos em fila para receber a marmita do almoço enquanto alguém discursava como se fosse a festa feita pelo próprio cidadão. Depois de tudo, mas apresentação de dramas pelos estudantes da própria Escola. Foi um dia divertido esse de total algazarra. A lagoa estava calma e ninguém mais para perturbar o sono tranquilo das garças. E era hora de fazer o caminho da volta. No assento do ônibus estavam Joel Calassa e Elizabete. Em outro assento, estava Isabel, sem ninguém notar a sua presença. O carro seguia seu rumo até chegar a Escola quando todos os alunos desceram e foram dispersos para voltar na segunda feira. O garoto Joel Calassa também não viu a figura de Isabel.

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