sábado, 14 de janeiro de 2012

ACASO - 11 -

- Cameron Diaz -
- 11 -
DESACERTO
No sábado, Joel Calassa e Elizabete rumaram para a Igreja onde teriam aula de catecismo pela professora de religião, dona Mumbé, irmã do pároco. No caminhar Joel falou a sua amiga Elizabete ter tido uma conversa na noite passada coma sua colega Isabel. A mocinha falou sobre uma porção de acontecimentos dos quais o mesmo não entendia ao certo. Até mesmo de uma galáxia Cepheus. O mesmo nunca ouvira falar nem de longe. Na segunda feira ele teria que perguntar a sua professora sobre a existência dessa galáxia.
--- Você disse que falou com Isabel? – a garota perguntou espantada para Joel Calassa.
--- Sim. Ela esteve comigo! – falou o garoto de forma bem simples.
--- Mentira sua. Isabel está morta e bem enterrada! – falou abusada a garota.
---Está só o corpo. Ela vive. Ela vem falar através do espirito. É sim. Ela me disse! – falou zangado o garoto Joel.
--- Não falo mais com você! – disse a garota correndo em direção a Igreja.
E o garoto correu atrás de Elizabete gritando.
--- Espere por mim! Você precisa saber! Ontem ela estava na lagoa. Eu falei com ela! E tinha muita gente por lá! – falou alterado o garoto Joel Calassa.
A garota correndo da frente disse apenas:
--- Estou de mal com você! Corte aqui, ó! – falou emburrada a garota Elizabete e mostrado os dedos indicadores da mão para o garoto cortar um do outro.
--- Espere por mim sinhá burra! – chamou o garoto já um tanto zangado.
A garota Elizabete parou um instante e se voltou para o amigo e disse:
--- Burra é a sua mãe, seu anarquista Macarrão. – falou com brutalidade a moça.
O garoto parrou de correr e voltou a dizer para a sua amiga.
--- Não me chame desse negócio. Não me chame! – e disse isso de uma forma prolongada.
A garota disse a ele:
--- É macarrão sim. Seu verme! – e largou a correr na frente.
--- Macarrão é a sua mãe! – gritou sem mais nem menos Joel Calassa.
A mocinha sorriu sem querer por ter Joel Calassa dito que macarrão era a sua mãe e mesmo assim se voltou  e correu em direção da Igreja onde procurou um banco distante dos outros bancos. Ela não queria mais sentar junto de Joel, pois eles estavam de mal. O garoto entrou na Igreja e foi sentar no seu lugar de costume afastado da amiga Elizabete.  Certa hora ele olhou para trás vendo se de fato os dois estavam inimigos um do outro. Pela impressão que deu os dois amigos eram então inimigos. Os demais garotos tinham se sentado nos bancos próximos aonde a professora de catequese daria a aula do sábado. O Padre estava ainda ouvindo as queixas das crianças travessas e mandando logo após rezar um Pai Nosso e três Ave Maria. E no final se benzer com um final de prece: Glória. Elizabete olhou depressa para os colegas de catecismo e ficou a pensar:
--- Eu não vou me confessar. O padre briga comigo! – ficou ela a recitar isso em voz baixa.
De momento para outro viu o seu “inimigo” Joel Calassa se levantar do banco onde estava sentado e entrar da fila dos meninos para se confessar. Ela olhou e nada falou sobre essa ação de Joel. Mesmo assim Elizabete pensou se Joel teria a coragem de dizer ao padre que vira na noite passada o espírito de Isabel. De qualquer forma Elizabete então declarou em voz baixa:
--- Eu! Que me importa! – falou com um ar antipático a mocinha.
Elizabete ficou a esperar a vez do garoto se confessar só para ver o que o sacerdote teria a reclamar. De certa vez o padre já teria posto para fora um garoto que, ao perguntar pelos seus pecados, o menino então falou. E o sacerdote gritou alto:
--- MENINO! – um grito alto e prolongado o sacerdote.
Os demais menores se assustaram ao ver o sacerdote por para fora da Igreja aquele garoto travesso. E ninguém quis saber depois o que contara o garoto travesso, pois isso era segredo de confissão.
Ao passar do tempo chegou a vez de Joel. Ele se confessou e, com certeza, nada contou ao padre de ter visto o espirito da mocinha Isabel, pois logo fora despachado para rezar sua penitencia. Logo após o garoto ter saindo do confessionário, Elizabete resolveu também ir se confessar entrando na fila das meninas moças. As conversas giravam em torno de espirros, desobediência aos pais, conversas indecorosas, como de ver um sapo se procriando com a fêmea  entre outras coisas simples de meter medo nas meninas. E então, depois de algum tempo, foi a vez de Elizabete. E a meninota temeu em dizer ter brigado com seu amigo Joel por causa de um espirito. Para não deixar de dizer que eles estavam de mal, Elizabete disse apenas que Joel lhe chamou de burra. Isso foi o suficiente para os dois cortarem amizade. O padre relatou ser esse um motivo simples. Que ela fosse rezar e depois pedir perdão ao amigo por estar rompida a amizade. E assim a menina fez obedecendo à ordem do sacerdote. Ao final da penitencia agarota chegou ao seu amigo e lhe pediu perdão.
--- Perdão por ter ficado de mal com você. Vamos ser amigos de novo? – indagou com voz de arrependimento a infante.
--- Por mim, tudo bem! O que você disse ao padre? – perguntou o garoto Joel.
--- Segredo de confissão. Aceita meu pedido? – perguntou Elizabete.
--- Aceito. Vamos ser amigos de novo. – respondeu o garoto Joel  sem sorrir.
A hora da aula de catequese começou pela professora catequista dona Mumbé. Ela chegou calada como sempre e olhou por cima dos óculos aro de tartaruga para os alunos sentados alí presentes procurando verificar se alguém mais faltava. Em seguida, abrindo então o livro do catecismo, folheou uma parte e, por fim, declarou a todos os participantes.
--- Hoje vamos falar sobre o Espírito Santo. – e olhou de novo para os pequenos.
Ninguém falou coisa alguma. E a moça velha de seus mais de sessenta anos, começou deveras a preleção a respeito o Santo Espirito:
--- Preste atenção: O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Quer dizer: havendo um só Deus, existem nele três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espirito Santo. Esta verdade foi revelada por Jesus em seu Evangelho. O Espirito Santo coopera com o Pai e o Filho. Deus é Amor. E o Amor é o primeiro Dom. Deus derramou em nossos corações pelo Espirito Santo. – disse a mulher às crianças no decorrer da aula catequista.
E falou bem mais sobre Vida e Fé; o Paráclito que era o consolador; o Espírito da Verdade e mesmo os símbolos apresentados pelo Espírito Santo.
--- A Pomba é quando o Espirito Santo aparece sobre Jesus na hora do seu batismo. – e teve de mostrar uma figura apresentado a Pomba e Jesus sendo ungido.
E a professora continuou com a sua preleção de que ninguém pode dizer Jesus é o Senhor a não ser pela ação  do Espirito Santo. Foi uma aula por vezes prolongada apesar de ter sido dada no mesmo tempo das outras aulas. As crianças ouviram com a atenção tudo o que era explanado pela mestra Mumbé como tudo o que era dito passava-se por verdadeiro. A Igreja Católica dava a esse catecismo a mesma forma que se dava nas demais igrejas judaica islamita ou mesmo nas igrejas evangélicas. Era um rito universal antes das crianças estarem preparadas para a sagrada comunhão dos cristãos. Nesse momento, o garoto Joel Calassa perguntou a mestra Mumbé:
--- Professora! A pessoa quando morre vai para o Céu? – indagou o ingênuo jovem.
--- Claro que sim. A não ser que ele esteja em pecado mortal. -  explicou a senhora Mumbé.
--- Todas as pessoas? – indagou novamente Joel Calassa.
--- Todas! Por que a pergunta? – resolveu indagar a professora catequisa ao mocinho.
--- Por nada. Eu só queria saber. – disse o mocinho em resposta.
Ao final da aula de catecismo quando todos já saíam da Igreja, Elizabete indagou o porquê daquela pergunta tão obtusa feita a mestra catequista. E o garoto respondeu ao pé da letra.
--- Eu fico a pensar que aquela professora não sabe de nada. – relatou o moço a sua amiga Elizabete.
--- Que é isso? Nós todos vamos para o céu! – explicou a garota ao seu amigo.
--- É. Mas: e Isabel? – perguntou intempestivo o garoto.

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