sábado, 1 de setembro de 2012

ISABEL - 42 -

- Louise Cardoso -
- 42 -
CUIDADOS
Eram cinco horas da manhã daquele dia. O silêncio era total nos corredores do Hospital. Nenhum ruído a se notar. No quarto onde estava Toré, a enfermeira chegou apressada com os seus medicamentos para trocar e verificar o restante. A auxiliar dormira um pouco. Porém estava acordada na cabeceira da cama tendo o cuidado de verificar a pressão do paciente a cada duas horas. Sempre quando a enfermeira chegasse pela madrugada, a auxiliar já estava pronta com o seu serviço. Ela era uma moça aparentemente tímida e quase não falava com ninguém de fora do quarto. A mulher Otilia dormia sossegada em um estofado posto ao lado da cama do enfermo. Distante estava o investigador Silva de olhos abertos parecendo não ter dormido um só instante. A enfermeira trocou os medicamentos da sonda e verificou a bomba antes de olhar para a estagiária dando ordens normais e corriqueiras advertindo-a com o dedo. E antes de sair verificou a pressão do paciente. Esse acordou de seu sono. O investigador estava sentado em sua poltrona a olhar o fazer da enfermeira. A senhora Otilia acordou de repente e se voltou para o leito a verificar o estado de Toré. Ele já estava desperto. O tubo de medicamento no braço esquerdo impossibilitava de qualquer movimento. O ombro direito estava todo enfaixado, preso com o monte de gaze a correr até o ventre ou mais acima um pouco. A auxiliar ao lado conservava-se de pé a olhar o enfermo. Otilia indagou do marido:
Otilia:
--- Está bem? – indagou a mulher com lágrimas nos olhos.
Toré, meio confuso, olhou em volta. Tudo era limpo. Nem uma poeira. Para qualquer canto que ele olhasse apenas sentia a presença de limpeza. O procurou alguém e encontrou o investigador Silva. E se voltou para a sua espessa a averiguar:
Toré:
--- Que estou fazendo aqui? Isso é verdade ou é sonho? – perguntou temeroso o rapaz.
Otilia:
--- Tenha cuidado, meu amor. Você sofreu um ferimento e está agora em repouso. – relatou a mulher com suavidade.
Toré:
--- Que ferimento? O meu braço. Está preso. E essa moça? – olhando em volta viu a auxiliar.
Otilia:
--- Você está no hospital. E vai ficar curado. Dois ou três dias. – fez ver a mulher.
Toré:
--- Curado? De que? – indagou o rapaz com o rosto amargo.
Otilia:
--- Do ferimento. – relatou a sua esposa a apontar  para o seu ombro.
Toré:
--- Ferimento? E eu vou ficar aqui por causa disso? - (gemeu Toré ao sentir o ferimento do ombro) e falou a seguir: - E aquele alí? É Silva? E estou preso? – notou o rapaz.
Silva se levantou de sua poltrona e veio até o rapaz. Logo informou:
Silva:
--- Não amigo. Eu sou apenas visita. – sorriu o homem.
Toré:
--- Ah bom! Então posso me levantar? – perguntou o rapaz a sua mulher.
Otilia:
--- Não! Agora não! Espere pelo médico. – disso a mulher.
E por vez Toré olhou para ver suas vestes e observou está despido. Nesse momento teve um susto. E falou.
Toré:
--- Minha roupa? Onde está minha roupa? Eu estou despido! – disse alarmado o rapaz.
Otilia:
--- Tenha calma! Eu mandei para o lavador. Vem já! – respondeu a mulher.
Toré:
--- E como vou fazer as minhas necessidades? – indagou inquieto o rapaz.
Auxiliar:
--- Tem uma aparadeira. Pode fazer o que quiser se sentir vontade. – falou a auxiliar e voltou ao seu lugar de costume.
Toré:
--- E você o que faz aqui? – perguntou o rapaz se dirigido a auxiliar.
Auxiliar:
--- Eu estou pronta para servir o senhor. – respondeu a auxiliar.
E se voltando para Silva:
Toré:
--- Está vendo? Tenho tudo, mas não tenho a minha liberdade! Que sorte! – resmungou o rapaz
O investigador sorriu e se voltou para a sua poltrona batendo com os dedos de uma mão na outra. E de vez, respondeu:
Silva:
--- Essa é a vida de quem pode! – sorriu o policial.
E a vida seguia tranquila a todo instante no decorrer da manhã. Às nove horas o rapaz esteve com o seu sócio, Paulo Nogueira. Esse já esteve no Hospital na tarde do dia anterior. O rapaz estava a dormir naquele instante. Paulo nogueira apenas dissera a mulher de Toré ter a tentativa de morte ser bem repercutida da cidade. E ele nada podia contar por que houve aquele incidente. Falava-se em tal Mão Branca. Mesmo assim, Paulo Nogueira ignorava tal aspecto. Na verdade, Toré tinha inimigos na cidade. E Paulo sabia da situação.
Paulo:
--- Até um Pastor! Ora veja só! – argumentava o sócio de Toré.
E na manha daquele dia, Paulo Nogueira não falou mais em Pastor. Apenas cumprimentou o rapaz desejando-lhe boa sorte e rápida recuperação. Ele – Toré – podia ficar tranquilo,  pois a oficina estava em progresso. Nada mais a temer.
Logo depois entravam no quarto a mãe e a irmã do rapaz doente. A velha chorava a todo instante com a sua filha adotiva a puxar-lhe a manga da blusa.
Luiza:
--- Cala mãe. Não está vendo Toré? – falou murmurando a irmã do rapaz.
Mas a mãe não se conteve, pois queria apenas abraçar seu filho. Mesmo assim foi impedida pela auxiliar, pois o rapaz merecia cuidados especiais.
Dulce:
--- Que cuidados especiais são esses?  Ele é o meu filho e eu tenho direito de abraça-lo! – respondeu a mulher com exorbitante raiva.
Luiza:
--- Mas a moça tem razão. Não vê o ferimento dele? – disse Luiza a apontar para o ombro enfaixado do rapaz.
A mulher se aquietou e foi movida por sua nora. E assim foi de sentar da cadeira ao lado de Toré. Bem ao lado do braço ferido do rapaz. Alguns instantes após entraram Isabel e seu marido, Gonzaga. A mulher cheia de alegria e com um saco de frutas na mão para dar a Toré. O homem Gonzaga de postou ao largo. Apenas cumprimentou o policial Silva. E dono da loja estava também ao lado e foi cumprimentado por Gonzaga. Ambos dialogaram sobre o acontecido
Gonzaga:
--- Os jornais deram a notícia. – disse a murmurar o homem.
Paulo:
--- Eu vi. O  caso do assassino também. – falou em murmúrio o outro homem.
Toré:
--- O que estão conversando que eu não ouvi? – indagou ao desespero o rapaz.
Gonzaga:
--- Nada! Apenas a sua melhora assim tão rápida! – respondeu o cavalheiro.

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