segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ISABEL - 44 -

- Deanna Durbin -
- 44 -
AFOGADA
Em casa de Isabel àquela hora da manhã com um vento forte a soprar e a bater nas janelas ao lado, Maria José, acostumada à ventania se assombrava com o clima de vento forte e frio da capital e o bater constante da louça arrumada no armário. Sempre a reclamar pelo frio a fazer a mulher não tirava olho do seu menino a brincar com ossos de gado por ele chamados seus carros de feira. A mulher se divertia com o chamado do garoto a fazer a zoada como se fossem aqueles os carros da feira simplesmente. Pelo seu relógio matuto ela olhava para o sol e dizia com pressa serem nove horas da manhã. A preparar as coisas do almoço Maria José corria de um lado para outro da cozinha sempre com o olhar para o quarto a verificar dona Salete se estava acordada ou não e saber das conversas da mulher com o seu marido já morto há muito tempo. Essa era a conversa de todo dia, quando dona Salete acordava. Mas a mulher estava a dormir sem nada a perturbar. Nem o vento afoito a soprar por cima da casa de Gonzaga recentemente remodelada. Enquanto lavava as frutas uma pessoa bateu lá fora na porta aberta da casa. Maria José olhou depressa e um mendigo pediu esmola. Com efeito, a mulher procurou algo para dar e levou uma banana e duas maçãs. Ao chegar à porta ela observou bem o mendigo todo esfarrapado, chapéu bem velho e as sandálias mal cabiam nos pés. Era na verdade um pobre de Jó. Algo de dar horror ou infortúnio. Ao ver tal criatura em estado deplorável, menos que um mendigo e mais que um miserável, a mulher quase chorou. Era um estado lastimável o do homem mais corcunda que ereto, mais raquítico do que forte mais dorido que afetuoso. Seu cheiro era arrepiante como de animais de todas as classes, pois há tempo não tomava banho, com certeza, a jovem mulher pensou. Ela se pôs a admirar aquele corcunda andejo e acabado pelos reveses da vida. Logo depois, em um breve instante Maria José conseguiu falar.
Maria:
--- Espere um pouco. Não saia daí. Um instante! – disse Maria ao contemplativo senhor do nada.
Dai então Maria José se meteu casa adentro a procura de um pouco de feijão, farinha, arroz, carne e o que tivesse mais para oferecer. Nesse ponto de angustia e mágoa a mulher chorou com seu ressentimento de poder ver alguém com tamanha ânsia de se alimentar naquela hora com a nenhum outro jamais acudiu de verdade. E Maria José preparava a comida ao mesmo tempo a chorar de agonia e desgosto. Nesse momento de tristeza a moça mulher apenas pensava no triste desengano do homem já alquebrado pela viagem inexorável da vida e do tempo. De rápido momento Maria José trouxe a comida em um prato de ágata como arte  inquebrável com margens de respingos azuis tendo rodas azuis em seu relevo e profundidade, com acabamento de respingos azuis no seu interior. Dava gosto de se ver tal prataria. O mendigo, com suas mãos trêmulas, aceitou a comida e devorou com pressa de alguém assim sem ter almoçado ou jantado de há muito. Maria José apenas olhava o homem a comer. Escorada na umbreira da porta de saída, a mulher com a sua mão à boca chegava a chorar de ver tanta emoção do homem a tragar tal sustento. Um bando de pássaros passou em revoada por frente da casa onde estava a mulher e uns pescadores voltavam com as suas enfileiras de peixe vindos do mar para as suas pobres casas. Nesse momento em que o home mastigava a alimentação chegou até a porta uma jovem de nome Racilva ( Arantes Borges) a indagar sobre um livro sobre artes cênicas (Teatro). Tal livro tinha sido doado à Isabel por alguém. Ela não sabia o nome desse cidadão. O importante era apenas o livro. Muito embora fosse uma moça bastante conhecida de Isabel, a jovem moça Maria José nada sabia a respeito do tal.  E foi opúsculo a resposta dada à Racilva.
Maria:
--- Não tenho ideia de onde ela colocou a obra. – foi o que deu a informar a moça.
Nesse momento a vascular a sala, Racilva se deu com o mendigo a comer ao bom bocado todo o alimento servido. Foi então a moça a falar com surpresa. Ela conhecia o esfarrapado. O homem não se lembrava de onde. Foi então que Racilva falou.
Racilva:
--- Seu  Valdivino?! Estás a almoçar! – falou a jovem moça ao falar com o velho mendigo.
O mendigo nada respondeu, pois estava a terminar o seu prato. Mesmo assim, o mendigo se voltou e olhou a figura à porta. Nessa hora, seu Valdivino quis perguntar aa quem responder, porém a boca cheia de faria, feijão e outros alimentos empataram do homem articular qualquer menção. Ele apenas balançou a cabeça. E Racilva olhou para Maria José e da jovem moça quis saber.
Racilva:
--- A senhora conhece Valdivino? – falou muito alegre e contente a jovem.
Maria José como acercada de violenta e tenaz surpresa teve a dizer ser a primeira vez ter ela conhecido o deprimido personagem. A moça então sorriu para Maria José. E relatou em seguida ser Valdivino um personagem muito antigo daquele paradeiro onde Racilva estava a residir.
Maria:
--- Confesso tê-lo visto por vez primeira. Mesmo assim, esse homem me lembra de talvez de outro personagem. Eu ainda era criança. Eu costumava a ver seu Valdivino a namorar uma moça chamada Maria Clementina. Eu era menina, mesmo assim ainda me lembro desses dois namorados. – falou Maria José a olhar fixo o homem a lamber o prato de ágata.
O homem então sorriu para Maria José alertando está a comida muito boa. E então derivando o assunto o velho Valdivino articulou apenas ser ele o homem do sertão de Aroeiras. Entre risos e lembranças o velho relatou ter ele já se esquecido do tempo de namorado. E de Maria Clementina não sabia muito bem onde a mulher morava ou se, por acaso, morrera. Ele baixou a cabeça e uma lágrima lhe caiu da face.
Maria:
--- Mas o senhor é mesmo Valdivino? – indagou com surpresa a moça de boas prendas.
Valdivino:
--- Sim. Sou mesmo. Eu morava no Saco das Imburanas. Catava frutas para vender no Mercado. Sim. Sou eu mesmo. – ralou com voz amortecida o velho.
Maria José:
--- Mas como é que pode? Seu Valdivino! Homem! Que foi que houve? Todo sujo! Faz dó! – falou Maria José a chorar.
Nesse ponto, Racilva entrou na sala se agachou aos pés de Valdivino a torcer as suas mãos delicadas e finas como se não tivesse preso a mais nenhuma obrigação.  O homem estava cabisbaixo a chorar. Apenas a chorar. Ele se lembrava de Maria Clementina de tantas eras e vindas sendo apenas a sua namorada desde o tempo de infância. O mundo girou para todos os lados e Valdivino girava com o Mundo infantil e adulto com se fosse um carrossel de puras emoções em toda a sua vida de precária e débil existência.  Lembranças. Apenas lembranças de um tempo insólito temido, vivido. Nesse tempo de angustia e dor Valdivino e as duas moças choravam de modo incontido. Era muita emoção para se revirar. De repente, alguém, na rua gritou:
Alguém:  
--- Ela vai se afogar! – gritou uma pessoa ao largo bem próxima da casa de Maria José.
Outro:
--- Corre para não deixar pular no mar! – gritava outra insistentemente.
Nesse ponto, as moças correram para a porta. E procuraram ver o acontecido. De repente uma moça de seus vinte anos ou mais um pouco, subiu nas pedras. Ela era pálida e franzina. O vestido era godê de um tecido qualquer. Sua mescla era de cor amarela. O vento a sobrar não impediu de a mulher correr e saltar para o mar. Foi um único pulo. Os homens tentavam socorre-la, mesmo assim, a mulher já estava desaparecida, com certeza tragada pelas ondas marinha de um oceano bravio.  Cada qual gritasse mais alarmado. Dois homens se atiraram para ver se socorriam a mulher. Seu corpo naufragara de vez nas pedras do mar. Os homens a mergulhar procuravam em vão. Outro rapaz mergulhou em seguida a procura da afogada. Foi uma luta para se retirar o corpo da morta. Na casa, as duas moças ficaram alertas para saber do acontecido. Com mais de uma hora, os homens voltavam com o corpo da afogada para a sua casa. Uma mulher aos prantos queria socorrer a possível filha amada. Duas crianças de cinco e seis anos também socorriam a mulher já sem vida. O povo todo se aglomerou na rua principal daquele local.
Racilva:
--- Eu a conhecia! Ivete o seu nome! Estava tísica! Pena! – lamentou a moça a molhar sua face com lágrimas cruéis.
Maria:
--- Coisa triste! – lamentou a mulher com voz apagada.
Valdivino:
--- Ela já estava doente há um bom tempo. Foi o meio de acabar com seu sofrer. – falou com uma simples lembrança.
Maria José teve a ideia de vestir o velho com umas calças brancas, uma camisa de malha, um paletó surrado, mas ainda de bom uso jogado no guarda-roupa e lhe dar um par de sapatos já bem gastados. O homem quis recusar, mesmo assim, Racilva fez ver a ele um homem muito bem arrumado com essas novas roupas.
Racilva:
--- Tome banho. Se arrume. Quem sabe? Eu me caso com o senhor! – sorriu a moça sem motivo.
 

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