quarta-feira, 13 de março de 2013

"NARA" - 17 -

- Jennifer Love -
- 17 -
ALMOÇO
Minutos após surgiu na sala o cidadão Eurípedes brotando um sorriso largo na face. Ele já estava pronto e arrumado com suas roupas novas. Do lado de cá estavam as duas senhoritas, Nara e Rócia a conversar animadas. Quando Nara notou a presença do rapaz quase desmaiou de tamanho susto. Ela jamais esperaria ver Eurípedes a vestir uma roupa de gabardine com uma camisa estampada. O certo era ter ele mesmo feito à escolha. Com o susto de Nara, a senhorita Rócia se voltou para conferir o seu irmão. E Rócia não teve dúvidas. Eurípedes sorria animado. E então foi logo a indagar se Nara aceitaria banho em sua casa nobre  A moça ficou reticente e olhou para a sua nova amiga Rócia querendo se desculpar;
Nara:
--- Eu prefiro ir para a casa. Estou toda cheia de sal. E não tenho roupa para mudar. – falou por fim a jovem moça.
Rócia:
--- Ora! Besteira! Roupa aqui não falta! Ontem mesmo comprei umas vestes. Venha! Eu te mostro. Se o caso é esse. – e levantou da cadeira puxando Nara pelo braço.
Nara seguia como se não quisesse ir até o ponto de falar com precaução;
Nara:
--- Mas o meu filho! – respondeu a moça querendo forçar o convite para o banho.
Rócia:
--- Besteira! (e parou de surpresa) Filho?! Você tem filho?! Ave Maria! Que tamanho!? – indagou a moça com muita surpresa antes de entrar no seu quarto.
Eurípedes sorriu e teve de explicar a sua irmã com bastante cuidado temendo uma reviravolta no assunto.
Eurípedes:
--- Nara tem um filho. Pequeno ainda. Mas a sua mãe toma cuidado. – relatou Eurípedes com muita calma.
Rócia:
--- Filho?! Mas filho é um filho! Como se deixa um recém-nascido aos cuidados da avó? – indagou a moça temendo um descuido por parte de Nara.
Eurípedes:
--- Vamos ao caso. É melhor você contar a Rócia se não o mundo desaba. – falou o rapaz a sorrir.
Nara encarou Euripedes, tomou um suspirou e, então respondeu;
Nara:
--- É o seguinte: eu não tive filho. Esse foi um bebê enjeitado por uma mulher. Ela deixou comigo e desapareceu no mundo. Eu o batizei e meu pai fez o registou como o menino fosse meu. É isso. E eu já tenho amor ao inocente! – explicou a moça cheia de mágoas.
Uma lágrima desceu dos seus olhos como se Nara estivesse a amar o bebê. E estava mesmo.
Rócia parou com o ímpeto de levá-la ao seu quarto e ficou há pensar um pouco. De imediato Rócia domou a decisão cheia de dúvidas em querer a moça ir para a sua casa ou não. Afinal o conservadorismo de Rócia falou mais alto:
Rócia:
--- Bem. Em se tratando de criança é melhor você (e apontou para o irmão) levar Nara. Com criança não se brinca. Quando se percebe o estrago está feito. – falou Rócia com bastante temor.
Nara:
--- É isso. Apenas o menino. E já vai chegando o meio dia. – falou sentida a moça.
Eurípedes:
--- Está bem. Você venceu. – declarou o rapaz apontando para a irmã.
E desse instante em diante Nara seguiu para a sua casa. No caminho ainda indagou pelos pais de Eurípedes, pois não os vira naquela ocasião. O rapaz disse então estarem eles na fazenda onde o velho cuidava do gado. No final de semana seu Amaro costumava ir ao sítio para um pouco repousar das agruras da vida. O nome completo do seu pai era Amaro Borba Castro. O de sua mãe: Clotilde Galiza Castro. Nos dias de semana cuidava o velho de um armazém de produtos bovinos, caprinos e ovinos. A sua mãe ficava cuidando da casa, pois era de prendas domésticas. Em sua vida privada Clotilde foi mãe de quatro filhos, sendo dois casados.  Jonas e Fabiana. A mais nova era Rócia.  Isso foi o que explicou Eurípedes em conversa durante sua viagem de regresso a casa de Nara. E a moça se sentiu compensada por essa atenção do rapaz. Ao chegar a sua residência Nara convidou Eurípedes para um lauto almoço no que o rapaz recusou, pois estava com atraso para com o Hospital, uma vez ter que a cobrir umas férias de outro médico. A moça estranhou um pouco a decisão do rapaz e, mesmo assim, se deu por satisfeita.
Passaram-se os dias quando na quinta feira chegou à moradia de Nara o seu amigo Eurípedes sempre com novidades. Depois de conversas amigas, cumprimentos à senhora Ceci, a falta do velho Sisenando, o cochilo do bebê no colo de sua mãe, o rapaz então declarou ter conversado com o diretor do teatro e de ter acertado a apresentação do grupo no chamado Festival da Juventude para o mês de maio, pois com esse tempo todos os parceiros já estavam cientes de seus afazeres. Quando Eurípedes falou no mês de maio a moça Nara se alarmou:
Nara:
--- Maio?! Impossível!  Veja bem! Ninguém fez coisa alguma! Você está bem! Mas e os outros? Heim? – falou confusa a moça.
Eurípedes se pôs em silencio e abaixou sua terna cabeça  com as mãos uma batendo na outra. O homem percebeu ser maio um espaço muito curto. Mesmo assim, o Festival, no Recife, estava marcado para julho, espaço curto da apresentação. E Eurípedes pensou em ser também no mês de julho, semana antes do acontecimento do Recife. Mesmo assim, teria de se ver a possibilidade do Teatro em ter pauta para aquele mês.  Tudo isso levou a um final melancólico e talvez não se pudesse fazer com certo numero de pessoas. Com relação ao responsável pela arrecadação dos valores o rapaz já estava acertando o caso com seu amigo Sales, competente nas embrulhadas da vida. Depois de algum tempo Eurípedes falou sem ter noção exata dos pormenores acertados.
Eurípedes:
--- Eu estive essa semana com um rapaz. Ele é boa gente. E ficaria com a questão do numerário das nossas despesas. – falou brando o rapaz.
Nara:
--- Que rapaz? – indagou a moça já um tanto preocupada.
Eurípedes:
--- Sales. Ele tem um escritório de Contabilidade. Francisco Sales. É Contador. Ou Guarda-livros – falou sem preocupação o rapaz.
Nara:
--- Ah Bom. E quem são os outros? Presidente, Secretário. ... – indagou a moça.
Eurípedes:
--- Esses eu não tenho. E tenho até uma ideia. Pra você notar: eu também tenho minhas ideias. – sorriu o rapaz ao se voltar para Nara.
Nara:
--- Vamos lá! Que ideia é essa? – indagou a moça um tanto desconfiada.
Eurípedes:
--- Apenas é uma ideia. Pois  bem! Que tal você e eu? – perguntou o rapaz.
Nara:
--- Você e eu para que? – indagou a moça meio confusa.
Eurípedes:
--- Um duo. Eu ao piano e você ao violão. E canta, é bem provável. – contrapôs o rapaz.
Nara pensou um pouco e detonou em seguida:
Nara:
--- Você está louco? Eu nem sei cantar. Uma voz pequenina. Não tem conversa! – respondeu a moça como sendo desaforada.
O rapaz olhou para Nara curto espaço de tempo com suas mãos a bater com os dedos uns nos outros e nada falou diante da negativa da moça. Sempre a olhar para Nara e a ouviu falar:
Nara:
--- Que está olhando? – perguntou a moça meio confusa.

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