- Jennifer Love -
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ALMOÇO
Minutos após
surgiu na sala o cidadão Eurípedes brotando um sorriso largo na face. Ele já
estava pronto e arrumado com suas roupas novas. Do lado de cá estavam as duas
senhoritas, Nara e Rócia a conversar animadas. Quando Nara notou a presença do
rapaz quase desmaiou de tamanho susto. Ela jamais esperaria ver Eurípedes a vestir
uma roupa de gabardine com uma camisa estampada. O certo era ter ele mesmo
feito à escolha. Com o susto de Nara, a senhorita Rócia se voltou para conferir
o seu irmão. E Rócia não teve dúvidas. Eurípedes sorria animado. E então foi
logo a indagar se Nara aceitaria banho em sua casa nobre A moça ficou reticente e olhou para a sua nova
amiga Rócia querendo se desculpar;
Nara:
--- Eu prefiro
ir para a casa. Estou toda cheia de sal. E não tenho roupa para mudar. – falou
por fim a jovem moça.
Rócia:
--- Ora!
Besteira! Roupa aqui não falta! Ontem mesmo comprei umas vestes. Venha! Eu te
mostro. Se o caso é esse. – e levantou da cadeira puxando Nara pelo braço.
Nara seguia
como se não quisesse ir até o ponto de falar com precaução;
Nara:
--- Mas o meu
filho! – respondeu a moça querendo forçar o convite para o banho.
Rócia:
--- Besteira!
(e parou de surpresa) Filho?! Você tem filho?! Ave Maria! Que tamanho!? –
indagou a moça com muita surpresa antes de entrar no seu quarto.
Eurípedes
sorriu e teve de explicar a sua irmã com bastante cuidado temendo uma
reviravolta no assunto.
Eurípedes:
--- Nara tem
um filho. Pequeno ainda. Mas a sua mãe toma cuidado. – relatou Eurípedes com
muita calma.
Rócia:
--- Filho?!
Mas filho é um filho! Como se deixa um recém-nascido aos cuidados da avó? –
indagou a moça temendo um descuido por parte de Nara.
Eurípedes:
--- Vamos ao
caso. É melhor você contar a Rócia se não o mundo desaba. – falou o rapaz a
sorrir.
Nara encarou
Euripedes, tomou um suspirou e, então respondeu;
Nara:
--- É o
seguinte: eu não tive filho. Esse foi um bebê enjeitado por uma mulher. Ela
deixou comigo e desapareceu no mundo. Eu o batizei e meu pai fez o registou
como o menino fosse meu. É isso. E eu já tenho amor ao inocente! – explicou a
moça cheia de mágoas.
Uma lágrima
desceu dos seus olhos como se Nara estivesse a amar o bebê. E estava mesmo.
Rócia parou
com o ímpeto de levá-la ao seu quarto e ficou há pensar um pouco. De imediato Rócia
domou a decisão cheia de dúvidas em querer a moça ir para a sua casa ou não. Afinal
o conservadorismo de Rócia falou mais alto:
Rócia:
--- Bem. Em se
tratando de criança é melhor você (e apontou para o irmão) levar Nara. Com
criança não se brinca. Quando se percebe o estrago está feito. – falou Rócia
com bastante temor.
Nara:
--- É isso.
Apenas o menino. E já vai chegando o meio dia. – falou sentida a moça.
Eurípedes:
--- Está bem.
Você venceu. – declarou o rapaz apontando para a irmã.
E desse
instante em diante Nara seguiu para a sua casa. No caminho ainda indagou pelos
pais de Eurípedes, pois não os vira naquela ocasião. O rapaz disse então
estarem eles na fazenda onde o velho cuidava do gado. No final de semana seu
Amaro costumava ir ao sítio para um pouco repousar das agruras da vida. O nome
completo do seu pai era Amaro Borba Castro. O de sua mãe: Clotilde Galiza
Castro. Nos dias de semana cuidava o velho de um armazém de produtos bovinos,
caprinos e ovinos. A sua mãe ficava cuidando da casa, pois era de prendas
domésticas. Em sua vida privada Clotilde foi mãe de quatro filhos, sendo dois
casados. Jonas e Fabiana. A mais nova
era Rócia. Isso foi o que explicou
Eurípedes em conversa durante sua viagem de regresso a casa de Nara. E a moça
se sentiu compensada por essa atenção do rapaz. Ao chegar a sua residência Nara
convidou Eurípedes para um lauto almoço no que o rapaz recusou, pois estava com
atraso para com o Hospital, uma vez ter que a cobrir umas férias de outro
médico. A moça estranhou um pouco a decisão do rapaz e, mesmo assim, se deu por
satisfeita.
Passaram-se os
dias quando na quinta feira chegou à moradia de Nara o seu amigo Eurípedes
sempre com novidades. Depois de conversas amigas, cumprimentos à senhora Ceci,
a falta do velho Sisenando, o cochilo do bebê no colo de sua mãe, o rapaz então
declarou ter conversado com o diretor do teatro e de ter acertado a
apresentação do grupo no chamado Festival da Juventude para o mês de maio, pois
com esse tempo todos os parceiros já estavam cientes de seus afazeres. Quando
Eurípedes falou no mês de maio a moça Nara se alarmou:
Nara:
--- Maio?!
Impossível! Veja bem! Ninguém fez coisa
alguma! Você está bem! Mas e os outros? Heim? – falou confusa a moça.
Eurípedes se
pôs em silencio e abaixou sua terna cabeça com as mãos uma batendo na outra. O homem
percebeu ser maio um espaço muito curto. Mesmo assim, o Festival, no Recife,
estava marcado para julho, espaço curto da apresentação. E Eurípedes pensou em
ser também no mês de julho, semana antes do acontecimento do Recife. Mesmo
assim, teria de se ver a possibilidade do Teatro em ter pauta para aquele mês. Tudo isso levou a um final melancólico e
talvez não se pudesse fazer com certo numero de pessoas. Com relação ao
responsável pela arrecadação dos valores o rapaz já estava acertando o caso com
seu amigo Sales, competente nas embrulhadas da vida. Depois de algum tempo
Eurípedes falou sem ter noção exata dos pormenores acertados.
Eurípedes:
--- Eu estive
essa semana com um rapaz. Ele é boa gente. E ficaria com a questão do numerário
das nossas despesas. – falou brando o rapaz.
Nara:
--- Que rapaz?
– indagou a moça já um tanto preocupada.
Eurípedes:
--- Sales. Ele
tem um escritório de Contabilidade. Francisco Sales. É Contador. Ou
Guarda-livros – falou sem preocupação o rapaz.
Nara:
--- Ah Bom. E
quem são os outros? Presidente, Secretário. ... – indagou a moça.
Eurípedes:
--- Esses eu
não tenho. E tenho até uma ideia. Pra você notar: eu também tenho minhas ideias.
– sorriu o rapaz ao se voltar para Nara.
Nara:
--- Vamos lá!
Que ideia é essa? – indagou a moça um tanto desconfiada.
Eurípedes:
--- Apenas é
uma ideia. Pois bem! Que tal você e eu?
– perguntou o rapaz.
Nara:
--- Você e eu
para que? – indagou a moça meio confusa.
Eurípedes:
--- Um duo. Eu
ao piano e você ao violão. E canta, é bem provável. – contrapôs o rapaz.
Nara pensou um
pouco e detonou em seguida:
Nara:
--- Você está
louco? Eu nem sei cantar. Uma voz pequenina. Não tem conversa! – respondeu a
moça como sendo desaforada.
O rapaz olhou
para Nara curto espaço de tempo com suas mãos a bater com os dedos uns nos
outros e nada falou diante da negativa da moça. Sempre a olhar para Nara e a
ouviu falar:
Nara:
--- Que está
olhando? – perguntou a moça meio confusa.
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