quinta-feira, 14 de março de 2013

"NARA" - 18 -

- Kirsten Dunst -
- 18 -
DÚVIDAS
Eurípedes com mais uns instantes falou da dúvida da qual sentia. Ele teria de confabular com o jovem Fred. Isso porque o Fred era um rapaz de bom senso. Na imprecisão Eurípedes faria um dou. Mesmo assim teria o apoio de Fred, se possível. Isso era o fato. Fred era jovem sabedor de executar contrabaixo, violino e até mesmo flauta. Para Eurípedes, o jovem Fred era um músico completo. Na verdade esse moço era calado e não falava do que sabia. Contudo, Fred era sabedor de qualquer instrumento de cordas, sopro ou percussão.
Euripedes:
--- Você tem razão. Eu tenho de falar com Fred. Ele é o ponto que falta. Mas você dizer que não canta? Ouça! Nós não queremos cantoras de vozes afinadas. Uma moça igual a você tem todo o talento do mundo. Não precisa ser uma “gasguita”. O importante é por para fora o que se sabe, afinal. – formulou o homem
Nara ficou a pensar por um espaço de tempo não deveras muito longo ao tempo de murmurar qualquer coisa do seu pensar. Eurípedes saiu do seu canto e rumou para o piano, esse até então desprezado e mudo. O rapaz tocou uma tecla, mesmo estando de pé e mergulhou seus pensamentos  em puros negócios de não saber confabular. Em seguida se sentou na cadeira do piano e dedilhou qualquer coisa. E veio-lhe a lembrança de uma música recente, porém dolente como sempre ocorria. E com pura vontade de chorar ele fez daqueles acordes uma peça musical eternizando para o seu eu profundo a magoada peça. E de vez tocou denso aquele instante de sonhos. Ao som perene de um piano Eurípedes rebuscou a peça nostálgica no alinho de poder ouvir a doce e bela canção refletindo tão somente o majestoso encanto. Ao seu lado, Nara rebuscava em sua memoria a suavidade de tal canção e notar tão admirável acorde de suprema sensação. Em seguido momento Nara colocou o menino no berço e acudiu o seu violão a solicitar ao jovem.
Nara;
--- Toque essa música novamente. – falou sensível a moça.
Eurípedes:
--- É música de um filme recente. Tenho estado com ela na memoria. Droga! Quem poderia colocar as notas em um caderno? Bem. A seguir. – respondeu o rapaz com vontade.
E com enlevo e emoção voltou a solar a melodia e Nara a acompanhar ao violão os toques suaves daquele encantamento. E foram minutos e horas a dedilhar a música até se chegar ao seu final deslumbrante. A noite sorria clara e calma quando Sisenando, o velho, bateu a porta e entrou em sua simples residência.  Os dois amigos já estavam exauridos pelo cansaço. E, com efeito, o velho notou o par a tocar o piano e o violão. Esse em seguida, declarou:
Sisenando
--- Eu vinha logo alí e ouvi essa melodia. Lembro-me de quando eu era rapaz e meu pai recitava peças lindas para que eu aprendesse a tocar com maior esmero. -  disse o velho.
Eurípedes:
--- Boa noite seu Sisenando. É.... Nós estávamos ensaiando essa peça... Eu dizia: Se tivesse alguém que pusesse as notas seria bem mais fácil. – reclamou o rapaz.
Sisenando;
--- Isso é fácil. Eu tenho um “Irmão”. E eu sei que ele pode compor essa e outras mais. – sorriu o velho.
Nara:
--- Tem? – indagou Nara com olhar bem alegre.
Sisenando;
--- É claro, filha. França. Ele é um maravilhoso virtuose. – respondeu o velho a sorrir.
Eurípedes:
--- França?! Será que eu o conheço? Ele é professor da Escola de Musica? – indagou feliz o rapaz.
Sisenando;
--- Claro!  E  caçador de talentos! Eu tenho a impressão que você e  Nara são alguns deles! Talentos! – sorriu o homem como nunca.
Nara:
--- Que é isso meu pai? Eu sou apenas uma louca no meio de tantos loucos! – sorriu a moça a se curvar.
Sisenando:
--- Não diga isso! Eu, certa vez, indaguei de você por que não frequentava a Escola. E você torceu o pé e nada fez. – falou consternado o velho.
Eurípedes:
--- Eu já disse: Nara é uma virtuose. – reclamou o jovem médico.
Nara;
--- Eu sei! Eu sei! Agora a vítima sou eu! E você? Nunca foi a Escola! – disse a moça murchando a cara.
Eurípedes sorriu e teve de imediato a desculpa.
Euripedes:
--- Eu sei. Mas, comigo foi bem diferente. Estudos. Formatura. Trabalho. Isso acaba com o nosso tempo. Eu sempre assisto concertos promovidos pela Escola. Mas, não tenho tempo para o estudo. – falou desconsolado o rapaz.
Nara;
--- Eu também não. Tenho um filho para criar! Ouviu? – relatou a moça de forma arrogante.
Sisenando:
--- Calma! Calma! Isso vai terminar em casório. Então eu falo amanhã com França! Estamos combinados? – sorriu o velho abraçando a sua filha.
Após o tempo de despedida, Euripedes se despediu indo para  sua residência. E nesse tempo, Nara ficou amargurada e se ocupou em segurar o seu filho. Eram mais das dez horas da noite. Nara ouviu o Bonde a ser recolhido. A  sua mãe estava a cochilar na cadeira da sala de jantar. Sisenando chegou perto e sacudiu o seu braço e Ceci devagar abriu os olhos. Em seguida foi para o seu quarto, ela encolhida a se recolher como sentir o maior frio do mundo. A usina da Companhia de Força e Luz trabalhava a todo vapor. O trem passava a chegar a cidade com o desespero de sempre. Um carro passou depressa na rua. Alguém gritou alto. Um estampido de bala. Silencio total. Uma janela se abriu. Alguém falou:
Alguém:
--- Tiro?! Ave Maria! – e em seguido assustada fechou a janela.
No dia seguinte, por volta das nove horas Sisenando acertou com França a visita à sua moradia no sábado pela manhã. E a conversa durou bom tempo de coisas ligadas a Maçonaria. Depois disso Sisenando desligou o telefone da repartição onde trabalhava e voltou a sua ocupação habitual.  Em sua casa Nara cuidava do banho do bebê. O sol estava quente por demais. Era tanto calor antes mesmo das dez horas quando o tempo aquecia. Nara não sentia tanto, pois sua casa ficava do lado do sol na parte da tarde. A sua mãe costurava um tecido de organdi. O musseline era consistente mais que a seda, porém igualmente leve. O estilo do musseline tinha um preparo especial, acabamento engomado o que lhe conferia certa consistência. O organdi perde purga da goma, daí se explicar o toque engomado por ele possuído.  O tecido é originário de Urganje, território da Rússia. A mulher estava entretida com esse tecido e pouco se importava com o calor. Não raro fazia questão em dizer:
Ceci:
--- Mormaço! – falava a mulher.
E assim mesmo voltava a cosicar na sua máquina de costura. Com isso o tempo passava até o ponto de uma visita chegar. Era uma jovem moça a trazer um corte de tecido para ser feito um enxoval de casamento. Ceci recebeu a encomenda e agradeceu.
Visita:
--- Quando a moça pode vir dá prova? – indagou a visita.
Ceci:
--- Na próxima semana.  – respondeu a mulher sem levantar a vista.
Visita:
--- Quarta ou quinta? – indagou mais uma vez a visita.
Ceci:
--- Sexta feira. – replicou Ceci cozendo o organdi.
Visita:
--- Está certo. Obrigada. – sorriu a visita e saiu.
Nara olhou para a visita, uma moça muito jovem e não disse nada. Era comum esse negócio de se arranjar a noiva para fazer roupas de trajes de casamento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário