domingo, 17 de março de 2013

"NARA" - 21 -

- Jennifer Lawrence -
- 21 -
À NOITE
Eram oito horas da noite quando Eurípedes chegou à residência de Nara e cansado por demais. Ele teve uma tarde estafante de atendimentos de um e de outro. Cirurgias de emergências, atendimento de urgência e tudo quanto um médico faz e não pode evitar. Nara estava consultando os livros de notas musicais e nem chegou levantar a cabeça para dizer “olá”. Mesmo assim, a moça fez um aceno como se estivesse olhando o rapaz há muito tempo. Com certeza era por conta da procura das notas musicais tão precisas e preciosas. O rapaz veio com calma e olhou para o bebê e sorriu. Depois, baixinho, disse;
Euripedes:
--- Dormindo. – e sorriu calmo.
Nara a procura das notas não retirou a cabeça do que estava a ler e perguntou. Eurípedes caminhou devagar se ausentando do berço:
--- Que horas? – indagou a moça.
Euripedes;
--- Pouco mais de oito. Terminou a Voz do Brasil ainda há pouco. – respondeu o médico.
Nara:
--- (Tu) estavas no hospital? – perguntou a jovem colhendo as notas.
Eurípedes:
--- (Eu) sai às sete horas ou mais um pouco. Hoje foi serviço de cão. Partos, braços quebrados, mulher com um braço quase partido por conta de um espelho. Horrível! – relatou com pensar.
Nara:
--- Virgem! – disse a moça se arrepiando toda.
Eurípedes;
--- Sim. ... Mas nós nos acostumamos. Não é um caso por dia. É a cantiga de sempre. – revelou o homem.
--- É... Assim mesmo. .... – relatou a moça como se Eurípedes não tivesse ouvido.
A perambular pela sala Eurípedes chegou até o piano, devagar, e levantou a tampa do teclado e retirou um manto a cobrir as teclas. A moça continuava na sua descuidada procura das notas do violão. O rapaz com se num descuido, bateu numa tecla de “Dó” e deixou soar. De imediato a moça olhou para o piano e sorriu para Eurípedes de se estivesse dormindo até àquela hora. E falou ter seu pai conversado com França e esse ficou acertado de vir pela manhã do sábado. Ele perguntou apontando seu relógio de pulso.
Eurípedes:
--- Horas? – sorriu o rapaz.
Nara;
--- Sei lá.  Depois das oito. – respondeu a moça a voltar a vasculhar os cadernos de música.
Daí então Eurípedes sentou no banco do piano e dedilhou algumas notas como para testar. E com o tempo entoou uma melodia mais ou menos antiga, por assim dizer, mesmo sendo um chorinho do maestro Ernesto Nazareth. E tocou com precisão tão bela melodia cujo nome era “Ameno Resedá”, polka por assim dizer. Nesse ponto a moça ternamente abismada parou de vez a vasculhar os seus cadernos e ficou a ouvir tão doce e quieta melodia. Algo tão sublime e tranquilizante onde até mesmo as andorinhas não consentiam em dormir. Uma prova de tal fato foi quando se ouviu a patativa de alguma casa qualquer daquela rua entoar seu canto. Parecia até harmonizar em plena noite os encantos daquela polka. E o homem sem ligar ao som da patativa foi tocando até o seu final a deslumbrante música até ouvir as palmas abençoadas de Nara. A mãe da moça dona Ceci foi outra a chegar à sala despertada por inigualável sonoridade de meiga atração. Após então do longo e profundo devaneio Euripedes acordou do sono da letargia. E as palmas de Nara e dona Ceci ecoaram como algo tão de repente onde o rapaz nem se deu pelo sentido. Após alguns segundo ele percebeu  sua lucidez e como todo envergonhado disse apenas:
Eurípedes:
--- É uma composição de Ernesto Nazareth. – falou envergonhado o exímio pianista.
Nara:
--- Bravo! Bravo! Bravo! – dizia a moça contente e a aplaudir o jovem mancebo.
Ceci.
--- Não sei como se faz uma majestosa composição como essa. Orgulho-me de tê-lo em minha
 Casa. Nara! – e olhou para a filha como dizendo “se pegue com o exímio pianista”.
Nara se aproximou de Eurípedes e deu-lhe um beijo na face acariciando em seguida os seus ternos cabelos. Com isso, Eurípedes ficou muito mais encabulado e nem pode tecer o mérito da questão. E o tempo passou em alguns segundo quando o jovem indagou se havia novidades sobre o caso do piano. A moça respondeu:
Nara:
--- Ah! Meu falou com o senhor França e esse ficou de vir aqui amanhã de manhã. – sorriu Nara afagando a cabeleira do jovem.
Com todo o carinho a lhe ser depositado, Eurípedes pegou a mão de Nara e por efeito com ternura a beijou serenamente. A mãe de Nara sorriu e se ausentou da sala alertando a filha.
Ceci:
--- Toma cuidado! – e sorriu.
A moça sorriu e com seu deleito chamou a sua mãe a atenção de forma carinhosa.
Nara:
--- Ô mãezinha! – e sorriu com bastante alegria.
Desse momento em diante, com a conversa a ser mantida no dia seguinte com o professor França, Eurípedes procurou manter a plena calma até porque seu Sisenando estava para chegar a qualquer instante e o rapaz jamais queria ser flagrado em carícias com a moça. E para não dizer aos outros que eles estavam nada a fazer, Eurípedes aproveitou a oportunidade para recitar piano com a ajuda de Nara ao violão. E então fizeram um duo. Por vez, os dois amigos buscaram obras muito conhecidas do popular e acertaram um concerto. Numero Um, Maria, Ao Luar, Orgulho e entre outros êxitos musicais eles vararam a noite enquanto seu Sisenando não abria a porta de entrada. Ao terminar essa, por assim dizer, introdução musical, Eurípedes falou ter sua irmã Rócia o prazer de tocar piano, pois a moça estava estudando música.
Nara:
--- Jura?! – indagou a moça de olhos bem arregalados.
Eurípedes:
--- Eu nem me lembrava de tal detalhe. Notadamente Rócia conhece tudo o que eu toco ao piano. Não raro ela chega a me dar aulas de uns acertos onde eu erro. – falou o jovem médico.
Nara:
--- Mas isso é coisa que você podia ter dito na primeira hora, homem! Você toca divinalmente o piano e ainda tem uma irmã que é pianista! Que vergonha! Ai meu Deus! – relatou a moça cheia de preocupação.
Eurípedes:
--- Eu devia ter pensado nisso. Mas nem pensei. Agora, com a vinda do professor foi que me deu na telha de dizer tudo isso. – resolveu dizer com vergonha o rapaz.
Nara:
--- E Rócia toparia a formar um conjunto com nós? – indagou nervosa a moça.
Eurípedes:
--- Não sei. Ela tem várias ocupações. E piano Rócia estuda na Escola. Em casa, de quando em vez. – relatou envergonhado o rapaz.
Nara ficou a pensar certo incomensurável tempo levando à mente as alturas. Ela se lembrou do convite formulado a ela pelo artífice da arte de formarem um duo para se apresentar no Teatro. Por sinal, naquele instante do convite, Nara torceu o rosto por entender ter ela pouco ou nenhum tempo pra o ensaio. Porém, veio nesse momento o nome de Rócia, pianista de alta classe. Nara enfim podia compor um trio ou um quarteto com a possível chegada de outro elemento, como seja Fred.  As nuvens paravam do ar com aquele enlace. Nara podia compor com o seu violão, apesar de saber piano. Eurípedes sabia tocar piano. Mas estava aí então o nó da questão. Como se reverteria tal nó da parte de Eurípedes? Era apenas uma questão a se resolver. E se podia muito bem armar uma forma de ter dois pianos. Saber como conseguir o segundo piano era o problema. E Fred comporia o quarteto?  Tudo isso era questão. E com tais problemas Nara conversou com Eurípedes.
Nara:
--- Além de piano qual instrumento você sabe manusear? – procurou deduzia a moça.
Eurípedes:
--- Nenhum! – sorriu o homem alertado com a questão.
 

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