- Jennifer Lawrence -
- 21 -
À NOITE
Eram oito
horas da noite quando Eurípedes chegou à residência de Nara e cansado por
demais. Ele teve uma tarde estafante de atendimentos de um e de outro.
Cirurgias de emergências, atendimento de urgência e tudo quanto um médico faz e
não pode evitar. Nara estava consultando os livros de notas musicais e nem
chegou levantar a cabeça para dizer “olá”. Mesmo assim, a moça fez um aceno
como se estivesse olhando o rapaz há muito tempo. Com certeza era por conta da
procura das notas musicais tão precisas e preciosas. O rapaz veio com calma e
olhou para o bebê e sorriu. Depois, baixinho, disse;
Euripedes:
--- Dormindo.
– e sorriu calmo.
Nara a procura
das notas não retirou a cabeça do que estava a ler e perguntou. Eurípedes
caminhou devagar se ausentando do berço:
--- Que horas?
– indagou a moça.
Euripedes;
--- Pouco mais
de oito. Terminou a Voz do Brasil ainda há pouco. – respondeu o médico.
Nara:
--- (Tu)
estavas no hospital? – perguntou a jovem colhendo as notas.
Eurípedes:
--- (Eu) sai
às sete horas ou mais um pouco. Hoje foi serviço de cão. Partos, braços
quebrados, mulher com um braço quase partido por conta de um espelho. Horrível!
– relatou com pensar.
Nara:
--- Virgem! –
disse a moça se arrepiando toda.
Eurípedes;
--- Sim. ...
Mas nós nos acostumamos. Não é um caso por dia. É a cantiga de sempre. –
revelou o homem.
--- É... Assim
mesmo. .... – relatou a moça como se Eurípedes não tivesse ouvido.
A perambular
pela sala Eurípedes chegou até o piano, devagar, e levantou a tampa do teclado
e retirou um manto a cobrir as teclas. A moça continuava na sua descuidada
procura das notas do violão. O rapaz com se num descuido, bateu numa tecla de
“Dó” e deixou soar. De imediato a moça olhou para o piano e sorriu para
Eurípedes de se estivesse dormindo até àquela hora. E falou ter seu pai
conversado com França e esse ficou acertado de vir pela manhã do sábado. Ele
perguntou apontando seu relógio de pulso.
Eurípedes:
--- Horas? –
sorriu o rapaz.
Nara;
--- Sei
lá. Depois das oito. – respondeu a moça
a voltar a vasculhar os cadernos de música.
Daí então
Eurípedes sentou no banco do piano e dedilhou algumas notas como para testar. E
com o tempo entoou uma melodia mais ou menos antiga, por assim dizer, mesmo
sendo um chorinho do maestro Ernesto Nazareth. E tocou com precisão tão bela
melodia cujo nome era “Ameno Resedá”, polka por assim dizer. Nesse ponto a moça
ternamente abismada parou de vez a vasculhar os seus cadernos e ficou a ouvir
tão doce e quieta melodia. Algo tão sublime e tranquilizante onde até mesmo as
andorinhas não consentiam em dormir. Uma prova de tal fato foi quando se ouviu
a patativa de alguma casa qualquer daquela rua entoar seu canto. Parecia até
harmonizar em plena noite os encantos daquela polka. E o homem sem ligar ao som
da patativa foi tocando até o seu final a deslumbrante música até ouvir as
palmas abençoadas de Nara. A mãe da moça dona Ceci foi outra a chegar à sala
despertada por inigualável sonoridade de meiga atração. Após então do longo e
profundo devaneio Euripedes acordou do sono da letargia. E as palmas de Nara e
dona Ceci ecoaram como algo tão de repente onde o rapaz nem se deu pelo
sentido. Após alguns segundo ele percebeu
sua lucidez e como todo envergonhado disse apenas:
Eurípedes:
--- É uma
composição de Ernesto Nazareth. – falou envergonhado o exímio pianista.
Nara:
--- Bravo!
Bravo! Bravo! – dizia a moça contente e a aplaudir o jovem mancebo.
Ceci.
--- Não sei
como se faz uma majestosa composição como essa. Orgulho-me de tê-lo em minha
Casa. Nara! – e olhou para a filha como
dizendo “se pegue com o exímio pianista”.
Nara se
aproximou de Eurípedes e deu-lhe um beijo na face acariciando em seguida os
seus ternos cabelos. Com isso, Eurípedes ficou muito mais encabulado e nem pode
tecer o mérito da questão. E o tempo passou em alguns segundo quando o jovem
indagou se havia novidades sobre o caso do piano. A moça respondeu:
Nara:
--- Ah! Meu falou
com o senhor França e esse ficou de vir aqui amanhã de manhã. – sorriu Nara
afagando a cabeleira do jovem.
Com todo o
carinho a lhe ser depositado, Eurípedes pegou a mão de Nara e por efeito com
ternura a beijou serenamente. A mãe de Nara sorriu e se ausentou da sala
alertando a filha.
Ceci:
--- Toma
cuidado! – e sorriu.
A moça sorriu
e com seu deleito chamou a sua mãe a atenção de forma carinhosa.
Nara:
--- Ô
mãezinha! – e sorriu com bastante alegria.
Desse momento
em diante, com a conversa a ser mantida no dia seguinte com o professor França,
Eurípedes procurou manter a plena calma até porque seu Sisenando estava para
chegar a qualquer instante e o rapaz jamais queria ser flagrado em carícias com
a moça. E para não dizer aos outros que eles estavam nada a fazer, Eurípedes
aproveitou a oportunidade para recitar piano com a ajuda de Nara ao violão. E
então fizeram um duo. Por vez, os dois amigos buscaram obras muito conhecidas
do popular e acertaram um concerto. Numero
Um, Maria, Ao Luar, Orgulho e
entre outros êxitos musicais eles vararam a noite enquanto seu Sisenando não
abria a porta de entrada. Ao terminar essa, por assim dizer, introdução
musical, Eurípedes falou ter sua irmã Rócia o prazer de tocar piano, pois a
moça estava estudando música.
Nara:
--- Jura?! –
indagou a moça de olhos bem arregalados.
Eurípedes:
--- Eu nem me
lembrava de tal detalhe. Notadamente Rócia conhece tudo o que eu toco ao piano.
Não raro ela chega a me dar aulas de uns acertos onde eu erro. – falou o jovem
médico.
Nara:
--- Mas isso é
coisa que você podia ter dito na primeira hora, homem! Você toca divinalmente o
piano e ainda tem uma irmã que é pianista! Que vergonha! Ai meu Deus! – relatou
a moça cheia de preocupação.
Eurípedes:
--- Eu devia
ter pensado nisso. Mas nem pensei. Agora, com a vinda do professor foi que me
deu na telha de dizer tudo isso. – resolveu dizer com vergonha o rapaz.
Nara:
--- E Rócia
toparia a formar um conjunto com nós? – indagou nervosa a moça.
Eurípedes:
--- Não sei.
Ela tem várias ocupações. E piano Rócia estuda na Escola. Em casa, de quando em
vez. – relatou envergonhado o rapaz.
Nara ficou a
pensar certo incomensurável tempo levando à mente as alturas. Ela se lembrou do
convite formulado a ela pelo artífice da arte de formarem um duo para se apresentar
no Teatro. Por sinal, naquele instante do convite, Nara torceu o rosto por
entender ter ela pouco ou nenhum tempo pra o ensaio. Porém, veio nesse momento
o nome de Rócia, pianista de alta classe. Nara enfim podia compor um trio ou um
quarteto com a possível chegada de outro elemento, como seja Fred. As nuvens paravam do ar com aquele enlace.
Nara podia compor com o seu violão, apesar de saber piano. Eurípedes sabia
tocar piano. Mas estava aí então o nó da questão. Como se reverteria tal nó da
parte de Eurípedes? Era apenas uma questão a se resolver. E se podia muito bem
armar uma forma de ter dois pianos. Saber como conseguir o segundo piano era o
problema. E Fred comporia o quarteto?
Tudo isso era questão. E com tais problemas Nara conversou com
Eurípedes.
Nara:
--- Além de
piano qual instrumento você sabe manusear? – procurou deduzia a moça.
Eurípedes:
--- Nenhum! –
sorriu o homem alertado com a questão.
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