- Cameron Diaz -
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CRIME
Eram oito
horas da manhã quando Amaro Castro chegou à fazenda em seu carro. O vaqueiro
Tomaz já o estava a aguardar aparentando ser muito nervoso. Amaro notou a
presença do caminhão da água estacionado no ponto do despejo, junto aos
tanques. O homem saltou do carro quando o vaqueiro se aproximava um tanto
nervoso. Os outros vaqueiros também se aproximaram do patrão. A mulher do
casarão estava de pé na porta da frente. Tão logo o homem buscou apoio foi,
então, dito o caso acontecido.
Tomaz:
--- Bom dia
patrão. Quer que o ajude? – indagou com bons modos.
Amaro:
--- Não. Não é
preciso. O que faz tanta gente há esta hora defronte a casa? – quis saber Amaro
O vaqueiro,
tirando seu chapéu da cabeça, resmungou um pouco e, afinal declarou com receio.
Tomaz:
--- O homem do
caminhão foi levado para o Hospital. – relatou o vaqueiro bastante temeroso.
Amaro;
--- E o que
tenho a ver com isso? Você me chama da cidade apenas para dizer uma coisa
dessas? Você não acha um absurdo? – indagou colérico o homem.
O vaqueiro
torceu o pé no chão e, após certo tempo voltou com cisma a falar.
Tomaz:
--- Acontece
que foi a moça. Ela atirou no rapaz. Meteu chumbo. – falou atemorizado
O homem baixou
a vista a olhar o vaqueiro por cima dos óculos e foi a pergunta.
Amaro;
--- Que moça?
– e olhou ao seu redor.
O vaqueiro
temeroso então declarou.
Tomaz;
---A senhora
Margarida. – falou afinal com receio.
O seu Amaro
Castro olhou para um lado e para outro vendo quem estava a escutar a conversa
do vaqueiro. E a grande maioria estava atenta ao falar do vaqueiro Tomaz. Em
seguida, o homem, Amaro, indagou surpreso.
Amaro:
--- Quem?
Margarida? Ora merda! E por que motivo? Onde ela está? – falou com bastante
pressa o homem.
Tomaz:
--- O
motorista foi levado para o Hospital de Santa Cruz. A moça está no seu quarto. –
declarou com receio o vaqueiro.
Amaro:
--- Vamos por
os pontos nos “iis”! Como foi acontecer esse entrevero? – falou com pressa.
Tomaz:
--- Foi o
seguinte: – falou o vaqueiro.
E Tomaz passou
a relatar o sabido desde o instante quando o motorista se preparava para ir
buscar água no município de Macaíba. Pelo que o vaqueiro sabia, houve um
desentendimento entre a moça e o motorista. A questão era de haver certo
romance entre os dois, pois, de certa vez, Salvador andou se “esfregando” à
moça e isso gerou a confusão. A moça Margarida teria dito estar de namoro
trancado com Salvador, porém esse não mais a queria. E certa vez, no dia
anterior, Margarida se enfurnou no caminhão e não mais saiu de dentro do carro.
Gerou o entrevero tendo Margarida a viajar com Salvador, porém esse disse não
ter havido nada entre ambos. Depois de abastecer o caminhão Salvador voltou à
fazenda e, antes, parou para se alimentar e deu um pouco de comida a Margarida.
No fim das contas, o motorista retornou à fazenda de seu Amaro Castro e, logo
ter ele estacionado o caminhão, a moça saltou do veiculo e buscou uma arma em
casa para com esse jeito detonar um tiro nas costas de Salvador.
Tomaz:
--- E foi
assim que se deu. O tiro foi abaixo do ombro do homem. Agora ele está em sua
casa, pois o ferimento foi de pouca monta. – relatou o vaqueiro.
Amaro:
--- E o senhor
não disse que ele estava hospitalizado? – indagou inquieto o homem.
Tomaz:
--- Sim. Ele
foi para o Hospital. Mas logo após o tratamento, Salvador voltou para a sua
casa. – relatou com certa preocupação.
Amaro:
--- Ora merda!
Ora merda! E eu vir da cidade só por causa de uma coisa dessas? – falou grosso
o homem.
Tomaz;
--- Sim. Mas a
moça é sua filha. – declarou com cisma o vaqueiro.
Amaro:
--- Filha? E
eu tenho lá filha? Ela é filha de um vaqueiro. A mãe morreu quando a menina
nasceu. O pai ficou louco. E eu cuidei da menina! Filha? Filha é a puta que
pariu! – reclamou exaltado o homem das terras
Tomaz:
--- Foi o que
ela disse: “Eu sou filha do homem”. – sentenciou o vaqueiro.
E o velho
Amaro Castro saiu cuspindo fogo em direção à casa grande a procura de ouvir a
história pela boca da moça. Com ele também seguiu o vaqueiro Tomaz. As mulheres
dos demais vaqueiros ficaram a deduzir o sucedido. Cada qual que dissesse sua
prosa. Era um vai e vem dos seiscentos nas casinhas dos homens. Cada mulher que
aludisse qualquer assunto.
Mulher:
--- Vai haver
morte! – dizia
Outra;
--- E é por
causa de que? – perguntava
Terceira:
--- E vossa
mercê não sabe? – indagava.
Quarta:
--- Isso não
dá em nada. – fomentava.
Quinta:
--- Sei não!
Pelo visto! – discutia.
E o homem da
fazenda entrou na casa grande feito uma fera, com passos largos como quem vai
ao matadouro, bufando pelas narinas a todo custo sem querer nem saber de conversa
e em busca do quarto da moça virgem e nova. A casa era grande e o quarto onde
dormia a donzela Margarida ficava no meio de todos. Se estivesse fechado, isso
nem importava ao senhor das terras. Pois, ao chegar a frente do quarto, com um
tremendo chute ele quase derrubou a porta e o que mais estava dentro do quarto.
Logo em seguida, com a moça a ressonar, puxou-a pelos cabelos e a levantou
depressa arrastando para fora e reclamando sobre todos os diabos a falar ser
aquele o dia de se casar. Margarida, com êxtase, falava apenas:
Margarida:
--- Pai me
solta! Pai me solta! – gritava a donzela procurando prender seus assanhados
cabelos
Amaro:
--- Me solta
é? Me solta é? Não procurou briga? Agora vai enfrentar a guerra! – respondeu o
velho a arrastar a moça pelo meio do corredor a segurar nos seus cabelos.
Margarida:
--- Eu não fiz
nada! Juro por Deus! Eu não fiz nada! – dizia a moça a chorar.
Amaro:
--- Calada! Se
eu sou seu pai, então a senhora vai casar agora! Queira ou não! – reforçou o
seu ditado a moça virgem.
Margarida:
--- Eu não vou
me casar com aquele vagabundo. – reclamou irritada a jovem a chorar.
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