sábado, 13 de abril de 2013

"NARA" - 39 -

- Cameron Diaz -
- 39 -
CRIME
Eram oito horas da manhã quando Amaro Castro chegou à fazenda em seu carro. O vaqueiro Tomaz já o estava a aguardar aparentando ser muito nervoso. Amaro notou a presença do caminhão da água estacionado no ponto do despejo, junto aos tanques. O homem saltou do carro quando o vaqueiro se aproximava um tanto nervoso. Os outros vaqueiros também se aproximaram do patrão. A mulher do casarão estava de pé na porta da frente. Tão logo o homem buscou apoio foi, então, dito o caso acontecido.
Tomaz:
--- Bom dia patrão. Quer que o ajude? – indagou com bons modos.
Amaro:
--- Não. Não é preciso. O que faz tanta gente há esta hora defronte a casa? – quis saber Amaro
O vaqueiro, tirando seu chapéu da cabeça, resmungou um pouco e, afinal declarou com receio.
Tomaz:
--- O homem do caminhão foi levado para o Hospital. – relatou o vaqueiro bastante temeroso.
Amaro;
--- E o que tenho a ver com isso? Você me chama da cidade apenas para dizer uma coisa dessas? Você não acha um absurdo? – indagou colérico o homem.
O vaqueiro torceu o pé no chão e, após certo tempo voltou com cisma a falar.
Tomaz:
--- Acontece que foi a moça. Ela atirou no rapaz. Meteu chumbo. – falou atemorizado
O homem baixou a vista a olhar o vaqueiro por cima dos óculos e foi a pergunta.
Amaro;
--- Que moça? – e olhou ao seu redor.
O vaqueiro temeroso então declarou.
Tomaz;
---A senhora Margarida. – falou afinal com receio.
O seu Amaro Castro olhou para um lado e para outro vendo quem estava a escutar a conversa do vaqueiro. E a grande maioria estava atenta ao falar do vaqueiro Tomaz. Em seguida, o homem, Amaro, indagou surpreso.
Amaro:
--- Quem? Margarida? Ora merda! E por que motivo? Onde ela está? – falou com bastante pressa o homem.
Tomaz:
--- O motorista foi levado para o Hospital de Santa Cruz. A moça está no seu quarto. – declarou com receio o vaqueiro.
Amaro:
--- Vamos por os pontos nos “iis”! Como foi acontecer esse entrevero? – falou com pressa.
Tomaz:
--- Foi o seguinte: – falou o vaqueiro.
E Tomaz passou a relatar o sabido desde o instante quando o motorista se preparava para ir buscar água no município de Macaíba. Pelo que o vaqueiro sabia, houve um desentendimento entre a moça e o motorista. A questão era de haver certo romance entre os dois, pois, de certa vez, Salvador andou se “esfregando” à moça e isso gerou a confusão. A moça Margarida teria dito estar de namoro trancado com Salvador, porém esse não mais a queria. E certa vez, no dia anterior, Margarida se enfurnou no caminhão e não mais saiu de dentro do carro. Gerou o entrevero tendo Margarida a viajar com Salvador, porém esse disse não ter havido nada entre ambos. Depois de abastecer o caminhão Salvador voltou à fazenda e, antes, parou para se alimentar e deu um pouco de comida a Margarida. No fim das contas, o motorista retornou à fazenda de seu Amaro Castro e, logo ter ele estacionado o caminhão, a moça saltou do veiculo e buscou uma arma em casa para com esse jeito detonar um tiro nas costas de Salvador.
Tomaz:
--- E foi assim que se deu. O tiro foi abaixo do ombro do homem. Agora ele está em sua casa, pois o ferimento foi de pouca monta. – relatou o vaqueiro.
Amaro:
--- E o senhor não disse que ele estava hospitalizado? – indagou inquieto o homem.
Tomaz:
--- Sim. Ele foi para o Hospital. Mas logo após o tratamento, Salvador voltou para a sua casa. – relatou com certa preocupação.
Amaro:
--- Ora merda! Ora merda! E eu vir da cidade só por causa de uma coisa dessas? – falou grosso o homem.
Tomaz;
--- Sim. Mas a moça é sua filha. – declarou com cisma o vaqueiro.
Amaro:
--- Filha? E eu tenho lá filha? Ela é filha de um vaqueiro. A mãe morreu quando a menina nasceu. O pai ficou louco. E eu cuidei da menina! Filha? Filha é a puta que pariu! – reclamou exaltado o homem das terras
Tomaz:
--- Foi o que ela disse: “Eu sou filha do homem”. – sentenciou o vaqueiro.
E o velho Amaro Castro saiu cuspindo fogo em direção à casa grande a procura de ouvir a história pela boca da moça. Com ele também seguiu o vaqueiro Tomaz. As mulheres dos demais vaqueiros ficaram a deduzir o sucedido. Cada qual que dissesse sua prosa. Era um vai e vem dos seiscentos nas casinhas dos homens. Cada mulher que aludisse qualquer assunto.
Mulher:
--- Vai haver morte! – dizia
Outra;
--- E é por causa de que? – perguntava
Terceira:
--- E vossa mercê não sabe? – indagava.
Quarta:
--- Isso não dá em nada. – fomentava.
Quinta:
--- Sei não! Pelo visto! – discutia.
E o homem da fazenda entrou na casa grande feito uma fera, com passos largos como quem vai ao matadouro, bufando pelas narinas a todo custo sem querer nem saber de conversa e em busca do quarto da moça virgem e nova. A casa era grande e o quarto onde dormia a donzela Margarida ficava no meio de todos. Se estivesse fechado, isso nem importava ao senhor das terras. Pois, ao chegar a frente do quarto, com um tremendo chute ele quase derrubou a porta e o que mais estava dentro do quarto. Logo em seguida, com a moça a ressonar, puxou-a pelos cabelos e a levantou depressa arrastando para fora e reclamando sobre todos os diabos a falar ser aquele o dia de se casar. Margarida, com êxtase, falava apenas:
Margarida:
--- Pai me solta! Pai me solta! – gritava a donzela procurando prender seus assanhados cabelos
Amaro:
--- Me solta é? Me solta é? Não procurou briga? Agora vai enfrentar a guerra! – respondeu o velho a arrastar a moça pelo meio do corredor a segurar nos seus cabelos.
Margarida:
--- Eu não fiz nada! Juro por Deus! Eu não fiz nada! – dizia a moça a chorar.
Amaro:
--- Calada! Se eu sou seu pai, então a senhora vai casar agora! Queira ou não! – reforçou o seu ditado a moça virgem.
Margarida:
--- Eu não vou me casar com aquele vagabundo. – reclamou irritada a jovem a chorar.
 

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