terça-feira, 23 de abril de 2013

"NARA" - 42 -

- Cameron Diaz -
- 42 -
SOCORRO
Desse ponto em diante os acontecimentos modificaram por completo o dia a dia naquele Hospital quase o único da Capital. Ambulâncias da Secretaria de Saúde atenderam socorro em diversos pontos. O difícil era o motorista alcançar o Hospital. A lagoa despejada pela adutora de abastecimento da Caixa d’Água movia a terra na altura da Maternidade e descia sem tréguas para o bairro da Ribeira. Quem se dirigia ao hospital encontrava uma trágica situação. A enxurrada não permitia os transeuntes a andar pelo acostamento do Hospital. Em grande parte, o calçamento tinha sido desfeito. E na rua logo abaixo caminho para o bairro da Ribeira, não havia calçamento. Os veículos desciam uma rampa até a Rua Condor e ali voltavam, pois para além só existia uma enorme cratera com plantio de mato onde as pessoas, indo à pé, caminhavam pelo acostamento, quando era tempo de seca. As ambulâncias da Secretaria de Saúde tiveram mesmo de ser dirigida para Rua Nilo Peçanha, única existente de acesso mais rápido ao pronto-socorro. A prestação de atendimento era para alguém ferido ou em desmaio afetado pelo terremoto daquela hora. Eram visíveis na rua principal da Cidade e nos bairros da Ribeira, Rocas, Alecrim e pontos mais distantes pessoas caídas entre muitos outros casos. Casas e prédios desmoronavam a um único instante. As poucas ambulâncias não conta desse contingente. O povo a clamar por ajuda a outras vítimas desse verdadeiro holocausto. A fiação dos postes da rede elétrica se rompeu por completo com o estremecimento degradante. Em outros segmentos da Capital houve igualmente o rompimento dos dutos e a consequente falta de água nas residências. Tudo isso era o clamor do Céu.
Povo:
--- Castigo, Nosso Senhor! Castigo! – relatava enlouquecido o povo a correr para qualquer lado
Os anciãos eram os mais temerosos por questões de saúde. Era gente a pedir ajuda a qualquer um no meio a atribulação vivida por todos. Os mendigos eram os mais sofridos. E qual a pedir uma ajuda a quem intempestivamente passava. E eram muitos na atual situação. O Mercado Público da Cidade Alta se tornara em um abrigo de toda sorte de gente. Como não havia iluminação elétrica por conta do rompimento da fiação dos postes, no Mercado existia tão somente a iluminação feita por lamparinas, candeeiros e velas. E era naquele ermo local um verdadeiro tumulto de pessoas aflitas a procura do nada. Do bairro da Ribeira seguiam carros ou mesmo caminhonetas a levar pessoas enfermas para o Centro de Cura do Hospital “Miguel Couto”. E nesse zum-zum-zum carros e gente transitavam sem parar.  Quase o local não cabia mais de gente enferma. E naquele local o drama ainda era maior, pois médicos e enfermeiros transitavam feito louco para acudir quem estava internado e para quem chegasse. As pessoas entre a lama do duto estourado a despejar para qualquer local eram vítimas recentes. Se houvesse tempo de se avistar a Avenida Atlântica podia-se enxergar o volume de água a cair do aterro formando uma cachoeira a enxotar os poucos moradores da Rua do Motor e suas imediações.
Alguém:
---Loucura!!! – dizia um homem a correr desenfreado em busca de ajuda.
As sirenas das ambulâncias do hospital tornaram a tocar de forma normal e os motoristas seguiram com pressas para os diversos bairros da Cidade onde havia maior contingente dede vítimas. Enquanto isso, quase uma hora depois, chegou ao hospital o senhor Sisenando a procura da enfermaria onde se encontrava a sua filha. Era gente demais em tal ocasião. A atendente nada podia fazer. Alguém com precaução e de imediato se prestou a declarar do senhor Sisenando e lhe mostrou o caminho. O homem estava plenamente coberto de barro por conta do lamaçal do duto da Caixa d’Água. Além do mais a barulheira dos carros a chegar apinhados de gente enferma. Na hora quando Sisenando se acercou do apartamento de Nara, foi justa a hora quando Nara saiu do involuntário sono. Apesar de estar o médico, sua mãe, seu filho e a auxiliar de enfermagem em volta da sua cama, à única pessoa por ela a notar foi à enigmática imagem do pai. A virgem nada fez. Ela apenas focou em Sisenando. E por alguns segundos Nara quis saber:
Nara:
--- Quem é esse homem sujo? – indagou alarmada a moça.
E todos olharam de uma só vez. Dona Ceci foi quem se esforçou em falar.
Ceci;
--- Velho? Que traje é esse? – indagou perplexa a mulher.
Então foi quando Sisenando notou o estrago de sua roupa. E por vez passou o pente no cabelo como se o pente resolvesse a questão. Em seguida declarou:
Sisenando;
--- Terremoto! A terra voltou a tremer!. Muita gente!. Eu apenas tive sorte!. Casas desabaram!. Os mendigos estão de dá dó pelas esquinas das ruas!. Nem sei explicar como em estou aqui! -explicou de uma só vez o velho.
Eurípedes:
--- Terremoto dos diabos! Toda a Terra está por vez tremendo!. Não foi como o primeiro! Mas foi gigante! – relatou o homem enquanto vidros de medicamentos tilintavam no armário.
Um enfermeiro pôs a cabeça na porta e chamou pelo médico em uma medida urgente. O doutor pediu licença a quem estava e foi saber do assunto. Por constante forma a nívea Nara despertou e disse a alguém ter ela estado acordada todo esse tempo. A sua mãe respondeu:
Ceci:
--- Tu dormiste um pouco. - respondeu a mulher.
Nara:
--- Tudo caído! – disse a virgem ao notar o ambiente quase acabado.
Sisenando:
--- Um sismo! Muita gente ferida! Um motorista falou em mortos! – enfatizou o velho.
Nara:
--- Tremor de terra? Mas o senhor está sujo! Que foi? – indagou estranhando a cara do pai.
Sisenando:
--- Tem muita gente pelo interior do Hospital! Doentes! Quase mortos! – declarou o seu pai.
Depois da declaração do seu pai, Nara se lembrou da razão de está esse tempo desacordada, da menstruação e até do terremoto não ouvido. O soar das sirenas fez a moça se lembrar do Hospital. Enfim, de tantas coisas de não ter ouvido falar por alguém. Daí em diante Nara foi recobrando os seus sentidos e ambientando-se na cama onde estava. A virgem estirava seu corpo em ligeiro desconforto enquanto perguntava a seu pai:
Nara;
--- Chove? – indagou a virgem.
Sisenando:
--- Não. Um duto estourou. A Caixa d’Água despejou para cá. – afirmou o velho.
Nara:
--- Caixa? – indagou a estranhar a virgem.
Sisenando.
--- Sim. Uma que tem aqui na subida da praia. – explicou.
Nara:
--- Ah. Já sei. Minha cabeça é que não funciona. – sorriu a moça
Ceci;
--- É melhor repousar. E velho? Fica assim? – indagou Ceci ao marido.
Sisenando:
--- É o jeito. Se houver ainda a minha casa, eu vejo se eu as mudo. – sorriu desfeito.
Ceci;
--- Casas caídas? – indagou perplexa.
Sisenando:
--- Sim. Não sei quantas. – afirmou o velho.
Ceci;
--- Nossa! Será que foi para os lados da rua onde moro? – indagou preocupada.
Sisenando:
--- Não sei. Creio que não. Foi mais para baixo ou nas Rocas, Alecrim....- discorreu o marido um pouco preocupado.
Ceci:
--- Eu acho que vou ver! – atemorizou a mulher.
Nara:
--- E meu filho? – indagou a virgem batendo suave na cama.

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