terça-feira, 16 de abril de 2013

"NARA" - 40 -

- Jennifer Love Hewitt -
- 40 -
CONFISSÃO
O homem se mostrou grosseiro e puxou o cinturão de sua veste preso à cintura e mostrou com arrogância à menina-moça. E lhe disse de forma bruta e colérica estar naquele sitio não por brincadeira, mas por sua obrigação e ninguém faria com ele o que se pensava. E ameaçava bater na moça se ela resistisse. E Margarida não temia o açoite do cinturão esbravejando como podia ter a moça o seu direito de proteger a sua honra.
Margarida:
---  Eu não vou casar com ele! Não vou casar! Não vou! Ele não toca em mim! E eu não fiz nada de errado! Não fiz! Não fiz! – gritava a moça ainda a segurar as suas tranças da mão do velho.
Amaro Castro cada vez mais irritado queria porque queria saber da moça à razão pela qual a mesma pôs fogo no homem. Isso era tudo.
Amaro:
--- Não importa saber disso. E por qual razão a senhorita atirou no rapaz? – indagou colérico o velho.
A moça se debatia até afirmar:
Margarida:
--- Ele é um bruto! Ele me desonrou! Deixa meu cabelo! Me solta! –gritava a mocinha sem ter meios de se livrar do seu algoz.
Disse a moça a cuidar de suas tranças. Na sala ampla onde eles estavam também surgiram alguns vaqueiros. Esses ficaram a olhar calados. Apenas, de quando em quando um olhava para o outro e torcia a cabeça para um lado como quem dizia: “A moça tem razão”. Se isso era verdade ou não pouco importava então ao velho. Ele apenas atormentava a moça a dizer a razão de ter atirando no homem do caminhão. De lado de fora da casa, algumas mulheres se baixavam para ouvir a trágica e real situação da virgem. Alguma dizia a outra:
Uma:
--- Eu não disse que havia fogo?! – falava amedronta a mulher.
Duas:
--- Cala tua boca! Tu sabes de nada! – comentava a outra como querendo ouvir melhor.
Três:
--- A menina está buscando saída! – relatava a terceira.
Quarta:
--- Pára de conversa! Eu quero ouvir a zanga! – atrapalhava outra mulher.
E na sala grande de jantar o senhor das terras, colérico, enrolando na mão o seu cinturão feito de correia de touro, torcia a cara para depois indagar de Margarida, sua filha de criação o que mais atormentava;
Amaro:
--- Quer dizer ter ele atrapalhado sua vida? Foi? – disse com bastante raiva o criador de gado
A moça chorava com a cabeça abaixada por entre os joelhos para depois relatar:
Margarida:
--- Aquele bruto me pegou à força e me sacudiu o carro. Nós saímos daqui e ele arranjou umas broas. Foi tudo o que eu comi. Inda fiz os troços. – chorava a garota como nem se sabe.
O vaqueiro presente disse para o outro:
Vaqueiro:
--- Tá vendo? Não te disse? O bicho é cabreiro. – disse o vaqueiro com seu entusiasmo.
Amaro Castro soltou as tranças da mocinha e se soergueu a olhar para os vaqueiros presentes para então proclamar sem nenhum entusiasmo:
Amaro:
--- Vamos à casa da peste. Você vai, está ouvindo?  - falou ele com rispidez à moça.
E o dono da terra buscou caminho imediato, levando consigo o vaqueiro Tomaz e mais dois vaqueiros tendo ao seu lado a jovem Margarida, está completamente com a cara abusada, chorando ainda a se lembrar do tiro desfechado contra Salvador. O tiro disparado não teve mira e a arma detonou de qualquer forma indo a bala se alojar na omoplata de Salvador. O homem, ao sentir o impacto do disparo não teve jeito e foi ao chão. Ao se ouvir o disparo os vaqueiros correram para o auxilio do motorista e alguém notou a moça Margarida saindo da porta de trás da casa grande e a mulher tomando-lhe a arma a dizer desaforos. Foi uma corrida de louco naquele instante, cada qual a fazer algo para estancar o sangue, atrás o ferimento com bandagem improvisada. Teve alguém que arranjou folhas de mato para por em cima. Os vaqueiros contaram com ajuda das suas mulheres e após algum tempo, Salvador foi levado, montado em um cavalo para o Hospital de Santa Cruz, único existente na região. No seu caminhar, o motorista se contorcia de dor e teve a ajuda de outro vaqueiro. Esse homem tomou as rédeas do bruto e caminhou devagar, colocando o doente à sua frente e o vaqueiro a seguir a trotar o animal.  Eram quatro vaqueiros. Foi essa a conversa ter ouvido o dono das terras.
Ao chegar à residência de Salvador, após várias informações de onde o motorista estava o dono das terras, senhor Amaro Castro, notou um aglomerado de gente. O homem não quis saber pessoalmente de mandou o seu vaqueiro Tomaz perguntar onde morava o motorista. O pessoal olhou espantado para o vaqueiro e alguém declarou com pouca conversa:
Alguém:
--- O morto? Aqui mesmo. Nós estamos fazendo “quarto”. Vamos “beber” a vida de Salvador. – relatou alguém do meio.
Tomaz:
--- Mas ele morreu? – indagou espantado o vaqueiro.
Alguém:
--- De morte matada. Acertaram o pobre homem. Sei não. Só pode ser coisa do “tinhoso”. – fez a conta o homem.
Tomaz:
--- E eu posso visitar? – perguntou o vaqueiro um pouco assombrado.
Alguém:
--- Pode. Todo mundo pode. Como é sua graça? – indagou o homem.
Tomaz:
--- Meu nome é Tomaz. Inda ontem eu tive com ele. Ele: vivo de dar sorte. Agora me vem à notícia que alguém furou o pobre. – relatou Tomaz ao entrar na casinha de taipa.
Alguém:
--- Mas parece que foi tiro. O médico extraiu a bala. E ele não suportou a morte. – confessou o homem.
Tomaz verificou bem o morto e viu ser ele mesmo. Salvador. E se benzeu com o sinal da cruz saindo em seguida até o carro estacionado a boa distancia. Tomaz andava freando os pés para não correr. Ele de cabeça baixa e muito calado. O homem que o atendeu se despediu e foi para o interior do mocambo. No seu caminhar, de longe Tomaz olhava para o seu patrão por baixo da vista. E por lá chegou há algum tempo. Então logo declarou.
Tomaz:
--- Morto. – declarou o vaqueiro
Amaro;
--- Quem? Morto? Morto mesmo? – indagou o patrão com espanto.
Tomaz;
--- Eu vi o defunto. Tá lá esticado no caixão. Morto de não dá jeito. – falou o vaqueiro a sacudir seu chapéu para espantaras moscas.
Amaro:
--- Como é que pode? O homem morto? Uma balinha de nada! – foi o que disse o patrão
Tomaz:
--- É. Mais o rombo foi feio. Era para matar touro brabo. – falou ressentido o vaqueiro.
Amaro:
--- Tá vendo coisa ruim? Tu nasceste apenas para dar prejuízo aos outros! – falou brabo o dono das terras.
Nesse ponto a ninfa caiu em desespero procurando por todos os meios abandonar o carro. Seu Amaro Castro a conteve com a maior força possível e prosseguiu viagem de volta a exclamar coisas desastrosas com a moça. Ela apenas chorava.
 


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