
- Jennifer Connolly
- 52 -
O REPOUSO
No dia seguinte, o garoto Joel
estava paciente, encostado na cadeira estofada do birô do seu ai com as mãos
postas para trás de sua cabeça e as pernas esticadas para cima da escrivaninha
a sonhar com o seu futuro um pouco distante. O radio estava e divulgar
mensagens publicitarias na sintonia da emissora onde seu pai trabalhava e o
garoto, talvez a ouvir as tais mensagens, mas em uma atitude de garoto a sorrir
com o tempo do momento. A sua mãe Isaura Calassa estava a preparar o almoço na
cozinha da casa e nada mais importava a Joel. Ele, naquele dia, não fora a aula
pela reprimenda que levou de sua professora no dia passado. A jovem moça ficou
irada com a atitude de Joel e mando o garoto se retirar da sala. O garoto levou
o caso muito a sério e, por isso, não foi à aula nesse dia, ficando em sua
casa. A sua mãe perguntou afinal:
Isaura:
--- Não tem escola hoje? –
indagou dona Isaura logo cedo da manhã.
E o garoto respondeu que sim.
Porém teve discussão com a professora e essa o colocou para fora da classe. E a
mulher, com surpresa, averiguou um pouco mais:
Isaura:
--- Pôs pra fora é? E você o que
respondeu a mestra? – perguntou inquieta dona Isaura.
Joel:
--- Foi só uma questão de
História. Ela respondeu braba e não sabia dizer coisa alguma. É um caso antigo
acontecido há 13 mil anos. Ela falou não ter nascido nesse tempo. E eu disse
que ela estudasse mais. – respondeu o garoto a sua mãe.
Isaura:
--- Menino. Isso é grave! Pois se
eu fosse a professora tinha posto você de castigo. Pois basta! Ora uma coisa
dessas! – rebateu Isaura a todo custo.
Joel:
--- Mas é história, mãezinha! Ela
deve saber! E não me expulsar da Escola. Ela é burra mesmo! – discutiu o garoto
com a sua mãe.
Isaura:
--- Deixa teu pai saber disso!
Deixa teu pai saber! – relatou a mulher um tanto malcriada a enxugar os pratos
para por à mesa.
Joel:
--- Eu já disse a meu pai. E ele
achou foi graça! – destacou o garoto sem muita importância ao sucedido.
Já estava o relógio cuco batendo
as 11,30 quando alguém bateu a porta da casa de Joel. De dentro a mulher
procurar ver quem estava a bater. E olhou para um homem sem reconhecer, pois
lhe parecia o homem da prestação. E ela foi logo a rezingar.
Isaura:
--- Diabos de prestação. Já vou
indo! – disse a mulher para o homem no portão do muro.
O homem esperou. E Joel, que
estava sentado na cadeira estofada da escrivaninha, continuou sentado sem nada
a reclamar. A mulher passou
por ele foi ter de perto com o tal homem da prestação. Mas o homem não era bem
o da prestação. Para melhor dizer, era o homem da sineta, o valho Josino. Ele
foi indagar porque o garoto não tinha ido a aula naquele dia.
Josino.
--- Bom dia senhora! Eu sou do
Grupo onde seu filho estuda. E a professora mandou saber o que ele tem que
faltou a aula! – comentou o velho Josino a dona Isaura.
Com essa teima a conversa mudou
de tom. E dona Isaura quis saber do garoto a verdade. Por isso a mulher chamou
o seu filho para ir até ao portão. E
depois de chamar por três vezes, dona Isaura foi até a porta buscar o garoto.
Isaura:
--- Você não está ouvindo, não?
Vem cá dizer para o homem do teu descanso hoje! Vem! Segueta! – falou brava a
mãe de Joel da porta onde estava.
E o garoto se levantou do
estofado bem devagar como não querendo ir a parte alguma, e chegou até a porta
da sala. Dali mesmo perguntou a sua mãe.
Joel:
--- O que é que está havendo? É
esmola? – perguntou meio desaforado o garoto.
E dona Isaura respondeu sem ter
sossego.
Isaura:
--- É esmola, é! É esmola! Não
estas vendo que é o homem do Grupo seu entrevado? Parece um entrevado! Dorme
que só bêia! Ele quer saber por que tu não foste à aula, seu peste! – respondeu
malcriada dona Isaura arrochando a orelha do garoto.
E o menino sentiu a dor forte do
muxicão da orelha ao ser dado por sua mãe. E falou:
Joel:
--- Arra mãe! Assim dói! Eu já
não disse a senhora? A professora me expulsou do Grupo. Por isso eu não tenho
que voltar.
O homem estava com os pés
queimando na areia fofa e disse a mãe do menino ter havido um equivoco da
professora. E o menino não precisava temer, pois a Escola estava aberta para
ele.
Josino:
--- Menino! Você não precisa
guardar raiva, pois o Grupo está aberto para o senhor. Pode voltar a assistir
aula amanhã. Aqui pra nós: a professora levou um carão danado da diretora. –
falou baixo seu Josino prendendo um largo sorriso com a mão na boca.
A mãe do menor repreendeu o
garoto afirmando ter ele no dia seguinte a participação na aula.
Isaura:
--- Nem que seja a muque! –
repreendeu dona Isaura fervendo de raiva para o menor.
***
No dia seguinte Joel estava todo
arrumado para assistir a aula. No meio dos colegas, cada um com o seu
passatempo a discutir as figurinhas das artistas de cinema ou as partidas de
futebol, ele e Elizabete esperavam a tocar a sineta para poderem entrar no
Grupo Escolar. Alguém dizia a lamentar a longa espera de cinco minutos:
Aluno:
--- É um Calvário! – relatava um
menor entre muitos pela espera insidiosa.
Outros gritavam como se estivesse
em pânico:
Estudantes:
--- Essas eu tenho! – gritavam os
estudantes ao verem a figurinha da artista de cinema apontada por outro
colecionador.
Em cinco minutos a sineta tocou e
todos entraram em seguida. Apenas uns três alunos ainda caminhavam da bodega de
seu Ferrer apontando serem aquelas figuras aquelas bem novas.
O seu Josino marchava para o
setor de aulas a caminhar com uma perna defeituosa e o monte de garotos e
garotas a infernizar o ambiente com seus alaridos estridentes com a história
das figurinhas de artistas. Os dois colegas – Joel e Elizabete – conversavam a
miúde. A mocinha a perguntar pela falta do colega ou namorado no dia passado.
Elizabete:
--- Por que tu não vieste ontem?
– indagou preocupada a linda menina.
Joel:
--- A professora me expulsou da
classe! Você não viu? Ora! Ela vai se vê comigo, hoje. Eu tenho umas perguntas
que até Deus divida! – respondeu Joel a sua colega e namorada.
Elizabete:
--- Conta pra mim qual pergunta!
– esfregou as mãos uma na outra a aluna.
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