quarta-feira, 21 de março de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 08 -

- Aishwarya Rai -
- 08 -
O CUNHADO
Eram oito horas da noite daquele dia fatal para o Coronel Godinho e seus ajudantes a combater as chamas a devorar o galpão de feno e outros alimentos do gado e cavalos quando chega à cena tempestuosa do fogo o seu cunhado, Alcebíades, irmão de sua mulher, Cantídia, todo alvoroçado com a notícia. O homem desalinhado procurou de imediato a sua irmã. Essa estava a cuidar do gado e a tanger as vacas ara outro curral. Sem mais nem menos o homem foi a pergunta de todo mundo.
Alcebíades:
--- Como foi que começou o fogo? – indagou espantado a tremer o homem.
A mulher nem deu por conta do fato, porém disse-lhe apenas:
--- Como todo fogo. Foi rápido. Eu não sei contar em detalhes. Eu estava a assistir a Missa. – comentou Cantídia.
--- Missa? Teve Missa aqui? – perguntou assustado o seu irmão.
--- Teve. Ora. Sempre tem. – disse ainda Cantídia.
--- Onde está o cunhado? – perguntou bastante alarmado o homem a tecer seu chapéu.
--- Tá lá! – fez a mulher com a cara a mostrar o lugar onde estava o coronel.
Alcebíades correndo assustado foi até o local onde possivelmente estava o coronel, no meio de tanta gente a cuidar de evitar um novo fogo e apagar o restante da fumaceira a assolar o ambiente. Após procurar no meio de tanta gente Alcebíades encontrar o coronel dando ordens a qualquer preço para o pessoal cuidar mais dos galpões ainda intacto. Em lá chegando Alcebíades procurou ajudar de qualquer jeito o restante da fumaça vez ter o fogo consumido todo o depósito da ração do gado e dos cavalos. O homem Alcebíades era também criador de gado em sua fazenda distante de do município de Alcântara a ficar em outra região. No tempo de chuva tudo era uma beleza. Mesmo assim, com a chuva caída há poucos dias, não devia existir um clima de fartura para os fazendeiros do lugar. Alcebíades era dono de ampla região de terras no município de Itaú do Borbas há mais de dez léguas de distancia de Alcântara. Na safra do ano a turma de fazendeiros se reunia em um sitio para comemorar a fartura. E desse período estava marcada para ser a dois meses. O fogo no celeiro do coronel Godinho deixou Alcebíades temeroso. Na viagem feita numa charrete puxada a cavalo, o homem ficou a imaginar como sairia à festança dos meses a faltar. Alcebíades chegara a fazenda do seu cunhado àquela hora da noite acompanhado por dois vaqueiros e quatro jagunços vindos a cavalo acompanhando o patrão. Os jagunços eram sisudos e não trocavam conversas nem mesmo entre eles. OS vaqueiros eram mais cordiais. Entre uma cusparada e outra sempre tinham algo a dizer pelo seu caminho de dez léguas.
Tão logo chegaram a fazenda Guandu do coronel Godinho a jagunçada seguiu a palavra do seu patrão Alcebíades de agarras com afinco as escaramuças do fogo sem nem se importar com as ordens emanadas do próprio velho coronel. Os destemidos jagunços faziam todo o serviço de retirada da fumaceira enquanto os vaqueiros comandava o gado solto ao longo da fazenda. Os vaqueiros se juntaram aos demais homens de ferro do coronel para tanger o gado até alta parte do sertão bravio. A hora não findava entanto os vaqueiros tangiam o gado para longe do cerco onde se fez o fogo há algumas horas passadas. E o coronel trocava palavras com o seu cunhado querendo adivinhar o responsável por aquela tragédia sem fim.
Godinho:
--- Eu só quero adivinhar se foi o canalha do Policarpo quem mandou tocar fogo no celeiro! Eu duvido se não foi aquele miserável! Foi para compensar o tira teima dos seus jagunços com o pessoal da minha fazenda! – falou brabo o coronel Godinho,
E o seu cunhado se fez na conversa:
--- É provável, compadre! É provável! Mas não está na hora de tratar de vingança! Afinal vamos ter de esperar! Alguém que boto fogo há de aparecer! – relatou com firmeza o seu cunhado.
Alcebíades estava temeroso de uma guerra iminente entre ambos os lados em peleja. Godinho era homem vingativo por demais. O outro dono de fazenda, o Severino Policarpo era outro destemido da revanche. E essa teima demorava anos sem ter nunca resultado algum. Sabia-se por um lado ter Policarpo namorado por alguns meses à dona Cantídia. Depois se acercou do casal o coronel Godinho e findou por tirar a moça dos braços de Policarpo. Nessa brabeza terminou por Godinho a se casar com Cantídia. Na continuação do tempo o valho Policarpo gerou um filho de nome Deodato. Esse também quis saber de namorar a filha de Godinho e daí começou de novo a contenda. E a arenga demorou por tantos anos entre a família Policarpo contra a Família Godinho. Teve um tempo de Godinho mandar a filha se internar em um colégio da capital. Quando Lu retornou do Colégio de Freiras se pôs tudo de novo com o rapaz Deodato querendo namorar a garota Ludmila. Com isso a teima se arrefeceu. Chega a tirar quando o velho Policarpo pôs a enfrentar o seu bando com o bando de Godinho. Essa era a teima da contenda.
Passava da meia noite quando tudo terminou na Fazenda Guandu. O coronel Godinho, seu cunhado Alcebíades, a mulher Cantídia, esposa de Godinho e a filha do casal a senhorita Lu, rumaram para a casa grande. O restante do pessoal ficou a tirar os vasculhos do incêndio e os vaqueiros, um tanto temerosos, a procurar o gado perdido no alto sertão da gigante fazenda. O pistoleiro Renovato Alvarenga, o Chulé, foi também dormir em local mais sossegado da Fazenda Guandu. Em cima dos seus farnéis ele procurar conciliar a dormida. Isso foi quando Renovato pressentiu a presença de algo a sua espreita. De repente, ele se acoitou e esperou para ver com maior segurança diante do escuro feito quem era o alguém. Nesse ponto, um berro. Era um bezerro a adentrar no seu celeiro a procura de sua mãe. Chulé deve um susto daqueles e guardou a sua arma já em punho e tangeu o bezerro para longe. Nessa noite-madrugada Chulé sonhou com a sua irmã, Josefina, a lhe trazer um prato de cuscuz e o café quentinho. Foi de repente. E ele acordou assombrado por conta desse sonho. Olhou para um lado e para outro. Só havia os outros três pistoleiros com certeza a dormir. A lua estava alta em plena madrugada. E Chulé não fez por menos: agarrou no sono outra vez.
Manhã cedinho quando o sol dormia em seus derradeiros instantes o pessoal da cozinha já estava a preparar o desjejum da rapaziada: vaqueiros, jagunços e os quatro pistoleiros. O pessoal estava a conversar sobre o fogo da noite passada, pois até aquele instante se fazia ainda o rescaldo do antigo celeiro. Os vaqueiros combinavam os deveres; os pistoleiros estalavam os dedos a espera da refeição; e os jagunços nada comentavam. Era a turma calada do ambiente. Um revolver caiu na cintura de um jagunço e detonou um tiro. O jagunço se arriou e puxou para cima a sua arma. Os vaqueiros sorriram entre si. Mas os quatro pistoleiros se curvaram na mesa procurando se precaver e em cima da hora eles puxaram as suas armas do coldre temendo o resultado do ocorrido. Apenas o bandido Antero ficou sentado a observar o acontecido, pois nada havia a temer. Uma mulher se acercou do pistoleiro Otelo e lhe disse algo. Ele obedeceu e em seguida saiu o refeitório dos vaqueiros. Os demais pistoleiros ficaram a indagar:
Pistoleiros:
--- Só ele? Mas por quê? – perguntou um a outro.
--- Vá ver que tem serviço! – respondeu o outro.
Antero Soares, o Foguetão a lutar sem armas nada respondeu. E Renovato Alvarenga apenas sorriu do ciúme dos demais. Mesmo assim, nada reportou. A espera do angu demorou pouco tempo, pois a mocinha Emília surgiu na porta com um taxo grande de munguzá. Foi logo pondo a comida e servir então ao pistoleiro Chulé e esse, contente com a primazia feita pela moça agradeceu e meteu a cara a comer sem se importar com o ciúme de Emília a chamar o homem de besta por ter de comer tudo e de repente:
Emília:
--- Besta! Nem se importa comigo! – e deu um “tunc” saindo logo em seguida.
Antes mesmo de acabar a sua refeição matinal, Renovato Alvarenga e os outros dois pistoleiros foram chamados por Otelo Gonçalves, o Satanás, para seguirem depressa para um canto qualquer da imensa sala de visitas. E os três pistoleiro, incluindo Antero Soares, forma todos de imediato a acompanhar o seu chefe Otelo Gonçalves sem nada mais a perguntar. O certo foi a presença de um jagunço aprisionado pela tropa do Coronel Godinho e esse falou demais. Foi então ter o Coronel ter conhecimento sobre o incendo da noite passada sido ateador por ordens do criador de gado Severino Policarpo. E a ordem era a vingança do desafrontado Coronel: marcar com o mesmo sague. O jagunço preso seria posto de volta, amarrado no seu cavalo, porém sem vida. Era essa a paga do raivoso homem sem estribos.

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