quarta-feira, 14 de março de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 01 -

- Natalie Portman
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A CHEGADA
Era um dia de fim de tarde. Apesar de tudo o calor àquela hora era intenso. Arapuás volteavam para fazerem seus em seu sanharol no oco da árvore o seu rancho. Eram abelhas a voar a todo custo. Pequeninas, mas severas em seu picar. No alto das árvores ouvia-se o canto sonoro das juritis, patativas, concriz, casaca de couro, canários-da-terra, Asa Branca, Beija Flor e tantas outras espécies recolhiam-se para dormir por mais uma noite inteira. O vento soprava brando, coisa rara no sertão aonde os temores se vêm com a noite. No aceiro da estrada de chão bruto as árvores gigantes esperavam o adormecer. Ao largo, no chão, em solo fofo e baixo, uma lagoa. A Lagoa Grande. Imensa por sinal. Apenas se avistava a olhar a esquerda de quem viesse ao centro da Vila. E por esse motivo a vila tinha o seu nome igualmente da lagoa. Vila Lagoa Grande ou apenas Vila da Lagoa. Aquele viajante do sertão dos Inhamuns, não sabendo ao certo, teria de reconhecer algum dia à região da Vila da Lagoa. Veados, cutias, onças pintadas, macacos-prego ou lobo-guará já estavam se recolhendo ou armando a sua presa fácil para a comida diária. Essa era a vida do sertão de quem habitava nos Inhamuns ou mais distante dali para dentro da Catarina ou mais distante ainda. Ao voltear o campo notava-se a presença de quatro cavaleiros viajantes. Eram homens sisudos e calados. Nos seus nobres cavalos pampa conseguido não se sabe aonde e nem como ou de que forma, os quatro homens troteavam sisudos com a pressa de chegar tão logo se fizesse noite, ou antes, disso ao sinal das mariposas multicoloridas. A Vila da Lagoa era uma espécie de entreposto de comercio onde cada um vendia e comprava o que mais lhe apetecia. O ponto principal era a bodega de seu Arnaldo, homem sisudo e barrigudo vestindo camisa sem botões e calças rotas de algodão amarrada na cintura com uma espécie de cinturão de vaqueiro. Ele comprava e vendia de tudo o bom e o ruim, não importava a qualidade. A bodega reunia diversos homens a fazer negócio ou a nada fazer. Esses eram os bêbados, por assim dizer. Seu Arnaldo nada sabia e nada falava. Ele apenas vendia e comprava o que fosse apresentado.
Quando os quatro cavaleiros entraram na vila pouco viram ou notaram de anormal. Apenas as casas de taipa ou de palha sob a luz de querosene já acesos das lamparinas, candeeiros e lampiões. Algumas casas eram feitas de tijoles. E havia ainda moradias de comércio de primeiro andar. Caso muito escasso até então. Nas calçadas seguiam pessoas para as suas residências sempre muito apressadas e cobrindo a testa, se eram mulheres ou moças. Essas pessoas eram comerciantes ou gente popular. Uma liteira permanecia parada em frente de uma casa de comercio a esperar seu dono. O cavalo sacudia sua cabeça para um lado e para o outro para espantar as moscas a lhe atormentar. Os cavaleiros não ligaram a tal procedimento do cavalo da liteira. Apenas troteavam a seguir até a bodega do senhor Arnaldo único ponto de referencia do lugar. Alguns fregueses deixavam a bodega. Alguns, cambaleando de bêbados. Outros, nem tanto. Apenas conferiam as moedas e socavam tudo no bolso. E os cavaleiros chegaram até a bodega. Sem mais nem menos eles saltaram de seus animais deixando-os presos nas estacas tidas na frente da bodega. Cada qual olhava atento em todas as direções para ver se tudo estava tranquilo. Como nada houvesse de anormal, eles tomaram a direção da bodega. Era um cheiro desagradável o qual se projetava por todo o armazém alí existente entre bebidas, vômitos e cereais. Para os quatro cavaleiros isso não fazia a menor diferença. Sob a luz de candeeiros vidas em todas as direções, os homens penetraram por entre sacos de matérias diversos até mesmo chegar ao balcão da bodega. Homens a jogar carteados e outros apenas a bebericar a sentar nas mesas do era um bar a sala de entrada da bodega. Duas portas abertas para a rua de frentes e outras duas em sua lateral. A bodega estava em uma esquina de rua. Para mais atrás estava o deposito de mercadorias a ser vendidas em dias da semana. Na calçada um pouco alta da bodega e do local de guardar os cereais, uns bêbados a dormir como fazem os embriagados. A passar para dentro do salão, um dos quatros homens ainda olhou meio desconfiado para aqueles homens. E nada fez para incomodá-los. Os quatro cavaleiros caminhavam bem equipados com armas de fogos na cintura. Todos, menos um. Esse não possuía arma qualquer. Os seus nomes não se sabiam ao certo, pois nenhum deles falava coisa alguma. Foi então ao encostar-se ao balcão um deles falou:  
Cavaleiro um:
--- Bebida! – falou isso apenas o homem cavaleiro.
Os quatro cavaleiros eram gente de fora daquela região dos Inhamuns. Eles estavam bem conscientes de tal fato. À direção do grupo bem armado estava Otelo Satanás cujo verdadeiro nome de batismo era Otelo Gonçalves Dias. O seu lugar-tenente era o bandoleiro Júlio Vento bem mais conhecido por Júlio Medalha; o outro bandoleiro era chamado por Antero Foguetão, de batismo Antero Soares, cujo hábito era de não usar arma de fogo; o quarto bandoleiro era chamado por Renato Chulé; no batismo Renato Alvarenga, homem do sertão da Catarina, algo não dito por ele a nenhum homem da mata grande. Todos os três obedeciam à ordem comandada por Otelo Satanás ou puramente Satanás. Mesmo assim eram todos homens de aço e não se importavam no acontecido.
De posse a garrafa de cachaça Satanás foi beber em companhia de Júlio Vento enquanto os demais se posicionaram em locais diferentes tendo Antero Foguetão ficando em pé, escorado na parede, sem nenhum trabuco a mostra e a espreita de algo de anormal acontecer. O quarto homem, Renovato Chulé ficou escorado no canto esquerdo do balcão por ter visto de repente o homem dono de a bodega esconder o rifle com munição. Chulé se postava solitário olhando apenas para ação de  seu Arnaldo a qualquer instante uma vez estar o chefe Satanás sentado de costas para o balcão da taberna. E não demorou muito para aparecer na porta da taberna o celerado feitor de algum dos homens daquela região. O homem celerado era do tipo alvo, bem armado com dois revolveres no coldre de couro macio de bezerro. Sua altura era de um homem de boa estatura. Na cabeça, um chapéu de couro. Na cintura notava-se um cinturão cheio de munições. O facínora entrou bem lento no salão onde homens jogavam carteado. E logo em seguida foi direto ande estava o malfeitor Otelo Satanás sendo logo perguntado.
Celerado:
--- Você é Satanás? – perguntou o bandido com as suas mãos nas armas nos coldres.
Satanás ouviu a pergunta e, devagar baixou a mão até pegar no cabo de sua arma e depois e alguns segundos falou bem manso ainda com seu chapéu de massa na cabeça.
Satanás:
--- Quem pergunta, por favor? – indagou com sobriedade o homem. 
O facínora não tirou os olhos de cima de seu homem pronto para matar por saber ser ele na verdade Otelo Satanás, não também conhecido naquela região, porém o fazedor de mortes de criaturas muito bem armadas por outros campos do sertão de longe dos Inhamuns. O salão da bodega se esvaziou de gente a procura de proteção ao ver os dois celerados em conflito para matar ou morrer a qualquer preço. Na bodega somente ficaram os quatros bandidos e o dono da bodega. O bodegueiro com a camisa aberta ao peito aproximou-se do balcão. A notar a ação do bodegueiro o outro bandoleiro mandou o homem se afastar e foi até ao local retirando o rifle descarregado àquela hora pelo próprio Renovato Chulé a colocar sem munição ao lado de cima da mesa. O bandido olhou bem a ação do segundo bandoleiro e nada fez. Apenas respondeu a pergunta dada por Satanás.
Celerado:
--- Sou Benedito Marimbondo. E não gosto de matar gente sem ter certeza do fulano quem era ou não! – falou manso com as mãos nos coldres o bandido.
Outro celerado entrava pela porta e ficou do lado de dentro do salão. Ao notar a entrada do segundo bandoleiro Antônio Foguetão se afastou ligeiramente um pouco da parede ponde visível ao bandido para bem advertir não estar armado. O segundo bandoleiro nem deu caso de Foguetão por ele está desarmado. E ficou o bandoleiro de pé na entrada do salão. A conversa entre os dois bandoleiros prosseguia em clima amistoso. E há certo instante Satanás falou para Maribondo tendo já se armado com o seu revolver quarenta e cinco posto por baixo da mesa pronto para disparar.
Satanás:
--- Cumpra a sua ordem. - falou manso o bandido de fora da vila.
Marimbondo tentou sacar a sua arma, mas foi vagaroso, pois Satanás disparou primeiro de baixo da mesa pegando em cheio o seu rival. Dois tiros. O bandido a se envergar e fazer careta de dor e morte. Do outro lado da entrada, o segundo celerado puxou a arma. Mas ao mesmo tempo Foguetão lançou um punhal e se foi cravar do peito do malfeitor. De repente outro tiro do lado de fora foi atingir o saco de farinha bem ao lado do bodegueiro Arnaldo. Nesse ponto todos os quatros bandidos se afastaram da porta notando mais elementos postos a atirar. Foi fogo cerrado e contínuo. Os forasteiros bandidos também montam barricadas com as mesas doa bodega onde funciona o salão de apostas. E respondem ao fogo cerrado do outro lado da estreita rua onde estava o grupo armado. Nesse momento, o bodegueiro tenta intervir no tiroteio puxando arma de fogo, a qual estava guarda atrás de si, plenamente disfarçada e tenta atirar pelas costas no bandido Satanás. Mas isto é sufocado por um companheiro de Satanás, o atirador Renovato Chulé. Ele de imediato vislumbra a intenção de Arnaldo, atira e mata também o bodegueiro com um disparo certeiro. O homem cai para trás sem nada poder falar. Apenas lamentar com um:
Bodegueiro:
--- Ui! – e cai por terra Arnaldo

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