sábado, 17 de março de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 04 -

- Isis Valverde -
- 04 -
INCERTEZA
O tempo continuou instável. Chuvas, relâmpagos e trovoadas insistentes durante todo aquele dia sem esperanças de melhoras. O gado mugia no curral. E os demais continuavam soltos na campina. O touro bravo continuava amotinado dentro do seu curral. O cuidador do touro teve de chicotear o animal para ver se aquietava o bicho. A sanha era por conta de uma vaca no cio e o touro não se aquietava, portanto. Em certos instantes o zebu tentou pular o cercado, mais seu esforço foi em vão. O vaqueiro atordoado com o touro zebu se agarrou com o animal para por amarras das patas do bicho e tentar com isso, apaziguar o ímpeto da fera braba. Em certo instante a moça Lu chegou até a porta da sala da casa grande. Ela tentava de qualquer jeito a sair de sua casa. Porém, a sua mãe sempre estava a fazer desistir de algum intento.
Mãe:
--- Pra onde vai menina? Só tem chuva! Cuidado com teu pai! – falava a mulher.
A mulher, mãe de Lu tinha o nome de Isadora Marques Godinho e sempre procurava dar conselhos da melhor forma possível à sua filha. A mulher perdeu um filho em acidente com um touro bravio. O rapaz era um moço alto de forte dos seus 19 ou 20 anos. O seu nome era odo seu bisavô, Gustavo, avô de sua mãe Isadora. A mulher jamais esquecera essa tragédia. O touro foi morto pela ação dos vaqueiros. Era um bicho brabo sem temer a ninguém. O caso se deu em uma festava de vaquejada no cercado onde estava presente um grande número de pessoas convidadas. Ninguém podia supor ser aquela uma tarde de tragédia. Os vaqueiros correram para cima do touro e o mataram a facadas como se o bruto tivesse o cão no couro. Enfim, aquela foi uma tarde de lamentações e dor. O coronel Godinho ainda tentou socorrer o seu filho. Contudo não teve mais jeito algum. Desse dia em diante, dona Isadora não quis mais saber de vaquejada do seu terreiro. E o velho Godinho obedeceu tudo em dias.
Godinho:
--- Vaquejada? Nunca mais! – sentenciou o coronel.
Um gato dorminhoco subiu para um estofado perto de Renovato e por lá dormiu o seu sono secular. Um cão a ladrar bem de perto do homem teve a ação aplacada pela valentia da moça Emília ao tornar chamá-lo.
Emília:
--- Já pra pru seu curral! Ora! – falou a moça com altivez.
O cão era dobermann tinha sua companheira, também dobermann. Essa cadela estava com a ninhada de filhotes. Independente de tal comportamento, esse dobermann de nome Cacau era, com frequência, um animal dócil e bem comportado. Apenas e às vezes, quando o seu dono o coronel o chamava o cão obedecia. E se fosse para atacar, na certa ter ele a obediência de ataque. Em tais ocasiões, a cadela também estava presente ao ataque. Em demais períodos eles eram uns animais dóceis por demais.  Quando a doméstica ordenou de tal forma, o cão simplesmente obedeceu àquela jovem caseira e saiu submisso para o seu canil como sempre com o seu rosnar de galgo e tomou o caminho do seu reservado aconchego maternal. E por lá entrou, cheirou os filhotes e repousou como pode. Ao se deitar no chão frio, o dobermann deu um baque e caiu de vez ao solo fazendo um grosso barulho com a sua barrega nem tão grande assim. Pois seus olhos em Emília e repousou de vez. No mesmo momento a domestica relatou:
Emília:
--- Fica ai! E pronto! Ora que besteira! – respondeu com raiva a domestica.
E saiu do canil, tranado bem a porta, tendo feito um puxavante no cadeado para ter certeza de sua segurança e voltou para o alpendre de frente da casa grande. Por lá estava a sentar o pistoleiro Chulé, nesse tempo a canivetear as unhas grossas das mãos com os olhos atentos no temporal a cair sobre todo o município de Alcântara com o estrondar dos trovões em cima da serra e pondo em desassossego as aves domesticas do casarão. Os porcos a grunhir ou rosnar dos porcos no chiqueiro bem atrás do cercado da fazenda era um caso a parte. Jegues a correr ou cavalos a espantar as moscas no celeiro eram outro caso. E Emília se acercou do rapaz, alto, forte, e de rosto a parecer um belo homem, cabelos ruivos a aparecer por baixo do seu chapéu de vaqueiro, chapéu de couro curtido e por vez Emília quis saber com a cara arrebitada para cima.
Emília:
--- Vai tomar banho seu moço? – quis saber Emília de forma malcriada.
O pistoleiro estava entretido com a chuvarada e também com a moça da casa a quem deveria postar guarda e nem deu tanta importância à moça faladeira. Mas em certo período de tempo noto estar sendo indagado por Emília sobre algo. E olhou de vez para a mucama pequenina e atrevida. Então Chulé quis saber:
Chulé:
--- Tomar o que sinha moça? – quis saber o rapaz aparentemente belo.
Emília bateu com o pé no estrado do chão, pôs a mão nos quartos e do alto de sua pequenez quis saber outra vez com o rosto arrebitado:
Emília:
--- Banho foi o que eu disse! Um rapaz todo sujo. Fede mais parece um gambá. Horrível! Chega! Lá atrás tem banheiro dos vaqueiros. E dos proletários que nem tu. Vamos para o banho. E já! – Emília puxou no cinturão de Chulé e esse nem pode se haver.
E logo sentiu ele o puxavante da moça. Então foi logo dizendo:
Chulé:
--- Espera moça! Estou a serviço! E eu tomei banho inda agorinha! – relatou Chulé de forma revoltosa.
Emília agarrada com o cinto de Chulé e a puxar sem meias palavras com o homem a caminhar de qualquer forma sem temor ia a arrastar o rapaz. Então a moça indagou:
Emília:
--- Quando foi o agorinha? Quando foi? Quando foi? Heim? Heim? Heim? – indagou zangada a puxar o rapaz pelo cinto e esse a sustentar de qualquer forma as suas calças e o cinturão de armas, caminhando com as costas a sustentar o puxante foi a dizer.
Chulé:
--- Mesmo agora! Não faz um mês! – tentou dizer o pistoleiro procurando se desvencilhar da malcriada dona.
Emília:
--- Um mês é? Um mês? Fede mais de que bode pai de chiqueiro. Entra no banheiro e tira a roupa para eu lavar. Tudinho. Até a ceroula! – respondeu a moça de forma braba.
Chulé:
--- Pera ai sinha dona. Não quero banho. Tô de vigia! – fez ver o rapaz a Emília.
Nesse momento, já entrada do banheiro mal cheiroso dos vaqueiros, Emília notou uma lata com água e despejou em cima de Chulé. O homem todo molhado de cabo a rabo então não teve jeito. Entrou mesmo no banheiro dos homens. E Emília a pedir com extrema pressa.
Emília:
--- A roupa! Tira a roupa! O celourão também! Tira logo ou eu entro aí! Avia! Vamos! – gritou brava a pequena moça.
Chulé:
--- E eu vou vestir o que? – indagou desnorteado o rapaz.
A moça aproveitou o ensejo e determinou:
Emília:
--- Fica nu! - e caiu na gargalhada a pegar os trapos do pistoleiro para após sair a correr.
Chulé não teve outra prosa e tomou um refrescante banho com uma lata suspensa fazendo a vez de chuveiro. Quando á agua estava a terminar, eis de novo a mocinha a despejar mais ága na lata e desceu correndo a zombar do pistoleiro Chulé. E esse disse com empáfia:
Chulé:
--- Mas eu estou nu sinha dona! – vez ver o homem a cobrir com as mãos os seus pertences.

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