quinta-feira, 14 de junho de 2012

ISABEL - 15 -

- Ivanety Maria -
- 15 -
DIA A DIA
Nesse instante Otilia chegou até a sala onde estava Toré e sua mãe. Ela reclamou do calor àquela hora da manhã. Mesmo assim, se sentou em uma cadeira ao lado do seu esposo e olhou para ele com a cabeça abaixada. Sorriu e indagou se ele estava a passar bem. E ele respondeu apenas com a cabeça que sim. Dona Dulce Pontes chegou com uma xicara de café e pôs a frente da nova senhora e disse-lhe ter os dois uma marola por causa da bebida tomada a noite passada. Otilia sorriu e bebeu devagar apenas o café.
Otilia:
--- Estou enjoada. – reclamou a mulher.
Dulce:
--- Não é pra menos.  – disse-lhe a sua sogra.
Toré:
--- Foi o queijo. – relatou o homem de cabeça abaixada.
Otilia sorriu. A sua mãe indagou com espanto.
Dulce:
--- Queijo? Que queijo? – indagou a mulher com assombro.
Toré, de cabeça abaixada na mesa, começou a sorrir. A sua mulher então sorriu sem saber por que. E então indagou:
Otilia:
--- E teve queijo? Ai minha cabeça! Estou zonza. Não. Vou tomar um banho e depois ajudar dona Dulce. Queijo? Que queijo? – se voltou Otilia espantada com o que dissera Toré.
Com um bom tempo Toré tomou uma xicara de café e voltou a procurar o rato da madrugada. Apesar de vasculhar todo o recinto nada encontrou. E disse a sua mãe ter de comprar uma ratoeira e deixar armada num ponto de passagem de ratos.
Toré:
--- Vou comprar uma ratoeira da feira. Quero ver o bicho estendido no chão. – comentou Toré
Dulce:
--- Tem é muitos. Uma só não dá. – falou a mulher lavando os pratos.
Toré:
--- Trago três então. – falou o rapaz já meio aborrecido.
E desta forma o rapaz foi até o seu quarto e se vestiu com roupa de mecânico e zarpar para a rua. Logo Toré comprou em uma banca da feira três ratoeiras e saiu, então para o seu trabalho em uma oficina do bairro. Quando trabalhava em um carro apareceu um homem. Ele era chamado de Gigante, por sua estatura alta e de um bom físico. O homem se entreteu com o serviço feito em seu carro e nada indagou dos mecânicos. Em certa ocasião, ele conversava com um rapaz de certa filosofia e Toré o escutava dizer.
Gigante:
--- Ele se passou há vários anos. E esteve por todo esse tempo a “dormir”. O espirito dele despertou naquele instante. Foi então que viu uma multidão entrando na casa e foi também para a casa. Mas a casa era um Centro Espirita. E ele não sabia. Ele, que eu digo, era o espirito do homem. – e sorriu o homem Gigante.
Rapaz:
--- Eu fiquei sabendo desse caso. – relatou o rapaz. Ele também era mecânico.
Toré ouvindo isso teve certo assunto a despertar. Mas, como estava por baixo de um carro a consertar o veículo nem ligou para mais ouvir os dois a conversar. E Gigante continuou a falar de certos casos passados. Em certa oportunidade, Toré saiu de baixo do carro e olhou cismado para Gigante. Mesmo assim, nada conversou. Se fosse rato o assunto, ele já estava ciente do caso, pois em sua casa era rato o caso da madrugada. E passou a parte da manhã. Como não havia expediente à tarde, os mecânicos já estavam dispensados das suas atividades. Ao sair da oficina, Toré deixou cair o pacote a enrolar as três ratoeiras. O rapaz que esteve conversando há algum tempo antes tinha especialidade em carburação. O seu nome, todos os outros mecânicos e pessoal de fora o chamavam de Milton. E assim também Toré o chamava. Milton era um moreno magro quase seco com olhos avermelhados por causa da carburação com a qual trabalhava. O homem, Milton, estava a pentear o cabelo e viu as ratoeiras no chão. Na continuação  da conversa Milton indagou:
Milton:
--- Ratos na tua casa? – indagou o homem a pentear o cabelo.
Toré.
--- Hoje, quase não preguei os olhos. Os desgraçados faziam uma folia geral. – respondeu Toré agachado e ponto tudo num saco.
Milton sorriu e não disse mais coisa alguma. Ele chegou até a pensar nos ratos como animais asquerosos.  Toré, de momento, perguntou a Milton:
Toré:
--- Aquele homem que você conversava: ele é macumbeiro? – indagou Toré sem se preocupar com o termo.
Milton sorriu e respondeu:
Milton:
--- Espirita. Macumbeiro é outro negócio; - falou Milton ao rapaz.
Toré se inquietou e disse para se livrar de algum encosto.
Toré:
--- Sai pra lá bicho. Pra mim tudo é uma coisa só. Macumbeiro, espirita. – fez vez Toré.
Milton:
--- De certa forma pode se acreditar. Mas Gigante trabalha com mesa branca. Macumbeiro é com baixo espirito. Está aí a diferença. – relatou Milton a guarda o pente limpando nas calças.
Toré:
--- Mesa branca? Que negócio é esse? – indagou assustado Toré.
Milton:
--- É assim que se chama aos trabalhos nos Centros. As mesas são forradas de branco. – falou sem achar graça o mecânico.
Toré:
--- Dá na mesma coisa. Os de macumba forram as suas (mesas) de preto? – indagou Toré cheio de espanto.
Milton:
--- Acredito que sim. Mas os espiritas atendem gente de diversas classes. E não tenho isso de levar um frango ou garrafa de cachaça. Na sala, o povo recebe passe. – comentou Milton
Toré:
--- Ah. Bom. Entendo. Esse negócio de galinha quase sempre aparece na estrada (de ferro) que passa em frente à minha casa. Dizem que é galinha e encruzilhada. – sorriu Toré.
Milton:
--- Isso é. Quem paga o pato são os galos pretos. – sorriu Milton adiantando para sair da oficina
Toré:
--- Galo preto! Esse é o nome de um mecânico que conheci. – gargalhou Toré sem que nem mais.
E a conversa terminou por esse tempo tendo Toré partido para a sua casa perto da curva da linha do trem e levado a feira regular da semana. Feijão, carne jabá e carne de gado, porque era domingo o dia seguinte e outras coisas a mais. Como estava casado há poucos dias, Toré inventou de levar sequilhos para Otília.

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