- Ali Larter -
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RECUPERAÇÃO
Quase a
dormir, então Toré despertou e disse à sua esposa Otilia. Sua mãe teve três
filhos: o primeiro foi ele – Toré; o segundo foi uma garota, Silvia; o terceiro
foi um garoto, Arnaldo. Esse morreu logo quando ainda era um bebê. A menina foi
até aos doze anos e morreu de febre tifo e, por fim, quando dona Dulce estava
com Toré ainda de colo, alguém pôs na sua porta outra menina. Essa foi Luiza.
Foram os únicos casais a sobreviver até aqueles dias. A moça então declarou ser
até aquela data alheia aos outros nascimentos.
Otilia:
--- Você
nunca me falou dessa Silvia. Por quê? – indagou a moça.
Toré:
--- Não
via importância. Ela morreu há muito tempo. – fez ver o rapaz.
Otilia:
---
Curioso isso. Eu chegue a imaginar ser a menina uma neta da vizinha. E não a vi
mais por essas bandas. Agora você me fala em uma irmã falecida. E como era essa
menina? – indagou preocupada a senhora Otilia.
Toré:
--- Ela?
Era uma menina. Corpo franzino, rosto pálido, baixa altura. Era uma menina
afinal. – respondeu o rapaz já meio sonolento.
De
repente, dona Dulce surgiu à porta do quarto de Toré e Otilia e perguntou
afinal:
Dulce:
--- Onde
está Silvia? – indagou Dulce com voz acanhada.
Aquilo
surpreendeu ao casal. Tao de repente a mulher escutou e falou. Era um sintoma
de real progresso da enferma. O médico tinha advertido quanto a isso. E no
exato momento a mulher falou em Silvia.
Toré:
--- Mãe?
A senhora falou? – fez ver o homem desesperado com a mulher a falar.
Otilia:
--- Ai
meu Deus! Ela acordou! – falou a moça com farta alegria.
E a
mulher tornou a falar:
Dulce:
--- Onde
está a minha filha? – indagou a mulher de forma tranquila.
O rapaz,
muito alegre pulou da cama e se abraçou com a sua mãe. Do mesmo jeito falou a
esposa Otilia. E em seguida, a esposa disse a sorrir ser preciso chamar Luiza
para ver o milagre ocorrido com dona Dulce. E, de momento para outro, Otilia
saiu a correr desenfreada, abrindo a porta da sala e correndo até a casa de
Luiza. Em contra partida Toré pegou a mãe pela cintura e a conduziu até a sala
de jantar. O rapaz chorava demais por ter visto aquela cena. Já não mais
acreditava na recuperação da mulher. Ouvia falar Otilia, quando a servia o almoço
ser aquilo “almoço” e era para “comer”, fazendo o gesto a levar a mão à boca.
Se a mulher perguntava o que era “aquilo”, Otilia respondia “ser bife de gado”.
E se a mulher perguntava o que era “gado”, a nora respondia ser vaca criada e
levada para o matadouro. E a mulher sorria com a palavra “matadouro” como se
nunca tivesse ouvido falar. Era tudo isso a se passar na cabeça de Toré a
chorar de emoção vendo a sua mãe se recuperando do susto levado há alguns
meses.
Toré:
--- Minha
mãe! Sente-se aqui! Pronto! Assim! – falava Toré a abraçar a sua mãe.
Quantas
imensas vezes a mulher ficou na sala de visita sentada em um sofá sem dizer
palavras e a olhar o infinito. E de momento, parecendo um sonho, a mulher
despertou. Mesmo a indagar sobre sua
filha morta há vários anos, era um sinal da reabilitação de Dulce. Em igual
momento chegou a casa a senhora Luzia acompanhada por Otilia. Eram todas
alegrias ao ver a recuperação da mulher sem fala. A filha tão logo chegou se
abraçou a sua mãe e se debruçou em seu ombro a chorar, a lacrimejar a tudo
enfim a ter podido fazer. Otilia ainda perguntou a Toré se Dulce havia dito
algo na sua ausência. O rapaz fez negativo e a mulher, ao ver Luiza lacrimejou
também se abraçou com a filha a chamar por Silvia. Então Luiza declarava não
ser Silvia, pois esta morrera a tempos idos. E a mulher chorou vertentes
lágrimas. Em tudo e por tudo era alegria total da família. Pessoal da
vizinhança não fez por menos. O pessoal chegou de repente à casa de Dulce e
demonstrava sinais de contentamento pela recuperação imprevista da mulher. Era
mulheres e crianças todos procurando ver de perto dona Dulce. A mulher não dava
a menor importância àquela total festa. Apenas argumentava:
Dulce:
---
Preciso dormir. Ai que sono! – dizia a mulher no meio de tanta gente.
Após
longo período de tempo, o povo saiu para as suas casas abraçando a Luiza e
Otilia pela recuperação lenta de Dulce. Após esse tempo, ficaram junto à cama
do primeiro quarto os parentes mais próximos de Dulce. Nada quiseram falar do
torpor da mulher. Seria preciso dar tempo ao tempo e perceber quando Dulce
sairia do seu adormecimento.
Quando
tudo se acalmou na residência de Dulce, certa vez, Otilia decidiu ir até ao bar
de Isabel contar as novidades. Era uma cara de alegria a de Otilia. Muito
embora fosse prematura a se falar em total reabilitação, podiam-se notar as
conversas de dona Dulce sobre coisas do seu passado, e com certeza, de Silvia.
Ela morreu aos dozes anos acometida de uma febre tifoide, conforme o
diagnóstico médico. E disse ainda dona Dulce ter sofrido muito pela morte da
pequena filha. Ela às vezes esquecia-se de alguns detalhes para depois emendar
com outras coisas do passado. Negócios de marido e mulher. Tudo isso, Otilia
contou a Isabel.
Otilia:
--- Ela
se lembra de seu marido, motorista de caminhão. Diz a mulher ter ele saído de
casa. Depois vai dizer ter sido “outra”
que o tomou. Negócios às vezes sem nexo. Mas, pelo que eu soube de
verdade, o marido a abandonou e vive hoje com “outra” mulher. Mas, o homem está
em outro Estado dessa região. – relatou a visitante.
Isabel:
--- Isso
acontece. É negócio de a gente passar por poucas e boas. Certo dia, eu soube de
uma história contada por um freguês. Disse ele ter Gonzaga sido enjeitado por a
sua mãe. E assim foi criado com um pessoal do interior. Foi assim que o homem
falou. A mãe de Gonzaga ainda era viva. Mas, depois o freguês disse ter sido
morta em um acidente. Coisas que eu não dei fé. É tanto que nem falei a
Gonzaga. - falou com bastante calma a mulher.
E a
conversa demorou por um curto espaço de tempo. Otilia após os beijos saiu em
busca de um ônibus em direção a sua casa. No meio da viagem, aproximou-se da
mulher um antigo freguês das arruaças da vida. Ela a cumprimentou e foi de
chofre na conversa:
Freguês:
--- Como é?
Vamos dar uma? – perguntou o freguês com a cara sínica.
Otilia
olhou depressa e pediu licença indo se sentar em uma cadeira mis a frente onde
já havia uma mulher imensamente gorda. O homem seguiu a mulher e não deixava
por menos a indagação.
Freguês:
--- Como
é sua banqueira? Agora tais nessa? Eu te conheço sinhá vaca. - falou o homem
com tom bravio.
Otilia
não suportando mais lhe largou a bolsa na sua cara. O homem se viu agredido e
buscou socar a mulher por todos os meios querendo passar sobre a mulher gorda.
Essa não saía do canto. Apenas dizia:
Mulher:
--- Tenha
modos seu canalha! – dizia a mulher gorda.
Nesse
momento o motorista parou o ônibus e pegou o desaforado pela gola da camisa e o
despejou para fora da condução. O homem
enraivecido apenas dizia:
Freguês:
--- Eu te
pego sinhá vaca! Eu te pego! – dizia o homem com muita raiva em baixo, em plena
calçada.
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