terça-feira, 19 de junho de 2012

ISABEL - 20 -

- Ali Larter -
- 20 -
RECUPERAÇÃO
Quase a dormir, então Toré despertou e disse à sua esposa Otilia. Sua mãe teve três filhos: o primeiro foi ele – Toré; o segundo foi uma garota, Silvia; o terceiro foi um garoto, Arnaldo. Esse morreu logo quando ainda era um bebê. A menina foi até aos doze anos e morreu de febre tifo e, por fim, quando dona Dulce estava com Toré ainda de colo, alguém pôs na sua porta outra menina. Essa foi Luiza. Foram os únicos casais a sobreviver até aqueles dias. A moça então declarou ser até aquela data alheia aos outros nascimentos.
Otilia:
--- Você nunca me falou dessa Silvia. Por quê? – indagou a moça.
Toré:
--- Não via importância. Ela morreu há muito tempo. – fez ver o rapaz.
Otilia:
--- Curioso isso. Eu chegue a imaginar ser a menina uma neta da vizinha. E não a vi mais por essas bandas. Agora você me fala em uma irmã falecida. E como era essa menina? – indagou preocupada a senhora Otilia.
Toré:
--- Ela? Era uma menina. Corpo franzino, rosto pálido, baixa altura. Era uma menina afinal. – respondeu o rapaz já meio sonolento.
De repente, dona Dulce surgiu à porta do quarto de Toré e Otilia e perguntou afinal:
Dulce:
--- Onde está Silvia? – indagou Dulce com voz acanhada.
Aquilo surpreendeu ao casal. Tao de repente a mulher escutou e falou. Era um sintoma de real progresso da enferma. O médico tinha advertido quanto a isso. E no exato momento a mulher falou em Silvia.
Toré:
--- Mãe? A senhora falou? – fez ver o homem desesperado com a mulher a falar.
Otilia:
--- Ai meu Deus! Ela acordou! – falou a moça com farta alegria.
E a mulher tornou a falar:
Dulce:
--- Onde está a minha filha? – indagou a mulher de forma tranquila.
O rapaz, muito alegre pulou da cama e se abraçou com a sua mãe. Do mesmo jeito falou a esposa Otilia. E em seguida, a esposa disse a sorrir ser preciso chamar Luiza para ver o milagre ocorrido com dona Dulce. E, de momento para outro, Otilia saiu a correr desenfreada, abrindo a porta da sala e correndo até a casa de Luiza. Em contra partida Toré pegou a mãe pela cintura e a conduziu até a sala de jantar. O rapaz chorava demais por ter visto aquela cena. Já não mais acreditava na recuperação da mulher. Ouvia falar Otilia, quando a servia o almoço ser aquilo “almoço” e era para “comer”, fazendo o gesto a levar a mão à boca. Se a mulher perguntava o que era “aquilo”, Otilia respondia “ser bife de gado”. E se a mulher perguntava o que era “gado”, a nora respondia ser vaca criada e levada para o matadouro. E a mulher sorria com a palavra “matadouro” como se nunca tivesse ouvido falar. Era tudo isso a se passar na cabeça de Toré a chorar de emoção vendo a sua mãe se recuperando do susto levado há alguns meses.
Toré:
--- Minha mãe! Sente-se aqui! Pronto! Assim! – falava Toré a abraçar a sua mãe.
Quantas imensas vezes a mulher ficou na sala de visita sentada em um sofá sem dizer palavras e a olhar o infinito. E de momento, parecendo um sonho, a mulher despertou.  Mesmo a indagar sobre sua filha morta há vários anos, era um sinal da reabilitação de Dulce. Em igual momento chegou a casa a senhora Luzia acompanhada por Otilia. Eram todas alegrias ao ver a recuperação da mulher sem fala. A filha tão logo chegou se abraçou a sua mãe e se debruçou em seu ombro a chorar, a lacrimejar a tudo enfim a ter podido fazer. Otilia ainda perguntou a Toré se Dulce havia dito algo na sua ausência. O rapaz fez negativo e a mulher, ao ver Luiza lacrimejou também se abraçou com a filha a chamar por Silvia. Então Luiza declarava não ser Silvia, pois esta morrera a tempos idos. E a mulher chorou vertentes lágrimas. Em tudo e por tudo era alegria total da família. Pessoal da vizinhança não fez por menos. O pessoal chegou de repente à casa de Dulce e demonstrava sinais de contentamento pela recuperação imprevista da mulher. Era mulheres e crianças todos procurando ver de perto dona Dulce. A mulher não dava a menor importância àquela total festa. Apenas argumentava:
Dulce:
--- Preciso dormir. Ai que sono! – dizia a mulher no meio de tanta gente.
Após longo período de tempo, o povo saiu para as suas casas abraçando a Luiza e Otilia pela recuperação lenta de Dulce. Após esse tempo, ficaram junto à cama do primeiro quarto os parentes mais próximos de Dulce. Nada quiseram falar do torpor da mulher. Seria preciso dar tempo ao tempo e perceber quando Dulce sairia do seu adormecimento.
Quando tudo se acalmou na residência de Dulce, certa vez, Otilia decidiu ir até ao bar de Isabel contar as novidades. Era uma cara de alegria a de Otilia. Muito embora fosse prematura a se falar em total reabilitação, podiam-se notar as conversas de dona Dulce sobre coisas do seu passado, e com certeza, de Silvia. Ela morreu aos dozes anos acometida de uma febre tifoide, conforme o diagnóstico médico. E disse ainda dona Dulce ter sofrido muito pela morte da pequena filha. Ela às vezes esquecia-se de alguns detalhes para depois emendar com outras coisas do passado. Negócios de marido e mulher. Tudo isso, Otilia contou a Isabel.
Otilia:
--- Ela se lembra de seu marido, motorista de caminhão. Diz a mulher ter ele saído de casa. Depois vai dizer ter sido “outra”  que o tomou. Negócios às vezes sem nexo. Mas, pelo que eu soube de verdade, o marido a abandonou e vive hoje com “outra” mulher. Mas, o homem está em outro Estado dessa região. – relatou a visitante.
Isabel:
--- Isso acontece. É negócio de a gente passar por poucas e boas. Certo dia, eu soube de uma história contada por um freguês. Disse ele ter Gonzaga sido enjeitado por a sua mãe. E assim foi criado com um pessoal do interior. Foi assim que o homem falou. A mãe de Gonzaga ainda era viva. Mas, depois o freguês disse ter sido morta em um acidente. Coisas que eu não dei fé. É tanto que nem falei a Gonzaga. - falou com bastante calma a mulher.
E a conversa demorou por um curto espaço de tempo. Otilia após os beijos saiu em busca de um ônibus em direção a sua casa. No meio da viagem, aproximou-se da mulher um antigo freguês das arruaças da vida. Ela a cumprimentou e foi de chofre na conversa:
Freguês:
--- Como é? Vamos dar uma? – perguntou o freguês com a cara sínica.
Otilia olhou depressa e pediu licença indo se sentar em uma cadeira mis a frente onde já havia uma mulher imensamente gorda. O homem seguiu a mulher e não deixava por menos a indagação.
Freguês:
--- Como é sua banqueira? Agora tais nessa? Eu te conheço sinhá vaca. - falou o homem com tom bravio.
Otilia não suportando mais lhe largou a bolsa na sua cara. O homem se viu agredido e buscou socar a mulher por todos os meios querendo passar sobre a mulher gorda. Essa não saía do canto. Apenas dizia:
Mulher:
--- Tenha modos seu canalha! – dizia a mulher gorda.
Nesse momento o motorista parou o ônibus e pegou o desaforado pela gola da camisa e o despejou para fora da condução. O  homem enraivecido apenas dizia:
Freguês:
--- Eu te pego sinhá vaca! Eu te pego! – dizia o homem com muita raiva em baixo, em plena calçada.

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