quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"NARA" - 04 -

- Emma Watson -
- 04 -
CRIANÇA
O homem saiu correndo para o quarto de sua filha nem pensando mais em tomar banho da noite antes do jantar. Ele queria ver o recém-nascido nos braços de Nara e de quem era filho. Para Sisenando era uma surpresa. Ele não sabia dizer qual seria o prejuízo ou vantagem do garoto porque até então não sabia o nome da criança e nem o da sua mãe. Ele apenas queria ver a criança.  O bebê estava a tomar chá de cidreira para amenizar um pouco o sofrer. Em sua casa, Nara tinha leite de gado, muito forte para alimentar um bebê. Mesmo assim, Nara estava disposta a coar o leite para o bebê segurar um pouco a refeição. A espera por  Laura já durava bastante tempo. A chegada do seu pai deu um choque em Nara. Em seguida também entrou em seu quarto a mulher, dona Ceci, já bastante preocupada com a demora de Laura, amiga de sua filha. Ela saíra para comprar fraldas como informou Nara sua filha. O pai, seu Sisenando, chegou apressado para ver de perto a criança. Ele sorria como se o bebê podia ser de sua filha amada mesmo sem engravidar. Esfregava as mãos uma na outra e o riso franco na face.
Sisenando:
--- De quem é? De quem é? Tem nome? Tem? – perguntou de imediato o homem querendo ver mais de perto a criança.
A filha comentou não saber. Porém a sua amiga falou em Socorro. E se tinha nome, ara não sabia qual, pois nem Laura dissera ou sabia. Apenas disse o nome de bebê ou neném.
Nara:
--- Eu estou aqui, cuidado da criança até a volta de Laura. E ela já devia ter chegado a essa hora da noite. – comentou Nara sem perder atenção na criança.
Sisenando:
--- Mas “ela” é linda! – dizia o homem a sorrir.
Nara:
--- É “ele”. Não troque as bolas! – sorriu a moça a acalentar o guri.
Sisenando:
--- Ah. É “ele”? Imagine! Que belo menino. Essa mulher vai querer ficar com “ela”? – indagou o homem sem notar a confusão do sexo.
Ceci:
--- É “ele”, velho! Não troque as bolas! – afirmou a mulher zangada com Sisenando.
O homem sorriu como quem dizia: “ele ou ela” tudo é a mesma coisa. Apesar de Sisenando não ter dito tal comentário. De imediato ele cuidou de ajuntar o menino nos seus braços para ter o prazer de ver aquele bebê tão pequenino ser de imediato um homem. Então Sisenando contou uma história em rápidas pincelada de quando era menino. Ele, recém-nascido urinou no paletó do seu pai. Isso, a sua mãe sempre contava e sorria. Nesse dado instante, o bebê urinou na camisa de Sisenando e a sua mulher comentou a sorrir:
Ceci:
--- Pronto! Não deu outra! Tome xixi! -  e gargalhou acompanha da filha.
Sisenando:
--- Ele fez xixi em mim? – ele comentou alegre e cheio de risos afastando o bebê do colo.
Nara:
--- “Me” dê ele! Mostrou bem para o que veio! – comentou a filha de Sisenando.
O homem saiu depressa do quarto de Nara, pois a hora avançava e ele estava quase perto de sair para a Maçonaria, algo que toda semana era feito. Ceci, mãe de Nara, saiu também e disse ainda ter de fazer uma “garapa” de leite para o bebê, pois a hora era avançada.  A filha concordou e foi em busca de sua mãe. Com isso, a hora passou depressa e Laura, amiga de Nara não aparecia com as faldas.  Foi o tempo e o bebê adormecera de verdade. Nara cuidou da criança durante a noite e madrugada. No dia seguinte, Ceci teve de comprar leite para recém-nascidos, pois a demora da amiga já era para se contar nos dedos.
A mulher teve o cuidado de arranjar um “balanço” para por o bebê e Nara deixou o seu violão por alguns momentos passando a cuidar apenas da criança. A cada passo uma pessoa batia na porta. Nara olhava e se desenganava da volta de Laura. As visitas eram apenas ‘comadres’ da redondeza.  Presentes para o bebê: chocalhos, bonecos de borracha, roupinhas, talcos, sabonetes para o banho, abanador e até mesmo as benditas fraudas.
Um.
--- Que lindo! Uma bonita criança. – dizia alguém a sorrir batendo com as mãos uma na outra.
Duas:
--- Ele já tem nome? – perguntava alguém querendo saber de fato.
Três:
--- Quem é a mãe? – indagava a terceira a procura de detalhes..
Nara:
--- Não. Não tem. Apenas sua majestade, o bebê. – sorria a moça acalentando a criança na sala de espera.
Quarta:
--- Eu já ia dizer: “É todinha a mãe”. – respondia uma quarta mulher.
Quinta:
--- Te enxerga mulher. Não está vendo que é menino. – repreendeu outra mulher.
Quarta:
--- Mas podia ser menina. Ora. Isso é besteira. – e deu um “thuc” a mulher dos seus 50 anos.
A casa de dona Ceci virou um reboliço o dia todo. Cada um que levasse um presente. Tinha até cacho de bananas para fazer papinhas. O homem do leite, logo cedo arranjou mais um litro da mercadoria como presente. E as “beatas” acertaram logo rezar um terço à noite para a sorte da criança. Enquanto isso, Laura desaparecera sem dar notícia de quando pretendia voltar. O “avô” Sisenando não parava na rua. Era de repartição para casa e vice versa de manhã e de tarde. Aquele era o “orgulho” do homem.
Sisenando:
--- Um presente do céu! Um presente do céu! – dizia o homem com muito orgulho.
Quando acordava de manhã, de tarde ou de noite o bebê logo chorava. Motivos vários: fome, fralda suja, frio, calor, posição desconfortável, incômodo, irritação por barulho ou luz, estresse por movimentação dos adultos. Cansaço e falta de sono. Isso era o que mais atarantava a sua “mãe” Nara, pois não sabia nem um pouco cuidar de criança. Uma vizinha, com maior experiência passou a cuidar do menino para orientar a sua “mãe” nas primeiras horas em sua companhia. Se um bebê estivesse sem fome, o aconchego e o deitar de posição fetal eram os melhores remédios. Se o bebê sentia cólica era de modo passageiro, pois logo era contornado. Os primeiros cuidados era o de levar seu ‘filho’ especialista.
Vizinha:
--- A senhora pode levar a criança ao doutor José Ivo, na cidade. Ele cuida bem de crianças. – disse a mulher com sua cabeça pendida.
Nara:
--- Mas eu nem sou mãe? – respondeu assustada a moça.
Vizinha:
--- Não importa. O que basta é ele ter nome. – relatou à vizinha.
Ceci:
--- Sisenando. É o nome dele! Sisenando! – respondeu a mulher em cima da hora.
Nara:
--- Ô mãe? Que nome? – respondeu a moça um tanto triste.
Ceci:
--- Que é que tem? Não é o nome do teu pai? Ora! – e a mulher deu um thuc em seguida.


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