- Nicole Kidman -
- 08 -
FESTIVAL
O rapaz – médico – sorriu pela
decisão de Nara e resolver se entrosar com o grupo. Os rapazes e moças estavam
com toda certeza destinados a participar do Festival da Juventude a ter lugar também
em Natal. Dos seis ou oito iniciais
participantes pelo menos Nara estava acertada em ter de participar. Com boas
notícias iniciais o rapaz ficou de voltar à casa de Nara as primeiras horas da
noite daquele dia para poder levar Nara e, possivelmente, o seu filho, o
pequeno Neto como passou a ser chamado o menino Sisenando. Entre outros
assuntos Eurípedes teceu comentário sobre o Festival e os ensaios da garagem da
casa de Fred. Apesar de ser apertada, a garagem serviria de algum modo para a
turma ensaiar. No vai e vem da conversa, Nara indagou se alguém pusera nome no
grupo. Eurípedes relatou não saber ao certo. E perguntou;
Eurípedes:
--- Você alguma ideia? –
perguntou sem muita precisão.
Nara:
--- Não. ... A não ser um nome
simples. Que tal “Garagem”? – sorriu relutante a moça.
O rapaz ficou a meditar se o nome
era propício. E demorou um pouco até perguntar;
Eurípedes:
--- Garagem? – indagou o moço com
cara duvidosa.
Nara:
--- Foi uma ideia. Afinal é onde
estamos a ensaiar. Não é em uma garagem? Então? – falou sorrindo a moça.
Eurípedes:
--- Sim. Nesse ponto você tem
razão. Vamos ouvir os outros. De momento eu também fico com o termo “Garagem”.
– sorriu o homem.
E a conversa prosseguiu até quase
às onze horas da manhã quanto Eurípedes pediu para sair e Nara o convidou para
ficar, pois sua mãe já estava a preparar o almoço. Nesse tempo, a
moça já estava com seu filho no colo afagando e pondo a mamadeira para o garoto
com leite lacto uma vez ser o bebê de tenra idade. Eurípedes ficou a olhar o
jeito daquela mãe a cuidar do seu filho de modo tão deleitoso. Um caso típico. Havia mães a adotar filhos
“dos outros”, mesmo assim, Eurípedes jamais teve a oportunidade de ver uma
simples moça tão jovem a cuidar de um pimpolho como seu. A moça não tinha leite e por isso
dava leite de mamadeira. O rapaz ainda olhou terno para a criança pensando em
um dia ser pai com o mesmo afago.
Pouco antes do meio dia, chegou o
senhor Sisenando com uma verdadeira “feira” nos braços para por em cima da
mesa. Ele cumprimentou o rapaz e indagou
de quem se tratava. Nara respondeu ser o Doutor Eurípedes, médico. O pai quase
se lembrou da figura. Mesmo assim achou por bem indagar:
Sisenando:
--- O senhor é o mesmo do carnaval? – indagou com
pressa o homem.
Eurípedes sorriu e observou seu o
seu disfarço não mágico, pois estava sendo reconhecido até mesmo pelo pai de
Nara. E resolveu o assunto.
Eurípedes:
--- Sim. Sou a mesma pessoa. –
sorriu o homem.
Nesse momento Sisenando sentiu um
puxar em suas calças e, de repente, olhou e viu ser de Nara fazendo silencio
para o homem evitar chamar o rapaz pelo apelido “Baiacu”. O velho entendeu e sorriu. Nessa mesma ocasião
relatou um assunto vindo do rádio. Era de um meteorito caído numa região da
Rússia, atingido seis ou mais cidade, provocando mortes e feridos em cerca de
mil pessoas.
Sisenando:
--- Houve pânico geral entre a
população. Um rastro de fumaça foi visto
no Céu. Bolas de fogo foram lançadas a Terra. As pessoas estão em desespero. –
relatou o velho todo suado por conta do calor do meio dia.
Nara;
--- O senhor ouviu a notícia? –
indagou meio confusa com a situação dos feridos e mortos.
Sisenando:
--- Sim. Estava sendo divulgado
há instantes. – falou o homem a despejar o conteúdo do saco.
Eurípedes calou por instantes e
ficou pensando no Hospital onde trabalhava. O assunto era por menos
questionável. Afinal ocorreu numa região distante, em outro país. Por Natal não
tinha algo nesse sentido. Ele ouvira falar de um meteorito a se aproximar da
Terra para um dia qualquer desses dias. Talvez fosse esse o caso. Sem se ligar
muito ao assunto, Eurípedes deu menos importância ao fato. Apenas pensou em um
amigo ter se lançado numa aventura e morar na URSS – A União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas – depois de longa espera. Desde um certo tempo ele não escrevia para seus
parentes, pois não tinha “disposição” para tal. A União Soviética era a chamada
Cortina de Ferro. Chegava-se noticia da China, no extremo oriente um país
“trancado” e, pois isso mesmo chamado “Cortina de Bambu”. No Brasil não havia
nenhuma repressão àqueles jovens dispostos da entrar na Cortina de Ferro. Mesmo
assim, quem fosse para a União Soviética era visto como “aventureiro” e a
política norte americana fazia pressão para que o Brasil não permitisse
brasileiro a entrar nesse país muito “distante”. A Cortina de Ferro foi
implantada nos anos vinte. A II Guerra Mundial facilitou mais o ingresso de
estrangeiros no império russo. Contudo, após o final da Guerra, o Governo da
União Soviética teve de reestruturar para sair de um melancólico final e as
pequenas nações do Império Soviético implantaram a mesma política do governo
central de Moscou.
Às sete horas da noite Eurípedes
estacionou o carro em frente a casa de Nara. Ela já estava em pé na porta com
os braços em forma de asas fincando cada lado do corpo. O jovem entrou na sala
com o seu sorriso de sempre e logo notou um presente posto ao lado, porém ainda
fechado. A moça estava braba com o moço e foi logo a perguntar:
Nara:
--- Quem mandou? - e balançando o
pé mostrava o piano ao seu lado.
Eurípedes:
--- Primeiro: boa noite. E então?
Esse é bom? – sorriu o homem a cumprimentar o pai de Nara.
Nara:
--- Você não respondeu! – falou a
moça pouco brava.
Eurípedes:
--- Ora. Não foi nada. Você disse
ter aprendido tocar piano e eu adquiri um e mandei para você continuar os
estudos. – respondeu o rapaz a sorrir.
Sisenando:
--- Esse piano é de uma marca excelente.
Um Fritz Dobbert. Eu fiz estudos em um piano desses quando era pequeno. – falou
o pai de Nara sem se levantar de onde estava.
Eurípedes:
--- Isso. Na minha casa temos um
piano desses. Ele é uma maravilha. Espero ser esse também. – sorriu o homem esfregando as mãos.
A moça calou e olhou para o seu
pai a dizer:
Nara:
--- Até o senhor? – perguntou a
moça de forma brava.
Sisenando:
--- E o que é que tem? Todo mundo
tem piano em sua casa. Quase, quis dizer. Eu até toco alguma coisa sem me
lembrar de tudo. – sorriu o homem encostando o jornal já lido.
Nara:
--- Quer dizer que eu estou entre
dois maestros? – falou brava a moça.
Sisenando:
--- Ora minha filha. É só um
presente. E se não quiser me dê. – sorriu o velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário