- Emily Browning -
- 09 -
O INÍCIO
Após a discussão por causa do
piano dado, Nara resolveu sair com o rapaz Eurípedes, tendo deixado o filho aos
cuidados de sua mãe, Ceci, mesmo estando sempre preocupada com a criança. Na
viagem ela se trancou e levou o seu violão, cujo destino era quase remoto por
conta de Neto. Mas, então, ela retirou a capa do forro e foi com seu violão
para participar do início das discussões sobre o Festival a ter lugar no Teatro
“Carlos Gomes”, provavelmente. A noite vazia deixava ver ter a eterna solidão
mesmo estando Nara acompanhada, uma sensação nostálgica e relutante. As casas
sombrias passavam uma após outra no caminhar de um futuro do nada. Vento a
uivar dava aos cabelos soltos da moça a imensa agradável percepção da sua
quimérica solidão de sempre. Nara sempre calada olhava para as casas já
modernas ao contrario das chamadas de “biqueira” ou “cachorro de cócoras” a
prender seus soltos cabelos no início daquela noite de verão apesar de ser
inverno no hemisfério sul. Como era bela jovem moça no cuidar da noite. Rapazes
a passar conversando e moças a sair das suas casas com uma porção de livros e
cadernos em baixo do braço. Homens sisudos em trajeto para o lado de suas
moradias e os jogadores de bilhar a torcer os lisos tacos no ambiente das salas
de apostas. Bonde a sair para o seu destino com as pessoas a pegar pelo lado de
fora, pois para esses era mais fácil saltar. Uma motocicleta a passar
desenfreada por entre as pessoas no instante de atravessar a rua. Um grito:
Pessoa:
--- Ui! Está louco seu maluco?! –
gritava a pessoa de modo a se frear para a moto passar.
Apesar de tudo, a vida
continuava. No templo protestante as pessoas começavam a chegar para recitar a
sua Bíblia. E mais a frente, o chique cinema a abrir suas bilheterias para a
venda dos bilhetes para a sessão da noite. Carros ao redor do cinema eram o
comum. E o silencio imperava para o lado mais distante. Uma anciã parava na
calçada a espera de tudo passar para ela poder atravessar a rua. Um rapaz entrava em uma estação de rádio, com certeza
para fazer o seu programa da noite. Um homem chegava à frente da emissora e
colocava a cadeira onde de imediato se sentara. Com um determinado tempo o veículo de
Eurípedes estacionou na frente da casa sombreada de Fred onde estavam luzes
acesas e, na entrada da casa, havia pouca gente, incluindo Fred. O rapaz olhou para a entrada e logo falou:
Eurípedes:
--- Chegamos! Tem pouca gente. É
assim mesmo. Nós e os outros. – sorriu o rapaz.
Nara olhou a casa de Fred e notou
ser chique. E de imediato vislumbrou a garagem dentro do terreno, no final da
casa nobre. Ela não falou. Mas de imediato desceu do auto a levar o seu violão.
Nesse tempo, Fred chegou ao portão da casa e Eurípedes saltou igualmente do
veículo fazendo largos elogios ao companheiro. Por seu turno, Nara apenas
cumprimentou Fred e olhou de relance para ver os que estavam sentados nas
cadeiras postas na entrada. Havia três moços e uma moça, pelo visto, namorada
de algum dos presentes. Ela foi entrando em companhia de Eurípedes e recebendo
os agradecimentos de Fred. Finalmente
chegou até ao local onde estavam os demais componentes do ensaio.
Nara:
--- Boa noite. Como estão vocês?
– falou a moça aos demais companheiros.
Outros:
--- Boa noite Nara. Aqui tudo
bem. Você vai incentivar a nossa causa? – indagou um de eles a sorrir.
Nara:
--- Eu recebi convite hoje por
parte de Eurípedes. Ele é que pode falar. – falou de novo a moça a olhar sem
querer para o doutor.
E a conversa continuou com Fred a
chamar os amigos para a garagem onde existiam apenas pneus velhos entre outros
objetos de automóveis. Nara olhou para tudo e não disse nada. Os bancos estavam
à disposição dos amigos. A lâmpada de luz elétrica estava acesa. Para se
desligar era apenas apertar em um interruptor. A moça fez cara de quem não
gostava, pois a luz ainda era muito fraca. De um modo ou de outro, ela não
disse coisa alguma. Fred iniciou a reunião a conversar sobre o Festival da
Juventude pretendido se fazer em Natal
talvez antes mesmo de ocorrer o do Recife. Contudo teria que se ensaiar
muito até tudo estar pronto. Ele falou ter sido a ideia de Eurípedes em
conversa entre ambos. Nada havia ainda decidido. Fred ficou responsável em
chamar os colegas que os conhecia e tudo estava nesse pé.
Fred:
--- É isso, turma. – sorriu o
rapaz a esfregar as mãos uma na outra.
Eurípedes:
--- Quem fala agora? – perguntou
o segundo rapaz aos demais presentes.
Um –
--- Esse festival vai ser aonde?
– indagou um rapaz.
Eurípedes:
--- Qual? O de Natal? Aí é que
está o problema. Nós temos o Teatro “Carlos Gomes”. Porém, a princípio, temos
que ensaiar. Eu fiquei de falar com outro amigo. Mesmo assim, ele não chegou
até agora. Não sei o que sucedeu. Mas, pensando concreto, eu cheguei a conclusão de ser aqui mesmo os ensaios. Talvez a família de Fred
não se importe. E. ...- estava a falar o rapaz.
Nara:
--- E se o Teatro não ceder
espaço? – indagou a moça a olhar para Fred.
Fred:
--- É com ele. – sorriu Fred
apontando o dedo para Eurípedes.
Nara se virou para Eurípedes, ela
sentada no banco, com o violão atravessado em suas pernas e a mão no queixo. O
rapaz a olhou e fez um gesto de riso sem querer. Então Eurípedes falou:
Eurípedes:
--- Bem. Parece não haver
problemas com relação ao Teatro. Porém, em outro caso, temos o Teatro do
Colégio Marista. – sorriu sem querer o rapaz.
Nara:
--- E os ensaios? – indagou por
mais uma vez a moça.
Eurípedes:
--- Isso é com ele? – e apontou
para Fred.
Fred:
--- Por mim, tudo bem. Vai ser
mesmo aqui. – resolveu o rapaz.
Nara:
--- Garagem! – falou a moça.
Fred:
--- Sim. Na garagem. – sorriu sem
querer o rapaz.
Nara:
--- Eu falo no nome da banda.
“Garagem”. – falou a moça.
Fred, sem entender muito bem do
nome olhou para o seu amigo Eurípedes.
Eurípedes:
--- Nara me falou no nome do
Grupo. Para ela, como se vai ensaiar em uma garagem, nada melhor do que por seu
nome também de Garagem. E você o que acham? – perguntou o rapaz a turma
reunida.
Os demais se olharam e nada
tiveram a responder. Apensas um dos quatro ventilou.
Um.
--- Garagem? Eu pensei em se por
um nome mais significativo. – relatou o número Um sem tecer maiores
comentários.
Eurípedes:
--- Que nome, por exemplo? –
indagou o rapaz ao numero Um.
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