quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"NARA" - 09 -

- Emily Browning -
- 09 -
O INÍCIO
Após a discussão por causa do piano dado, Nara resolveu sair com o rapaz Eurípedes, tendo deixado o filho aos cuidados de sua mãe, Ceci, mesmo estando sempre preocupada com a criança. Na viagem ela se trancou e levou o seu violão, cujo destino era quase remoto por conta de Neto. Mas, então, ela retirou a capa do forro e foi com seu violão para participar do início das discussões sobre o Festival a ter lugar no Teatro “Carlos Gomes”, provavelmente. A noite vazia deixava ver ter a eterna solidão mesmo estando Nara acompanhada, uma sensação nostálgica e relutante. As casas sombrias passavam uma após outra no caminhar de um futuro do nada. Vento a uivar dava aos cabelos soltos da moça a imensa agradável percepção da sua quimérica solidão de sempre. Nara sempre calada olhava para as casas já modernas ao contrario das chamadas de “biqueira” ou “cachorro de cócoras” a prender seus soltos cabelos no início daquela noite de verão apesar de ser inverno no hemisfério sul. Como era bela jovem moça no cuidar da noite. Rapazes a passar conversando e moças a sair das suas casas com uma porção de livros e cadernos em baixo do braço. Homens sisudos em trajeto para o lado de suas moradias e os jogadores de bilhar a torcer os lisos tacos no ambiente das salas de apostas. Bonde a sair para o seu destino com as pessoas a pegar pelo lado de fora, pois para esses era mais fácil saltar. Uma motocicleta a passar desenfreada por entre as pessoas no instante de atravessar a rua. Um grito:
Pessoa:
--- Ui! Está louco seu maluco?! – gritava a pessoa de modo a se frear para a moto passar.
Apesar de tudo, a vida continuava. No templo protestante as pessoas começavam a chegar para recitar a sua Bíblia. E mais a frente, o chique cinema a abrir suas bilheterias para a venda dos bilhetes para a sessão da noite. Carros ao redor do cinema eram o comum. E o silencio imperava para o lado mais distante. Uma anciã parava na calçada a espera de tudo passar para ela poder atravessar a rua. Um rapaz  entrava em uma estação de rádio, com certeza para fazer o seu programa da noite. Um homem chegava à frente da emissora e colocava a cadeira onde de imediato se sentara.  Com um determinado tempo o veículo de Eurípedes estacionou na frente da casa sombreada de Fred onde estavam luzes acesas e, na entrada da casa, havia pouca gente, incluindo Fred.  O rapaz olhou para a entrada e logo falou:
Eurípedes:
--- Chegamos! Tem pouca gente. É assim mesmo. Nós e os outros. – sorriu o rapaz.
Nara olhou a casa de Fred e notou ser chique. E de imediato vislumbrou a garagem dentro do terreno, no final da casa nobre. Ela não falou. Mas de imediato desceu do auto a levar o seu violão. Nesse tempo, Fred chegou ao portão da casa e Eurípedes saltou igualmente do veículo fazendo largos elogios ao companheiro. Por seu turno, Nara apenas cumprimentou Fred e olhou de relance para ver os que estavam sentados nas cadeiras postas na entrada. Havia três moços e uma moça, pelo visto, namorada de algum dos presentes. Ela foi entrando em companhia de Eurípedes e recebendo os agradecimentos de Fred.  Finalmente chegou até ao local onde estavam os demais componentes do ensaio.
Nara:
--- Boa noite. Como estão vocês? – falou a moça aos demais companheiros.
Outros:
--- Boa noite Nara. Aqui tudo bem. Você vai incentivar a nossa causa? – indagou um de eles a sorrir.
Nara:
--- Eu recebi convite hoje por parte de Eurípedes. Ele é que pode falar. – falou de novo a moça a olhar sem querer para o doutor.
E a conversa continuou com Fred a chamar os amigos para a garagem onde existiam apenas pneus velhos entre outros objetos de automóveis. Nara olhou para tudo e não disse nada. Os bancos estavam à disposição dos amigos. A lâmpada de luz elétrica estava acesa. Para se desligar era apenas apertar em um interruptor. A moça fez cara de quem não gostava, pois a luz ainda era muito fraca. De um modo ou de outro, ela não disse coisa alguma. Fred iniciou a reunião a conversar sobre o Festival da Juventude pretendido se fazer em Natal  talvez antes mesmo de ocorrer o do Recife. Contudo teria que se ensaiar muito até tudo estar pronto. Ele falou ter sido a ideia de Eurípedes em conversa entre ambos. Nada havia ainda decidido. Fred ficou responsável em chamar os colegas que os conhecia e tudo estava nesse pé.
Fred:
--- É isso, turma. – sorriu o rapaz a esfregar as mãos uma na outra.
Eurípedes:
--- Quem fala agora? – perguntou o segundo rapaz aos demais presentes.
Um –
--- Esse festival vai ser aonde? – indagou um rapaz.
Eurípedes:
--- Qual? O de Natal? Aí é que está o problema. Nós temos o Teatro “Carlos Gomes”. Porém, a princípio, temos que ensaiar. Eu fiquei de falar com outro amigo. Mesmo assim, ele não chegou até agora. Não sei o que sucedeu. Mas, pensando concreto, eu cheguei  a conclusão de ser aqui  mesmo os ensaios. Talvez a família de Fred não se importe. E. ...- estava a falar o rapaz.
Nara:
--- E se o Teatro não ceder espaço? – indagou a moça a olhar para Fred.
Fred:
--- É com ele. – sorriu Fred apontando o dedo para Eurípedes.
Nara se virou para Eurípedes, ela sentada no banco, com o violão atravessado em suas pernas e a mão no queixo. O rapaz a olhou e fez um gesto de riso sem querer. Então Eurípedes falou:
Eurípedes:
--- Bem. Parece não haver problemas com relação ao Teatro. Porém, em outro caso, temos o Teatro do Colégio Marista. – sorriu sem querer o rapaz.
Nara:
--- E os ensaios? – indagou por mais  uma vez a moça.
Eurípedes:
--- Isso é com ele? – e apontou para Fred.
Fred:
--- Por mim, tudo bem. Vai ser mesmo aqui. – resolveu o rapaz.
Nara:
--- Garagem! – falou a moça.
Fred:
--- Sim. Na garagem. – sorriu sem querer o rapaz.
Nara:
--- Eu falo no nome da banda. “Garagem”. – falou a moça.
Fred, sem entender muito bem do nome olhou para o seu amigo Eurípedes.
Eurípedes:
--- Nara me falou no nome do Grupo. Para ela, como se vai ensaiar em uma garagem, nada melhor do que por seu nome também de Garagem. E você o que acham? – perguntou o rapaz a turma reunida.
Os demais se olharam e nada tiveram a responder. Apensas um dos quatro ventilou.
Um.
--- Garagem? Eu pensei em se por um nome mais significativo. – relatou o número Um sem tecer maiores comentários.
Eurípedes:
--- Que nome, por exemplo? – indagou o rapaz ao numero Um.

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