sábado, 2 de fevereiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 41 -

- Anna Paquin -
- 41 -
TERRA

Os satélites naturais postos pelo homem na face da Terra ficam a uma distância de vinte a trinta e cinco mil quilômetros, na exosfera. Tem esses a função de “trocar” informações entre o espaço sideral e a base terrestre. Tais satélites perderam a sua comunicação com a base e o homem desconhecia a veracidade do fato. O terror voraz espacial foi jogado pela cauda do cometa “Gato” para “destruir” toda e qualquer comunicação de bases da Terra e o espaço. Até parecendo um cometa “inteligente” a ser capaz de qualquer coisa para impedir as Nações do Solo a se fazer comunicar. Tudo isso foi observado pelo capitão Eikki Launis do seu barco colhendo as diversas impressões de diferentes ângulos de transmissão em código “Morse” de homens do telégrafo atribulados com as “bolas de fogo” a cair vertiginosas. Em certo instante Eikki até sorriu ao monitorar um comentário de um macanudo a proferir algo muito bem misterioso.

Macanudo;

--- Se não fosse a telegrafia nós estávamos “perdidos” nesse espaço. – comentou em código o telegrafista.

Eikki Launis obtinha informações de diversas áreas, como Marinha, Aeronáutica, Exército e dos operadores particulares de diversos pontos do País e do Mundo. Já não havia sinais legíveis de todo o canto da Terra. Porém, a usar antenas Terra-a-Terra, como se escondesse tudo das ogivas nucleares do cometa esse telegrafistas conseguiam “trabalhar” com maior presteza mesmo estando com energia elétricas sem poder  de força. Eikki pode saber da explosão de um vulcão no interior do País formando rios de lavas a cobrir imensos campos da Terra onde houve o cataclismo. Um porto naval foi destruído de um momento para outro por um enorme petardo da cauda do cometa. Na verdade, foi um pavor a tomar conta da gente do porto onde não se podia nem contar ao menos com precisão o numero exato de mortos. De um telegrafista da França o capitão colheu a informação de casos incomuns onde cemitérios de abriram despejando para fora os mortos ali sepultados. No México, outra informação da explosão sem precedentes de uma refinaria de petróleo. Mas o telegrafista não sabia ao certo o número de mortos podendo ser vultoso. Dos Estados Unidos chagavam informes a definir o caos nos centros de proteção a uma guerra cibernética. Da Rússia, informes de igual destino com a destruição total da Marinha de Guerra. Da China, o Centro de Defesa Cibernética fora completamente destroçado pelas ogivas do inteligente cometa. Casos de igual monta Eikki recebeu da Índia, Espanha, Vietnam.  Era o despedaçar indiscriminado do chamado “Livro de Bambu”.

Eikki:

--- Nós estamos no fim do mundo! – comentou para si de forma entristecida o capitão.

Otto estava parado, com as mãos para trás, encruzadas, a  olhar para cima a  frente do campanário, algo ter ele feito quando era menino. Os sinos estavam tronchos em seu lugar como quase a cair. E Otto não se lembrava de nada além dos campanários. Ao seu lado estava Vanesca a olhar a quase multidão a ocupar a Catedral. Em certa ocasião Vanesca lembrou ter passado em frente àquilo que foi uma Igreja:  Universal. A que buscava atender o conflito com a Igreja do Vaticano. Por sinal Universal é em tradução completa Igreja Vaticana. Tal Templo fora destroçado por uma ogiva imensa a cair sobre o seu teto causando a morte de um milhar de pessoas postadas no local para fazer oração a qualquer preço. A Universal era a Igreja a crescer vertiginosamente em todo o território e no exterior. Esse estrago não apenas naquela capital, pois se tinha informação da catástrofe em outros Templos de igual filosofia. Um calafrio sacudiu a moça e depois de tudo ela se voltou para Otto a indagar;

Vanesca:

--- Você esta friento? – indagou Vanesca se encolhendo toda.

Otto:

--- Um pouco. O vento está gelado. Não tem sol. Nuvens baixas. Muita chuva. Relâmpagos a todo instante. E, além disso, os torpedos celestes. – reportou sem muita lástima o rapaz.

Um sacerdote se aproximou do casal em meio à multidão para saber se estavam procurando alguém. De forma lacônica, Otto respondeu não, pois só queria ajudar a quem estava a necessitar de auxílio. O sacerdote então sorriu e o levou para dentro do Templo Católico onde estavam outros atendentes a ajudar como fora preciso os doentes do corpo e do espírito. A Catedral era ampla e Otto se lembrou de ter estado naquele local.

Otto:

--- Padre Mario? – indagou Otto ao sacerdote.

Sacerdote:

--- Ele está por aqui. Nós somos poucos. Mas tem quem ajude. Os membros da Igreja Batista, Presbiteriana, Assembleia de Deus e mesmo os das Igrejas menores. Todos estão se ocupando com cada qual. – relatou o sacerdote um pouco apressado com as mãos nos peitos como se está rezando.

 Vanesca se desviava de um doente e de outro, com todo o cuidado e seguiu em frente olhando os enfermos a pedir ajuda e os técnicos de enfermagem a  oferecer sempre o que podiam. Os altares estavam cheio de velas, todas acessas, com os peregrinos a rezar suas preces fervorosas. Se fosse sentir o cheiro das velas, a pessoa não tinha a atenção do odor das chagas dos doentes de cama. Uns gemiam de dor ou de mágoa. Outros pediam uma esmola em troca de qualquer coisa, pois dinheiro não existia em canto algum. As pessoas já não pensavam mais no valor do dinheiro. Uns trocavam uma cabra por um punhado de farinha. Outros nem isso. Era comum se ver pombos serem trocados por um negócio qualquer. Em outras celas o esmoler se valia de tudo para comer. Até ratos. Urina de bebê valia uma prece para um doente. Os “Batistas” oravam enquanto ajudavam o pessoal.  Esse era o desengano de todos na nave da Catedral.  De momento, o Sacerdote olhou para Otto e indagou:

Sacerdote:

--- O jovem tem estudos? – foi o que o padre indagou.

Otto:

--- Jornalista. Quando tinha jornal. Isso é. – falou Otto com complacência.

Sacerdote:

--- Ah, bom! Estudos hoje não valem muita coisa. Mesmo assim é um fator fundamental. – refez o padre ao se persignar diante do altar mor.

E seguiu a caminha o Sacerdote em enfermos e defuntos. Os peregrinos pediam-lhe a bênção e o Sacerdote fazia o sinal da cruz. Vanesca olhava um defunto e três rapazes o apanhavam com pressa para levar a algum local onde se fazia o sepultamento.

Alguém:

--- Morreu de tristeza. – lamentava uma anciã ao ver o cadáver ser posto nas costas de um rapaz.

O padre abençoou o morto em um olhar de piedade. Isso era coisa a fazer cem vezes por dia, a bem dizer. Em seguida o Sacerdote seguiu caminho acompanhado por Otto e Vanesca até a entrada reservada para os padres. No meio do caminho para subir a escada o Sacerdote encontrou outro padre. Esse lhe confidenciou algo. O jovem Otto não ouviu bem o que se estava a repor. Apenas virou as costas e conversou com sua noiva coisas do passado. Quase em seguida o Sacerdote chamou Otto e as três pessoas continuaram a seguir caminho de escada a cima. O Sacerdote andava muito apressado e dizia a Otto ter um rádio de comunicação no seu quarto onde ele podia ouvir as notícias alarmantes do cometa dadas por macanudos de qualquer parte de onde ele estivesse. As mais recentes diziam ter a Terra sido nocauteada:

Sacerdote:

--- Já foram atingidas cidades com 170 inundações. Outras por 70 tornados. E poucas por 22 cheias. Em resumo: 145 milhões de pessoas perderam a vida nessa história. O Vaticano sofreu duras consequências com as cheias. Em suma: ocorreram 370 desastres naturais sem contar com os daqui do nosso Estado. – fez ver o padre desenganado da vida. -  Há quem diga ser tudo isso ocorrência bíblica. O Armagedom.  Esse é o grande dia “da peleja de Deus travada entre os poderes demoníacos da ‘besta’ e dos reis da Terra, com seus Exércitos”. – reportou cheio de temor o Cura.

Otto aguçou sua atenção e pesquisou em sua mente o sentido da palavra “Armagedom”. E logo ele tomou por certeza ser o Har Meggido ou topo do Monte Megido. Na tradução do Apocalipse, o Armagedom será o confronto cósmico final entre as forças do bem e os poderes do mal, no qual será decidido, para sempre, quem é digno de adoração. Na história de Israel, já foram travadas diversas batalhas no local.  Mas na Bíblia esse é o último juízo de Deus.  E Otto voltou a indagar ao Sacerdote.

Otto:

--- Mas Senhor. O senhor acredita mesmo nessa história? – indagou com dúvida o rapaz.

O Sacerdote se virou para Otto e sorriu. Em sequencia voltou a falar na Batalha do Monte Megido.

Sacerdote:

--- Veja bem meu rapaz. Está escrito na Bíblica – capitulo 16 – “Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do Santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está! E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto forte e grande. E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande”. – fez ver compassivo sacerdote.

Otto escutou todo o falar do sacerdote e não teceu mais comentários. Talvez ele tivesse ouvido outra historia a respeito do tal Deus. Talvez. Talvez. E se encaminhou para o quarto escuro do Sacerdote e ficou a escutar os sinais de Morse a fornecer informes surpreendentes dos últimos acontecidos. Do seu canto, Vanesca se apoiou no braço do rapaz e ouviu quase assombrada aquilo tudo informado pelo sacerdote. No canto do quarto estava a imagem de São João Evangelista imponente e majestoso como nunca d’antes a moça chegara a ver. Em outra parte do quarto apertado estava a Virgem Maria como a observar a moça em todas as suas nuances.

 

- FIM -



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