sexta-feira, 14 de junho de 2013

"NARA" - 78 -

- Bruna Marquezine
-  78 -
QUEM VIU
Ainda na mesma tarde do sábado, Eurípedes e o advogado chegaram com o trabalhador Diamante à sua pobre casa. O homem morava sozinho em uma casinha feita de taipa com uma janela e uma porta de entrada na chamada Curva da Morte, caminho de Macaíba ainda em terreno de Natal. A Curva ganhou o seu nome por causa dos desastres de carros e caminhões havidos no local, quase sempre a deixar gente morta sem se contar com os defeituosos para sempre. Quase à frente da casa estava a caminhar o homem Manoel com o seu burro carregado com uma carga singular de capim. Mas a carga era tão alta que quase não se perecia o burro manso. Entre outros passantes naquela hora do dia Manoel com seu chapéu de massa caminha a tanger o muar. Instante depois Diamante desceu do automóvel e agradeceu a cortesia. Foi exato por esse instante que Manoel tangedor de burro cumprimentou sem ação o seu “compadre” Diamante. Esse respondeu da mesma forma. Por fim, Manoel parou por uns instantes a espera de o automóvel sair para não atropelar seu burrico e despejar a carga de capim no chão. Quando o automóvel partiu Manoel olhou bem por desconhecer os seus ocupantes. Nesse ponto Diamantes já procurava entrar em sua tapera feita de barro pintada de branco. E sem querer dizer por maldade Manoel indagou:
Manoel:
--- Foram eles? – e apontou para o automóvel a seguir a frente.
Diamante:
--- Eles quem? – indagou para disfarçar.
Manoel:
--- Os daquele dia? – indagou ainda com o polegar apontado para o carro.
Diamante:
--- Não sei o que está falando! – dialogou o trabalhador
Manoel:
--- Sabe sim! Eu vi! Um aparelho grande veio te buscar. Eu vi. Eu estava acordado ajuntando capim. Eu e meu ajudante, José Rodrigues. Foram esses dois? – indagou com suspeita.
Diamante:
--- Cala tua boca, homem! É assunto perigoso! – respondeu o trabalhador sem sossego.
Manoel:
--- É? Eles disseram? – indagou por mais vezes.
Diamante:
--- Não. Não foram eles. Eu vi Jesus. E só! – concluiu o homem a penetrar na sua tapera.
Manoel:
--- Espera! Espera! Você viu Deus? Onde? Espera! Conta! – alarmou o almocreve.
E o homem não mais esperou. Diamante fechou a porta de cima abaixo e foi para o interior da tapera. Do lado de fora ficou Manoel a falar apenas consigo magoado pelo atrevimento com o qual recebido:
Manoel:
--- Ora! Desgraçado! Nem deu ouvido! E José onde está? – indagou consigo o almocreve..
Com isso, o tangedor de burro continuou seu caminho açoitando o seu muar. José Rodrigues saíra um dia antes para entrega de mercadoria na vizinha Macaíba. E deveria ter regressado do mesmo dia, já à noite ou quase isso. Mas não voltou nem deu noticia sequer. Manoel tangedor, seguindo do seu capinzal não fez muita crença a falta de José e logo supôs ele estar com alguma mulher de cabaré, caso comum no final de semana.  
No dia seguinte, domingo, quando Sisenando estava com o professor Macedo, eis que chega o doutor Eurípedes. Então o médico cumprimentou a todos, deu um beijo na sua noiva, fez carícia no pequeno Netinho e se meteu na conversa dos senhores. Então ouviu do seu futuro sogro o convite formulado pelo professor Macedo para o mestre participar do corpo docente da Universidade no ensino de Astronomia e Astrofísica.  O caso mais intrigante era do Faraó Akhenaton. Ele era tomado por um deus e se possível era também um visitante vindo de outros sistemas planetários. Muitos anos antes dos egípcios construírem as pirâmides um povo habitou a região chamada “Inicio dos Tempos” . Foi um tempo em que deuses desceram das estrelas para a Terra em “barcos” voadores e transformaram lama e água em um novo reino:
Sisenando:
--- Pelo que eu sei e os senhores devem saber ser o antigo Egito muito antes de se construir as Pirâmides, uma terra fértil. Naquele local houve o povoamento por seres extraterrestres e se chamava de ‘deus’ o ser que veio do Cosmos. E é muito claro dos deuses terem descido das estrelas. O  deus Osiris governava com sua esposa e irmã, a deusa Isis. E eles eram deuses das estrelas e se identificavam claramente. Osiris é identificado com a constelação de Órion.  E Isis era identificada como a deusa da estrela Sírius, mãe de Horos e a mais brilhante do Céu. Ísis foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra e de Nut, a deusa do Firmamento. Sabe-se que Íris teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido. Dessa união nasceu Horos. E foi Ísis quem ressuscitou  seu marido Osíris ao ser morto por seu irmão Seth. – relatou o mestre.
Macedo:
--- É fato. É fato. É tanto que a Igreja Católica juntou a história de Osíris e formou a Santa Missa uma vez que, naquele tempo, ninguém sabia da verdade. – completou o professor.
Sisenando:
--- Algo interessante. Na constelação de Órion fica o berçário das estrelas. As estrelas de nossa galáxia nascem nessa área. E os antigos egípcios insistiam em afirmar que o nascimento dos deuses das estrelas se originou nessa constelação. – afirmou o mestre.
Eurípedes:
--- Missa? O que tem a haver Missa com Osíris? – indagou surpreso o médico se dirigindo ao professor.
Macedo:
--- Boa pergunta. Antes de falar em Missa e seu significado, vamos questão primeira: Osíris. Como é sabido, o nome advêm de “O Poderoso”, o Deus Sol. A crença diz ter sido Osíris o ser de “Muitos Olhos”. Quando Osiris governava a Terra tinha ele o poder de julgar quem podia ir para o “Paraíso”  na “Sala das duas Verdades”. Mas vamos ao caso. Sabe-se ter tido Osíris um irmão, cujo nome era Seth. Esse irmão do Osíris, governador do deserto, tinha forte inveja do Poderoso e queria tomar-lhe a coroa e decidiu engendrar um plano de matar o irmão. Então, auxiliado por setenta e dois conspiradores, Seth convidou Osíris para um banquete. No decurso do banquete, Seth apresentou um magnífico sarcófago  e prometeu entregar a quem nele coubesse. Após testar o sarcófago em cada um, e vendo que a ninguém coube, Seth então mandou o seu irmão testar. Quando Osíris entrou no sarcófago os setenta e dois amigos de Seth correram o lacraram o caixão mortuário e esse foi atirado no rio Nilo. O sarcófago foi levado pela correnteza do rio até a Fenícia. Então, o ocorrido foi levado a conhecer a esposa de Osíris, a rainha Isis. Essa, ao desespero procurou saber do destino do sarcófago então descobre que o mesmo  tinha sido incrustado em uma árvore. Essa árvore tinha sido cortada para fazer uma coluna no palácio real. A Rainha consegue trazer o corpo do seu esposo e o esconde em uma plantação de papiros. . Nesse ponto, Seth ficou furioso e buscou a caixa onde estava o seu irmão. Então decide esquarteja-lo em catorze pedaços e o espalhou por todo o Egito. Então, a Rainha Isis, ajudada por sua irmã Néftis, a senhora da casa para onde o Sol retorna no fim do seu curso, e as duas senhoras partem em busca  das partes do corpo de Osíris. E Isis conseguiu reaver todos os pedaços, menos o pénis que teria sido devorado por um ou três peixes. Para suprir a falta deste, Íris criou um falo artificial com caules vegetais. Por conseguinte, então Ísis,  Néftis e Anúbis, o deus dos mortos, (tido também por Inpu), procedem então à prática  da primeira mumificação. Ísis transforma-se em seguida em uma águia  a bater suas asas sobre o corpo de Osíris para então ressuscitá-lo. Ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta o filho, o deus Hórus. Quando esse se tornou homem, derrubou Seth e o matou passado a reinar sobre a Terra. – concluiu o professor
Eurípedes:
--- Fantástico! Magistral! Belíssimo! – argumentou exaltado o médico a socar o ar com as mãos
Macedo:
--- Essa é a história de Osiris cantada pelos gregos muitos anos após. O símbolo mais importante associado a Osíris era o pilar ou coluna djed que representava a coluna vertebral do próprio Osíris. A árvore cedro  com ramos cortados relaciona-se ao sarcófago onde ficou Osiris. Djed significa: estabilidade e a continuidade do poder. O djed era o elemento principal de uma cerimônia  ritual que se celebrava durante a festa do Faraó, o jubileu real ou ereção da coluna djed. Osíris tinha como barca sagrada a nechemet, na qual Ísis e Néftis eram representadas ocupando respectivamente a proa e a popa. Entende melhor agora? Proa, a frente. Popa, atrás. Uma e outra. Veja bem: o homem quando vê uma mulher tem o método de olhar a frente e atrás. – articulou com cerimonia o professor.
Eurípedes:
--- Não precisa nem dizer mais! – gargalhou com ênfase o médico.
Nara, que estava presente a conversa, saiu depressa articulando algo em torno de seu sexo como a declarar:
Nara:
--- Taqui, ó! – diria a ninfa com a cara fechada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário