sábado, 8 de fevereiro de 2014

DOIS AMORES - VINTE E UM -

- Laetitia Casta -
- 21 -
FILME
Após um longo período de conversas e apresentação da esposa Maria, das irmãs (três), cunhados, filhos e netos, os dois senhores iniciaram um diálogo parecendo ser demorado, especulando sobre o movimento nazista do Brasil. Notava-se bem o conhecer de Renan Herzog sobre o partido político, de seu nascimento na Alemanha em 1933 até os dias atuais. No início de 1919 surgiu o Comitê livre para uma paz dos trabalhadores alemães. Bremen, na Alemanha, foi o seu berço. Em 1919 o nome foi mudado para Partido Alemão dos Trabalhadores. Esse partido tornou-se um dos diversos movimentos populistas que existiram na Alemanha. Adolf Hitler foi um dos seus observadores. E nesse tempo, Hitler levantou a idéia de trocar o nome de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães em 20 de fevereiro de 1920. Ao nascer, o Nacional Socialismo não pretendia ser um movimento filosófico. Foi a pedidos dos seus membros pensadores que o Nacional Socialismo começou a realizar uma interpretação da realidade, da história, da religião e da moral, entre outros. O fundador do partido nazista foi Anton Drexler. Bem posterior foi substituído por Adolf Hitler quando ele entrou para o partido em 1919. Em julho de 1921 o partido adotou o princípio da liderança que constituiria a primeira lei do partido nazista. A partir de então, Hitler seria chamado de Fuhrer – Líder -.
Com esse paradigma muito bem conhecido por Rahner a conversa se pôs ao longo da madrugada e nos outros dias seguintes. A cada pessoa a entrar no sítio de Renan, o visitante sempre estava atento. Não havia sinal algum a identificar a expressão nazista por parte da mocidade visitante. Eles apenas colhiam as frutas e legumes e voltavam para a cidade. A buscar algum livro da estante da casa, Rahner, já há uma semana no local, notou a presença de um projetou de cinema e diversos filmes, dentre os quais, os do tempo do nazismo muito bem guardados. Nesse tempo, o homem Renan notou o interesse de Rahner em poder rever a história contida naqueles filmes. E pôs a arrumar o projetor e expor os filmes já antigos.
Renan:
--- Gostaria de rever a pátria? – perguntou.
Rahner:
--- Certamente. Há certo tempo que não vou à Alemanha. – declarou quase sem fala.
Renan:
--- Eu vejo a cidade com muito langor. Destruiu tudo enfim. Comunistas e Ingleses, americanos. Como deixaram a capital em escombros. – lamentou o homem.
Rahner:
--- É a guerra. A América tinha sede em destruir tudo aquilo. América e Inglaterra. – comentou entristecido.
Renan:
--- Por que a Rússia? – indagou o homem
Rahner:
--- A Rússia estava um caos. Nós pedimos ao chefe da URSS uma quantia de combustível, pois era a mola mestra para tudo. O Kremlin prometeu e nós fomos buscar. Mas os americanos foram na frente e puseram oferta maior. Foi isso o ocorrido. – declarou o general.
Renan:
--- Tudo interesse monetário. – relembrou o homem.
Rahner:
--- O que é a guerra se não interesse monetário? Veja o Brasil. Interesse monetário. Em troca de uma bola de chiclete o Brasil cedeu às portas. Os americanos se aventuraram em prosseguir na prospecção de petróleo e nada mais. O dinheiro brasileiro era cunhado da Inglaterra e Estados Unidos. O Brasil sempre foi o primo pobre dessa história. – declarou sem rancor.
Renan:
--- Eu não entendo bem a trama. Qual o recurso emprestado ao Brasil? – indagou preocupado
Rahner:
--- Foram vinte milhões de dólares para a construção da Usina de Volta Redonda. O governo de Getúlio Vargas já estava de acordo com nós outros. Mas, então cedeu aos vinte milhões de dólares. Só isso. Assim veio a guerra! – destacou o general
Renan:
--- Que história é essa da Força Expedicionária? – indagou por momento
Rahner:
--- Aviões! O Brasil buscava ter aviões. Então os Estados Unidos patrocinaram para se ter esses aviões. A Força Aérea. Apenas isso. E nós tínhamos condições dedar tudo que o Governo precisasse. Mas, não. Eles perderam 943 homens no campo de batalha italiano. Os americanos perderam 50 mil soldados da Alemanha. Note a diferença! - questionou o General
Renan:
--- Então a questão do Brasil foi por questões comerciais e econômicas? – indagou.
Rahner:
--- Existiam fortes relações comerciais entre Brasil e Alemanha no final da década de 30. Em pouco tempo, a Alemanha passou a ser mais importante na economia nacional que os Estados Unidos. Em termos de importações e exportações, isso ameaçava profundamente o poderio norte-americano e a idéia de pan-americanismo, o que levaria os Estados Unidos a cederam à várias exigências do Brasil para que o país abandonasse  suas relações com a nação germânica. Com a guerra, o Brasil conseguiu modernizar seu parque industrial e ganhou efetivamente todos os benefícios pedidos aos Estados Unidos. – enfatizou.
Renan:
--- Incrível. Incrível. – fez ver o homem.
Rahner:
--- Veja bem. A Alemanha havia se oferecido para financiar a siderurgia brasileira. E os primeiros navios brasileiros foram afundados  por submarinos americanos. A culpa foi jogada em cima da Alemanha para levantar o ódio do público brasileiro contra o eixo nazista. O Brasil corria o risco de uma invasão americana para o estabelecimento de bases em Natal e Belém. A questão é que o Brasil saiu dessa guerra muito endividada com os Estados Unidos.  Os americanos cobravam até as trincheiras utilizadas pelos soldados brasileiros. Isso é dinheiro, meu caro jovem. Tudo é dinheiro. Não se faz nada de graça na guerra. Dinheiro! O Brasil nada ganhou. Só pagou. Os Estados Unidos com isso marcam o início de sua ingerência nos assuntos internos do Brasil. – concluiu com ênfase.
Renan:
--- Verdade. Mas vamos ver o filme? – indagou o homem. Um estremecimento lhe sacudiu o corpo.
Fazia mais de um mês. Wagner Rahner já estava pronto para a cirurgia plástica facial. O medico dedicado e eficiente, olhava a face do homem para saber por onde começar. O semblante de Rahner tomaria nova forma. Na cadeira de espera pelo lado de fora da sala de cirurgia estava apenas o seu amigo Renan Herzog. O frio intenso era causado pelo sistema de ar condicionado do Hospital. Aquele frio deixava o homem amofinado. Acostumado com a temperatura quente de alto do Paraguai, Renan se desabituava com uma espécie de gelo a correr o seu corpo. Três horas foram passadas até as enfermeiras saírem do local da cirurgia facial com o homem ainda plenamente adormecido em sua cama. Dois maqueiros movimentavam o carro em busca do quarto onde Rahner seria posto. Em seguida o homem Renan o acompanhava com sobriedade e mutismo. O deslocar da equipe de Rahner parecia até um cortejo fúnebre pelo modo do seu caminhar. Enfermeiras passavam para o outro lado do Hospital sem cumprimentar ninguém. Apenas seguiam com seus materiais de serviço, seguindo depressa como a correr. As enfermeiras a acompanha o General Rahner faziam o seu serviço como de rotina. Na sala de cirurgia o medico terminara o seu asseio e subiu depressa para outro compartimento. O rosto do General Rahner estava todo coberto por uma máscara de proteção. E assim ficaria ainda por um bom tempo até quando o médico ditasse as normas para retirar de todo. A tarde esquisita e fria daquele dia estava chegando ao fim.
Maqueiro:
--- Entro? – perguntou à enfermeira.
Enfermeira:
--- Devagar. – disse a enfermeira.
 

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