domingo, 23 de março de 2014

DOIS AMORES - CINQUENTA -

- Marilyn Monroe -
- 50 -
DOIS AMORES
Os meses correram céleres e com eles a vida de cada um. Naquele dia, Bartolo estava sentado na cadeira do hospital esperando o resultado. A mulher, Dalva, desde cedo da madrugada entrara na sala de cirurgia. Ele se levantava, esfregava as mãos, corria para olhar as horas no relógio da parede, apesar de ter o seu relógio. Uma freira passou com pressa para a Capela da Maternidade. Ela levava umas hóstias sagradas em suas mãos. Com certeza poria as hóstias no Santo Sacrário. Uma enfermeira se acercou da mesa telefônica e deu o seu recado à atendente com bastante pressa. Bartolo notou a sua presença. Esperou. Nada. Tudo voltou ao seu normal silencio. Carros passavam na pista. Ouviam-se as buzinas inquietas a clamar para outros carros prosseguirem com toda a pressa. De seu lado, o agente Caio Teixeira prestava atenção ao seu amigo e balançava a cabeça como um desenganado da sorte. Ela estava lendo um artigo sobre um filme italiano. Apenas ele lera o tema do comentarista e nada mais. Sabia o homem que não mais tardar chegaria a noticia do nascimento da criança. Ele cruzou as pernas e se posa ler sem saber se estava a ler. Nesse momento, Bartolo acerca-se de Cai e lhe pergunta:
Bartolo:
--- Que horas? – a esfregar as mãos.
Caio:
--- Voce já olhou no relógio da parede. – respondeu
Bartolo:
--- Ah bom. Eu sei. – relatou duvidoso.
Um médico saiu do elevador a enxugar a testa. E veio em direção a Bartolo, cansado de tanto esforço. O médico falou bastante extasiado. Assobiou algo e então declarou:
Médico:
--- Pode subir para ver a desgraceira feita. Como é que pode? Cinco filhos! – disse o médico se voltando alarmado com o parto de Dalva. Nesse ponto, Bartolo se exaltou de emoção.
Bartolo:
--- Cinco? Eu tive cinco? – e caio em desmaio.
Uma semana depois todos estavam alegres a comemorar o nascimento dos cinco rebentos. Dona Joana era a mais alegre de todas e sempre a relatar:
Joana:
--- Ele foi pai cinco vezes. – gargalhava a mulher.
E Dalva, alegre com seus cinco rebentos, muito embora pequenos enrolados entre fraldas, nem prestava a atenção. Era o dia do batizado e teria de arranjar cinco padrinhos. Um era Caio, o outro, era Fernando, o terceiro era Oliveira e quarto padrinho era o filho de dona Joana:
Caio:
--- Falta um! – alertava o homem.
Bartolo:
--- Esse se arranja no caminho. Pode ser até Luis, o meu chefe abominável. – gargalhou.
E todos gargalharam. Enfim, para os acertos das artes, ficou mesmo sendo dona Joana.
Joana:
--- Logo eu? – reclamou
Caio:
--- É a grande prenda! -  disse por vez o agente.
E rolou a festa noite a adentro com a senhora Dalva preocupada em dar de amamentar aos cinco filhotes entre um caso e outro. E todos sorriram até demais. Elmer, o filho de Joana, teve a audácia de querer saber naquele tempo morno.
Elmer:
--- E a minha mãe não se casa? – indagou sorrindo
Joana:
--- Tais doido, é? – indagou a mulher falando seria.
Caio:
--- Ela, agora é trilionária. Tem dinheiro que não se acaba mais. – gargalhou o agente.
Fernando:
--- E por que na casa? – perguntou a Caio.
Caio:
--- Quem? Eu. Nunca! Eu estou muito bem assim. – respondeu alarmado
Dalva:
--- Eu não sei não. Mas o velho bem poderia se casar com Joana. – relatou com calma
Joana:
--- Deixa como está. Eu já vive uma eternidade. Eu morro a qualquer hora. – reclamou
Elmer:
--- Mas a senhora agora é uma mulher de tanto dinheiro. E tem até advogado particular. – falou com sua razão.
Joana:
--- E por que tu não casa? – perguntou cheia de espanto.
Elmer:
--- Eu? Tenho tempo para pensar. – falou sem entusiasmo
Joana:
--- Tá gordo. Dinheiro as pampas. Metade da fortuna não é tua? – indagou instigando.
Elmer:
--- Sem pensar. Sem pensar. Sem pensar. – resolveu o homem.
Fernando:
--- Estamos num impasse. Só se jogando dama para ver quem tem sorte. – gargalhou
No primeiro ano dos cinco gêmeos de Dalva e Bartolo, foi festa grossa. Por capricho, Bartolo, o pai, alugou um salão por ser chamado de Boas Maneiras onde se organizou com todo capricho as atividades. Os cinco garotos tinham babás para cuidar de tudo, inclusive asseio, fraudas, chupetas e coisas mais. Quando as crianças começavam a chorar, era um Deus nos acuda. Um chora e os demais também. Haja babas para dar conta. E parecia até um alarme geral em busca do leite ou das fraudas já bastante sujas. Na festa de primeiro aniversario, os convidados sempre tinham crianças. Toda essa gente miúda queria provar das guloseimas. Doces, eram os principais. A vigilância era redobrada. Era a vez das babás sempre a cuidar de seus afazeres.
Babá:
--- Cuidado! Quieto! Vem pra cá! Pára! Que coisa mais feia! Menino! – eram as sanhas.
Presentes eram o próprio da festa infantil. Cuidar de tudo com o maior esmero. O serviço foi todo por conta da firma organizadora para que os pais não tivessem maiores temores. Ali estavam Caio e, por vezes dona Joana. Por certo tempo a solteirona convicta buscava amparo nos aconchegos do velho homem. Isso era um episódio a quatro paredes -. Dos visitantes estava todo o grupo solidário com o decente e bem ostentoso senhor Bartolo. A música de classe infantil entoava a todo instante seus números de primavera.  Os adultos podiam ser servidos de canapés e sanduiches mais sofisticado. A criançada se contentava salgadinhos, pão de queijo, brigadeiros e doces. Era tudo uma algazarra geral. Enquanto o salão era tomado por adultos e meninos um rapaz entrou e confabulou com o tenente Caio Teixeira. O homem disse algo e depois saiu. Após a festa, um tradicional espetáculo, já no dia seguinte pela manhã, Caio chamou ao celular o seu amigo Bartolo Revoreto. E deu o seu recado. Após certas conversas de alegria com a garotada, o agente enfatizou:
Caio:
--- Escute! Preste atenção! É o seguinte. Não leve a mau. Mas eu tenho a ditar para você algo por demais constrangedor. Ainda ontem fui informado da morte de Dafne Caccini. Ela pulou da ponte para o rio. – disse o tenente.
Bartolo:
--- Quem? – indagou alarmado.
- FIM -
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário