quarta-feira, 12 de março de 2014

DOIS AMORES - QUARENTA -

- Emma Thompson -
- 40 -
PADRE
Entre umas e outras conversas os diletos amigos de Caio Teixeira sentiram estranheza no fato do General Wagner Rahner ter saído do Hospital do Coração em traje de sacerdote católico, usando batina e até mesmo um barrete em sua cabeça e uma estola. O “Padre” chegou até ser cumprimentado pelas autoridades militares quando ele seguia às pressas para ingressar em um carro estacionado no lado de fora do edifício. Isso foi um fato inusitado e provocou risos em todos os componentes da sala.
Bartolo:
--- Um barrete? – indagou sorrindo.
Caio:
--- Até parecia que seguia para oficiar uma Missa. – gargalhou.
Dalva:
--- Barrete pouco se usa hoje em dia. O padre sempre segue em traje comum. – relatou
Joana:
--- O barrete é bem usado pelos sacerdotes quando estão em Roma. – dialogou
Bartolo:
--- Vá ver que tinha até um pompom. – gargalhou
Caio:
--- Para todos os efeitos era um padre. E ninguém desconfiou nem um pouco do mesmo. – declarou sem risos.
Joana:
--- Algum doente que foi pedir a extrema unção, certamente. – disse mais.
Caio:
--- O barrete tinha um solidéu e uma pequena corola. E era da cor vermelha os seus frisos. – destacou
Dalva:
--- Um monsenhor, provavelmente. Ele teve o cuidado com tudo. – advertiu
Bartolo:
--- Mas que sujeito perverso esse tal de General! – declarou surpreso
Joana:
--- Nos campos de extermínios os oficiais tinham treino para todo disfarce possível. - relatou
Caio:
--- Em Natal, tempos atrás, um homem fugiu de casa em traje de Padre. Foi o único meio de não ser percebido. Seu nome era João Café Filho. Anos depois esse homem foi respeitado como sendo Presidente da República. – declarou sorrindo.
Outros:
--- Café Filho? Não me digas! – disseram dois outros arteiros “historiadores”.
Depois de alguns minutos de risadas por conta das arteirices de um ex-presidente da República do Brasil, no tempo em que foi perseguido por suas ideologias contrarias as do Governo do Estado, Caio se moveu às especulações dos líderes nazistas. Foi o caso em que Hitler se lançou em campanha decisiva para governar a Alemanha. E ele começou:
Caio:
--- Os nazistas com frequência usavam do eufemismo para disfarçar a natureza real dos seus crimes. O termo “Solução Final” foi empregado para se referir ao plano de aniquilação total do povo inimigo do Estado. Não se sabe ao certo quando os líderes da Alemanha nazista decidiram programa-la. O genocídio ou extermínio em massa foi o ápice de uma década de graves medidas discriminatório. E cresciam em severidade a cada ano. – acentuou.
Joana:
--- Inicialmente, os nazistas instituíram os guetos, áreas fechadas, destinadas a isolar e controlar esse que se diz o povo judeu. – falou amargurada.
Bartolo:
--- E a União Soviética onde fica nessa história? – indagou curioso.
Joana:
--- Os líderes políticos e militares foram mortos a tiros na União Soviética. Três milhões de pessoas foram mantidos em campos para morrer de fome. – enfatizou a mulher
Dalva.
--- Caramba! Crueldade! – falou espantada.
Nesse momento, o celular de Caio tocou e ele teve que atender. Enquanto isso a conversa prosseguia entre os demais sobre a sorte dos russos da II Guerra. Com um breve tempo, Caio se despediu e voltou a cena com voz austera.
Caio:
--- Camaradas! O “Monsenhor” Rahner acaba de ser preso! – falou alegre.
O silêncio dominou a sala. Por alguns breves segundos todos enfim calaram e foi Bartolo quem indagou com sagacidade.
Bartolo:
--- Prenderam o General? Aonde? Quem? – perguntou querendo saber.
E veio a resposta:
Caio:
--- A Polícia Federal com a ajuda da Força Aérea. O General seguia por avião para território estrangeiro. Mas foi contido a tempo. Seu avião foi forçado a aterrissar no Aeroporto de Brasília. Todos, a bordo foram detidos. Agora: há um, porém: o General já está morto. Ele ingeriu cápsulas de cianeto, ácido altamente letal. – declarou sem entusiasmo.
Joana:
--- Cianeto! O mesmo acido que teria causado a morte de Hitler e Eva Braun. – declarou sem ênfase a mulher.
Caio:
--- Isso mesmo. Um telegrafista da Base de Natal foi quem me informou. – dialogou sem meios de entusiasmo.
Um mutismo profundo se instalou na sala de almoço do agente Caio Teixeira. Joana Vassina procurava disfarçar o seu pranto. Dalva a olhava melancolicamente. Bartolo procurava entrar em contato com um amigo jornalista em Brasília. Ele movia por outros meios à repercussão da morte do General Wagner Rahner, último caudilho da esfera nazista nas Américas.  Com vagar, Bartolo manteve contato com seu amigo há essa hora assistindo televisão. O amigo de Bartolo era Tarcísio Arantes e foi pego de surpresa com a informação. Apesar do incêndio da ambulância de pronto-socorro em Natal com o seguimento de armazéns e casas de comércio, como o Midway ter repercussão nacional, o jovem Tarcísio não levou muito em consideração. Mesmo assim, uma morte de um passageiro de elevado poder estranho em Brasília, assim o caso tomava um rumo diverso. E Bartolo teve que passar pelo computador toda historia corrida em Natal nas últimas horas para por a par da situação o seu amigo. Após breves instantes, Bartolo recebeu um telefonema confirmando o texto.  
Bartolo:
--- Mande confirmação. Espero. – disse com desespero.
E a conversa prosseguiu entre os nobres companheiros de sala em Natal com atualização das intermináveis lendas hitleristas.
Caio:
--- Há uma base de submarino onde o ditador partiu para o exilio na Argentina. Se houver verdade nesses argumentos especulativos a historia de Hitler muda o mundo. Centenas de abrigos ainda existem em Berlim. Sabe-se por fontes fieis que no dia 30 de abril de 1945 ele e a mulher Eva Braun com seus amigos mais íntimos se reuniu para uma conversa amistosa e, então, em verdade depois desapareceu. – falou como quem conta uma história.
Joana:
--- Teve o caso de Hanna Retsch. A moça era de uma rica família. Seu pai era oftalmologista. Nessa época ela esteve com o Fuhrer ao qual informou estar para lavá-lo para um local mais seguro. Isso foi em 26 de abril de 1945. Ela falou ter instruções de levar o Fuhrer com sua esposa Eva Braun. E por isso, a historia nega essa escapada de Hitler para a Argentina. – falou com sentimento abalado.
Caio:
--- E Hitler escapou do centro de Berlim cercada por milhares de soldados. – relatou

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