sábado, 1 de março de 2014

DOIS AMORES - TRINTA E DOIS -

- Giovanna Lancellotti -
- 32 -
A MORTE
O veículo de Dalva seguia pela rua principal da cidade onde havia movimento gigante de gente a procurar ou comprar mercadorias para o seu almoço ou jantar. O sinal fechou e todos os carros vindos do oeste tiveram que parar. Os transeuntes aproveitavam para passar de um lado a outro com suas sacolas cheias de mercadorias. O rapaz começava a atravessar a avenida a rebuscar os DVD em suas mãos. Aquilo despertou a atenção de Dalva, pois pouco sabia de local a comprar DVDs novos foras das lojas especializadas do comércio. Em um instante, quando o sinal deu alerta, Dalva Tavares dirigiu o seu Hyundai para um local reservado a estacionamento de veículos e logo após se encaminhou a um sebo onde tinha DVDs de todos os tipos. Naquele local era quase impossível se escolher o melhor. De qualquer forma, apesar da imensa dificuldade, ela recolheu um por nome “OLGA”  de Jayme Monjardim baseado no livro de Fernando Morais que, talvez apreciasse melhor. Após o largo atraso levado, Dalva saiu contente por ter um presente para doar ao seu amante, Bartolo, quando esse chegasse à noite.
Enquanto isso, no seu local de trabalho, Bartolo estava a rebuscar as folhas antigas de jornais onde ditavam os maiores acontecimento do século. Após minuciosa busca teve de encontrar um artigo antigo sobre o Julgamento de Nuremberg. Nesse ponto, o rapaz se aprofundou com firmeza nos seus estudos. Estava ali todo o encontro e um total julgamento, inclusive a forca. E foi então que Bartolo leu com mais afinco e tenacidade à formação inédita de um tribunal militar internacional para o julgamento do alto escalão nazista por crimes de guerra. Rebuscando com cuidado, o homem folheou todas as informações alusivas ao que ocorreu no Palácio de Justiça de Nuremberg, na Alemanha. A duração de 315 dias entre os anos de novembro de 1945 a outubro de 1946 despertou a ansiedade do povo em acompanhar e caso dos nazistas, criminosos de guerra. Foram apenas 24 indiciados. Porém apenas 22 criminosos participaram do julgamento. Um deles morreu antes do julgamento ter início e outro, Gustav Krupp, também assassino convicto foi dispensado. 
Entre os 24 acusados, havia militares, membros do Partido Nazista, ministros e estruturadores das finanças e da comunicação do regime de Adolf Hitler. A ideia era a forca além dos réus, criando um precedente para que todo o aparato nazista de agressão e repressão pudesse ser indiciado no futuro. No seu final doze deles receberam pena de morte. A maioria dos acusados assumiu os crimes de que eram acusados, porém muitos alegaram que estavam apenas seguindo as ordens de autoridades superiores. Aqueles envolvidos diretamente nos assassinatos receberam as sentenças mais severas. . Outros indivíduos que desempenharam papéis importantes, incluindo oficiais de alto escalão do governo nazista e executivos que usaram prisioneiros dos campos de concentração para trabalho escravo, foram condenados a curtos períodos de detenção ou não receberam nenhuma penalidade. Alguns fugiram da Alemanha para viver no exterior, incluindo centenas que foram para os Estados Unidos.
Bartolo:
--- Incrível! E ainda faltam os vinte e sete milhões de russos mortos durante a II Guerra. – lamentou, com efeito.
Na Base Aérea estava confinado em uma cela muito bem vigiada por severos militares de várias patentes o General nazista Wagner Rahner. Nos primeiros dias de prisão o nazista foi interrogado por várias vezes por militares brasileiros a procura de saber o verdadeiro nome e ofício desempenhado durante a guerra e depois do conflito mundial. Eram sempre as mesmas perguntas pelo dia e a noite como se estivessem os militares temerosos em ter o General esquecido de algo ou estivesse a guardar alguma coisa de maior importância. Entre os militares a ter escapado do julgamento de Nuremberg, a cidade centro escolhida pelo Tribunal Militar, estava por vez onde foram armadas as três forcas no presidio da cidade-estado para a execução dos condenados à impiedosa morte. A Segunda Guerra Mundial não é apenas uma dos eventos mais marcantes do século XX, mas o mais trágico da história da humanidade. Nunca uma guerra envolveu tantas pessoas no mundo e com tamanha capacidade militar.  Com as fotos tiradas do julgamento via-se a temerosa ansiedade de tantos homens presentes ao derradeiro terror.  Sob esse aspecto o General era sempre interrogado da fuga inesperada e de onde ele era o chefe maior por essa ocasião.
General:
--- Treblinka! Eu estava em Treblinka, na Polônia. – respondeu o General Rahner.
Inquisidor:
--- Treblinka  foi um campo de extermínio alemão? – indagou sereno.
General:
--- Nem tanto! Era mais uma prisão de desordeiros! Vagabundos! – relatou com ênfase.
Inquisidor:
--- A história dá um pouco diferente. Diz que judeus foram mortos em câmaras de gás. É verdade isso? – indagou
General:
--- Não estou bem ao par! Eu servia em outro departamento! Era isso! – falou bruto.
Inquisidor:
--- Treblinka ficava na cidade? – inquiriu
General:
--- Um pouco afastada! – salientou.
Inquisidor:
--- Mas há registro de ter sido o primeiro campo de morte alemão onde ocorreu a cremação dos cadáveres! É verdade? – indagou
General:
--- Não me compete dizer tal fato! Eu não estava nesse tal ambiente! – detonou.
Inquisidor:
--- Quantas pessoas foram cremadas em Treblinka? – indagou
General:
--- Como eu já falei: eu não estava ao par dessa situação! – disse mais.
Inquisidor:
--- Mesmo por ouvir dizer? – perguntou:
General:
--- Era o fim de um embate. E poucas pessoas falavam em tal caso! – salientou.
Inquisidor:
--- Sei. Sei. Mas havia os judeus encarregados de receber os comboios que chegavam. E os deportados eram encaminhados às câmaras de gás. Isso é fato. Os judeus extraiam os dentes de ouro dos cadáveres antes de serem cremados. Verdade? -  indagou.
General:
--- Confesso que estou sabendo disso agora! – declarou com entusiasmo.
Inquisidor:
--- Pelo relatório, o campo de Treblinka foi dividido em dois campos menores: um deles os prisioneiros somente se ocupava do extermínio e a recuperação de objetos. O segundo campo os prisioneiros só se ocupavam da retirada dos cadáveres e cremação. Em qual dos dois o senhor servia? – indagou.
General:
--- Eu não me imbuia de tal trabalho. Eu ficava apenas a conferir as contas das mercadorias vindas para as tropas. – alegou.
Inquisidor:
--- Em que ano o senhor serviu em Treblinka? – indagou solene.
General
--- Em 1943. Creio! – declarou.
Inquisidor:
--- Quer dizer: no tempo da revolta.  Em Treblinka sobreviveram quinze prisioneiros. Verdade? – indagou.
General;
--- É provável. Mas esse fato se deu antes da minha chegada. – confessou.
Inquisidor:
--- O senhor afirma esse fato? – perguntou
General.
--- Não há por que negar. Eram todos bandidos fugitivos. – disse ele.
Inquisidor:
--- Bandidos? – perguntou com ostentação.

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