- ANJOS -
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O CÉU
Certo tempo depois, o Abade Euclides estava a olhar o Céu,
logo cedo da manhã, percebendo a luz a filtrar de cima por entre os galhos de
cedro, pinheiros, tatajubeira entre outras matas no cercado do enigmático
Mosteiro de São Simplício tentando decifrar como um sol tão puro cedia lugar
aos horrores dos pecaminosos seres celestiais. No campo, os obreiros faziam as
suas obrigações diárias. O grupo de Monges recitavam no Coro as frases dos
Cânticos Gregorianos sob o som do pesado armorial. Pássaros a gorjear
esvoaçavam de um galho a outro do cedro e de outras árvores ambientais. O
aguador regava as suas plantas como fazia a todo dia pela manhã e a tarde. Era
um clima de primavera onde o Abade fazia suas preces a contemplar o sol
celeste. Estava assim distraído quando um Monge novato se acercou e lhe pediu a
benção de forma retraída. O Abade tomou um leve susto e logo após o abençoou.
Por alguns instantes, o Monge ficou retraído e logo após revelou ao Abade
Euclides estar ali pelo modo de ter um pai rude e agnóstico e ter a sua mãe uma
mulher um tanto retraída a não falar palavra alguma pela mesquinhez do velho
pai. O Abado o escutava e contemplava o céu cheio de brancas nuvens de uma
manhã solene.
Abade:
--- Diga-me o que mais! – argumentou o abade de forma
carinhosa.
Monge-Um
--- O meu pai é um homem bastante rude e propenso em não
acreditar nas Santas Escrituras. A minha mãe, coitada, nada comenta. E tenho
mais três irmãs. Essas também nada falam a respeito da Santa Madre Igreja. O
meu irmão, o mais velho de todos, vive embriagado e posto a dormir. Eu sou o
filho mais novo da família. E tive a graça de ser um Monge. – falou acabrunhado
o rapaz.
Abade:
--- É a vida meu Irmão. Isso é a vida. Deus um dia proverá. –
fez ver o abade acolhendo o jovem.
E se passou algum tempo quando o novo Monge indagou algo
estranho e de modo abrupto.
Monge-Um.
--- Reverendíssimo, o que é Nefilim? – indagou o monge muito
preocupado.
O Abade Euclides demorou alguns segundos para então
responder.
Abade:
--- Vós não buscais a Bíblia? São seres “infernais”, pecaminosos.
– respondeu de certo modo o abade.
Monge Um
--- Pecaminosos? Mas como pecaminosos? – indagou sem entender
com o rosto franzido.
Abade:
--- Veja bem meu bom Monge. Quem eram os Gigantes e quem eram
os Nefilim foi dado exatamente no início do cristianismo. Na Bíblia se tem
ensinamentos errôneos. Na crença judaica nos foi ensinado que antes de descer
ao mundo em forma humana os Nefilins mantiveram relações com as mulheres do
modo assim como se homens normais. É por isso que eu acredito que a Igreja
Católica tenha deixado fora do livro Bíblia os escritos deixados por Enoque. Pois
nos escritos deixados por Enoque pode-se observar uma abordagem maior nesse
período pré-diluviano a relatar uma narrativa mais completa dos fatos e em um
sentido mais plausível para que o Criador tenha que intervir da Terra com o
dilúvio para preservar a existência humana como espécie. – falou o Abade de
forma compenetrada.
Monge-Um
--- Ah bom. Quer dizer que os Nefilins eram gigantes? –
voltou, a saber, com curiosidade o Monge.
Abade:
--- Com certeza. Mas esse fato chocava os líderes do
cristianismo da época. E era bem certo serem inaceitáveis que seres celestiais
pudessem ter feito tal coisa. Mas é bom lembrar é que a realidade do Universo
não é essa que os olhos humanos se mantêm. Esse que se pode ver é a da
realidade a qual se vive. Agora, eu sempre me pergunto o porquê houve o
dilúvio. No Genesis o assunto é tão superficial
parecendo que o Criador mandou o diluvio à Terra por um nada. Porque se
fosse apenas pela falta de fé do homem teria sido aquele o momento então para o
diluvio. Pois a falta de fé dos homens cresceu muito além desse período. Vejamos
se é a verdade: - Primeiro: o Criador não é onisciente. Segundo: 0 Genesis é
uma mentira. Terceiro: Houve algo lá atrás de tão grave que precisou ser
contido. Ora. Se o Eterno não poupou os anjos quando pecaram, antes,
precipitando-os no inferno, os entregou ao abismo de trevas, reservando-os para
o Juízo. E não poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pregador da Justiça,
e mais sete pessoas, quanto fez vir o diluvio sobre o mundo dos ímpios. (II
Pedro 2: 4 aos 6). Nesse texto que está escrito tem algo que se presta a
atenção. Quando diz na parte final do texto “o mundo dos ímpios” ver-se em
quase todas as versões bíblicas essa palavra – Ímpios - aparece com acento agudo no primeiro “I”. Porém isso não condiz com a realidade do texto de Génesis. Por
quê? Porque a palavra – Ímpio – com
assento agudo significa antirreligioso, herege, incrédulo, descrente, contrário
à fé. Já a palavra – Ímpio - sem o acento agudo quer dizer sem piedade, cruel,
desumano. Então vem o caso: por que o Eterno enviou o diluvio? Foi por causa do
mundo Ímpio, dos sem fé, com acento agudo? Ou foi por causa do mundo – ímpio – dos cruéis e desumanos? – Sem o
acento agudo no “i”. A resposta está no próprio Genesis: “Viu o
Altíssimo que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração”. Genesis: 6:5. Nesse texto se
nota de maneira clara que foi por causa da Maldade.
Ou seja: dos ímpios sem o acento agudo. Vale também observar que essa maldade é relatada no verso 5 do Livro
de Genesis, no capítulo 6. Isso leva a ideia de que foi após “os filhos de
Deus”, ou seja, os “anjos” possuírem as “filhas” dos “homens”, ou seja, as
mulheres humanas que estão relatadas no verso 4 desse mesmo capítulo. Mas qual foi essa
Maldade praticada da Terra? Na verdade essa maldade não só cresceu como também
se multiplicou. Isso leva a crer de não ter havido diluvio algum. Houve chuvas
em certas regiões. Mas não diluvio. Veja bem. Em tempos remotos a Terra foi
coberta por gelo. Toda a Terra. Isso era um gelo só. E essa era glacial não é
dita na Bíblia como diluvio. Mesmo assim, pode ser muito bem o diluvio.
Quarenta dias é um numero “sagrado” tido pelos judeus. Quarenta dias de Jesus é
a mesma coisa. Como o Sete também é sagrado. Veja bem que Jesus retirou Sete
“demônios” da mulher. Nesse caso demônios são temor da mulher. Entendeu? – quis
saber o Abade.
Monge Um
--- Nunca tive o meu pensamento voltado nesse sentido.
“Demônios” e números sagrados. Agora que o eminente Abade falou é que me
alertou a memoria. – respondeu surpreso o monge.
Abade:
--- Muito bem caro Irmão. Existem outros livros que nos trás
informações. Não só sobre esse como também sobre outros assuntos. Próprio Enoque escreveu que os chamados
“anjos” se espantaram com a beleza das mulheres da Terra e procuraram ficar com
elas para gerar filhos. E foi assim que sucedeu. Os tais anjos se uniram as
mulheres e geraram centenas de filhos. Eram filhos gigantes porque seus pais
eram gigantes, homens de mais de dois metros de altura. Esse povo tinha
conhecimentos sobre magias, quânticos, bruxarias e feitiços entre outras mais.
Eles eram chamados de Nefilim. Essa mesma história os gregos também contaram
sobre seus lendários personagens, como o gigante Hercules e o próprio Aquiles.
E foram esses anjos ou homens gigantes que ensinaram como se produzir armas e
manipular corretamente os metais. Eles ensinaram como desfazer os feitiços ou
mágicos ao homem da Terra. Eram conhecimentos só então possíveis a seres
celestiais. Esses anjos, sem duvidas, vieram das estrelas. Esses seriam
chamados de “deuses”. Eles eram “deuses das estrelas” assim como ficaram
conhecidos os homens que participaram da II Guerra Mundial ao chegar a uma
terra onde habitavam apenas os selvagens. Esse povo chamou os soldados
norte-americanos de “deuses”, pois eles chegavam do Céu. – explicou o Abade com
bastante certeza.
Monge Um
--- Santa Mãe de Deus! – exclamou com bastante surpresa o
novo monge.
O Abade então sorriu e teu um tapa nas costas do novo Monge
como quem teria o que falar ainda muito mais. O Monge nem sequer sentiu o tapa
em seu ombro, pois estava estupefato.
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