- SATÃ -
- 38 -
O HOMEM
Em certos dias o Abade Euclides de Astúrias estava em seu
escritório, no recinto próprio o Monastério, passando em revista um texto por
demais interessante ainda sobre o tema de Lúcifer, o “Portador da Luz”, como o
Monge já falara há algumas semanas aos seus confrades na capela do Sagrado
Templo. E o texto relatava então à medida que florescia a presença do homem na
Terra crescia o esforço de Lúcifer para corrompê-lo e volta-lo contra Deus. Lúcifer
começou a batalhar com Deus para capturar as almas da Terra. E, embora Deus
também lutasse, deixava muito da luta para o homem. Uma das histórias mais
notáveis narrada no Livro de Jó conta como Lúcifer tentou o próprio Deus a
testar a lealdade do homem. O Diabo se gabava que na Terra tinha um homem de
muita riqueza e boa família e que era capaz de fazê-lo mudar de pensar para com
o Senhor fazendo-o sofrer crueldades terríveis. Deus permitiu a que Lúcifer
atormentasse Jó afligindo-o com chagas, pois aquele homem era um bom servo do
Senhor. E foi dito e feito. Satanás destruiu a casa de Jó e por fim, mantou
seus filhos, tudo para ver se o homem renunciava a Deus. Satanás diz no Livro
de Jó: no fim o homem dará tudo que tem em troca de sua vida. Jó quase sucumbiu
à pressão. Por um momento duvidou do amor de Deus. Mas logo percebeu seu erro e
reafirmou sua fé. De acordo com a Bíblia. Jó viveu até os 140 anos. Satanás
falhara em seu ataque ao fiel Jó. Mas
ninguém deteria sua cruzada pelo mal. Ele infligiu morte e destruição ao homem
o quanto pode. Mas Lúcifer queria conhecer alguém diferente de todos os que ele
conhecera. Alguém que exigiria sua atenção mais serviente. Apesar de derrotas
ocasionais, como o caso de Jó, o anjo
Lúcifer mantinha controle demoníaco do mundo antigo. De uma forma ou outra se
tornou fixação entre religiões que buscava explicar a existência do mal.
Lúcifer estava em toda a parte. Era o criador das misérias terrenas. Mas seu
papel iria mudar. Um homem que andava na Terra chamou a atenção de Lúcifer. Não
era um homem comum. Nascido de uma virgem era alguém que o Diabo havia há muito
tempo queria levar ao pecado. Seu nome era Jesus. Os Evangelhos dizem que Jesus
curava em seu tempo e as curas pareciam ligadas, na mente dele e decerto nas
das pessoas, com as atividades de Lúcifer. E assim, ele diz que os diabos
entrem nas pessoas, que adoecem. As pessoas são exorcizadas de quem causa as
doenças. A cura elimina Lúcifer da vida
das pessoas e o reino de Deus é trazido e oferecido por Jesus. Satanás
escondeu-se na sombra e aguardou pacientemente sua oportunidade de atacar. Ela
chegou quando Jesus foi sozinho ao deserto para jejuar e orar durante quarenta
dias e quarenta noites. Foi durante esse estado de fraqueza que Lúcifer atacou
tentando Jesus com os prazeres da carne. Lúcifer levou Jesus ao alto do Templo
de Jerusalém e disse:
Lúcifer:
--- Atira-te daqui e os anjos de ampararão porque está
escrito que eles Te ampararão.
E Jesus disse:
--- Não. Não tente o Senhor teu Deus.
Satanás levou Jesus à montanha mais alta e mostro-lhe os
reinos e países do mundo e disse:
Lúcifer:
--- Tudo isto é meu. Mas se te prostrares e me adorares, tudo
será teu.
Jesus disse:
--- Não. Tu adorarás apenas o Senhor teu Deus.
E o Diabo se foi.
Jesus resistiu às tentações. Mas Lúcifer não se deu por
vencido. Se não podia levar Cristo ao pecado, acharia um dos apóstolos que se
deixasse tentar. Mas Lúcifer logo descobriu que tentar os apóstolos não era
fácil. Para vencer teria que usar uma arma poderosa: a possessão. O ato físico de possuir o corpo de alguém. E Judas
Iscariotes foi possuído por Satanás. Imediatamente após a possessão ele saiu
para trair Jesus. E essa possessão aconteceu na Última Ceia. Judas traiu Jesus
entregando-o aos Soldados romanos. Vinte e quatro horas depois Jesus era
executado.
Enquanto Jesus morria devagar na Cruz, Satanás se deleitava
sem perceber que o seu plano resultara na sua pior derrota. De acordo com os
crentes “porque Deus deixou que seu Filho se sacrificasse, a humanidade
salvou-se do pecado e de Lúcifer”. Nos séculos que se seguiram acredita-se que
Lúcifer vingou-se inspirando o Império Romano a perseguir os cristãos. Os
seguidores de Cristo foram forçados a participar do espetáculo sangrento. Eram
publicamente executados e forçados a lutar contra leões famintos diante de
milhares de romanos ululantes. Outros eram queimados vivos. De novo as forças
do bem frustraram os planos de Lúcifer. Em vez de se aterrorizar com a
carnificina os cristãos acolheram a morte e tornando-se mártires. Neutralizaram
efetivamente a picada do veneno de Lúcifer.
Depoimento:
--- Eles queriam ser como Jesus. E morrer por Ele seria a
honra máxima. Eles consideravam Satanás alguém que tentava impedi-los de
converter outras almas a seguir Cristo. Um fato que causou grande impacto aos
pagãos foi a sua disposição em dar a vida em oposição a Satanás. Evidentemente
o Diabo não podia sequer lutar, ameaçando-os com a morte. Eles sabiam que
venceriam a morte, pois Cristo havia vencido.
Os primeiros cristãos lutaram batalhas sem fim contra os
agentes do pecado. Para combater os ataques de Satanás eles dispunham de outra
arma poderosa: o batismo.
Depoimento:
--- Na cerimônia do Batismo há um ritual em que a pessoa
batizada renuncia formalmente a Satanás. Em certas liturgias, ele se vira para
o lado direito de frente para o leste, em oposição a oeste e diz:
Batizado:
--- Renuncio a Satanás e as suas pompas.
Depoimento:
--- Volta-se para o leste simbolizado o nascer do Sol a busca
do calor de Deus.
Um dos primeiros a combater Lúcifer foi o Monge Santo
Antônio. As retaliações de Satã eram maldosas e vingativas. Santo Antônio
lutava rezando e tornou-se o modelo do herói cristão. O guerreiro cristão que
luta contra os poderes de Satã.
No século V desgostoso com a inércia de Roma no extermínio da
cristandade, Satanás saciou-se. Ele fez o Império a cair de joelhos. Roma foi
invadida por bárbaros. A anarquia
imperava. A queda de Roma influiu na concepção sobre Satanás, pois representou
o colapso da ordem civil e moral tal como era entendida no século V. Quando
tudo começou a ruir intuíram que o poder do mal era maior do que julgavam. Mas
a luta de Satã para conquistar o homem estava só no começo. Na sequencia o mal
estrangula o mundo. Bruxas são acusadas a conjurar as forças das trevas para
seu proveito. Durante quase mil anos após a queda de Roma, a mão de Lúcifer
dirigiu eventos catastróficos. Foi o começo das Cruzadas. O povo fora dizimado
pela Peste Negra, guerras religiosas, as guerras desumanas contra hereges, perseguições
aos judeus, lepra, homossexuais, tudo ao mesmo tempo. A Igreja lança a Teoria
de Conspiração. O Diabo está por trás disso tudo. Mas embora a humanidade
lutasse contra os males de Belzebu surgiam sempre novas oportunidades de
corrupção. O que não fosse atacado por fora apodrecia por dentro. As pessoas
começaram a fazer pacto com o Demônio. Pacto que lhe traria riqueza ou poder em
troca de sua alma:
Depoimento:
--- Uma história que sempre aparece sobre os folclores de
Belzebu, rei dos demônios, é que ele faz pactos com seres humanos. E somos
alertados, na hora de assinar o pacto para ler as letras miúdas, porque Satanás
é mentiroso. Ele vai tentar lográ-lo. Mesmo que você ache que conseguiu o que
quer vai acabar no inferno do mesmo modo.
O mais famoso pacto
com Satã foi descrito em 1604 pelo dramaturgo Christopher Marlowe em sua peça
“Doutor Fausto”. O homem Fausto queria a sabedoria universal. Em troca,
renunciou a Cristo e ofereceu sua alma ao diabo. Acontece que com o passar do
tempo o Diabo veio busca-lo. E, embora, Fausto estivesse aterrorizado com a
danação, era orgulhoso demais para pedir perdão a Deus;
Fausto:
--- As estrelas giram, o tempo voa, o relógio soará. O Diabo
virá e Fausto se danará.
Quando Fausto morreu o Diabo escoltou sua alma ao
inferno. Talvez a melhor discrição de
Satanás em suas profundezas é a do poeta Dante no capítulo da “Divina Comédia” chamado: O Inferno. Dante pintou o mais
dramático e assustador quadro de Satanás. Ele é um monstro enorme, do
tamanho de um moinho. Suas imensas asas
negras abrem-se e se agitam:
Inferno:
--- Suspiro, lamentos e gemidos ressoavam no ar sem estrelas.
E no inicio fizeram-me chorar. Línguas estranhas, linguagem horrenda, palavras
de dor, sons de ódio, vocês roucas e nisso tudo o ruído de mãos fazendo um
tumulto que rodopia interminável, como a areia num furacão.
Relatos de pacto de Satã com os humanos ganharam força entre
1450 e 1700 depois de Cristo. O incrível poder dado a quem quisesse trabalhar
para ele recebeu um nome: Bruxaria!
– Milhares de pessoas eram acusadas e talvez tenha chegado a um milhão de
idolatrarem Satã. Tais personagens se reuniam nos chamados conventículos ou
sabás Tais personagens adoravam abertamente a Satã que às vezes aparecia e as
mulheres faziam sexo com ele. As crianças eram imoladas e muito mais se fazia.
Falava-se que Satã ajudava às bruxas destruindo colheitas e bens dos inimigos
dessas mulheres. E além do mais ele trazia doenças e mortes a animais e
pessoas. Embora homens, chamados feiticeiros, também fossem acusados de tráfico
com Satanás, a grande maioria dos acusados eram mulheres mais velhas, pouco
afeitas à sociedade. Muitas eram curandeiras que praticavam medicina caseira.
Suas crenças faziam delas alvos fáceis. Mais de cem mil homens e mulheres
delatadas por bruxaria pereceram da Europa. Muitas mulheres se confessaram
cumplicidade com o Diabo fizeram para não sofrer mais torturas nas mãos de seus
inquisidores. A maioria dos acusados era inocente. A pessoa entra da sala. O
inquisidor faz perguntas como se a mulher teve relações sexuais com o Diabo.
Isso era o bastante para vir a condenação. Satã celebrou um grande êxito no
Novo Mundo quando, em 1692, a histeria das bruxas varreu a cidade de
Massachusets, chamada Salem. Os
puritanos de Salem estavam obcecados com a ideia de pecado e Satã. O Demônio
estava sempre a espreita, pronto a atacar quando a pessoa vacilasse. Um grupo
de moças em Salem havia acusado mulheres mais velhas de “encantá-las” para que
servissem a Satã. Em boras as mulheres velhas negassem qualquer ligação com o
Diabo, às acusações levaram a condenação e a morte dezenove das acusadas. A
histeria só teve fim quando se acusou de bruxaria a mulher do Governador da
Colônia. Tal mulher não podia ser atingida pelo mal. Mesmo assim, o medo de
Satã vencera.
Texto muito bom,com certeza algo sempre ficará por nascer mais o que importa é viver com Deus e para Deus.
ResponderExcluirParabéns