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terça-feira, 6 de março de 2012

ACASO - 48 -

- DORIS DAY -
- 48 -
OSÍRIS
Nesse dia havia aula de religião. Como nem todos eram Católicos, a Irmã Dolores permitia a quem não quisesse  ficar em classe a se retirar, pois a aula de religião era frequentada apenas pelos alunos católicos. Logo de inicio a Irmã Dolores explicou ser aquele dia dedicado ao ensino da Santa Missa e, logo, foi perguntando aos presentes quem participava da Missa apenas aos domingos ou em Dia Santo de Guarda. Não houve uma completa decisão ao que a freira perguntava e a Irma tornou a explicar sobre o sagrado da Missa. Houve muita obediência por parte dos alunos até que um deles perguntou de vez o que significava a palavra “Missa”. A Irmã sorriu e fechou o rosto a dizer.
Irmã:
--- Missa meu primoroso aluno, quer dizer apenas Enviar. Quando Jesus celebrou a Eucaristia Ele repartiu o pão e fez do cálice com vinho uma parte do Seu corpo e disse: “Eu ti envio”. Ao dizer isso estava concluída a Sua missão aqui na Terra. Entendeu meu primoroso filho? – perguntou a Irmã Dolores a sorrir de leve.
O aluno calou por um pouco de tempo e depois resolveu falar:
Aluno:
--- Sei. Sei. Mas tem uma tradição mais antiga onde o deus Osíris, da mitologia egípcia celebrava também a Missa. Não seria uma deturpação da Igreja Católica em celebrar a Missa apenas para os católicos? Por que antes de Jesus, a Missa era celebrada por outras culturas. – falou o aluno a Irmã Dolores.
A Irmã Dolores calou por alguns segundos e depois falou:
Irmã:
--- Veja bem meu dileto filho: Missa não é uma invenção da Igreja Católica. Jesus não inventou a Missa. Ele apenas disse aos apóstolos ter a Sua “missão” ali terminada. E daquele momento em diante todos os apóstolos deviam partir com a mesma missão: a de pregar o novo Evangelho. Quanto ao deus Osíris, ele fez o mesmo propósito. – dialogou a Irmã.
O aluno coçou o pescoço e pediu a Irmã Dolores para explicar melhor quem foi Osíris ao que a Irmã respondeu:
Irmã:
--- Não é de o meu feitio rebuscar as histórias antigas. Mas, atendendo em teu pedido bem posso dizer ter sido Osíris um deus da mitologia egípcia. Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egito. O  seu culto remonta às épocas remotas da história egípcia. Com o decorrer do tempo Osíris foi cultuado pelas gerações Greco-Romanas. Osíris foi marido de Ísis e pai de Hórus. Era ele quem julgava os mortos na “Sala das Duas Verdades” onde se procedia à pesagem dos corações. Osíris é, sem duvidas, o deus mais conhecido do Antigo Egito, devido ao grande número de templos que lhe foram dedicados por todo o país. Você compreende meu querido filho? – indagou a Irmã Dolores.
O garoto estudante concordou com a Irmã Dolores por algum tempo. E a aula de religião prosseguiu sem maiores atropelos. Ao seu fim, os alunos foram para o recreio em baixo das mangueiras onde recebiam um copo de café com leite. Nesse tempo, Joel chamou ao seu lado o jovem aluno que polemizou a aula de religião. O seu nome era Otto Resende, filho de um aviador. Sua estada no Grupo Escolar era recente, pois o seu pai o matriculara quando chegou à cidade ele vindo de outro Estado. Sem dar total importância a Elizabete que se acercou do par, o jovem Joel indagou a Otto sobre quem era esse estranho ser da discussão.  O menor olhou para Joel e disse então:
Otto:
--- Osíris foi um deus do Egito, como você pode ter ouvido a Irmã contar. Eu estudo a literatura antiga e muitos dados se referem ao novo Testamento. Quer dizer: Osíris já morrera. Mas no novo Testamento tem passagens significativas de que Jesus falou aos seus discípulos coisas que são do deus Osíris. Por isso eu indaguei com insistência a Irmã. – falou Otto Resende.
O outro estudante, Joel, interessado por demais no assunto ventilado fez questão de saber  sobre o deus egípcio para o seu conhecer. E foi além:
Joel:
--- Mas me conte mais, por favor. – pediu o jovem Joel ao seu novo colega de classe.
O garoto olhou bem forte para Joel e demorou alguns segundos a começar a contar a história de Osíris esposo de Ísis.
Otto:
--- É o seguinte: Osíris teria vindo para a Terra procedente de Busíris. Esse lugar é também conhecido como  “Domínio de Osíris”, no Delta do Nilo. Julga-se que Osíris substituiu um deus local de nome Andjeti. A representação mais antiga conhecida de Osíris data de 2300 anos antes de Cristo. Conta à história que o irmão do Osíris, de nome Seth, movido pela inveja decide mata-lo. E convida Osíris para um banquete. Nesse banquete, Seth convida Osíris para entrar na caixa-sarcófago que nele cabia.  Quando Osíris entra no sarcófago os conspiradores trancaram-na e jogaram-na para o rio Nilo. A mulher de Osíris, conhecida por Ísis ficou desesperada e descobre a caixa entre árvores já na Fenícia. E então consegue retirar o corpo e com ele regressar ao Egito. Mesmo assim, Seth não se conteve e esquarteja o corpo do seu irmão em catorze pedaços. Mas alguns textos rezam que Seth esquartejou em quarenta e dois pedaços. Com isso, os seguidores das profecias de Osíris comungam tais partes em pedaços durante o período da lua cheia até a lua nova. É esse o tempo que leva um período a outro. Isso a Irmã não disse. – falou com certeza o garoto Otto.
Joel:
--- Caramba! É isso então que a Igreja Católica esconde? – indagou o garoto Joel com muita atenção e de olhos esbugalhados.
Otto:
--- E tem outras coisas além desse fato. – sorriu o garoto Otto ao se levantar de um tronco de árvore onde estava a sentar, pois a sineta tocou para o recomeço da aula.
Naquele mesmo dia Joel procurou na estante da sala do seu pai algum livro a tratar de velhos assuntos. Após desesperada busca encontrou um livro onde estava a figura de Osíris. Na história além de tudo, relatava ter Ísis conseguido reunir todos os quarenta e dois pedaços do corpo de Osíris, com exceção do pénis. Essa parte teria sido devorada por três peixes. A mulher, então, criou um falo artificial com caules vegetais. Após o implante, Ísis se transforma em águia de asas redondas e ao bater das suas asas sobre o corpo de Osíris acaba por ressuscitá-lo; ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta um filho, o deus Hórus. E assim Hórus passou a reinar sobre a Terra após derrubar Seth.
Joel:
--- Caramba! Quanta mentira a Igreja nos faz engolir sob a pena de pagar no Inferno! – gritou inflamo o garoto Joel ao decifrar todo enigma.
E o garoto passou a pesquisar sobre o Inferno no livro das Velhas Figuras – era assim que a brochura trazia em seu título. E logo encontro o que seria o inferno.
Joel:
--- Lugar dos mortos! É o que diz aqui. Não tem nada a ver com as pessoas. Lugar dos Mortos. É o inferno. Caramba! – gritou o garoto como se descobrisse um tesouro escondido.
Em síntese: o garoto tinha a certeza de que Osíris fora morto e sepultado; seu corpo fora dividido em quarenta e dois pedaços; que servia de comunhão na lua cheia; que Jesus era o deus Hórus; que se vingara do seu pai, matando Seth; que Hórus reinava sobre a Terra; que a pomba branca era então a mãe de Hórus; e que o Inferno era simplesmente o cemitério.
Com todo esse reclame o menino guardou para discutir o assunto mais seu pai, Jaime Calassa e, depois,, então levaria o assunto até Otto Resende, o menino prodígio. Quando o pai de Joel chegou naquela tarde encontrou o filho sentado na cadeira estofada do birô, com as mãos da cabeça e os pés de balançado em cima da mesa. Sorria como que. E o homem até se assustou com aquela marmotagem. Por isso, foi logo a inquirir:
Jaime:
--- Que houve de você está tao contente assim? – perguntou o homem a olhar livros esparramados por cima do birô.
O menino ficou apenas a sorrir com a cara mais cínica do mundo. Jaime ficou preocupado com a atitude do garoto e após por o seu chapéu no cabide do porta-chapéus foi logo a indagar ao seu filho.
Jaime:
--- Diga logo o que é? – perguntou Jaime a Joel.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

ACASO - 21 -

- Doris Day -
- 21 -
CASAMENTO
Certo dia, a professora Maria da Penha, estava a conversar com outra mestra em seu gabinete de trabalho, aproveitando estar havendo aulas e ninguém – das professoras – poderia ver e ouvir o assunto delicado. E entre um caso e outro surgiu o da professora Maria Eugenia, mulher ainda de pouca idade, coisa de 25 anos, e de fato uma heroína do ensino do curso fundamental. A professora e diretora do Grupo fez ver um fato bem pouco conhecido com respeito a professora Eugenia. Ela fora casada logo na sua juventude. Porém, com pouco tempo o marido largou de vez em busca de uma mundana. Sabia-se ter o marido de Eugenia um fraco pela bebida. E dai largou a esposa por ter em troca uma dama de cabaré. A professora Eugenia nunca falara sobre a sua decepção amorosa. Após concluir os estudos ingressou na Secretaria de Educação e dai então fez de conta que o passado era passado. Apenas a mestra fazia o seu trajeto de casa para o trabalho e do trabalho para a casa, salvo quando era para participar de alguma solene ciência educativa.  Para Eugenia era então para o mundo uma delicada personagem tão somente alguém cega, surda e muda.
--- É difícil o seu caso. Muito difícil. Quer dizer: outros casos desse tipo sempre existiram e sem duvidas, ainda estão para existir. Marido ruim é coisa fácil de encontrar. Eu vejo com certa precaução as mocinhas de hoje perdidas de amor por alguém. Elas se casam e logo depois são abandonadas. – relatou em segredo a diretora Maria da Penha.
A outra mestra:
--- Eu não sabia nada a respeito de Eugenia! – falou surpresa a sua companheira de ofício.
A Diretora:
--- Ela não fala a ninguém sobre esse desacerto. E eu te peço não falar nada a outra colega. – relatou a mestra Maria da Penha.
Resposta:
--- Fique tranquila. Eu não vou dizer nada a ninguém do que você me disse. – falou a mestra companheira da diretora.
A diretora:
--- E nem comente nada com Eugenia. Ela faz do seu passado um túmulo. Também nunca me falou desse caso. Nem eu pergunto. O meu marido é quem sabe e tudo foi por ele contado. – disse mais a diretora coma cabeça muito baixa quase a tocar no birô.
A hora avançou depressa e a sineta do recreio tocou e a meninada saiu para a festa das merendeiras, todas com os seus cabelos cobertos por uma touca; vestes brancas; e a servir bolos, café com leite, pães e para que gostasse, tinham mangas colhidas dos pés abundantes da terra do Grupo Escolar. A meninada era louca pelas mangas bem pequenas, porém doces e com um saber meio azedo para complemento. Elizabete procurou Joel. Esse estava a tomar seu leite com bolo. Ao ser indagado sobre a matéria passada, ele apenas respondeu com a sua boca entupida de bolo feito com farinha de trigo e outros complementos:
--- Eu sei. Tiradentes era na verdade um alferes. – respondeu o garoto com a boca cheia de bolo.
A moça:
--- Alferes? O que é isso? – indagou surpresa a mocinha Elizabete.
A resposta:
--- Militar. Assim como tenente. Ele foi tropeiro, minerador, comerciante e ativista político. – relatou o garoto a comer seu bolo de farinha de trigo.
A pergunta:
--- Tropeiro? O que é isso? – indagou abalada a jovem mocinha.
O garoto querendo sorrir:
--- Condutor de burras! – falou alegre o garoto Joel.
A garota estremeceu de raiva e respondeu na hora.
--- Burra é a sua mãe! – e se largou mundo a fora não querendo saber de mais nada.
O garoto sorriu como que chegando a entonar o copo de leite. E ele se deitou na calçada alta sob as brandas sombras das mangueiras sempre a sorrir arrebatadoramente.
Os que vinham a passar olhavam o garoto se contorcendo de risos e, por isso, também sorriam sem saber do verdadeiro motivo de tanta risadagem.
A sineta tocou e novamente a aula recomeçou. Joel entrou e viu de longe Elizabete com a cara trombuda a olhar para o outro lado da sala de formas a não querer ver de forma alguma o seu delicado amigo. A professora Maria Eugenia estava em classe e de inédito notou algo de anormal havido entre os dois colegas. E de imediato a mestra Eugenia indagou:
A pergunta:
--- Pode-me dizer o que está havendo aqui na sala? – perguntou a professora com a voz firme e em pé por trás do birô:
A resposta:
--- Nada não, professora! – sorriu o garoto olhando para Elizabete e se recuando na carteira.
A professora:
--- Eu quero saber. Um dos dois fez molecagem! – falou com altivez a professora.
A garota:
--- Foi ele, professora! Foi ele! – respondeu a garota com a cara trombuda e apontou para Joel
A professora:
--- O que o senhor fez seu Joel? – perguntou a Joel a professora com sua impertinência.
O aluno:
--- Nada. É ela que se emburrou por causa de Tiradentes. – disse o garoto ainda enroscado no assento da carteira.
A mestra:
--- O que tem Tiradentes com isso? – perguntou a professora com forma ativa.
A menina:
--- Ele me chamou de burra! – respondeu a garota completamente desnorteada.
A mestra:
--- Foi isso seu Joel? – quis saber a professora com a régua na mão
Joel:
--- Ela não sabe de nada. Ela veio me perguntar o que era tropeiro e eu respondi ser tangedor de burro. – respondeu o garoto a professora já se ajeitando na carteira.
A mestra:
--- Foi isso dona Elizabete? Responda ou mando para a diretoria! – perguntou Eugenia a aluna já um tanto inquieta.
A aluna;
--- Foi. Mas ele disse que eu sou burra! – chorou a moça rebelde com o rosto emborcado na carteira.
O colega:
--- Eu não chamei você de burra! Eu disse que o alferes era tangedor de burros. Foi o que você perguntou. Foi isso! Ou não foi? – indagou Joel a Elizabete.
Toda a turma caiu na gargalhada, uns e outros fazendo gestos de burros com as mãos presas a cabeça e a abanar para a garota. Foi um tumulto geral que a professora não teve outra saída. E gritou firme para toda a classe:
A professora nervosa:
--- Silencio bando de burros! Já para a diretoria!. Todos! Os dois ficam aqui! – e a professora chamou seu Josino a levar os alunos para a direção da Escola.