Gina Lollobrigida
- 27 -
O GRITO
De repente ouviu-se um grito. O
pessoal correu para fora a perguntar o sucedido. Mulheres da cozinha, a moça
Emília, a Irmã Josefina, a dona da casa, Cantídia. Muita gente afinal. Até
mesmo as mulheres dos vaqueiros e afins. Um pedido de socorro era escutado e
tudo vinha da parte do quarto onde estava a máquina de força. A máquina de
iluminação de toda a casa. As mulheres em desassossego continuaram a correr
para saber melhor o estado da situação. Era um grito de medo ou terror. De
imediato chegou ao local a moça Emília e a Irmã Josefina, todas alarmadas ou
sobressaltadas. Acompanhava as duas pessoas uma multidão de gente, inclusive
dona Cantídia. Na porta de entrada a Irma Josefina topou de imediato com a
figura da adolescente Noviça. Essa estava desmaiada, parecia crer quem a visse.
Josefina com a mão na boca se acercou da Noviça. Ela estava segura por um homem
estranho, para Josefina. De imediato, veio igualmente à moça Emília e demais
serventuárias da casa grande. Na ocasião se encheu de gente o pequeno compartimento
onde havia apenas um motor de luz e nada mais. O homem segurava a Noviça pelas
costas e essa se mostrava indiferente. Com observação mais acurada Josefina se
postou a vera Noviça em desmaio. E falou Josefina então.
Josefina:
--- Que houve com a Irmã? Menina
levanta! Ai meu Pai! Segura aqui, moça! Levanta! – dizia a Freira a qualquer
modo.
A moça Emília correu e segurou as
pernas da Noviça sabendo ser aquilo um desmaio. E olhava para a cara do homem.
Ele nada fazia a não ser segurar a Noviça. E há certo instante explicou ter a
noviça entrada na casa de força e energia. Foi então que ele notou a serpente
Jararaca se aproximar e sem mais conversa liquidou o ofídio com dois balaços.
Foi então o desmaio da jovem Irmã. Ninguém se acertava dizer, pois toda a gente
falava a um tempo só. Dona Cantídia colocava a mão na boca e o olhar de
surpresa. Mais mulheres a acudir a Noviça. Era o mudo todo. E quem viu a
serpente logo se espantou.
Mulher:
--- Olha a cobra! Olha a cobra! –
gritava alarmada uma mulher.
As outras mulheres ficavam
alarmadas também e gritavam a levantar os pés:
Mulheres:
--- Cobra? Aonde? Virgem Maria! –
diziam alarmadas as mulheres.
O caso. Tudo aconteceu quando a
Noviça chegou ao quarto do motor de força e luz e encontrou o rapaz armado com
dois revolveres e resolver problemas existentes no motor. Depois dos
cumprimentos a Noviça indagou de Júlio Medalha, o Júlio Vento, o que estava a
fazer a um tempo tao bem armado na sua função. Júlio ouviu a noviça e disse
apenas serem as armas para defesa pessoal. E na ocasião, ele viu se aproximando
por trás uma cobra venenosa e em um instante o homem puxou a arma e atirou duas
vezes continuamente liquidando a serpente. E a Noviça viu a arma apontada para
o seu lado e, de vez, desmaiou. Após
alguns minutos a Noviça se recuperou do desmaio e, meio aturdida indagou pelo
homem da arma. Foi então mostrada a Noviça uma cobra. A Noviça se atrapalhou e
falou ainda tonta:
Noviça:
--- Cobra? – disse a moça
bastante preocupada e voltou a desmaiar.
Foi aquele alvoroço. Emília
segurando as pernas da Noviça e a Freira a segurar pelas axilas e outras
mulheres a por as mãos nas costas e levar para um canto mais seguro. O
pistoleiro abismado, todavia reclama a dizer:
Júlio:
--- Eu não tive culpa! Quem manda
a Freira ter arrastado a cobra? – reclamava nervoso o pistoleiro a suar por
todo o canto possível.
E
foi aquele desacerto no resto da manhã. Dona Cantídia olhou o homem por
alguma vez e esse nada falava a segurar a pata de óleo para lubrificar a maquina
e a tremer de medo da Noviça poder morrer.
Josefina dizia constante:
Josefina:
--- Vamos tirá-la daqui! Pra
fora! Pra fora! Vamos! – reclamava a Irmã Josefina.
Júlio Medalha procurou fazer
algo, porém não tinha jeito. Havia mulheres a socorrer a Noviça e ele, por
vezes tentava, mas era posto de lado. Apenas o olhar de Cantídia atormentava
qualquer um. Logo fora a Noviça recobrou a consciência e pode ver melhor o
homem todo sujo de graxa a querer prestar ajuda. Ela sorriu e voltou a dizer:
Noviça:
--- A cobra? – indagou surpresa a
Noviça.
Júlio:
--- Foi sim, senhora! Ela estava
pronta para saltar na senhora. Eu nunca tinha visto uma serpente tão voraz. Mas
agora está tudo normal! – relatou Júlio esfregando uma das mãos em suas vestes.
A Noviça sorriu e pediu desculpas
pelo transtorno. E se desculpou a Irmã Josefina pedindo ajuda para se levantar
do chão, pois achava já ter dado muito vexame ao pessoal. Então, as mulheres a
deixaram sós e recuaram para ver a moça andar cambaleante. A Noviça então
voltou à vista para Júlio e sorriu, Apenas dizia:
Noviça:
--- A cobra! – falava a sorrir
para o homem das pistolas.
E então foram as duas Irmãs e
Emília para frente da casa e por lá ficaram a sentar na poltrona. O homem dos
dois revolveres as acompanhou pela parte de baixo da varanda sempre a pedir
desculpas pelo transtorno causado. A Noviça sorriu e disse apenas.
Noviça:
--- Deus te guie. Não foi nada.
Meu nome é Isabel. Irmã Isabel. – respondeu a Irmã.
A freira também fez leve sorriso
para Júlio a pedir desculpas pelo transtorno causado.
Já estava na hora do almoço e as
Irmãs resolveram partir, pois a caminhada era longa por demais. Porém, Emília
resolveu o contrário e pediu para a Freira ficar na hora do almoço, pois a
distancia era menor. A Freira sorriu e disse não querer algo de transtorno para
os donos da fazenda. A moça Emília largou as mãos e falou:
Emília:
--- Besteira! Onde come um, comem
dois! Quero ver quem vai empatar! Vamos! Se arranchem pois a tarde é longa! –
sorriu a moça Emília entrando na sala seguida das duas Irmãs.
No meio do caminho Emília foi
atalhada por dona Cantídia, a senhora da casa a perguntar para onde as Freiras
estavam a prosseguir. E a moça, toda arrebitada foi logo a dizer:
Emília:
--- Almoçar! Pode? Quero ver quem
manda! Ora! – fez a moça bastante abusada.
As freiras ficaram quietas e nada
mais disseram. Na hora do almoço, as duas Irmãs fizeram a oração do bom
alimento para poderem se servir. Dona Cantídia ficou com plena surpresa pela
interrupção, porém nada falou. Apenas se deslocou para o seu quarto de dormir
onde não havia mais visão de freira alguma. Dessa forma, a mesa ficou posta e
as Irmãs de claustro ficaram a conversar sobre costumes do povo da fazenda e
assuntos sobre bandidos e coisa e tal. De tudo que a Irmã falava tinha sempre a
resposta cabida dada por Emília. E a moça falou ainda sobre a ausência do seu
irmão Renovato. A moça não sabia por que o rapaz não estava ainda de volta do
caminhar a cidade. As mulheres da cozinha trouxeram o mais apetitoso do almoço:
peru assado na brasa. As Irmãs se olharam e logo disseram:
Noviça Isabel:
--- Nem parece com o almoço do
Convento! – relatou Isabel com muita precaução.
Nesse ponto, Emília gargalhou a
valer. De fora, o bandoleiro Antero Soares na espreita de toda a fuzarca apenas
sorriu enquanto o seu companheiro Júlio o chamou para o almoço um tanto
assombrado:
Júlio:
--- Não tem vergonha? Chega logo
para cá! – relatou com raiva o bandoleiro.
Assim foi o começou da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário