domingo, 22 de abril de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 27 -

Gina Lollobrigida
- 27 -
O GRITO


De repente ouviu-se um grito. O pessoal correu para fora a perguntar o sucedido. Mulheres da cozinha, a moça Emília, a Irmã Josefina, a dona da casa, Cantídia. Muita gente afinal. Até mesmo as mulheres dos vaqueiros e afins. Um pedido de socorro era escutado e tudo vinha da parte do quarto onde estava a máquina de força. A máquina de iluminação de toda a casa. As mulheres em desassossego continuaram a correr para saber melhor o estado da situação. Era um grito de medo ou terror. De imediato chegou ao local a moça Emília e a Irmã Josefina, todas alarmadas ou sobressaltadas. Acompanhava as duas pessoas uma multidão de gente, inclusive dona Cantídia. Na porta de entrada a Irma Josefina topou de imediato com a figura da adolescente Noviça. Essa estava desmaiada, parecia crer quem a visse. Josefina com a mão na boca se acercou da Noviça. Ela estava segura por um homem estranho, para Josefina. De imediato, veio igualmente à moça Emília e demais serventuárias da casa grande. Na ocasião se encheu de gente o pequeno compartimento onde havia apenas um motor de luz e nada mais. O homem segurava a Noviça pelas costas e essa se mostrava indiferente. Com observação mais acurada Josefina se postou a vera Noviça em desmaio. E falou Josefina então.

Josefina:

--- Que houve com a Irmã? Menina levanta! Ai meu Pai! Segura aqui, moça! Levanta! – dizia a Freira a qualquer modo.

A moça Emília correu e segurou as pernas da Noviça sabendo ser aquilo um desmaio. E olhava para a cara do homem. Ele nada fazia a não ser segurar a Noviça. E há certo instante explicou ter a noviça entrada na casa de força e energia. Foi então que ele notou a serpente Jararaca se aproximar e sem mais conversa liquidou o ofídio com dois balaços. Foi então o desmaio da jovem Irmã. Ninguém se acertava dizer, pois toda a gente falava a um tempo só. Dona Cantídia colocava a mão na boca e o olhar de surpresa. Mais mulheres a acudir a Noviça. Era o mudo todo. E quem viu a serpente logo se espantou.

Mulher:

--- Olha a cobra! Olha a cobra! – gritava alarmada uma mulher.

As outras mulheres ficavam alarmadas também e gritavam a levantar os pés:

Mulheres:

--- Cobra? Aonde? Virgem Maria! – diziam alarmadas as mulheres.

O caso. Tudo aconteceu quando a Noviça chegou ao quarto do motor de força e luz e encontrou o rapaz armado com dois revolveres e resolver problemas existentes no motor. Depois dos cumprimentos a Noviça indagou de Júlio Medalha, o Júlio Vento, o que estava a fazer a um tempo tao bem armado na sua função. Júlio ouviu a noviça e disse apenas serem as armas para defesa pessoal. E na ocasião, ele viu se aproximando por trás uma cobra venenosa e em um instante o homem puxou a arma e atirou duas vezes continuamente liquidando a serpente. E a Noviça viu a arma apontada para o seu lado e, de vez, desmaiou.  Após alguns minutos a Noviça se recuperou do desmaio e, meio aturdida indagou pelo homem da arma. Foi então mostrada a Noviça uma cobra. A Noviça se atrapalhou e falou ainda tonta:

Noviça:

--- Cobra? – disse a moça bastante preocupada e voltou a desmaiar.

Foi aquele alvoroço. Emília segurando as pernas da Noviça e a Freira a segurar pelas axilas e outras mulheres a por as mãos nas costas e levar para um canto mais seguro. O pistoleiro abismado, todavia reclama a dizer:

Júlio:

--- Eu não tive culpa! Quem manda a Freira ter arrastado a cobra? – reclamava nervoso o pistoleiro a suar por todo o canto possível.

E  foi aquele desacerto no resto da manhã. Dona Cantídia olhou o homem por alguma vez e esse nada falava a segurar a pata de óleo para lubrificar a maquina e a tremer de medo da Noviça poder morrer.

Josefina dizia constante:

Josefina:

--- Vamos tirá-la daqui! Pra fora! Pra fora! Vamos! – reclamava a Irmã Josefina.

Júlio Medalha procurou fazer algo, porém não tinha jeito. Havia mulheres a socorrer a Noviça e ele, por vezes tentava, mas era posto de lado. Apenas o olhar de Cantídia atormentava qualquer um. Logo fora a Noviça recobrou a consciência e pode ver melhor o homem todo sujo de graxa a querer prestar ajuda. Ela sorriu e voltou a dizer:

Noviça:

--- A cobra? – indagou surpresa a Noviça.

Júlio:

--- Foi sim, senhora! Ela estava pronta para saltar na senhora. Eu nunca tinha visto uma serpente tão voraz. Mas agora está tudo normal! – relatou Júlio esfregando uma das mãos em suas vestes.

A Noviça sorriu e pediu desculpas pelo transtorno. E se desculpou a Irmã Josefina pedindo ajuda para se levantar do chão, pois achava já ter dado muito vexame ao pessoal. Então, as mulheres a deixaram sós e recuaram para ver a moça andar cambaleante. A Noviça então voltou à vista para Júlio e sorriu, Apenas dizia:

Noviça:

--- A cobra! – falava a sorrir para o homem das pistolas.

E então foram as duas Irmãs e Emília para frente da casa e por lá ficaram a sentar na poltrona. O homem dos dois revolveres as acompanhou pela parte de baixo da varanda sempre a pedir desculpas pelo transtorno causado. A Noviça sorriu e disse apenas.

Noviça:

--- Deus te guie. Não foi nada. Meu nome é Isabel. Irmã Isabel. – respondeu a Irmã.

A freira também fez leve sorriso para Júlio a pedir desculpas pelo transtorno causado.

Já estava na hora do almoço e as Irmãs resolveram partir, pois a caminhada era longa por demais. Porém, Emília resolveu o contrário e pediu para a Freira ficar na hora do almoço, pois a distancia era menor. A Freira sorriu e disse não querer algo de transtorno para os donos da fazenda. A moça Emília largou as mãos e falou:

Emília:

--- Besteira! Onde come um, comem dois! Quero ver quem vai empatar! Vamos! Se arranchem pois a tarde é longa! – sorriu a moça Emília entrando na sala seguida das duas Irmãs.

No meio do caminho Emília foi atalhada por dona Cantídia, a senhora da casa a perguntar para onde as Freiras estavam a prosseguir. E a moça, toda arrebitada foi logo a dizer:

Emília:

--- Almoçar! Pode? Quero ver quem manda! Ora! – fez a moça bastante abusada.

As freiras ficaram quietas e nada mais disseram. Na hora do almoço, as duas Irmãs fizeram a oração do bom alimento para poderem se servir. Dona Cantídia ficou com plena surpresa pela interrupção, porém nada falou. Apenas se deslocou para o seu quarto de dormir onde não havia mais visão de freira alguma. Dessa forma, a mesa ficou posta e as Irmãs de claustro ficaram a conversar sobre costumes do povo da fazenda e assuntos sobre bandidos e coisa e tal. De tudo que a Irmã falava tinha sempre a resposta cabida dada por Emília. E a moça falou ainda sobre a ausência do seu irmão Renovato. A moça não sabia por que o rapaz não estava ainda de volta do caminhar a cidade. As mulheres da cozinha trouxeram o mais apetitoso do almoço: peru assado na brasa. As Irmãs se olharam e logo disseram:

Noviça Isabel:

--- Nem parece com o almoço do Convento! – relatou Isabel com muita precaução.

Nesse ponto, Emília gargalhou a valer. De fora, o bandoleiro Antero Soares na espreita de toda a fuzarca apenas sorriu enquanto o seu companheiro Júlio o chamou para o almoço um tanto assombrado:

Júlio:

--- Não tem vergonha? Chega logo para cá! – relatou com raiva o bandoleiro.

Assim foi o começou da história.

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